sexta-feira, 29 de agosto de 2014

LITURGIA DA PALAVRA – DOMINGO XXII do Tempo Comum




(Domingo, 31 de Agosto de 2014)

Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo


LEITURA I – Jer 20, 7-9

A palavra do Senhor tornou-se para mim ocasião de insultos...

Apesar de falar em nome de Deus ao povo de Israel, o profeta só deste recebe insultos, ameaças e perseguição. Sentiu então a tentação de abandonar essa sua missão profética, apesar de sentir o coração abrasado do zelo do Senhor. Nesta luta interior, o amor foi mais forte que o desânimo, porque mais forte que os insultos dos homens é a palavra de Deus.

Leitura do Livro de Jeremias[1]
“Vós me seduzistes, Senhor, e eu deixei-me seduzir; Vós me do­minastes e vencestes. Em todo o tempo sou objecto de escárnio, toda a gente se ri de mim; porque sempre que falo é para gritar e proclamar: «Violência e ruína!». E a palavra do Senhor tornou-se para mim ocasião permanente de insultos e zombarias. Então eu disse: «Não voltarei a falar n’Ele, não falarei mais em seu nome». Mas havia no meu coração um fogo ardente, comprimido dentro dos meus ossos. Procurava contê-lo, mas não podia.”

LEITURA II – Rom 12, 1-2

Oferecei-vos como vítima viva

O culto verdadeiramente cristão nasce da fé e atinge toda a vida do homem renascido em Cristo. Como Cristo, o cristão é homem novo, vive, por isso, uma vida nova; não se conforma já com este mundo, mas vive do Espírito de Deus e faz de toda a sua vida uma oferta viva, agradável a Deus.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos[2]
“Peço-vos, irmãos, pela misericórdia de Deus, que vos ofereçais a vós mesmos como sacrifício vivo, santo, agradável a Deus, como culto espiritual. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, pela renovação espiritual da vossa mente, para saberdes discernir, segundo a vontade de Deus, o que é bom, o que Lhe é agradável, o que é perfeito.”

EVANGELHO Mt 16, 21-27

Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo

À vista da Paixão, anunciada por Jesus aos seus discípulos, Pedro como que tenta Jesus, dissuadindo-O de aceitar a Cruz. Jesus rejeita energicamente a sua proposta, e, pelo contrário, apresenta aos discípulos, como programa para eles, o mistério da sua própria Cruz. Quem quiser ser seu discípulo, terá, como o Mestre, de renunciar a si mesmo, tomar a sua cruz e segui-l’O. Assim ganhará a vida; doutro modo, perdê-la-ia, ainda que tivesse ganho todo o mundo.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“Naquele tempo, Jesus começou a explicar aos seus discípulos que tinha de ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas; que tinha de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia. Pedro, tomando-O à parte, começou a contestá-l’O, dizendo: «Deus Te livre de tal, Senhor! Isso não há-de acontecer!». Jesus voltou-Se para Pedro e disse-lhe: «Vai-te daqui, Satanás. Tu és para mim uma ocasião de escândalo, pois não tens em vista as coisas de Deus, mas dos homens»[3]. Jesus disse então aos seus discípulos: «Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. Pois quem quiser salvar a sua vida há-de perdê-la; mas quem perder a sua vida por minha causa, há-de encontrá-la[4]. Na verdade, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua vida? Que poderá dar o homem em troca da sua vida? O Filho do homem há-de vir na glória de seu Pai, com os seus Anjos, e então dará a cada um segundo as suas obras»[5].”





[1] Temos aqui o último texto das chamadas Confissões, que é também aquele que melhor traduz o drama do seu ministério profético. Jeremias sente-se prisioneiro de uma forte paixão por Deus a que chama “sedução”. No entanto, essa paixão não o impede de amaldiçoar a própria vida, tal era a violência que sobre ele era feita (Jb 3,1-26).

[2] O Culto espiritual

[3] Jesus rejeita a sugestão de Pedro, do mesmo modo que resistiu à tentação no deserto (4,10). Pedro estava a ser pedra de estorvo (escândalo: ver Mc 8,33). De resto, Jesus convida o discípulo a segui-lo.

[4] Salvar a sua vida, expressão de raiz semita que pode traduzir-se por salvar-se. Na sua forma paradoxal, refere-se às duas etapas da vida humana: a presente e a futura (10,39; Lc 17,33; Jo 12,25).

[5] Citando Sl 62,13; Dn 7,13-14, Mt exprime a ideia da retribuição pessoal, profundamente enraizada no AT (Ez 14,13-20 nota), que ele apresenta com aspectos novos: é Jesus quem julga cada um no último dia (25,31-46); e retribuirá segundo as obras de cada um (6,4.6.18).


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