sábado, 31 de outubro de 2015

Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa

DOMINGO XXXI do Tempo Comum




(Domingo, 1 de Novembro de 2015)


Dia de todos os Santos
«Os Santos, tendo atingido pela multiforme graça de Deus a perfeição e alcançado a salvação eterna, cantam hoje a Deus no Céu, o louvor perfeito e intercedem por nós.
A Igreja proclama o mistério pascal, realizado na paixão e glorificação deles com Cristo, propõe aos fiéis os seus exemplos, que conduzem os homens ao Pai por Cristo; e implora, pelos seus méritos, as bênçãos de Deus.
Segundo a sua tradição, a Igreja venera os Santos e as suas relíquias autênticas, bem como as suas imagens. É que as festas dos Santos proclamam as grandes obras de Cristo nos Seus servos e oferecem aos fiéis os bons exemplos a imitar» (Constituição Litúrgica, n.º 104 e 111).

Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa


LEITURA I – Ap 7, 2-4.9-14

Vi uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas

O aspecto positivo do grande Dia é a salvação. O povo de Deus é protegido no julgamento. A marca na fronte é o sinal da salvação e da presença de Deus. O povo de Deus é apresentado como o Israel total e perfeito. É um povo incontável (versículo 9), porque a salvação está aberta para todos os homens (gente de todas as nações, tribos, povos e línguas). O povo de Deus reconhece que a salvação vem de Deus e do Cordeiro. Não são as coisas e nem os homens absolutizados que salvam. Unido aos anjos e à criação, o povo de Deus adora a Deus e reconhece que a plenitude do louvor pertence somente a Ele. João enfatiza a salvação do povo de Deus. A grande tribulação são as perseguições. A veste branca significa a participação no testemunho de Jesus. O Apocalipse foi escrito para encorajar as comunidades cristãs a perseverar no meio de grande sofrimento. O texto deste domingo reflecte o testemunho dado por uma multidão de cristãos diante da violenta perseguição desencadeada pelo imperador Nero ao redor do ano 65. A visão é um recurso próprio do género apocalíptico para revelar o que os olhos da fé captam por trás dos acontecimentos. As comunidades perseguidas, mergulhadas em profunda dor, gritam por justiça. Deus intervém a seu favor. Os anjos são seus justiceiros. Devem, no entanto, respeitar todos os que são assinalados. A cena lembra a saída do povo do Egipto, quando as casas dos escravos hebreus foram marcadas com o sangue do cordeiro para serem protegidas da vingança divina. As 144 mil pessoas assinaladas (12 x 12 x 1.000) representam a totalidade dos servos e servas de Deus, tanto da primeira aliança como da segunda. São todas as que não se contaminam com a ideologia dos poderosos. São as que permanecem fiéis ao plano de Deus a ponto de entregar a própria vida, como fez Jesus, o Cordeiro imolado. Esse é o sentido das vestes brancas. Deus é o protector e salvador dos pequeninos, dos indefesos e dos perseguidos por causa da justiça. São milhares de “todas as nações, tribos, povos e línguas”. Pertencem a todas as tradições religiosas. Com coragem e perseverança, seguem o caminho do bem e lutam por um mundo de fraternidade. Nós, cristãos, recebemos a marca do baptismo, que nos torna servos e servas de Deus. Somos convocados a perseverar no seguimento de Jesus; somos chamados a ser santos, vivendo e anunciando os valores evangélicos da misericórdia, da mansidão, da justiça, da paz...

Leitura do Apocalipse de São João
“Eu, João, vi um Anjo que subia do Nascente, trazendo o selo do Deus vivo.
Ele clamou em alta voz aos quatro Anjos a quem foi dado o poder de causar dano à terra e ao mar:
«Não causeis dano à terra, nem ao mar, nem às árvores, até que tenhamos marcado na fronte os servos do nosso Deus».
E ouvi o número dos que foram marcados: cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel.
Depois disto, vi uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas.
Estavam de pé, diante do trono e na presença do Cordeiro, vestidos com túnicas brancas e de palmas na mão.
E clamavam em alta voz:
«A salvação ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro».
Todos os Anjos formavam círculo em volta do trono, dos Anciãos e dos quatro Seres Vivos.
Prostraram-se diante do trono, de rosto por terra, e adoraram a Deus, dizendo:
«Amen! A bênção e a glória, a sabedoria e a acção de graças, a honra, o poder e a força ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amen!».
Um dos Anciãos tomou a palavra e disse-me:
«Esses que estão vestidos de túnicas brancas, quem são e de onde vieram?».
Eu respondi-lhe:
«Meu Senhor, vós é que o sabeis».
Ele disse-me:
«São os que vieram da grande tribulação, os que lavaram as túnicas  e as branquearam no sangue do Cordeiro».”
Palavra do Senhor

LEITURA II – Jo 3, 1-3

Veremos a Deus tal como Ele é

João começa novo tema: Deus é justo. Jesus Cristo manifestou inteiramente a Deus porque, através de sua vida, mostrou concretamente o que é a justiça divina. Do mesmo modo, quem pratica a justiça mostra que é filho do Deus justo, a semelhança de Jesus. Não basta ser baptizado para ser filho de Deus: é preciso praticar a justiça, Essa realidade, porém, ainda está em crescimento, e só se realizará totalmente quando puderem contemplar toda a glória de Jesus Cristo. O mundo não reconhece o Deus justo, porque o princípio que rege a vida do mundo é a injustiça. Desse modo, o mundo considera como inimigos perigosos o Deus justo e seus filhos que revelam a justiça. O amor de Deus não tem limites. Ele fez de nós participantes de sua própria natureza divina. Somos seus filhos e filhas já neste tempo transitório e o seremos plenamente na ressurreição. Essa verdade tão bela nos enche de dignidade e nos impulsiona a viver de acordo com a vocação divina. O jeito divino de viver não se conforma com os sistemas baseados no domínio de uns sobre os outros e sobre a criação. Como fez Jesus, os cristãos devem posicionar-se de forma clara a favor de uma sociedade onde reine o amor fraterno, pois “quem diz que ama a Deus e odeia o seu irmão é um mentiroso” (1Jo 4,20). As pessoas que vivem de modo coerente com o evangelho se confrontam com os interesses egoístas dos que dominam este mundo. Jesus preveniu seus discípulos de que seriam perseguidos, presos e até mortos. Os que sofrem por causa da fidelidade aos valores evangélicos fazem parte dos bem-aventurados...

