PAIXÃO E
MORTE DE JESUS CRISTO, SEGUNDO LUCAS
– Compreender –
Lc 22,14-23
A última Páscoa celebrada por Jesus indica o sentido da sua
morte: ele entrega-se totalmente (corpo e sangue) em favor dos homens. Trata-se
dum gesto supremo de amor que liberta os homens de uma vida marcada pelo mal do
egoísmo; só assim se constrói a Nova Aliança, que produz a sociedade fundada no
dom de si para o bem de todos.
Lc 22,24-30
A Eucaristia torna-se momento de catequese para a
comunidade dos que seguem a Jesus. Nessa comunidade, a autoridade não significa
poder sobre os irmãos, mas função de serviço a exemplo de Jesus. É somente
através do serviço fraterno que os seguidores de Jesus participam da sua autoridade
como Rei e Juiz.
Lc 22,31-34
Satanás tenta conquistar, inclusive, os discípulos de
Jesus; Pedro chegará a negar três vezes o Mestre. Somente a intercessão de
Jesus faz com que ele não perca completamente a fé e assuma corajosamente a
própria missão.
Lc 22,35-38
A morte de Jesus inaugura o combate decisivo dentro da
história, e os seguidores de Jesus devem estar preparados para enfrentá-lo. Na
primeira missão (Lc 10,4-7), nada faltou aos discípulos. Agora, porém, é hora
de luta (espada), e cada um deve prover o seu próprio sustento e enfrentar
todas as forças que impedem a concretização do Reino.
Lc 22,39-46
É o momento da grande tentação e da decisão definitiva.
Diante das consequências de toda a sua vida e acção, Jesus deve escolher entre
obedecer à vontade do Pai ou submeter-se ao poder das trevas (cf. Lc 22,53). A
oração é a união com Deus que ajuda o homem a manter-se consciente e fiel ao
compromisso até o fim.
Lc 22,47-53
Um dos discípulos alia-se ao poder repressivo das
autoridades e trai Jesus com um gesto de amizade. Um dos presentes tenta
defender Jesus com a mesma arma dos opressores. Aquele que realiza o projecto
de Deus e atrai o povo é considerado pelos poderosos como bandido perigoso. Mas
eles não têm coragem de prender Jesus à luz do dia.
Lc 22,54-65
Enquanto Jesus é preso e conduzido á presença das
autoridades, Pedro não tem coragem de confessar que é discípulo de Jesus diante
de pessoas simples e inofensivas.
Lc 22,66-71
O julgamento diante do Sinédrio mostra quem é Jesus. Ele é
o Messias, aquele que vem implantar o reino da justiça. É o Filho do Homem, que
vem para julgar os projectos do homem na história e reunir o povo para viver o projecto
de Deus. Mais ainda: Jesus é o Filho de Deus, que reúne os homens para formar a
grande família em torno do Pai. As autoridades, porém, não aceitam Jesus, nem a
sua missão, porque aceitá-lo significaria ser julgado por ele.
Lc 23,1-5
As autoridades querem a morte de Jesus, apresentam-no ao
governador romano com três acusações que caracterizam toda a actividade de
Jesus como uma grande subversão (“subversão entre o povo), a nível económico (proíbe
pagar o tributo), a nível político (afirma ser rei) e a nível ideológico
(ensinamentos que provocam revolta). Pilatos, porém, declara a inocência de
Jesus.
Lc 23,6-12
As divergências entre Pilatos e Herodes são sanadas, porque
Pilatos resolveu respeitar a jurisdição de Herodes. Percebendo que é mero objecto
de curiosidade, Jesus permanece calado.
Lc 23,13-25
Tanto Herodes como Pilatos parecem desconhecer o alcance e
as consequências políticas, económicas e sociais do projecto de Jesus
(23,4.14.15.22), cujo ensinamento religioso representa um perigo para os
privilégios das autoridades. Perigo muito maior do que Barrabás conhecido
guerrilheiro subversivo.
