ANÚNCIO
DA BOA NOVA
A cena é simbólica. Jesus chama seus primeiros discípulos,
mostrando-lhes qual a missão lhes está reservada: fazer que os homens
participem da libertação trazida por Jesus e que só pode realizar-se no
seguimento dele, mediante a união com ele e a sua missão. O convite ao
seguimento é exigente: é preciso “deixar tudo”, para que nada impeça o
discípulo de anunciar a Boa Notícia do Reino. A cena da pesca milagrosa ilustra
a vida missionária dos discípulos do Reino. Tudo começou com um encontro
fortuito com Jesus. Comprimido pelas multidões ansiosas para ouvir a Palavra de
Deus, o Mestre pediu a Simão um favor: levá-lo na sua barca um pouco mais para
dentro do lago de Genesaré, não muito longe da margem, para que pudesse falar à
multidão. O seu pedido foi prontamente atendido. Quando concluiu a pregação,
deu a Simão uma ordem inesperada: conduzir o barco para águas mais profundas e
lançar a rede. Simão tinha trabalhado, em vão, toda a noite, mas por obediência
à ordem do Mestre, lançou novamente a rede. E disto resultou uma pesca espectacular.
Entretanto, o facto mais notável foi Simão ter tido a chance de reconhecer
Jesus como Messias. O espanto que se apoderou dele e dos seus companheiros foi
semelhante ao que, no Antigo Testamento, acontecia nas teofanias, quando
pessoas achavam que iriam morrer, caso vissem a Deus. Simão reconheceu em Jesus
a manifestação da divindade. E Jesus exortou-o a não ter medo, pois a sua vida
havia sido transformada. Doravante, teria outra preocupação, não mais com
peixes, mas com pessoas humanas. Simão aceitou a tarefa de ser pescador de
gente, e passou a seguir Jesus. Começava para ele uma nova vida. O centro desta
narrativa é o anúncio de Jesus e a escolha dos seus colaboradores. A multidão
comprime-se para ouvir a sua palavra, Jesus sobe ao barco de Simão (Pedro) e
daí ensina estas multidões. A pesca imprevista e abundante (acentuada
desmedidamente) sob a orientação de Jesus é uma confirmação da força da sua
palavra e da confiança que se deve ter nesta palavra. Jesus chama os discípulos
como cooperadores na sua missão. Os discípulos, com desprendimento, põem-se a
seguir Jesus. O sucesso da missão implica no abandono e na docilidade à palavra
de Jesus.
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Salmo 94, 6-7
Vinde, prostremo-nos em terra,
adoremos o Senhor que nos criou.
O Senhor é o nosso Deus.
ORAÇÃO COLECTA
Guardai, Senhor, com paternal bondade a vossa família; e,
porque só em Vós põe a sua confiança, defendei-a sempre com a vossa protecção.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
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LEITURA I – Is 6,
1-2a.3-8
«Eis-me aqui:
podeis enviar-me»
Esta leitura
apresenta a vocação de Isaías e a sua missão, para introduzir a missão dos
Apóstolos, de que falará o Evangelho. A vocação e a missão vêm de Deus, são dom
seu. Em presença de tais dons, ao homem compete simplesmente responder e deixar-se
enviar, porque a obra a que é enviado é toda de Deus. Foi por isso que o
profeta começou por sentir-se envolvido em sinais da presença e da santidade de
Deus. E ao reconhecer que Deus o chamava, respondeu a esse chamamento e
deixou-se enviar para a missão a que Deus o destinava.
Leitura
do Livro de Isaías
No
ano em que morreu Ozias, rei de Judá, vi o Senhor, sentado num trono alto e
sublime; a fímbria do seu manto enchia o templo. À sua volta estavam serafins
de pé, que tinham seis asas cada um e clamavam alternadamente, dizendo: «Santo,
santo, santo é o Senhor do Universo. A sua glória enche toda a terra!». Com
estes brados as portas oscilavam nos seus gonzos e o templo enchia-se de fumo.
Então exclamei: «Ai de mim, que estou perdido, porque sou um homem de lábios
impuros, moro no meio de um povo de lábios impuros e os meus olhos viram o Rei,
Senhor do Universo». Um dos serafins voou ao meu encontro, tendo na mão um
carvão ardente que tirara do altar com uma tenaz. Tocou-me com ele na boca e
disse-me: «Isto tocou os teus lábios: desapareceu o teu pecado, foi perdoada a
tua culpa». Ouvi então a voz do Senhor, que dizia: «Quem enviarei? Quem irá por
nós?». Eu respondi: «Eis-me aqui: podeis enviar-me».
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 137 (138), 1-2a.2bc-3.4-5.7c-8 (R. 1c)
Refrão: Na presença dos
Anjos, eu Vos louvarei, Senhor. (Repete-se).
De todo o coração, Senhor, eu Vos dou graças,
porque ouvistes as palavras da minha boca.
Na presença dos Anjos Vos hei-de cantar
e Vos adorarei, voltado para o vosso templo santo. Refrão
Hei-de louvar o vosso nome
pela vossa bondade e fidelidade,
porque exaltastes acima de tudo o vosso nome
e a vossa promessa.
