sábado, 22 de junho de 2019

DOMINGO XII DO TEMPO COMUM – ano C – 23JUN2019





UMA QUESTÃO FUNDAMENTAL

Não basta declarar e aceitar que Jesus é o Messias; é preciso rever a ideia a respeito do Messias, o qual, para construir a nova história, enfrenta os que não querem transformações. Por isso, ele vai sofrer, ser rejeitado e morto. A sua ressurreição será a sua vitória. E quem quiser acompanhar Jesus na sua acção messiânica e participar da sua vitória terá que percorrer um caminho semelhante: renunciar a si mesmo e às glórias do poder e da riqueza. Num momento de oração, Jesus questiona os discípulos acerca de uma questão fundamental, formulada em duas etapas. Na primeira, a pergunta. “Quem sou eu, na opinião do povo?”, visa explicitar a maneira como a pessoa de Jesus era considerada por quem o ouvia, era beneficiado por seus milagres e tinha notícias de seus grandes feitos. Enfim, gente sem muita proximidade com ele. As respostas, elencadas pelos apóstolos, trazem a marca das tradições messiânicas populares. Nessas, o Messias é identificado com algum dos profetas do passado, cuja reaparição, na história humana, era sinal da chegada do fim dos tempos. Na segunda etapa, a pergunta consistiu em saber o pensamento dos discípulos: “Para vocês, quem sou eu?” Tendo privado da intimidade de Jesus, deveriam estar em condições de dar uma resposta mais próxima da realidade, condizente com a verdadeira identidade de Jesus. É Pedro quem se adianta e responde, em nome do grupo: “És o Messias de Deus!” Esta resposta revelou, na verdade, um avanço em relação à mentalidade popular. Mais que algum personagem do passado, Jesus era o Ungido, enviado por Deus ao mundo. A sua presença era sinal do amor de Deus pela humanidade. Apesar de estar correcta essa resposta, foi necessário que Jesus acrescentasse algo que os próprios discípulos desconheciam. Embora sendo o Messias de Deus, Jesus estava para se defrontar, não com um destino de glória, mas sim, de sofrimento, de morte e de ressurreição. Esta era a vontade do Pai! O evangelista Marcos, seguindo uma ordem geográfica e cronológica, coloca este episódio sobre a identidade de Jesus no fim de seu ministério na Galileia e nas regiões gentílicas vizinhas. Lucas, despreocupado com esta ordem, associa o episódio a um momento de oração de Jesus. Jesus pergunta, directamente: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Pedro toma a iniciativa em dar a resposta identificada com a ideologia do sistema religioso das sinagogas e do Templo: Jesus é o messias (“Cristo”) davídico, escolhido por Deus, para restaurar o reino de Israel, elevando-o acima de todas as demais nações, como um novo David, conforme as tradições das escrituras. Em decorrência segue-se a severa repreensão de Jesus. Os discípulos não se devem atrelar à antiga ideologia messiânica de poder, opressora e conservadora, da sinagoga. Desfazendo o equívoco, Jesus apresenta-se como o “Filho do Homem”. É o simplesmente “humano”, convivendo no dia a dia comum entre as multidões e comunicando-lhes o seu amor divino e eterno, que permanece para sempre, além da morte.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 27, 8-9
O Senhor é a força do seu povo,
o baluarte salvador do seu Ungido.
Salvai o vosso povo, Senhor, abençoai a vossa herança,
sede o seu pastor e guia através dos tempos.

ORAÇÃO COLECTA
Senhor, fazei-nos viver a cada instante no temor e no amor do vosso Santo nome, porque nunca a vossa providência abandona aqueles que formais solidamente no vosso amor.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Zac 12, 10-11; 13, 1

«Voltarão os olhos para aquele a quem trespassaram» (Jo 19, 37)

O profeta anuncia a libertação e renovação de Jerusalém; mas essa salvação custará dores e lamentos. S. João, no seu Evangelho, vê no servo trespassado, de que fala o profeta, a figura de Jesus crucificado e trespassado pela lança do soldado. O seu Coração assim aberto tornou-se fonte de água viva, de salvação e de graça, para os que para Ele olharem com fé e amor. Tanto custaria a salvação da nova Jerusalém, a santa Igreja de Deus!