Lc 23,26-32
Simão Cireneu é o símbolo do verdadeiro discípulo de Jesus
(cf. Lc 9,23) – Jesus serviu o projecto de Deus até o fim. Não é pela sua morte
que devemos chorar. É preciso chorar diante das consequências acarretadas pela
rejeição do projecto de Deus.
Lc 23,33-38
Jesus é crucificado como criminoso, entre criminosos. Por
entre a curiosidade do povo e a troça dos chefes e soldados ecoa a palavra de
perdão: os responsáveis pela morte de Jesus devem ser perdoados, porque não
conhecem a gravidade e as consequências do próprio gesto. O letreiro da cruz,
indicando a causa da condenação, proclama para todos a chegada da realeza que
dá a vida.
Lc 23,39-43
No momento em que tudo parece perdido, Jesus mostra-se
portador da salvação. Ele anunciou a salvação aos pecadores, durante a sua
vida; agora, na cruz, oferece-a ao criminoso. Jesus não está sozinho na cruz.
Acompanham-no todos aqueles que são condenados por uma sociedade que não aceita
o projecto de Deus e que clamam: “Lembra-te de nós!”
Lc 23,44-49
O ponto mais alto do terceiro Evangelho está nestas
palavras de Jesus na cruz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu Espírito”. A morte
de Jesus é a sua libertação nas mãos de Deus. Ela aparece como consequência da
sua vida e actividade, voltadas para os pobres e oprimidos, provocando a
violência do sistema baseado na riqueza e no poder. Essa morte é também
libertação, consequência da obediência total e confiante em Deus. Além disso
provoca a manifestação da verdade: o povo arrepende-se e um pagão proclama a
inocência de Jesus.
Lc 23,50-56
O corpo de Jesus é encerrado num túmulo. Aparentemente, a
história acabou e o sistema que condenou Jesus pode ficar tranquilo. Mas as
mulheres preparam-se: alguma coisa vai acontecer.
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Mt 21, 9
Hossana ao Filho de David.
Bendito o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel.
Hossana nas alturas.
ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, que, para dar aos homens o
exemplo de humildade, quisestes que o nosso Salvador se fizesse homem e
padecesse o suplício da cruz, fazei que sigamos os ensinamentos da sua paixão,
para merecermos tomar parte na glória da sua ressurreição. Ele que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia
da Palavra
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LEITURA I – Is.
50, 4-7
«Não
desviei o meu rosto dos que Me ultrajavam, mas sei que não ficarei desiludido»
Esta leitura é
um dos chamados “Cânticos do Servo do Senhor”. Este Servo revela-se plenamente
em Jesus, na sua Paixão: Ele escuta a palavra do Pai e responde-lhe cheio de
confiança, oferecendo-Se, em obediência total, pela salvação dos homens.
Leitura
do Livro de Isaías
O
Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo, para que eu saiba dizer uma
palavra de alento aos que andam abatidos. Todas as manhãs Ele desperta os meus
ouvidos, para eu escutar, como escutam os discípulos. O Senhor Deus abriu-me os
ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo. Apresentei as costas àqueles que
me batiam e a face aos que me arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos
que me insultavam e cuspiam. Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio, e, por
isso, não fiquei envergonhado; tornei o meu rosto duro como pedra, e sei que
não ficarei desiludido.
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Sal. 21 (22), 8-9.17-18a.19-20.23-24(R. 2a)
Refrão: Meu Deus, meu
Deus, porque me abandonastes? (Repete-se).
Todos os que me vêem escarnecem de mim,
estendem os lábios e meneiam a cabeça:
«Confiou no Senhor, Ele que o livre,
Ele que o salve, se é seu amigo». (Refrão)
Matilhas de cães me rodearam,
cercou-me um bando de malfeitores.
Trespassaram as minhas mãos e os meus pés,
posso contar todos os meus ossos. (Refrão)
Repartiram entre si as minhas vestes
e deitaram sortes sobre a minha túnica.
