(Domingo, 7 de Setembro
de 2014)
“Se te escutar, terás ganho o teu irmão”
LEITURA I – Ez 33,
7-9
“Se não falares ao ímpio, pedir-te-ei contas do seu sangue”
A palavra de Deus, anunciada, acreditada, posta em prática,
faz nascer o povo de Deus, a Igreja de Deus. E cada membro deste povo é, por
sua vez, anunciador, profeta, desta palavra de Deus. Por isso, há-de anunciá-la
com as suas palavras, se o puder fazer, mas sempre com a sua vida. Deste modo,
cada filho da Igreja é, ao mesmo tempo, construtor da Igreja.
Leitura da Profecia de
Ezequiel
“Eis o que diz o
Senhor: «Filho do homem, coloquei-te como sentinela na casa de Israel. Quando
ouvires a palavra da minha boca, deves avisá-los da minha parte. Sempre que Eu
disser ao ímpio: ‘Ímpio, hás-de morrer’, e tu não falares ao ímpio para o
afastar do seu caminho, o ímpio morrerá por causa da sua iniquidade, mas Eu
pedir-te-ei contas da sua morte. Se tu, porém, avisares o ímpio, para que se
converta do seu caminho, e ele não se converter, morrerá nos seus pecados, mas
tu salvarás a tua vida».”
LEITURA II – Rom 13,
8-10
“A caridade é o pleno cumprimento da lei”
Toda a lei moral cristã, toda a Lei de Deus, se resume na
caridade, que é o amor segundo Deus. Todos e cada um dos preceitos cristãos são
aplicações concretas desta lei da caridade, que os envolve e os anima a todos.
Leitura da Epístola do
apóstolo São Paulo aos Romanos
“Irmãos: Não devais a
ninguém coisa alguma, a não ser o amor de uns para com os outros, pois, quem
ama o próximo, cumpre a lei[1]. De facto, os mandamentos que dizem: «Não cometerás adultério, não
matarás, não furtarás, não cobiçarás», e todos os outros mandamentos,
resumem-se nestas palavras: «Amarás ao próximo como a ti mesmo». A caridade não
faz mal ao próximo. A caridade é o pleno cumprimento da lei.”
EVANGELHO Mt 18,
15-20
“Se te escutar, terás ganho o teu irmão”
Esta passagem do Evangelho tem em vista a vida em Cristo dos
membros da comunidade cristã entre si. Desde o início a Igreja sentiu, no meio
de si, dificuldades na vida de comunidade. Onde houver homens, haverá
dificuldades de convivência. Mas, por isso mesmo, essas dificuldades hão-de ser
resolvidas humanamente, e sempre à luz de Deus, que é como quem diz, à luz da
caridade de Cristo, sempre em ordem à unidade, e à construção no amor, nunca à
destruição. É então, na unidade, que a comunidade se tornará a morada do
Senhor, onde os homens O poderão encontrar.
Evangelho de Nosso
Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“Naquele tempo, disse
Jesus aos seus discípulos: «Se o teu irmão te ofender, vai ter com ele e
repreende-o a sós. Se te escutar, terás ganho o teu irmão[2]. Se não te escutar, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda
a questão fique resolvida pela palavra de duas ou três testemunhas. Mas se ele
não lhes der ouvidos, comunica o caso à Igreja; e se também não der ouvidos à
Igreja, considera-o como um pagão ou um publicano. Em verdade vos digo: Tudo o
que ligardes na terra será ligado no Céu; e tudo o que desligardes na terra
será desligado no Céu[3]. Digo-vos ainda: Se dois de vós se unirem na terra para pedirem qualquer
coisa, ser-lhes-á concedida por meu Pai que está nos Céus. Na verdade, onde
estão dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles»[4].”
[1]
As dívidas devem pagar-se. Mas há uma que nunca está totalmente paga: a do amor
mútuo. Trata-se da vivência fraterna do amor recebido de Deus em Cristo. Daí que
tenha de ser o amor ao próximo a dar sentido a tudo.
[2]
Estes versículos destinavam-se a moderar o rigor dos que exigiam a expulsão
imediata dos pecadores da comunidade. Daí o apelo a ganhar para a comunidade o
irmão, que estava prestes a ser excluído (Lucas 17,3). O corte da comunidade
com os impenitentes vem do costume judaico de não contactar com gentios nem
cobradores de impostos, considerados pessoas impuras.
[3]
O poder de ligar e desligar conferido a Pedro é também comunicado aos outros
ministros da Igreja, aos quais se dirige o discurso deste capítulo.
[4]
Texto de cariz litúrgico. Jesus é apresentado por Mateus como Senhor da
Comunidade, o Deus connosco – Emanuel. O sinal e raiz dessa comunhão no Senhor
é a oração.
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