Leitura da Primeira Epístola de São João
“Caríssimos:
Vede que admirável amor o Pai nos consagrou em nos chamar filhos de Deus.
E somo-lo de facto.
Se o mundo não nos conhece, é porque não O conheceu a Ele.
Caríssimos, agora somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que havemos de ser.
Mas sabemos que, na altura em que se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porque O veremos tal como Ele é.
Todo aquele que tem n’Ele esta esperança purifica-se a si mesmo, para ser puro, como Ele é puro.”
Palavra do Senhor

EVANGELHO – Mt 5, 1-12a

Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa

As bem-aventuranças são o anúncio da felicidade, porque proclamam a libertação, e não o conformismo ou a alienação. Elas anunciam a vinda do Reino através da palavra e acção de Jesus. Estas tornam presente no mundo a justiça do próprio Deus. Justiça para aqueles que são inúteis ou incómodos para uma estrutura de sociedade baseada na riqueza que explora e no poder que oprime. Os que buscam a justiça do Reino são os “pobres em espírito”. Sufocados no seu anseio pelos valores que a sociedade injusta rejeita, esses pobres estão profundamente convictos de que eles têm necessidade de Deus, pois só com Deus esses valores podem vigorar, surgindo assim uma nova sociedade. A santidade é uma meta a ser atingida por todos os cristãos. Ninguém é excluído deste apelo nem pode eximir-se de dar sua resposta. Mas importa nutrir um ideal sadio de santidade, sem se deixar levar por falsas concepções. Ser santo é ser capaz de colocar-se totalmente nas mãos do Pai, contar com ele, sabendo-se dependente dele. Por outro lado, é colocar-se a serviço dos semelhantes, fazendo-lhes o bem, como resposta aos benefícios recebidos do Pai. O enraizamento em Deus desabrocha em forma de misericórdia para com o próximo. A santidade constrói-se no ritmo da entrega da própria vida nas mãos do Pai, explicitada no serviço gratuito e desinteressado aos demais, deixando de lado os interesses pessoais e tudo quanto seja incompatível com o protejo de Deus. Este ideal não é inatingível. E se constrói nas situações mais simples nas quais a pessoa é chamada a ser bondosa, a não agir com dolo ou fingimento, a criar canais de comunicação entre os desavindos, a superar o ódio e a violência, a cultivar o hábito da partilha fraterna, a ser defensor da justiça. Qualquer cristão, no seu dia-a-dia, tem a chance de fazer experiências deste género. Se o fizer, com a graça de Deus, estará dando passos decisivos no caminho da bem-aventurança. Mateus, em seu evangelho, apresenta a proclamação das bem-aventuranças como sendo as primeiras palavras de Jesus dirigidas às multidões, no início de seu ministério. Estas bem-aventuranças são uma proposta de felicidade a ser encontrada na união de vontade com Deus a partir das práticas amorosas acessíveis a todos. Não se trata da prática de virtudes pessoais, ascéticas ou morais, para um aperfeiçoamento individual. As bem-aventuranças são a felicidade alcançada por aqueles que entram em comunhão de vida com os irmãos, particularmente os mais excluídos, em um processo solidário e fraterno de libertação e restauração da dignidade humana. As bem-aventuranças não têm o mesmo carácter que os mandamentos. Elas são um convite e uma proposta de vida nova, na prática da justiça que conduz à paz. À prática das bem-aventuranças todos são chamados, sem elitismos ou exclusões, particularmente os mais simples e humildes. A primeira bem-aventurança apresenta a pobreza, na forma de desapego concreto dos bens terrenos, como a característica fundamental do Reino. As duas bem-aventuranças seguintes apontam para as vítimas da sociedade injusta: os que choram e os submissos ("mansos") aos quais o amor de Deus traz a libertação. Seguem-se quatro bem-aventuranças activas em vista da transformação da sociedade: a fome e a sede da justiça, que são a vontade de Deus; a misericórdia, que impulsiona à acção solidária; a pureza do coração, que supera a pureza ritual e acolhe a todos, e os promotores da paz em vista da construção de um mundo sem ambição e violência daqueles que tiram o alimento dos pobres para transformá-lo em armas de destruição maciça diante da consolidação de um império mundial. As duas últimas bem-aventuranças retomam o tema da justiça, exaltando sua grandeza e advertindo sobre a repressão a que estarão sujeitos os que a buscam. Neste mundo em que a violência é alimentada pela ambição dos poderosos, a prática das bem-aventuranças aponta para novos rumos em vista da comunhão fraterna, da solidariedade mundial e da conquista da paz.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“Naquele tempo, ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte e sentou-Se.
Rodearam-n’O os discípulos e Ele começou a ensiná-los, dizendo:
«Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados os humildes, porque possuirão a terra.
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.
Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós.
Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa».”
Palavra da Salvação



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