Domingo XIX do Tempo Comum – ano B – 5AGO2018
A
PLENITUDE DE VIDA DO HOMEM
No capítulo 6 de João é possível distinguir uma dupla
perspectiva: a dos ouvintes directos de Jesus, para os quais o discurso fala
sobretudo da fé e do acolhimento de Jesus, verdadeiro pão do céu, e a dos
contemporâneos do evangelista, para quem o discurso de Jesus tem um evidente
significado eucarístico. João escreve depois de ter vivido a primeira
experiência das comunidades cristãs; depois, portanto, que já se estabelecera
entre os primeiros fiéis o hábito de se reunirem para celebrar a ceia
eucarística. A sua perspectiva já é, pois, reflexo de uma prática sacramental
em uso; é claro então que as palavras e os acontecimentos da vida de Jesus são
lidos com uma plenitude e riqueza de perspectivas que não eram possíveis no dia
em que os apóstolos ouviram falar pela primeira vez de pão da vida.
O versículo 35: “Eu sou o pão da vida” faz-nos pensar
imediatamente na eucaristia. Além disso “o pão que eu darei é a minha carne
para a vida do mundo”, com a sua profunda semelhança com Lc 22,19 (“isto é o
meu corpo que é dado por vós”) tem toda a aparência de ser a forma da
instituição eucarística própria de João. No relato de João, a fé em Jesus está
sempre em primeiro plano, mas ela é agora vista em relação com os sinais
através dos quais se torna visível. Fé e sacramentos da fé são, de agora em
diante, inseparáveis. A fé exige o sacramento e o sacramento é incompreensível
independentemente da fé.
No centro está o tema da “vida”, isto é, o tema da
realização plena do homem. Cristo veio realizar esta vida: é a própria vida do
seu Pai, vida plena do Pai, vida eterna, sem fim. O homem procura-a, mas não
consegue encontrá-la, só a encontra “provisoriamente”, e só sacia a sua fome
por momentos. Só Cristo pode saciar “totalmente”, porque “este é o pão que
desceu do céu”. Quem dele come não morre.
Um pão que é carne
O pão eucarístico segue as leis do pão doméstico, oferecido
pelo pai de família aos seus. O pão adquire sentido porque alguém o fabricou,
alguém o comprou, alguém o comerá. Os pais ganham o pão, o alimento, a roupa,
com o próprio trabalho. Eles são pão de vida para os seus filhos, não só porque
lhes deram a vida, mas porque, de certo modo, os filhos continuamente “alimentam-se”
dos pais. Dando o pão, fruto de seu trabalho, o pai e a mãe podem, de certo
modo, dizer: “Este pão é a minha carne dada pelos meus filhos”, enquanto os
comensais que participam deste pão, participam, de certa maneira, da própria
vida de quem lho dá.
Se pais e filhos podem dar ao pão um significado tão
profundo, porque Jesus não poderia dar ao pão um significado e uma realidade
totalmente nova, proporcional à profundidade de todo o seu ser e, dele, fazer,
assim, a participação da sua vida com o Pai e o sinal eficaz da sua íntima
presença e comunhão com os que nele crêem?
A experiência serena da refeição familiar e a descoberta
dos profundos significados humanos ocultos nas expressões e nos gestos quotidianos
que a família faz, quando se senta à mesa, são o caminho mais simples, e
catequeticamente mais válido, para introduzir uma compreensão rica e autêntica
da eucaristia.
“No ápice desta acção educativa está a preocupação de
dispor os fiéis a fazer do mistério eucarístico a fonte e o cume de toda a vida
cristã. Todo o bem espiritual da Igreja está encerrado na eucaristia, onde
Cristo, nossa Páscoa, está presente e dá vida aos homens, convidando-os e
induzindo-os a oferecerem-se com ele e em sua memória, para a salvação do mundo”.
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Salmo 73, 20.19.22.23
Lembrai-Vos, Senhor, da vossa aliança,
não esqueçais para sempre a vida dos vossos fiéis.
Levantai-Vos, Senhor, defendei a vossa causa,
escutai a voz daqueles que Vos procuram.
ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, a quem podemos chamar nosso Pai, fazei
crescer o espírito filial em nossos corações para merecermos entrar um dia na
posse da herança prometida.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
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LEITURA I – 1 Reis
19, 4-8
«Fortalecido com aquele alimento, caminhou até ao monte
de Deus»
Uma sensação de
abandono gera no espírito de Elias um estado de abatimento e mesmo de
desespero. Morrer, no deserto onde o povo andou errante, onde Moisés suportou a
revolta do mesmo povo e onde Agar ficou sepultada, será simultaneamente
libertação e glória. Mas Deus, que dá a vida e fortalece a esperança, tem a seu
respeito um plano diferente. Envia-lhe um anjo com o sustento corporal e
espiritual. – Ali mesmo alimentara também o povo com o maná –. E, deste modo,
Elias pôde levar a bom termo a missão que o Senhor lhe confiara.
