sábado, 15 de setembro de 2018

TU ÉS O MESSIAS... O FILHO DO HOMEM TEM DE SOFRER MUITO





DOMINGO XXIV DO TEMPO COMUM – ano B – 16SET2018



Quem dizem os homens que eu sou?

A Liturgia deste Domingo, fala-nos do Messias Sofredor, um tema que explica mais claramente a necessidade de o Salvador passar pelo sofrimento e pela morte para realizar o seu desígnio de salvação. A libertação do pecado flui, naturalmente, do arrependimento, a que se segue o perdão. Só perdoando, o homem é perdoado. Perdão e amor são as máximas que Jesus nos deixou e Ele entregou-Se em holocausto por aqueles que O odiaram e perseguiram até à morte.
A 1ª Leitura, do Livro do profeta Isaías, diz que o “Servo do Senhor” é desprezado e perseguido por todos.
-         “Apresentei as costas àqueles que me batiam e as faces aos que me arrancavam a barba, e não furtei o rosto aos insultos e aos escarros”. (1ª Leitura).
No cumprimento da sua missão, ele sujeita-se às humilhações e ao sofrimento, mantendo sempre uma firmeza inabalável e uma serena e alegre confiança em Deus. Esta misteriosa figura, que aparece com muita frequência no Livro de Isaías, anuncia Cristo na Sua Paixão abandonado pelos discípulos, mas sempre fiel à Sua missão redentora, consciente como estava de que a salvação passa pela Cruz. E assim caminha segundo a vontade de Deus como canta o Salmo Responsorial:
-         “Andarei na presença de Deus, junto a ele, na terra dos vivos.”.
Na 2.ª Leitura, S. Tiago lembra-nos que ter fé, ou seja, crer, não é só, nem principalmente, admitir um determinado credo. É essencialmente, estar em atitude de acolhimento à inspiração e à graça de Deus.
-         “que adianta alguém dizer que tem fé, quando não a põe em prática?” (2ª Leitura).
É que uma fé de palavras é muito fácil, mas aceitar as duras exigências da fé que se apregoa é muito mais difícil e, por isso, muito mais meritório, porque custa, porque exige sofrimento. Aceitar o compromisso vital da fé é corresponder ao amor de Deus, realizado no amor ao próximo.
-         “Tu, mostra-me a tua fé sem as obras, que eu te mostrarei a minha fé pelas obras!”. (2ª Leitura).
O Evangelho é de São Marcos e diz-nos que Jesus se apresenta pela primeira vez aos seus discípulos como o Mestre-sofredor, que vai morrer pela libertação total do povo. Esta concepção do Messias-sofredor não é conhecida deles. Não era isso que eles esperavam. Depois de perguntar o que diziam d’Ele e depois da confissão de Pedro, Jesus começou a anunciar o seu sofrimento e a sua morte, com a incompreensão dos seus discípulos a quem disse, por fim:
-         “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la”. (Evangelho).
Não era bem isto que os discípulos e todo o povo esperavam, mas sim a libertação do poder romano. A palavra Messias é uma forma grega da palavra aramaica que significa “O Ungido”.
Aparece seis vezes no Novo Testamento:
-         “Não tinha o Messias de sofrer essas coisas para entrar na Sua glória?" (Lc 24,26)
-         “Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e ressuscitar dentre os mortos ao terceiro dia?”... (Lc 24,46)
-         “Ele confessou e não negou: ‘Eu não sou o Messias’. Quem és então?" (Jo 1,20)
-         “Porque é então que baptizas se não és o Messias, nem Elias nem o Profeta...” (Jo 1,25).
-         “Sei que o Messias (que se chama Cristo), está para vir, e que, quando vier tudo nos dará a conhecer” ... (Jo 4,25).
-         “Vinde ver um homem que me disse tudo quanto fiz. Não será Ele o Messias?” (Jo 4,29).
Para entender Cristo como Messias, é preciso observar cuidadosamente o Antigo Testamento para saber o que é que os Israelitas esperavam e depois examinar, então, atentamente, o Novo Testamento para confirmar como é que Cristo, de muitas maneiras cumpriu as promessas que Lhe diziam respeito. A primeira profecia em que o Messianismo como tal mostra que a expectativa era de uma “Dinastia Real” está na história de Israel:
-         “Suscitarei depois de ti um filho teu, que nascerá de ti e consolidará o seu reino. Ele me construirá um templo, e afirmarei para sempre o seu régio trono”. (2 Sm 7,12-13).
-         “Eu o estabelecerei na Minha casa e no Meu reino para sempre, e o seu trono será firme por todos os séculos”.
O futuro rei, tal como os Israelitas o viram em expectativa, deveria cumprir o ideal universal do seu futuro e o Messias Real deveria continuar presente na antiga Aliança. (O Salmo 2 diz que Deus é o seu Ungido, e o Salmo 72 fala da Oração pelo Rei ideal).
“Porque Ele fez comigo uma Aliança eterna, Aliança firme e imutável...” (2 Sm 23,5).
O sinal de um rei deificado deveria aparecer como uma “estrela”:
-         “Uma estrela sai de Jacob e um ceptro flamejante surge no seio de Israel”. (Nm 24,17).
Cristo, tal como foi profetizado no Antigo Testamento deveria ser inteiramente diferente de um rei.
·        Seria um Messias sofredor, muito diferente do Messias apresentado no Livro do Eclesiástico, deveria nascer de uma Virgem e o seu nome seria Emanuel, isto é, Deus connosco: – “Eis que uma virgem concebeu e dará à luz um filho e o chama Emanuel”. (Os 7,14).
·        Seria o sucessor ideal de David, um Príncipe de Paz: – ‘O Seu império será grande e a Sua paz não terá fim sobre o trono de David e sobre o seu reino. Ele estabelecê-lo-á e mantê-lo-á pelo direito da justiça, desde agora e para sempre”. (Is.9,7).
·        Deveria nascer em Belém: – “Mas tu, Belém de Efrata, tão pequena para seres contada entre as famílias de Judá. É de ti que Me há-de sair Aquele que governará em Israel”. (Mq 5,1).
·        Seria um sacerdote eterno: – “Tu és sacerdote para sempre segundo a Ordem de Melquisedech”. (Sl 110,4).
O Novo Testamento proclama o cumprimento das Profecias do Antigo Testamento pelo próprio Cristo aos Apóstolos no caminho de Emaús: – "Ó homens sem inteligência e lentos de espírito em crer em tudo quanto os profetas anunciaram...” (Lc. 24,25).
Cristo quereria exercer o Seu Messianismo, enviando o Espírito Santo e ser glorificado por Seu Pai:

