REUNIRÁ OS SEUS ELEITOS DOS QUATRO PONTOS CARDEAIS
AS
ÚLTIMAS REALIDADES
“O cristianismo é todo ele escatologia[1];
não é só um apêndice”; “toda a pregação cristã, toda a existência cristã e a
própria Igreja no seu conjunto, se caracterizam pela sua orientação
escatológica” (Moltmann). De facto, com a ressurreição de Jesus, o mundo e a
história entraram na sua fase final, na plenitude dos tempos. As promessas de
Deus realizam-se e os céus e terra novos já estão inaugurados. Em Cristo, Deus
já disse a sua palavra definitiva; já foi lançado em nós o Espírito, semente
das realidades futuras.
O cristão constrói o futuro hoje
Compreender isto significa compreender que o cristão é o
homem do futuro. Significa não tanto que o cristão é homem que “espera o futuro”
que lhe será dado depois da morte; mas, antes, que é o homem que constrói hoje
o seu futuro. Em certo sentido, depois de Cristo tudo está feito; nada mais
esperamos de substancialmente novo. No entanto, é também verdade que tudo está
por fazer. Trata-se de fazer com que o mundo “faça a páscoa”, com que todas as
realidades da criação “passem” à esfera de Cristo, o qual no fim “recapitulará”
em si todas as coisas. Esta é a grande obra que preenche todo o tempo da
Igreja; e está longe de se ter completado. Mais do que uma função pessoal e
social, deve o cristão desempenhar na terra uma função que poderíamos chamar
cósmica. Assim como o pecado de Adão não teve consequências só para o homem,
mas repercutiu também no cosmos e na matéria que se tornou opaca (oculta Deus
em lugar de manifestá-lo), pesada, (arrasta para baixo em lugar de elevar) e
rebelde ao homem (comerás com o suor do teu rosto...), também a redenção de
Cristo atingiu todo o universo. Ele salvou todo o homem, também o corpo
destinado à ressurreição e à glória juntamente com o Espírito. Solidária com o
primeiro Adão na queda, a criação é chamada a participar da vitória do segundo
Adão.
São Paulo vê a natureza tendendo para a redenção e ouve os seus
gemidos, semelhantes aos de mulher em parto (Rm 8,12-22). Todas as coisas
tendem para Cristo que “recapitulará em si a criatura” (Ef 1,9). Salvador do
homem, Cristo é-o também do universo. Neste esforço, nesta tensão, o cristão é
chamado a desempenhar um papel insubstituível. É o cristão que, com o seu
trabalho, com o sacrifício e a oração, “humanizará” este mundo e preparará
aquela transformação do universo nos céus novos e na “nova terra” que
inaugurará o definitivo reino de Deus. Numa palavra, “o que a alma é no corpo
devem ser os cristãos no mundo”.
O cristão não caminha só
O cristão é peregrino nesta terra. Não é cidadão; é exilado
em marcha para a verdadeira Pátria. Considera a terra não como habitação
permanente, mas como a etapa de uma viagem. Por isto, não constrói aqui casa de
pedra sólida, mas apenas uma tenda, como o viajante que faz uma pausa no
deserto. Uma interpretação unilateral e injusta das realidades humanas
(favorecida, aliás, por certa pregação também unilateral e míope) fez com que
muitos homens de nosso tempo encarassem com desconfiança a religião cristã,
como se fosse inimiga do mundo, da vida, do progresso, do esforço humano; uma
religião de evasão, de descomprometimento, de renúncia passiva e covarde; o
ópio que entorpece o homem e dele retira todo interesse pela cidade terrestre,
seduzindo-o com a promessa de um além feliz e ilusório.
Mas, é muito diferente a missão do cristão no mundo: “O
cristão não se caracteriza pela fuga; é, ao contrário, alguém comprometido como
pessoa no incremento, no bom êxito, na salvação do mundo. Sabe que o universo
inteiro tem um só princípio de consistência, de movimento, de fim – Cristo;
porque por meio dele todas as coisas foram feitas e nele todas subsistem (Cl
1,16-18). Cristo é, deste modo, aquele que congrega, trabalhando no íntimo das
almas e das coisas para tudo santificar, tudo unir, tudo consagrar para a
glória de Deus. “O cristão coloca-se voluntariamente neste gigantesco
empreendimento, no seu lugar, no seu tempo, com os seus recursos. Não trabalha
sozinho: colabora... Trabalha com coragem, porque a luta é dura; com fé, porque
a tarefa é misteriosa e sem proporção com as forças humanas; trabalha para fazer
crescer o universo e despontar a nova criação através da luta caótica e
dolorosa, cheia de esperança e de preocupações, luta que não é, porém, a de uma
agonia e sim a de um parto” (J. Mouroux).
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Jer 29, 11.12.14
Os meus pensamentos são de paz
e não de desgraça, diz o Senhor.
Invocar-Me-eis e atenderei o vosso clamor,
e farei regressar os vossos cativos
de todos os lugares da terra.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor nosso Deus, concedei-nos a graça de encontrar sempre
a alegria no vosso serviço, porque é uma felicidade duradoira e profunda ser
fiel ao autor de todos os bens.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
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LEITURA I – Dan
12, 1-3
«Nesse tempo virá
a salvação para o teu povo»
Em tempo de
grande perseguição religiosa sofrida pelo povo de Deus no fim do Antigo
Testamento, o profeta aponta a ressurreição futura como o destino último dos
que estavam sendo vítimas da perseguição. A última palavra haveria de ser não a
da morte, mas a da vida, como algum tempo depois se manifestou claramente na
ressurreição de Cristo. Ao chegarmos quase ao fim do ano litúrgico, surge no
horizonte a luz da glória da vida eterna para além da morte.