Mas Vós, Senhor, não Vos afasteis de mim,
sois a minha força, apressai-Vos a socorrer-me. (Refrão)
Hei-de falar do vosso nome aos meus irmãos,
hei-de louvar-Vos no meio da assembleia.
Vós, que temeis o Senhor, louvai-O,
glorificai-O, vós todos os filhos de Jacob,
reverenciai-O, vós todos os filhos de Israel. (Refrão)
LEITURA II – Filip 2, 6-11
«Humilhou-Se
a Si próprio; por isso Deus O exaltou»
Esta leitura é
também um cântico, mas agora do Novo Testamento, muito provavelmente em uso nas
primitivas comunidades cristãs. Nele é celebrado o Mistério Pascal: Cristo
fez-Se um de nós, obedeceu aos desígnios do Pai e humilhou-Se até à morte, e
foi, por isso, exaltado até à glória de “Senhor”, que é a própria glória de
Deus.
Leitura
da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses
Cristo
Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas
aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante
aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à
morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima
de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem no céu, na terra
e nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para
glória de Deus Pai.
Palavra do Senhor
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO – Filip 2, 8-9
Refrão: Louvor a Vós, Jesus Cristo, Rei da eterna glória. (Repete-se)
Cristo obedeceu até à morte
e morte de cruz.
Por isso Deus O exaltou
e Lhe deu um nome
que está acima de todos os nomes. (Refrão)
EVANGELHO – Lc 22,
14 – 23, 56
São
Lucas é evangelista especialmente culto, pois que, segundo a tradição, era
médico, e muito atento a circunstâncias mais significativas da sensibilidade
dos participantes da Paixão do Senhor, como na referência às mulheres que desde
a Galileia O tinham acompanhado e Lhe saíram ao encontro no caminho do Calvário
e O seguiram até à hora da sua morte; é ele o único que refere o suor de sangue
na agonia de Jesus, como também a oração do bom ladrão na cruz e o perdão que
em resposta o Senhor lhe oferece. Ele é, de facto, o evangelista da
misericórdia de Jesus.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Quando
chegou a hora,
Jesus
sentou-Se à mesa com os seus Apóstolos
e
disse-lhes:
J «Tenho desejado ardentemente
comer
convosco esta Páscoa,
antes
de padecer;
pois
digo-vos que não tornarei a comê-la,
até
que se realize plenamente no reino de Deus».
N Então, tomando um cálice, deu graças e
disse:
J «Tomai e reparti entre vós,
pois
digo-vos que não tornarei a beber do fruto da videira,
até
que venha o reino de Deus».
N Depois tomou o pão e, dando graças,
partiu-o
e deu-lho, dizendo:
J «Isto é o meu Corpo entregue por vós.
Fazei
isto em memória de Mim».
N No fim da ceia, fez o mesmo com o cálice,
dizendo:
J «Este cálice é a nova aliança no meu
Sangue,
derramado
por vós.
Entretanto,
está comigo à mesa
a
mão daquele que Me vai entregar.
O
Filho do homem vai partir, como está determinado.
Mas
ai daquele por quem Ele vai ser entregue!».
N Começaram então a perguntar uns aos
outros
qual
deles iria fazer semelhante coisa.
Levantou-se
também entre eles uma questão:
qual
deles se devia considerar o maior?
Disse-lhes
Jesus:
J «Os reis das nações exercem domínio sobre
elas
e os
que têm sobre elas autoridade
são
chamados benfeitores.
Vós
não deveis proceder desse modo.
O
maior entre vós seja como o menor
e
aquele que manda seja como quem serve.
Pois
quem é o maior:
o
que está à mesa ou o que serve?
Não
é o que está à mesa?
Ora
Eu estou no meio de vós
como
aquele que serve.
Vós
estivestes sempre comigo
nas
minhas provações.