-         “Foi este Jesus que Deus ressuscitou, do que nós somos testemunhas. Tendo sido elevado pela direita de Deus, recebeu do Pai o Espírito Santo prometido e derramou o que vedes e ouvis”. (At 2,32)
-         “Quando o Filho do Homem vier na Sua glória, acompanhado por todos os Seus anjos, sentar-Se-á, então, no Seu trono de glória”. (Mt 25,31).
A libertação pela Cruz tem outra dimensão, que supõe uma entrega total à custa do sofrimento e da morte, para o cumprimento do plano da História da Salvação.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Sir 36, 18
Dai a paz, Senhor, aos que em Vós esperam
e confirmai a verdade dos vossos profetas.
Escutai a prece dos vossos servos e abençoai o vosso povo.

ORAÇÃO COLECTA
Deus, Criador e Senhor de todas as coisas, lançai sobre nós o vosso olhar; e para sentirmos em nós os efeitos do vosso amor, dai-nos a graça de Vos servirmos com todo o coração.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Liturgia da Palavra


LEITURA I – Is 50, 5-9a
«Apresentei as costas àqueles que me batiam»

Esta leitura do Antigo Testamento fala-nos de uma personagem a que a Sagrada Escritura dá o nome de “Servo do Senhor”. Apresenta-se como alguém obediente a Deus, sujeito a muitas humilhações, mas sempre confiante no Senhor, e que, por fim, Deus exaltará na glória. É a figura típica de Jesus na sua Paixão, obediente até à morte na Cruz, exaltado na glória da Ressurreição, como o Evangelho O vai apresentar.

Leitura do Livro de Isaías
O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo. Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam. Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio e por isso não fiquei envergonhado; tornei o meu rosto duro como pedra e sei que não ficarei desiludido. O meu advogado está perto de mim. Pretende alguém instaurar-me um processo? Compareçamos juntos. Quem é o meu adversário? Que se apresente! O Senhor Deus vem em meu auxílio. Quem ousará condenar-me?
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 114 (116), 1-2.3-4.5-6.8-9 (R. 9)
Refrão: Andarei na presença do Senhor sobre a terra dos vivos. (Repete-se).
Ou: Caminharei na terra dos vivos na presença do Senhor. Repete-se
Ou: Aleluia. (Repete-se).