Leitura
da Profecia de Daniel
Naquele
tempo, surgirá Miguel, o grande chefe dos Anjos, que protege os filhos do teu
povo. Será um tempo de angústia, como não terá havido até então, desde que
existem nações. Mas nesse tempo, virá a salvação para o teu povo, para aqueles
que estiverem inscritos no livro de Deus. Muitos dos que dormem no pó da terra
acordarão, uns para a vida eterna, outros para a vergonha e o horror eterno. Os
sábios resplandecerão como a luz do firmamento e os que tiverem ensinado a
muitos o caminho da justiça brilharão como estrelas por toda a eternidade.
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 15 (16), 5.8.9-10.11 (R. 1)
Refrão: Defendei-me,
Senhor: Vós sois o meu refúgio. (Repete-se).
Ou: Guardai-me,
Senhor, porque esperei em Vós. (Repete-se).
Senhor, porção da minha herança e do meu cálice,
está nas vossas mãos o meu destino.
O Senhor está sempre na minha presença,
com Ele a meu lado não vacilarei. Refrão
Por isso o meu coração se alegra
e a minha alma exulta
e até o meu corpo descansa tranquilo.
Vós não abandonareis a minha alma
na mansão dos mortos,
nem deixareis o vosso fiel sofrer a corrupção. (Refrão)
Dar-me-eis a conhecer os caminhos da vida,
alegria plena em vossa presença,
delícias eternas à vossa direita. (Refrão)
LEITURA II – Hebr 10, 11-14.18
«Por uma
única oblação, tornou perfeitos para sempre os que foram santificados»
Uma vez que Se
ofereceu ao Pai na Cruz em sacrifício, Jesus entrou no santuário celeste como o
manifestou a sua ressurreição. É essa a salvação total e perfeita. A partir
daí, e pelos merecimentos em que Ele, por misericórdia de Deus, nos quer fazer
participar, todos nós podemos, com Ele e por Ele, entrar também no santuário
celeste. É essa a esperança dos cristãos: passar, com Cristo, da morte à
ressurreição.
Leitura
da Epístola aos Hebreus
Todo
o sacerdote da antiga aliança se apresenta cada dia para exercer o seu
ministério e oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca poderão
perdoar os pecados. Cristo, ao contrário, tendo oferecido pelos pecados um
único sacrifício, sentou-Se para sempre à direita de Deus, esperando desde
então que os seus inimigos sejam postos como escabelo dos seus pés. Porque, com
uma única oblação, tornou perfeitos para sempre os que Ele santifica. Onde há
remissão dos pecados, já não há necessidade de oblação pelo pecado.
Palavra do Senhor
ALELUIA – Lc 21, 36
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Vigiai e orai em todo o tempo,
para poderdes comparecer
diante do Filho do homem. (Refrão)
EVANGELHO – Mc 13,
24-32
«Reunirá os seus
eleitos dos quatro pontos cardeais»
O
ano caminha para o seu termo, não como para um fim sem além, mas como para o supremo
momento de quem tem vivido na expectativa de alguém que vai chegar e quer ser
acolhido. É o Senhor Jesus, o Filho do Homem, que virá para congregar os homens
em Si, e os levar consigo para o Pai. Aí será o lugar do repouso eterno, para
quem viver esta vida presente na expectativa feliz do Senhor que vem.
Expectativa e preparação são atitudes fundamentais de toda a vida cristã, hoje
lembradas de maneira particular.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Marcos
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Naqueles dias, depois de uma grande
aflição, o sol escurecerá e a lua não dará a sua claridade; as estrelas cairão
do céu e as forças que há nos céus serão abaladas. Então, hão-de ver o Filho do
homem vir sobre as nuvens, com grande poder e glória. Ele mandará os Anjos,
para reunir os seus eleitos dos quatro pontos cardeais, da extremidade da terra
à extremidade do céu. Aprendei a parábola da figueira: quando os seus ramos ficam
tenros e brotam as folhas, sabeis que o Verão está próximo. Assim também,
quando virdes acontecer estas coisas, sabei que o Filho do homem está perto,
está mesmo à porta. Em verdade vos digo: Não passará esta geração sem que tudo
isto aconteça. Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão.
Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém os conhece: nem os Anjos do Céu, nem o
Filho; só o Pai».
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Concedei-nos, Senhor, que os dons oferecidos para glória do vosso nome nos
obtenham a graça de Vos servirmos fielmente e nos alcancem a posse da
felicidade eterna.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Salmo 72, 28
A minha alegria é estar junto de Deus,
buscar no Senhor o meu refúgio.
Ou – Mc 11, 23.24
Tudo o que pedirdes na oração
vos será concedido, diz o Senhor.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Depois de recebermos estes dons sagrados, humildemente Vos
pedimos, Senhor: o sacramento que o vosso Filho nos mandou celebrar em sua
memória aumente sempre a nossa caridade.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
[1]
Parte da teologia e filosofia que trata dos últimos acontecimentos na história
do mundo ou do destino final do género humano.
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