Leitura da Profecia de Zacarias
Eis o que diz o Senhor: «Sobre a casa de David e os habitantes de Jerusalém derramarei um espírito de piedade e de súplica. Ao olhar para Mim, a quem trespassaram, lamentar-se-ão como se lamenta um filho único, chorarão como se chora o primogénito. Naquele dia, haverá grande pranto em Jerusalém, como houve em Hadad-Rimon, na planície de Megido. Naquele dia, jorrará uma nascente para a casa de David e para os habitantes de Jerusalém, a fim de lavar o pecado e a impureza».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 62 (63), 2-6.8-9 (R. 2b)

Refrão: A minha alma tem sede de Vós, meu Deus. (Repete-se)

Senhor, sois o meu Deus:
desde a aurora Vos procuro.
A minha alma tem sede de Vós.
Por Vós suspiro,
como terra árida, sequiosa, sem água. (Refrão)

Quero contemplar-Vos no santuário,
para ver o vosso poder e a vossa glória.
A vossa graça vale mais que a vida:
por isso os meus lábios hão-de cantar-Vos louvores. (Refrão)

Assim Vos bendirei toda a minha vida
e em vosso louvor levantarei as mãos.
Serei saciado com saborosos manjares
e com vozes de júbilo Vos louvarei. (Refrão)

Porque Vos tornastes o meu refúgio,
exulto à sombra das vossas asas.
Unido a Vós estou, Senhor,
a vossa mão me serve de amparo. (Refrão)


LEITURA II – Gal 3, 26-29

«Todos vós que recebestes o baptismo de Cristo, fostes revestidos de Cristo»

Continuando a fazer o confronto entre o regime da Lei, no Antigo Testamento, e o do Novo Testamento, o Apóstolo afirma que, pela fé e pelo baptismo, os cristãos estão “revestidos de Cristo”, formam todos, seja qual for a sua origem natural, o povo descendente de Abraão, herdeiro das promessas que Deus tinha feito àquele antigo Patriarca do Povo de Deus. Não é, portanto, a descendência carnal, mas a que vem da fé, que torna os homens “filhos de Abraão” e herdeiros das promessas a ele feitas por Deus.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Gálatas
Irmãos: Todos vós sois filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo, porque todos vós, que fostes baptizados em Cristo, fostes revestidos de Cristo. Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher; todos vós sois um só em Cristo Jesus. Mas, se pertenceis a Cristo, sois então descendência de Abraão, herdeiros segundo a promessa.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Jo 10, 27

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

As minhas ovelhas escutam a minha voz,
diz o Senhor;
Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me. (Refrão)


EVANGELHO – Lc 9, 18-24

«És o Messias de Deus.
O Filho do homem tem de sofrer muito»

S. Pedro, em nome de todos, reconhece e proclama a fé fundamental da Igreja: Jesus de Nazaré, o Filho do homem, é o Messias de Deus, o profeta anunciado desde os tempos antigos, o Ungido pelo Espírito Santo, o Enviado de Deus. É Ele que vem dar a vida pela salvação dos homens. Ele é, como na profecia da primeira leitura, Aquele que os homens trespassaram, mas cujo Coração aberto na Cruz é fonte de graça. Para ser seu discípulo, não há outro caminho senão o que Ele mesmo traçou.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Um dia, Jesus orava sozinho, estando com Ele apenas os discípulos. Então perguntou-lhes: «Quem dizem as multidões que Eu sou?». Eles responderam: «Uns, dizem que és João Baptista; outros, que és Elias; e outros, que és um dos antigos profetas que ressuscitou». Disse-lhes Jesus: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Pedro tomou a palavra e respondeu: «És o Messias de Deus». Ele, porém, proibiu-lhes severamente de o dizerem fosse a quem fosse e acrescentou: «O Filho do homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas; tem de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia». Depois, dirigindo-Se a todos, disse: «Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me. Pois quem quiser salvar a sua vida, há-de perdê-la; mas quem perder a sua vida por minha causa, salvá-la-á».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Por este sacrifício de reconciliação e de louvor, purificai, Senhor, os nossos corações, para que se tornem uma oblação agradável a vossos olhos.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 144, 15
Os olhos de todos esperam em Vós, Senhor, e a seu tempo lhes dais o alimento.

Ou - Jo 10, 11.15
Eu sou o Bom Pastor e dou a vida pelas minhas ovelhas, diz o Senhor.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos renovastes pela comunhão do Corpo e do Sangue de Cristo, fazei que a participação nestes mistérios nos alcance a plenitude da redenção.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



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