Amo o Senhor,
porque ouviu a voz da minha súplica.
Ele me atendeu,
no dia em que O invoquei. (Refrão)

O Senhor ilumina os olhos dos cegos,
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos. (Refrão)

Justo e compassivo é o Senhor,
o nosso Deus é misericordioso.
O Senhor guarda os simples:
estava sem forças e o Senhor salvou-me. (Refrão)

Livrou da morte a minha alma,
das lágrimas os meus olhos, da queda os meus pés.
Andarei na presença do Senhor,
sobre a terra dos vivos. (Refrão)


LEITURA II – Tg 2, 14-18

«A fé sem obras está morta»

A pregação de S. Tiago é muito concreta. A fé vive-se na prática da vida de cada dia, sobretudo nas relações com o próximo, que hão-de ter sempre a caridade como fundamento. A fé supõe a aceitação total da palavra de Deus, no pensar, no querer, no agir. Acreditar não é apenas admitir com a inteligência a verdade que a Igreja ensina, mas viver, em toda a vida, dessa mesma verdade. Doutro modo, a fé estaria morta, e a fé é um princípio de vida.

Leitura da Epístola de São Tiago
Irmãos: De que serve a alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Poderá essa fé obter-lhe a salvação? Se um irmão ou uma irmã não tiverem que vestir e lhes faltar o alimento de cada dia, e um de vós lhes disser: «Ide em paz. Aquecei-vos bem e saciai-vos», sem lhes dar o necessário para o corpo, de que lhes servem as vossas palavras? Assim também a fé sem obras está completamente morta. Mas dirá alguém: «Tu tens a fé e eu tenho as obras». Mostra-me a tua fé sem obras, que eu, pelas obras, te mostrarei a minha fé.
Palavra do Senhor


ALELUIA – Gal 6, 14

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Toda a minha glória está na cruz do Senhor,
por quem o mundo está crucificado para mim
e eu para o mundo. (Refrão)


EVANGELHO – Mc 8, 27-35

«Tu és o Messias... O Filho do homem tem de sofrer muito»

Jesus anuncia, pela primeira vez, a sua Paixão, depois de Pedro ter feito um acto de fé na sua missão de Messias. Ao ouvir falar da Paixão Pedro escandaliza-se. Não consegue ligar as ideias de Messias com a do sofrimento, muito menos com a da Morte. Não tinha ainda compreendido as palavras sobre o “Servo de Deus” sofredor de que fala a primeira leitura.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Marcos
Naquele tempo, Jesus partiu com os seus discípulos para as povoações de Cesareia de Filipe. No caminho, fez-lhes esta pergunta: «Quem dizem os homens que Eu sou?». Eles responderam: «Uns dizem João Baptista; outros, Elias; e outros, um dos profetas». Jesus então perguntou-lhes: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Pedro tomou a palavra e respondeu: «Tu és o Messias». Ordenou-lhes então severamente que não falassem d’Ele a ninguém. Depois, começou a ensinar-lhes que o Filho do homem tinha de sofrer muito, de ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos escribas; de ser morto e ressuscitar três dias depois. E Jesus dizia-lhes claramente estas coisas. Então, Pedro tomou-O à parte e começou a contestá-l’O. Mas Jesus, voltando-Se e olhando para os discípulos, repreendeu Pedro, dizendo: «Vai-te, Satanás, porque não compreendes as coisas de Deus, mas só as dos homens». E, chamando a multidão com os seus discípulos, disse-lhes: «Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. Na verdade, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas quem perder a vida, por causa de Mim e do Evangelho, salvá-la-á».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Ouvi, Senhor, com bondade as nossas súplicas e recebei estas ofertas dos vossos fiéis, para que os dons oferecidos por cada um de nós para glória do vosso nome sirvam para a salvação de todos.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 35, 8
Como é admirável, Senhor, a vossa bondade!
À sombra das vossas asas se refugiam os homens.

Ou – 1 Cor 10, 16
O cálice de bênção é comunhão no Sangue de Cristo;
e o pão que partimos é comunhão no Corpo do Senhor.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor nosso Deus, concedei que este sacramento celeste nos santifique totalmente a alma e o corpo, para que não sejamos conduzidos pelos nossos sentimentos mas pela virtude vivificante do vosso Espírito.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



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