sábado, 17 de novembro de 2018

PREPARAR MISSA DO DOMINGO XXXIII DO TEMPO COMUM – 18NOV2018



REUNIRÁ OS SEUS ELEITOS DOS QUATRO PONTOS CARDEAIS





AS ÚLTIMAS REALIDADES

“O cristianismo é todo ele escatologia[1]; não é só um apêndice”; “toda a pregação cristã, toda a existência cristã e a própria Igreja no seu conjunto, se caracterizam pela sua orientação escatológica” (Moltmann). De facto, com a ressurreição de Jesus, o mundo e a história entraram na sua fase final, na plenitude dos tempos. As promessas de Deus realizam-se e os céus e terra novos já estão inaugurados. Em Cristo, Deus já disse a sua palavra definitiva; já foi lançado em nós o Espírito, semente das realidades futuras.

O cristão constrói o futuro hoje
Compreender isto significa compreender que o cristão é o homem do futuro. Significa não tanto que o cristão é homem que “espera o futuro” que lhe será dado depois da morte; mas, antes, que é o homem que constrói hoje o seu futuro. Em certo sentido, depois de Cristo tudo está feito; nada mais esperamos de substancialmente novo. No entanto, é também verdade que tudo está por fazer. Trata-se de fazer com que o mundo “faça a páscoa”, com que todas as realidades da criação “passem” à esfera de Cristo, o qual no fim “recapitulará” em si todas as coisas. Esta é a grande obra que preenche todo o tempo da Igreja; e está longe de se ter completado. Mais do que uma função pessoal e social, deve o cristão desempenhar na terra uma função que poderíamos chamar cósmica. Assim como o pecado de Adão não teve consequências só para o homem, mas repercutiu também no cosmos e na matéria que se tornou opaca (oculta Deus em lugar de manifestá-lo), pesada, (arrasta para baixo em lugar de elevar) e rebelde ao homem (comerás com o suor do teu rosto...), também a redenção de Cristo atingiu todo o universo. Ele salvou todo o homem, também o corpo destinado à ressurreição e à glória juntamente com o Espírito. Solidária com o primeiro Adão na queda, a criação é chamada a participar da vitória do segundo Adão.
São Paulo vê a natureza tendendo para a redenção e ouve os seus gemidos, semelhantes aos de mulher em parto (Rm 8,12-22). Todas as coisas tendem para Cristo que “recapitulará em si a criatura” (Ef 1,9). Salvador do homem, Cristo é-o também do universo. Neste esforço, nesta tensão, o cristão é chamado a desempenhar um papel insubstituível. É o cristão que, com o seu trabalho, com o sacrifício e a oração, “humanizará” este mundo e preparará aquela transformação do universo nos céus novos e na “nova terra” que inaugurará o definitivo reino de Deus. Numa palavra, “o que a alma é no corpo devem ser os cristãos no mundo”.

O cristão não caminha só
O cristão é peregrino nesta terra. Não é cidadão; é exilado em marcha para a verdadeira Pátria. Considera a terra não como habitação permanente, mas como a etapa de uma viagem. Por isto, não constrói aqui casa de pedra sólida, mas apenas uma tenda, como o viajante que faz uma pausa no deserto. Uma interpretação unilateral e injusta das realidades humanas (favorecida, aliás, por certa pregação também unilateral e míope) fez com que muitos homens de nosso tempo encarassem com desconfiança a religião cristã, como se fosse inimiga do mundo, da vida, do progresso, do esforço humano; uma religião de evasão, de descomprometimento, de renúncia passiva e covarde; o ópio que entorpece o homem e dele retira todo interesse pela cidade terrestre, seduzindo-o com a promessa de um além feliz e ilusório.
Mas, é muito diferente a missão do cristão no mundo: “O cristão não se caracteriza pela fuga; é, ao contrário, alguém comprometido como pessoa no incremento, no bom êxito, na salvação do mundo. Sabe que o universo inteiro tem um só princípio de consistência, de movimento, de fim – Cristo; porque por meio dele todas as coisas foram feitas e nele todas subsistem (Cl 1,16-18). Cristo é, deste modo, aquele que congrega, trabalhando no íntimo das almas e das coisas para tudo santificar, tudo unir, tudo consagrar para a glória de Deus. “O cristão coloca-se voluntariamente neste gigantesco empreendimento, no seu lugar, no seu tempo, com os seus recursos. Não trabalha sozinho: colabora... Trabalha com coragem, porque a luta é dura; com fé, porque a tarefa é misteriosa e sem proporção com as forças humanas; trabalha para fazer crescer o universo e despontar a nova criação através da luta caótica e dolorosa, cheia de esperança e de preocupações, luta que não é, porém, a de uma agonia e sim a de um parto” (J. Mouroux).


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Jer 29, 11.12.14
Os meus pensamentos são de paz
e não de desgraça, diz o Senhor.
Invocar-Me-eis e atenderei o vosso clamor,
e farei regressar os vossos cativos
de todos os lugares da terra.