E Eu
preparo para vós um reino,
como
meu Pai o preparou para Mim:
comereis
e bebereis à minha mesa, no meu reino,
e
sentar-vos-eis em tronos,
a
julgar as doze tribos de Israel.
Simão,
Simão, Satanás vos reclamou
para
vos agitar na joeira como trigo.
Mas
Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça.
E
tu, uma vez convertido, fortalece os teus irmãos».
N Pedro respondeu-Lhe:
R «Senhor, eu estou pronto a ir contigo,
até
para a prisão e para a morte».
N Disse-lhe Jesus:
J «Eu te digo, Pedro: Não cantará hoje o
galo,
sem
que tu, por três vezes, negues conhecer-Me».
N Depois acrescentou:
J «Quando vos enviei
sem
bolsa nem alforge nem sandálias,
faltou-vos
alguma coisa?».
N Eles responderam que não lhes faltara
nada.
Disse-lhes
Jesus:
J «Mas agora, quem tiver uma bolsa pegue
nela,
bem
como no alforge;
e
quem não tiver espada venda a capa e compre uma.
Porque
Eu vos digo
que
se deve cumprir em Mim o que está escrito:
‘Foi
contado entre os malfeitores’.
Na
verdade, o que Me diz respeito
está
a chegar ao fim».
N Eles disseram:
R «Senhor, estão aqui duas espadas».
N Mas Jesus respondeu:
J «Basta».
N Então saiu
e
foi, como de costume, para o monte das Oliveiras
e os
discípulos acompanharam-n’O.
Quando
chegou ao local, disse-lhes:
J «Orai, para não entrardes em tentação».
N Depois afastou-Se deles cerca de um tiro
de pedra
e,
pondo-Se de joelhos, começou a orar, dizendo:
J «Pai, se quiseres, afasta de Mim este
cálice.
Todavia,
não se faça a minha vontade, mas a tua».
N Então apareceu-Lhe um Anjo, vindo do Céu,
para
O confortar.
Entrando
em angústia, orava mais instantemente
e o
suor tornou-se-Lhe como grossas gotas de sangue,
que
caíam na terra.
Depois
de ter orado,
levantou-Se
e foi ter com os discípulos,
que
encontrou a dormir, por causa da tristeza.
Disse-lhes
Jesus:
J «Porque estais a dormir?
Levantai-vos
e orai, para não entrardes em tentação».
N Ainda Ele estava a falar,
quando
apareceu uma multidão de gente.
O
chamado Judas, um dos Doze, vinha à sua frente
e
aproximou-se de Jesus, para O beijar.
Disse-lhe
Jesus:
J «Judas, é com um beijo que entregas o
Filho do homem?».
N Ao verem o que ia suceder,
os
que estavam com Jesus perguntaram-Lhe:
R «Senhor, vamos feri-los à espada?».
N E um deles feriu o servo do sumo
sacerdote,
cortando-lhe
a orelha direita.
Mas
Jesus interveio, dizendo:
J «Basta! Deixai-os».
N E, tocando na orelha do homem, curou-o.
Disse
então Jesus aos que tinham vindo ao seu encontro,
príncipes
dos sacerdotes, oficiais do templo e anciãos:
J «Vós saístes com espadas e varapaus,
como
se viésseis ao encontro dum salteador.
Eu
estava todos os dias convosco no templo
e
não Me deitastes as mãos.
Mas
esta é a vossa hora e o poder das trevas.
N Apoderaram-se então de Jesus,
levaram-n’O
e introduziram-n’O em casa do sumo sacerdote.
Pedro
seguia-os de longe.
Acenderam
uma fogueira no meio do pátio,
sentaram-se
em volta dela
e
Pedro foi sentar-se no meio deles.
Ao
vê-lo sentado ao lume,
uma criada,
fitando os olhos nele, disse:
R «Este homem também andava com Jesus».
N Mas Pedro negou:
R «Não O conheço, mulher».
