QUEM DE
ENTRE VÓS ESTIVER SEM PECADO ATIRE A PRIMEIRA PEDRA
Mais uma vez Jesus mostra que a pessoa humana está acima de
qualquer lei. Os homens não podem julgar e condenar, porque nenhum deles está
isento do pecado. O próprio Jesus não veio para julgar, pois o Pai não quer a
morte do pecador, mas sim que ele se converta e viva (Ez 18,23.32). Esta cena
do evangelho de João é, consensualmente, um acréscimo tardio ao texto original.
Teria origem em uma tradição que circulava nas comunidades, exprimindo a
prática do amor misericordioso de Jesus. Estando Jesus em Jerusalém, à noite,
retira-se para o Monte das Oliveiras a fim de orar. De madrugada volta ao
Templo, para encontrar os peregrinos que vinham à cidade. O povo reúne-se em
seu redor. Sentado, como se postavam os mestres, Jesus começa a ensiná-los. Os
escribas e os fariseus, conhecedores da prática misericordiosa de Jesus e
procurando pegá-lo nalguma palavra contra a Lei, tomam uma mulher adúltera e
levam-na a Jesus. Pela Lei, ela deve ser apedrejada até a morte. Pedem a
opinião de Jesus. Ele, mostrando indiferença à interpelação que lhe fazem,
assume agora a posição de um escriba e começa a escrever no chão com o dedo.
Diante da insistência dos acusadores, Jesus levanta-se, como um juiz, e desafia-os:
“Quem de entre vós não tiver pecado atire a primeira pedra!”. Se a mulher era
uma adúltera, algum homem teria sido seu parceiro nesse adultério. Jesus toca-lhes
a consciência e eles vão-se retirando, a partir dos mais velhos. Os próprios
códigos de moralidade apresentam traços de hipocrisia, servindo para a
auto-afirmação dos “íntegros”. Mais do que as censuras e punições, é o amor
misericordioso que toca os corações e os movem à conversão.
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Salmo 42, 1-2
Fazei-me justiça, meu Deus,
defendei a minha causa contra a gente sem piedade,
livrai-me do homem desleal e perverso.
Vós sois o meu refúgio.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor nosso Deus, concedei-nos a graça de viver
com alegria o mesmo espírito de caridade que levou o vosso Filho a entregar-Se
à morte pela salvação dos homens.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
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LEITURA I – Is 43,
16-21
«Vou
realizar uma coisa nova: matarei a sede ao meu povo»
A história da
salvação acompanha todos os tempos e o que Deus fez, no passado em favor do seu
povo, continua a fazê-lo no presente. Nesta leitura, o Profeta, que anuncia o
regresso do exílio, onde o povo de Deus esteve em cativeiro, quer fazer sentir
que o que vai agora acontecer não é menos admirável do que o que tinha
acontecido na Páscoa antiga, quando o povo saiu do Egipto. Quanto mais
admirável não é o que Deus faz agora por nós em Jesus Cristo!
Leitura
do Livro de Isaías
O
Senhor abriu outrora caminhos através do mar, veredas por entre as torrentes
das águas. Pôs em campanha carros e cavalos, um exército de valentes
guerreiros; e todos caíram para não mais se levantarem, extinguiram-se como um
pavio que se apaga. Eis o que diz o Senhor: «Não vos lembreis mais dos
acontecimentos passados, não presteis atenção às coisas antigas. Olhai: vou
realizar uma coisa nova, que já começa a aparecer; não a vedes? Vou abrir um
caminho no deserto, fazer brotar rios na terra árida. Os animais selvagens –
chacais e avestruzes – proclamarão a minha glória, porque farei brotar água no
deserto, rios na terra árida, para matar a sede ao meu povo escolhido, o povo
que formei para Mim e que proclamará os meus louvores».
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 125 (126), 1-6 (R. 3)
Refrão: Grandes
maravilhas fez por nós o Senhor. (Repete-se).
Quando o Senhor fez regressar os cativos de Sião,
parecia-nos viver um sonho.
Da nossa boca brotavam expressões de alegria
e de nossos lábios cânticos de júbilo. (Refrão)
Diziam então os pagãos:
«O Senhor fez por eles grandes coisas».
Sim, grandes coisas fez por nós o Senhor,
estamos exultantes de alegria. (Refrão)
Fazei regressar, Senhor, os nossos cativos,
como as torrentes do deserto.