Leitura
do Primeiro Livro dos Reis
Naqueles
dias, Elias entrou no deserto e andou o dia inteiro. Depois sentou-se debaixo
de um junípero e, desejando a morte, exclamou: «Já basta, Senhor. Tirai-me a
vida, porque não sou melhor que meus pais». Deitou-se por terra e adormeceu à
sombra do junípero. Nisto, um Anjo tocou-lhe e disse: «Levanta-te e come». Ele
olhou e viu à sua cabeceira um pão cozido sobre pedras quentes e uma bilha de
água. Comeu e bebeu e tornou a deitar-se. O Anjo do Senhor veio segunda vez,
tocou-lhe e disse: «Levanta-te e come, porque ainda tens um longo caminho a
percorrer». Elias levantou-se, comeu e bebeu. Depois, fortalecido com aquele
alimento, caminhou durante quarenta dias e quarenta noites até ao monte de
Deus, Horeb.
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 33 (34), 2-3.4-5.6-7.8-9 (R. 9a)
Refrão: Saboreai e vede
como o Senhor é bom. (Repete-se).
A toda a hora bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes. (Refrão)
Enaltecei comigo o Senhor
e exaltemos juntos o seu nome.
Procurei o Senhor e Ele atendeu-me,
libertou-me de toda a ansiedade. (Refrão)
Voltai-vos para Ele e ficareis radiantes,
o vosso rosto não se cobrirá de vergonha.
Este pobre clamou e o Senhor o ouviu,
salvou-o de todas as angústias. (Refrão)
O Anjo do Senhor protege os que O temem
e defende-os dos perigos.
Saboreai e vede como o Senhor é bom:
feliz o homem que n’Ele se refugia. (Refrão)
LEITURA II – Ef 4,
30 – 5, 2
« Caminhai na caridade, a exemplo de Cristo»
Crer em Deus não
é somente um acto da inteligência. É também um acto da vontade humana enquanto
a fé determina o comportamento cristão que nos move à libertação de todo o
egoísmo, num reino de amor, de que Deus é modelo – na Trindade de Pessoas intimamente
unidas.
Leitura
da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
Irmãos:
Não contristeis o Espírito Santo de Deus, que vos assinalou para o dia da
redenção. Seja eliminado do meio de vós tudo o que é azedume, irritação,
cólera, insulto, maledicência e toda a espécie de maldade. Sede bondosos e
compassivos uns para com os outros e perdoai-vos mutuamente, como Deus também
vos perdoou em Cristo. Sede imitadores de Deus, como filhos muito amados.
Caminhai na caridade, a exemplo de Cristo, que nos amou e Se entregou por nós,
oferecendo-Se como vítima agradável a Deus.
Palavra do Senhor
ALELUIA – Jo 6, 51
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Eu sou o pão vivo que desceu do Céu, diz o Senhor;
Quem comer deste pão viverá eternamente. (Refrão)
EVANGELHO – Jo 6,
41-51
« Eu sou o pão vivo que desceu do Céu»
Jesus
convida os seus ouvintes a acreditarem na Sua Palavra a acreditarem n’Ele que é
vida. É natural o espanto gerado entre a multidão. Se somente Deus tem palavras
de vida eterna, como pode o Filho de Maria e José dizer que Ele próprio é o pão
da vida? As palavras de Jesus são um apelo à fé e são também o anúncio da
Eucaristia – sacramento em que Ele nos dá como Pão da vida o Seu próprio Corpo.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele
tempo, os judeus murmuravam de Jesus, por Ele ter dito: «Eu sou o pão que
desceu do Céu». E diziam: «Não é Ele Jesus, o filho de José? Não conhecemos o
seu pai e a sua mãe? Como é que Ele diz agora: ‘Eu desci do Céu’?». Jesus
respondeu-lhes: «Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a Mim, se o Pai, que
Me enviou, não o trouxer; e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia. Está escrito no livro
dos Profetas: ‘Serão todos instruídos por Deus’. Todo aquele que ouve o Pai e
recebe o seu ensino vem a Mim. Não porque alguém tenha visto o Pai; só Aquele
que vem de junto de Deus viu o Pai. Em verdade, em verdade vos digo: Quem
acredita tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. No deserto, os vossos pais
comeram o maná e morreram. Mas este pão é o que desce do Céu, para que não
morra quem dele comer. Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste
pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei-de dar é a minha carne, que Eu darei
pela vida do mundo».
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Aceitai benignamente, Senhor, os dons que Vós mesmo concedestes à vossa
Igreja e transformai-os, com o vosso poder, em sacramento da nossa salvação.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Salmo 147,12.14
Louva, Jerusalém, o Senhor,
que te saciou com a flor da farinha.
Ou – Jo 6, 52
O pão que Eu vos darei, diz o Senhor,
é a minha carne pela vida do mundo.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Nós Vos pedimos, Senhor, que a comunhão do vosso sacramento
nos salve e nos confirme na luz da vossa verdade.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
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