ORAÇÃO COLECTA
Senhor nosso Deus, concedei-nos a graça de encontrar sempre a alegria no vosso serviço, porque é uma felicidade duradoira e profunda ser fiel ao autor de todos os bens.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Liturgia da Palavra


LEITURA I – Dan 12, 1-3
«Nesse tempo virá a salvação para o teu povo»

Em tempo de grande perseguição religiosa sofrida pelo povo de Deus no fim do Antigo Testamento, o profeta aponta a ressurreição futura como o destino último dos que estavam sendo vítimas da perseguição. A última palavra haveria de ser não a da morte, mas a da vida, como algum tempo depois se manifestou claramente na ressurreição de Cristo. Ao chegarmos quase ao fim do ano litúrgico, surge no horizonte a luz da glória da vida eterna para além da morte.

Leitura da Profecia de Daniel
Naquele tempo, surgirá Miguel, o grande chefe dos Anjos, que protege os filhos do teu povo. Será um tempo de angústia, como não terá havido até então, desde que existem nações. Mas nesse tempo, virá a salvação para o teu povo, para aqueles que estiverem inscritos no livro de Deus. Muitos dos que dormem no pó da terra acordarão, uns para a vida eterna, outros para a vergonha e o horror eterno. Os sábios resplandecerão como a luz do firmamento e os que tiverem ensinado a muitos o caminho da justiça brilharão como estrelas por toda a eternidade.
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 15 (16), 5.8.9-10.11 (R. 1)
Refrão: Defendei-me, Senhor: Vós sois o meu refúgio. (Repete-se).

Ou: Guardai-me, Senhor, porque esperei em Vós. (Repete-se).

Senhor, porção da minha herança e do meu cálice,
está nas vossas mãos o meu destino.
O Senhor está sempre na minha presença,
com Ele a meu lado não vacilarei. Refrão

Por isso o meu coração se alegra
e a minha alma exulta
e até o meu corpo descansa tranquilo.
Vós não abandonareis a minha alma
na mansão dos mortos,
nem deixareis o vosso fiel sofrer a corrupção. (Refrão)

Dar-me-eis a conhecer os caminhos da vida,
alegria plena em vossa presença,
delícias eternas à vossa direita. (Refrão)


LEITURA II – Hebr 10, 11-14.18

«Por uma única oblação, tornou perfeitos para sempre os que foram santificados»

Uma vez que Se ofereceu ao Pai na Cruz em sacrifício, Jesus entrou no santuário celeste como o manifestou a sua ressurreição. É essa a salvação total e perfeita. A partir daí, e pelos merecimentos em que Ele, por misericórdia de Deus, nos quer fazer participar, todos nós podemos, com Ele e por Ele, entrar também no santuário celeste. É essa a esperança dos cristãos: passar, com Cristo, da morte à ressurreição.

Leitura da Epístola aos Hebreus
Todo o sacerdote da antiga aliança se apresenta cada dia para exercer o seu ministério e oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca poderão perdoar os pecados. Cristo, ao contrário, tendo oferecido pelos pecados um único sacrifício, sentou-Se para sempre à direita de Deus, esperando desde então que os seus inimigos sejam postos como escabelo dos seus pés. Porque, com uma única oblação, tornou perfeitos para sempre os que Ele santifica. Onde há remissão dos pecados, já não há necessidade de oblação pelo pecado.
Palavra do Senhor


ALELUIA – Lc 21, 36

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Vigiai e orai em todo o tempo,
para poderdes comparecer
diante do Filho do homem. (Refrão)


EVANGELHO – Mc 13, 24-32

«Reunirá os seus eleitos dos quatro pontos cardeais»

O ano caminha para o seu termo, não como para um fim sem além, mas como para o supremo momento de quem tem vivido na expectativa de alguém que vai chegar e quer ser acolhido. É o Senhor Jesus, o Filho do Homem, que virá para congregar os homens em Si, e os levar consigo para o Pai. Aí será o lugar do repouso eterno, para quem viver esta vida presente na expectativa feliz do Senhor que vem. Expectativa e preparação são atitudes fundamentais de toda a vida cristã, hoje lembradas de maneira particular.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Marcos
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Naqueles dias, depois de uma grande aflição, o sol escurecerá e a lua não dará a sua claridade; as estrelas cairão do céu e as forças que há nos céus serão abaladas. Então, hão-de ver o Filho do homem vir sobre as nuvens, com grande poder e glória. Ele mandará os Anjos, para reunir os seus eleitos dos quatro pontos cardeais, da extremidade da terra à extremidade do céu. Aprendei a parábola da figueira: quando os seus ramos ficam tenros e brotam as folhas, sabeis que o Verão está próximo. Assim também, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que o Filho do homem está perto, está mesmo à porta. Em verdade vos digo: Não passará esta geração sem que tudo isto aconteça. Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão. Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém os conhece: nem os Anjos do Céu, nem o Filho; só o Pai».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Concedei-nos, Senhor, que os dons oferecidos para glória do vosso nome nos obtenham a graça de Vos servirmos fielmente e nos alcancem a posse da felicidade eterna.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 72, 28
A minha alegria é estar junto de Deus,
buscar no Senhor o meu refúgio.

Ou – Mc 11, 23.24
Tudo o que pedirdes na oração
vos será concedido, diz o Senhor.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Depois de recebermos estes dons sagrados, humildemente Vos pedimos, Senhor: o sacramento que o vosso Filho nos mandou celebrar em sua memória aumente sempre a nossa caridade.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.






[1] Parte da teologia e filosofia que trata dos últimos acontecimentos na história do mundo ou do destino final do género humano.

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