Os que semeiam em lágrimas
recolhem com alegria. (Refrão)
À ida, vão a chorar,
levando as sementes;
à volta, vêm a cantar,
trazendo os molhos de espigas. (Refrão)
LEITURA II – Filip 3, 8-14
«Por
Cristo, considerei todas as coisas como prejuízo, configurando-me à sua morte»
Esta leitura
liga-se hoje à anterior: é em Cristo que vamos encontrar completamente
realizado o momento culminante e a plenitude da história da salvação, é n’Ele
que a Lei e os Profetas encontram a realização perfeita, é para Ele que toda a
história anterior apontava, e sem Ele nada tem sentido. Quem assim o entender,
como S. Paulo o entendeu, há-de considerar a participação no mistério da Páscoa
do Senhor como a maior graça de Deus.
Leitura
da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses
Irmãos:
Considero todas as coisas como prejuízo, comparando-as com o bem supremo, que é
conhecer Jesus Cristo, meu Senhor. Por Ele renunciei a todas as coisas e
considerei tudo como lixo, para ganhar a Cristo e n’Ele me encontrar, não com a
minha justiça que vem da Lei, mas com a que se recebe pela fé em Cristo, a
justiça que vem de Deus e se funda na fé. Assim poderei conhecer Cristo, o
poder da sua ressurreição e a participação nos seus sofrimentos, configurando-me
à sua morte, para ver se posso chegar à ressurreição dos mortos. Não que eu
tenha já chegado à meta, ou já tenha atingido a perfeição. Mas continuo a
correr, para ver se a alcanço, uma vez que também fui alcançado por Cristo
Jesus. Não penso, irmãos, que já o tenha conseguido. Só penso numa coisa:
esquecendo o que fica para trás, lançar-me para a frente, continuar a correr
para a meta, em vista do prémio a que Deus, lá do alto, me chama em Cristo
Jesus.
Palavra do Senhor
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO
Refrão: Glória a Vós, Jesus Cristo, Palavra do Pai. (Repete-se)
Convertei-vos a Mim de todo o coração,
diz o Senhor;
porque sou benigno e misericordioso. (Refrão)
EVANGELHO – Jo 8,
1-11
«Quem de entre vós
estiver sem pecado atire a primeira pedra»
A
novidade que Deus oferece ao mundo em Jesus Cristo não aparece à custa da
destruição do que anteriormente existiu. A graça não vem à custa da morte do
pecador. É a partir da história dos homens pecadores que Deus vai fazer surgir
a história da salvação, que os há-de renovar. É na mulher pecadora que Jesus
faz brilhar a luz nova da sua graça. Envelhecida pelo pecado, torna-se, pelo
poder do Senhor, nova criatura.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele
tempo, Jesus foi para o monte das Oliveiras. Mas de manhã cedo, apareceu outra
vez no templo e todo o povo se aproximou d’Ele. Então sentou-Se e começou a
ensinar. Os escribas e os fariseus apresentaram a Jesus uma mulher surpreendida
em adultério, colocaram-na no meio dos presentes e disseram a Jesus: «Mestre,
esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Na Lei, Moisés mandou-nos
apedrejar tais mulheres. Tu que dizes?». Falavam assim para Lhe armarem uma
cilada e terem pretexto para O acusar. Mas Jesus inclinou-Se e começou a
escrever com o dedo no chão. Como persistiam em interrogá-l’O, ergueu-Se e
disse-lhes: «Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra».
Inclinou-Se novamente e continuou a escrever no chão. Eles, porém, quando
ouviram tais palavras, foram saindo um após outro, a começar pelos mais velhos,
e ficou só Jesus e a mulher, que estava no meio. Jesus ergueu-Se e disse-lhe:
«Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?». Ela respondeu: «Ninguém,
Senhor». Disse então Jesus: «Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar».
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Ouvi-nos, Senhor Deus omnipotente, e, pela virtude deste sacrifício,
purificai os vossos servos que iluminastes com os ensinamentos da fé.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Jo 8, 10-11
Mulher, ninguém te condenou? Ninguém, Senhor.
Nem Eu te condeno. Vai em paz e não tornes a pecar.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Deus omnipotente, concedei-nos a graça de sermos sempre
contados entre os membros de Cristo, nós que comungámos o seu Corpo e Sangue.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
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