N Pouco depois, disse outro, ao vê-lo:
R «Tu também és um deles».
N Mas Pedro disse:
R «Homem, não sou».
N Passada mais ou menos uma hora,
afirmava
outro com insistência:
R «Esse homem, com certeza, também andava
com Jesus,
pois
até é galileu».
N Pedro respondeu:
R «Homem, não sei o que dizes».
N Nesse instante – ainda ele falava – um
galo cantou.
O
Senhor voltou-Se e fitou os olhos em Pedro.
Então
Pedro lembrou-se da palavra do Senhor,
quando
lhe disse:
‘Antes
de o galo cantar, Me negarás três vezes’.
E,
saindo para fora, chorou amargamente.
Entretanto,
os homens que guardavam Jesus
troçavam
d’Ele e maltratavam-n’O.
Cobrindo-Lhe
o rosto, perguntavam-Lhe:
R «Adivinha, profeta: Quem Te bateu?».
N E dirigiam-Lhe muitos outros insultos.
Ao
romper do dia,
reuniu-se
o conselho dos anciãos do povo,
os
príncipes dos sacerdotes e os escribas.
Levaram-n’O
ao seu tribunal e disseram-Lhe:
R «Diz-nos se Tu és o Messias».
N Jesus respondeu-lhes:
J «Se Eu vos disser, não acreditareis
e,
se fizer alguma pergunta, não respondereis.
Mas
o Filho do homem
sentar-Se-á
doravante
à
direita do poder de Deus».
N Disseram todos:
R «Tu és então o Filho de Deus?».
N Jesus respondeu-lhes:
J «Vós mesmos dizeis que Eu sou».
N Então exclamaram:
R «Que necessidade temos ainda de
testemunhas?
Nós
próprios o ouvimos da sua boca».
N Levantaram-se todos e levaram Jesus a
Pilatos.
Começaram
a acusá-l’O, dizendo:
R «Encontrámos este homem a sublevar o
nosso povo,
a
impedir que se pagasse o tributo a César
e
dizendo ser o Messias-Rei».
N Pilatos perguntou-Lhe:
R «Tu és o Rei dos judeus?».
N Jesus respondeu-lhe:
J «Tu o dizes».
N Pilatos disse aos príncipes dos
sacerdotes e à multidão:
R «Não encontro nada de culpável neste
homem».
N Mas eles insistiam:
R «Amotina o povo, ensinando por toda a
Judeia,
desde
a Galileia, onde começou, até aqui».
N Ao ouvir isto, Pilatos perguntou
se o
homem era galileu;
e,
ao saber que era da jurisdição de Herodes,
enviou-O
a Herodes,
que
também estava nesses dias em Jerusalém.
Ao
ver Jesus, Herodes ficou muito satisfeito.
Havia
bastante tempo que O queria ver,
pelo
que ouvia dizer d’Ele,
e
esperava que fizesse algum milagre na sua presença.
Fez-Lhe
muitas perguntas, mas Ele nada respondeu.
Os
príncipes dos sacerdotes e os escribas que lá estavam
acusavam-n’O
com insistência.
Herodes,
com os seus oficiais, tratou-O com desprezo
e,
por troça, mandou-O cobrir com um manto magnífico
e
remeteu-O a Pilatos.
Herodes
e Pilatos, que eram inimigos,
ficaram
amigos nesse dia.
Pilatos
convocou os príncipes dos sacerdotes,
os
chefes e o povo, e disse-lhes:
R «Trouxestes este homem à minha presença
como
agitador do povo.
Interroguei-O
diante de vós
e
não encontrei n’Ele
nenhum
dos crimes de que O acusais.
Herodes
também não,
uma
vez que no-l’O mandou de novo.
Como
vedes, não praticou nada que mereça a morte.
Vou,
portanto, soltá-l’O, depois de O mandar castigar».
N Pilatos tinha obrigação de lhes soltar um
preso
por
ocasião da festa.
