sexta-feira, 6 de março de 2015

LITURGIA DA PALAVRA – III DOMINGO DA QUARESMA




(Domingo, 8 de Março de 2015)


Não façais da casa de meu Pai casa de comércio

LEITURA I – Ex 20, 1-17

A lei foi dada por Moisés

Na continuação das passagens especialmente significativas da história da salvação, lemos hoje a história de Moisés, o condutor do povo de Deus através do deserto, e aquele por meio de quem o Senhor deu a Lei que há-de orientar para Si os passos do seu povo. Moisés é, assim, uma figura de Jesus, o verdadeiro Pastor do Povo de Deus, como no Tempo da Páscoa O iremos contemplar.

Leitura do Livro do Êxodo
“Naqueles dias, Deus pronunciou todas estas palavras: «Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egipto, dessa casa de escravidão. Não terás outros deuses perante Mim. Não farás para ti qualquer imagem esculpida, nem figura do que existe lá no alto dos céus ou cá em baixo na terra ou nas águas debaixo da terra. Não adorarás outros deuses nem lhes prestarás culto. Eu, o Senhor teu Deus, sou um Deus cioso: castigo a ofensa dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que Me ofendem; mas uso de misericórdia até à milésima geração para com aqueles que Me amam e guardam os meus mandamentos. Não invocarás em vão o nome do Senhor teu Deus, porque o Senhor não deixa sem castigo aquele que invoca o seu nome em vão[1]. Lembrar-te-ás do dia de sábado, para o santificares. Durante seis dias trabalharás e levarás a cabo todas as tuas tarefas. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus. Não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo nem a tua serva, nem os teus animais domésticos, nem o estrangeiro que vive na tua cidade. Porque em seis dias o Senhor fez o céu, a terra, o mar e tudo o que eles contêm; mas no sétimo dia descansou. Por isso, o Senhor abençoou e consagrou o dia de sábado. Honra pai e mãe, a fim de prolongares os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te vai dar. Não matarás. Não cometerás adultério. Não furtarás. Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo[2]. Não cobiçarás a casa do teu próximo; não desejarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo nem a sua serva, o seu boi ou o seu jumento, nem coisa alguma que lhe pertença».”
Palavra do Senhor.

LEITURA II – 1 Cor 1, 22-25

Nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os homens, mas sabedoria de Deus para os que são chamados

O mistério de Cristo crucificado, embora pareça um escândalo, é, no entanto, a manifestação da sabedoria de Deus, que assim, na aparente fraqueza do Crucificado, revela o poder salvador da sua graça.

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
“Irmãos: Os judeus pedem milagres e os gregos procuram a sabedoria. Quanto a nós, pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios; mas para aqueles que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é poder e sabedoria de Deus. Pois o que é loucura de Deus é mais sábio do que os homens e o que é fraqueza de Deus é mais forte do que os homens[3].”
Palavra do Senhor.

EVANGELHO – Jo 2, 13-25

Destruí este templo e em três dias o levantarei

O templo arrasado e levantado em três dias é figura da Morte e da Ressurreição de Jesus. É Ele o templo verdadeiro. Destruído pelos homens, que Lhe deram a morte, Deus O levantou, mais glorioso do que antes, ao ressuscitá-lO de entre os mortos.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
“Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. Encontrou no templo os vendedores de bois, de ovelhas e de pombas e os cambistas sentados às bancas. Fez então um chicote de cordas e expulsou-os a todos do templo, com as ovelhas e os bois; deitou por terra o dinheiro dos cambistas e derrubou-lhes as mesas; e disse aos que vendiam pombas: «Tirai tudo isto daqui; não façais da casa de meu Pai casa de comércio». Os discípulos recordaram-se do que estava escrito: «Devora-me o zelo pela tua casa[4]». Então os judeus tomaram a palavra e perguntaram-Lhe: «Que sinal nos dás de que podes proceder deste modo?». Jesus respondeu-lhes: «Destruí este templo e em três dias o levantarei»[5]. Disseram os judeus: «Foram precisos quarenta e seis anos para se construir este templo e Tu vais levantá-lo em três dias?»[6]. Jesus, porém, falava do templo do seu corpo. Por isso, quando Ele ressuscitou dos mortos, os discípulos lembraram-se do que tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra de Jesus. Enquanto Jesus permaneceu em Jerusalém pela festa da Páscoa, muitos, ao verem os milagres que fazia, acreditaram no seu nome. Mas Jesus não se fiava deles, porque os conhecia a todos e não precisava de que Lhe dessem informações sobre ninguém: Ele bem sabia o que há no homem.”
Palavra da salvação.





[1] O quadro redaccional formado pelos v.1.18-21 mostra que o Decálogo provém de outra tradição, certamente sapiencial, mas que foi inserido no relato da teofania de que actualmente constitui o coração. Os elementos redaccionais vinculam o Decálogo e a teofania como duas partes de um único acontecimento. O termo "Decálogo" provém da expressão "dez palavras", que só encontramos em 34,28; Dt 4,13; 10,4. Entrou na tradição cristã através de Clemente de Alexandria e de Ireneu. Deste "Decálogo" temos duas recensões que apresentam ligeiras diferenças: v.1-17 e Dt 5,6-21.
[2] Responder. Este mandamento devia ter, na origem, um significado essencialmente jurídico. O verbo 'anah (= responder) com a preposição be (em, contra) é empregado o mais das vezes para indicar um depoimento num tribunal. A pessoa que depõe nessas circunstâncias é uma testemunha ('ed), como vemos no texto hebraico da segunda metade do versículo. As antigas versões grega e latina preferiram, porém, o "testemunho" à "testemunha".
[3] Porque confiam apenas em si, os judeus pedem milagres que lhes confirmem a intervenção de Deus, e os gregos buscam uma doutrina que satisfaça as exigências da sua razão. A pregação de um Messias crucificado, que contraria as expectativas nacionalistas dos judeus e a tendência intelectualista dos gregos, é uma sabedoria que revela o poder e a eficácia de Deus (Sb 7,22-26 nota; Sir 24,1-22; Mt 11,19; Lc 7,35).
[4] O zelo da tua casa me devorou. Os discípulos evocaram o Sl 69,10 (grego). Este gesto messiânico anuncia a paixão de Jesus.
[5] Destruí este templo. Estas palavras encerram um sentido misterioso que só a reflexão posterior (v.22) permitiu captar: exprimem o mistério da Encarnação, ao designarem o Corpo de Jesus como um templo em que Deus habita (Cl 2,9). Para os inimigos de Jesus, esta afirmação era passível da pena de morte: Mt 21,12-14; 26,61; 27,40; Mc 14,58; 15,29; Act 6,14. Sobre o dar a vida em dois dias e levantar ao terceiro, ver Os 6,1-3; Mt 16,21; 26,61; Mc 8,31.
[6] Quarenta e seis anos. O templo tinha começado a ser reconstruído por Herodes, o Grande, em 19/20 a.C. (Mt 24,1).

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