Quando Vos invoquei, me respondestes,
aumentastes a fortaleza da minha alma. (Refrão)
Todos os reis da terra Vos hão-de louvar, Senhor,
quando ouvirem as palavras da vossa boca.
Celebrarão os caminhos do Senhor,
porque é grande a glória do Senhor. (Refrão)
A vossa mão direita me salvará,
o Senhor completará o que em meu auxílio começou.
Senhor, a vossa bondade é eterna,
não abandoneis a obra das vossas mãos. (Refrão)
LEITURA II – 1 Cor 15, 1-11
«É assim
que pregamos e foi assim que acreditastes»
Os cristãos de
Corinto, cidade grega de ambiente pagão, deviam sentir a atitude negativa dos
grupos no meio dos quais viviam, em relação à ressurreição dos mortos, que até
os próprios Judeus só lentamente foram admitindo. Para os cristãos, a morte e a
ressurreição de Cristo constitui a base e o fundamento da sua fé. Ao afirmar o mistério
pascal de Cristo, S. Paulo apresenta o núcleo central da profissão de fé da
Igreja, o “Credo”.
Leitura
da primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Recordo-vos,
irmãos, o Evangelho que vos anunciei e que recebestes, no qual permaneceis e pelo
qual sereis salvos, se o conservais como eu vo-lo anunciei; aliás teríeis
abraçado a fé em vão. Transmiti-vos em primeiro lugar o que eu mesmo recebi:
Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e
ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois
aos Doze. Em seguida apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos
quais a maior parte ainda vive, enquanto alguns já faleceram. Posteriormente
apareceu a Tiago e depois a todos os Apóstolos. Em último lugar, apareceu-me
também a mim, como o abortivo. Porque eu sou o menor dos Apóstolos e não sou
digno de ser chamado Apóstolo, por ter perseguido a Igreja de Deus. Mas pela
graça de Deus sou aquilo que sou e a graça que Ele me deu não foi inútil. Pelo
contrário, tenho trabalhado mais que todos eles, não eu, mas a graça de Deus,
que está comigo. Por conseguinte, tanto eu como eles, é assim que pregamos; e
foi assim que vós acreditastes.
Palavra do Senhor
ALELUIA – Mt 4, 19
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Vinde comigo, diz o Senhor,
e farei de vós pescadores de homens. (Refrão)
EVANGELHO – Lc 5,
1-11
«Deixaram tudo e
seguiram Jesus»
A
disponibilidade verificada no profeta Isaías, vemo-la agora nos Apóstolos. É o
Senhor que os envia, mas eles, por seu lado, deixam-se enviar. A obra de Deus
está também nas mãos dos homens, porque Deus os quer associar a Si na obra de
salvação. É, no fundo, a lei que nasce do mistério da Encarnação: Deus no homem
e o homem em Deus. E a única atitude possível para o homem a quem Deus chama e
envia é responder como Isaías: “Eis-me aqui”, e como Pedro: “Já que o dizes,
lançarei as redes”.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele
tempo, estava a multidão aglomerada em volta de Jesus, para ouvir a palavra de
Deus. Ele encontrava-Se na margem do lago de Genesaré e viu dois barcos
estacionados no lago. Os pescadores tinham deixado os barcos e estavam a lavar
as redes. Jesus subiu para um barco, que era de Simão, e pediu-lhe que se
afastasse um pouco da terra. Depois sentou-Se e do barco pôs-Se a ensinar a
multidão. Quando acabou de falar, disse a Simão: «Faz-te ao largo e lançai as
redes para a pesca». Respondeu-Lhe Simão: «Mestre, andámos na faina toda a
noite e não apanhámos nada. Mas, já que o dizes, lançarei as redes». Eles assim
fizeram e apanharam tão grande quantidade de peixes que as redes começavam a
romper-se. Fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco, para os
virem ajudar; eles vieram e encheram ambos os barcos, de tal modo que quase se
afundavam. Ao ver o sucedido, Simão Pedro lançou-se aos pés de Jesus e
disse-Lhe: «Senhor, afasta-Te de mim, que sou um homem pecador». Na verdade, o
temor tinha-se apoderado dele e de todos os seus companheiros, por causa da
pesca realizada. Isto mesmo sucedeu a Tiago e a João, filhos de Zebedeu, que
eram companheiros de Simão. Jesus disse a Simão: «Não temas. Daqui em diante
serás pescador de homens». Tendo conduzido os barcos para terra, eles deixaram
tudo e seguiram Jesus.
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Senhor nosso Deus, que criastes o pão e o vinho para auxílio da nossa
fraqueza concedei que eles se tornem para nós sacramento de vida eterna.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Salmo 106, 8-9
Dêmos graças ao Senhor pela sua misericórdia,
pelos seus prodígios em favor dos homens,
porque Ele deu de beber aos que tinham sede
e saciou os que tinham fome.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Deus de bondade, que nos fizestes participantes do mesmo pão
e do mesmo cálice, concedei que, unidos na alegria e no amor de Cristo, dêmos
fruto abundante para a salvação do mundo.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
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