E
todos se puseram a gritar:
R «Mata Esse e solta-nos Barrabás».
N Barrabás tinha sido metido na cadeia
por
causa de uma insurreição desencadeada na cidade
e
por assassínio.
De
novo Pilatos lhes dirigiu a palavra,
querendo
libertar Jesus.
Mas
eles gritavam:
R «Crucifica-O! Crucifica-O!».
N Pilatos falou-lhes pela terceira vez:
R «Mas que mal fez este homem?
Não
encontrei n’Ele nenhum motivo de morte.
Por
isso vou soltá-l’O, depois de O mandar castigar».
N Mas eles continuavam a gritar,
pedindo
que fosse crucificado,
e os
seus clamores aumentavam de violência.
Então
Pilatos decidiu fazer o que eles pediam:
soltou
aquele que fora metido na cadeia
por
insurreição e assassínio,
como
eles reclamavam,
e
entregou-lhes Jesus para o que eles queriam.
Quando
O conduziam,
lançaram
mão de um certo Simão de Cirene,
que
vinha do campo, e puseram-lhe a cruz às costas,
para
a levar atrás de Jesus.
Seguia-O
grande multidão de povo
e
mulheres que batiam no peito
e se
lamentavam, chorando por Ele.
Mas
Jesus voltou-Se para elas e disse-lhes:
J «Filhas de Jerusalém, não choreis por
Mim;
chorai
antes por vós mesmas e pelos vossos filhos;
pois
dias virão em que se dirá:
‘Felizes
as estéreis, os ventres que não geraram
e os
peitos que não amamentaram’.
Começarão
a dizer aos montes: ‘Caí sobre nós’;
e às
colinas: ‘Cobri-nos’.
Porque,
se tratam assim a madeira verde,
que
acontecerá à seca?».
N Levavam ainda dois malfeitores
para
serem executados com Jesus.
Quando
chegaram ao lugar chamado Calvário,
crucificaram-n’O
a Ele e aos malfeitores,
um à
direita e outro à esquerda.
Jesus
dizia:
J «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que
fazem».
N Depois deitaram sortes,
para
repartirem entre si as vestes de Jesus.
O
povo permanecia ali a observar.
Por
sua vez, os chefes zombavam e diziam:
R «Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo,
se é
o Messias de Deus, o Eleito».
N Também os soldados troçavam d’Ele;
aproximando-se
para Lhe oferecerem vinagre, diziam:
R «Se és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti
mesmo».
N Por cima d’Ele havia um letreiro:
«Este
é o Rei dos judeus».
Entretanto,
um dos malfeitores
que
tinham sido crucificados
insultava-O,
dizendo:
R «Não és Tu o Messias?
Salva-Te
a Ti mesmo e a nós também».
N Mas o outro, tomando a palavra,
repreendeu-o:
R «Não temes a Deus,
tu
que sofres o mesmo suplício?
Quanto
a nós, fez-se justiça,
pois
recebemos o castigo das nossas más acções.
Mas
Ele nada praticou de condenável».
N E acrescentou:
R «Jesus, lembra-Te de mim,
quando
vieres com a tua realeza».
N Jesus respondeu-lhe:
J «Em verdade te digo: Hoje estarás comigo
no Paraíso».
N Era já quase meio-dia,
quando
as trevas cobriram toda a terra,
até
às três horas da tarde,
porque
o sol se tinha eclipsado.
O
véu do templo rasgou-se ao meio.
E
Jesus exclamou com voz forte:
J «Pai, em tuas mãos entrego o meu
espírito».
N Dito isto, expirou.
Vendo
o que sucedera,
o
centurião deu glória a Deus, dizendo:
R «Realmente este homem era justo».
N E toda a multidão
que
tinha assistido àquele espectáculo,
ao
ver o que se passava, regressava batendo no peito.
Todos
os conhecidos de Jesus,
bem
como as mulheres que O acompanhavam
desde
a Galileia,
mantinham-se
à distância, observando estas coisas.
Havia
um homem chamado José,
da
cidade de Arimateia,
que
era pessoa recta e justa e esperava o reino de Deus.
Era
membro do Sinédrio, mas não tinha concordado
com
a decisão e o proceder dos outros.
Foi
ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus.
E
depois de o ter descido da cruz,
envolveu-o
num lençol
e
depositou-o num sepulcro escavado na rocha,
onde
ninguém ainda tinha sido sepultado.
Era
o dia da Preparação
e
começavam a aparecer as luzes do sábado.
Entretanto,
as
mulheres que tinham vindo com Jesus da Galileia
acompanharam
José e observaram o sepulcro
e a
maneira como fora depositado o corpo de Jesus.
No
regresso, prepararam aromas e perfumes.
E no
sábado guardaram o descanso,
conforme
o preceito.
Palavra
da salvação.
EVANGELHO
– Forma breve Lc 23, 1-49
N Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo
segundo
São Lucas
Naquele
tempo,
levantaram-se
os anciãos do povo,
os
príncipes dos sacerdotes e os escribas,
levaram
Jesus a Pilatos
e
começaram a acusá-l’O, dizendo:
R «Encontrámos este homem a sublevar o
nosso povo,
a
impedir que se pagasse o tributo a César
e
dizendo ser o Messias-Rei».
N Pilatos perguntou a Jesus:
R «Tu és o Rei dos judeus?».
N Jesus respondeu:
J «Tu o dizes».
N Pilatos disse aos príncipes dos
sacerdotes e à multidão:
R «Não encontro nada de culpável neste
homem».
N Mas eles insistiam:
R «Amotina o povo, ensinando por toda a
Judeia,
desde
a Galileia, onde começou, até aqui».
N Ao ouvir isto, Pilatos perguntou se o
homem era galileu;
e,
ao saber que era da jurisdição de Herodes,
enviou-O
a Herodes,
que
também estava nesses dias em Jerusalém.
Ao
ver Jesus, Herodes ficou muito satisfeito.
Havia
bastante tempo que O queria ver,
pelo
que ouvia dizer d’Ele,
e
esperava que fizesse algum milagre na sua presença.
Fez-Lhe
muitas perguntas; mas Ele nada respondeu.
Os
príncipes dos sacerdotes e os escribas que lá estavam
acusavam-n’O
com insistência.
Herodes,
com os seus oficiais, tratou-O com desprezo
e,
por troça, mandou-O cobrir com um manto magnífico
e
remeteu-O a Pilatos.
Herodes
e Pilatos, que eram inimigos,
ficaram
amigos nesse dia.
Pilatos
convocou os príncipes dos sacerdotes,
os
chefes e o povo, e disse-lhes:
R «Trouxestes este homem à minha presença
como
agitador do povo.
Interroguei-O
diante de vós
e
não encontrei n’Ele nenhum dos crimes de que O acusais.
Herodes
também não,
uma
vez que no-l’O mandou de novo.
Como
vedes, não praticou nada que mereça a morte.
Vou,
portanto, soltá-l’O, depois de O mandar castigar».
N Pilatos tinha obrigação de lhes soltar um
preso
por
ocasião da festa.
E
todos se puseram a gritar:
R «Mata Esse e solta-nos Barrabás».
N Barrabás tinha sido metido na cadeia
por
causa de uma insurreição desencadeada na cidade
e
por assassínio.
De
novo Pilatos lhes dirigiu a palavra,
querendo
libertar Jesus.
Mas
eles gritavam:
R «Crucifica-O! Crucifica-O!».
N Pilatos falou-lhes pela terceira vez:
R «Mas que mal fez este homem?
Não
encontrei n’Ele nenhum motivo de morte.
Por
isso vou soltá-l’O, depois de O mandar castigar».
N Mas eles continuavam a gritar,
pedindo
que fosse crucificado,
e os
seus clamores aumentavam de violência.
Então
Pilatos decidiu fazer o que eles pediam:
soltou
aquele que tinha sido metido na cadeia
por
insurreição e assassínio,
como
eles reclamavam,
e
entregou-lhes Jesus para o que eles queriam.
Quando
O conduziam,
lançaram
mão de um certo Simão de Cirene,
que
vinha do campo,
e
puseram-lhe a cruz às costas,
para
a levar atrás de Jesus.
Seguia-O
grande multidão de povo
e
mulheres que batiam no peito
e se
lamentavam, chorando por Ele.
Mas
Jesus voltou-Se para elas e disse-lhes:
J «Filhas de Jerusalém, não choreis por
Mim;
chorai
antes por vós mesmas e pelos vossos filhos.
Pois
dias virão em que se dirá:
‘Felizes
as estéreis, os ventres que não geraram
e os
peitos que não amamentaram’.
Começarão
a dizer aos montes: ‘Caí sobre nós’;
e às
colinas: ‘Cobri-nos’.
Porque
se tratam assim a madeira verde,
que
acontecerá à seca?».
N Levavam ainda dois malfeitores
para
serem executados com Jesus.
Quando
chegaram ao lugar chamado Calvário,
crucificaram-n’O
a Ele e aos malfeitores,
um à
direita e outro à esquerda.
Jesus
dizia:
J «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que
fazem».
N Depois deitaram sortes,
para
repartirem entre si as vestes de Jesus.
O
povo permanecia ali a observar.
Por
sua vez, os chefes zombavam e diziam:
R «Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo,
se é
o Messias de Deus, o Eleito».
N Também os soldados troçavam d’Ele;
aproximando-se
para Lhe oferecerem vinagre, diziam:
R «Se és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti
mesmo».
N Por cima d’Ele havia um letreiro:
«Este
é o Rei dos judeus».
Entretanto,
um dos malfeitores
que
tinham sido crucificados
insultava-O,
dizendo:
R «Não és Tu o Messias?
Salva-Te
a Ti mesmo e a nós também».
N Mas o outro, tomando a palavra,
repreendeu-o:
R «Não temes a Deus,
tu
que sofres o mesmo suplício?
Quanto
a nós, fez-se justiça,
pois
recebemos o castigo das nossas más acções.
Mas
Ele nada praticou de condenável».
N E acrescentou:
R «Jesus, lembra-Te de mim,
quando
vieres com a tua realeza».
N Jesus respondeu-lhe:
J «Em verdade te digo: Hoje estarás comigo
no Paraíso».
N Era já quase meio-dia,
quando
as trevas cobriram toda a terra,
até
às três horas da tarde,
porque
o sol se tinha eclipsado.
O
véu do templo rasgou-se ao meio.
E
Jesus exclamou com voz forte:
J «Pai, em tuas mãos entrego o meu
espírito».
N Dito isto, expirou.
Vendo
o que sucedera,
o
centurião deu glória a Deus, dizendo:
R «Realmente este homem era justo».
N E toda a multidão que tinha assistido
àquele espectáculo,
ao
ver o que se passava, regressava batendo no peito.
Todos
os conhecidos de Jesus,
bem
como as mulheres que O acompanhavam
desde
a Galileia,
mantinham-se
à distância, observando estas coisas.
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Pela paixão do vosso Filho Unigénito, apressai, Senhor, a hora da nossa
reconciliação: concedei-nos, por este único e admirável sacrifício, a
misericórdia que nossos pecados não merecem.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Mt 25, 42
Pai, se este cálice não pode passar sem que Eu o beba, faça-Se a tua
vontade.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Saciados com estes dons sagrados, nós Vos pedimos, Senhor:
assim como, pela morte do vosso Filho, nos fizestes esperar o que a nossa fé
nos promete, fazei-nos também chegar, pela sua ressurreição, às alegrias do
reino que esperamos.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
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