sábado, 26 de outubro de 2019

HUMILDADE E VERDADE





DOMINGO XXX DO TEMPO COMUM – ano C – 27OUT2019

O PUBLICANO DESCEU JUSTIFICADO PARA SUA CASA. O FARISEU NÃO

Não se trata de se humilhar de uma maneira masoquista e penitencial, mas de ser o que se é, e realmente ser, reconhecê-lo diante de Deus (isto é, diante de si mesmo, diante dos outros), vivendo dessa maneira.
O publicano do evangelho aceita o que sabe, ele reconhece-se em Deus, ele pode realmente viver, em si mesmo, diante dos outros. Pelo contrário, o fariseu, um profissional em oração, ressurge neste caso como um mentiroso: ele mente diante de Deus, ele mente para si mesmo e despreza aqueles que acha que não são do seu nível social.
Obrigado, porque não sou como os outros – ladrões, injustos, adúlteros.
Sem dúvida, este fariseu cumpre a lei com os seus mandamentos (como o bom rico do seguinte texto: Lc 18, 18-31). Mas, como Paulo sabe, uma lei bem cumprida, de maneira legalista, leva à morte, porque acaba dividindo os homens entre os que cumprem e os que não cumprem, entre os limpos e os maculados (expulsando aqueles que não são importantes para o seu meio).
Os “executantes” podem usar a lei para ter sucesso, impondo-se aos outros, sem piedade. Entre eles está este fariseu, que veio dizer a Deus que ele triunfou e agradecer por isso.
A lei é boa, continuaria Jesus a dizer, mas entendida como é entendida por este fariseu, torna-se uma arma terrível, ao serviço da própria segurança e do desprezo pelos outros.
Essa pode ser a lei de um tipo de político que busca a sua própria justificação em detrimento de outros..., para aqueles que culpam tudo.
Esta é a lei do “bom capitalismo” que pensa que está certa no que faz (e até paga impostos, como justiça “religiosa” e financia procissões e manifestações de triunfo religioso!), mas condena milhões de pessoas à pobreza…
É a lei dos líderes do templo que administram com boa consciência o seu dinheiro e a sua memória histórica, para condenar outros (ladrões, injustos, adúlteros ...!). Entre eles está esse bom fariseu que não comete adultério com as mulheres dos outros (ele cumpre a lei!), Mas talvez ele não ame a si próprio (ou algum) com ternura e igualdade, e talvez “se divirta” com mulheres livres ou prostitutas (isso não é adultério!), não importa o que sintam, o que pensem.

Não é como aquele publicano.
A visão do publicano confirma-o na justiça e no valor dele. A visão do publicano permite que ele viva mais calmo, seja quem ele for e comporta-se como se comporta..., porque existem publicanos e prostitutas no mundo que querem usar sem arrependimentos, porque são ruins e merecem o que têm (ou seja, o que não têm).
Esse fariseu precisa ser divulgado, para cobrar os seus impostos e conduzir os seus negócios sujos; ele precisa (provavelmente) da prostituta (pelo menos para os seus empreendimentos morais: sentir-se bem). No fundo, ele mesmo está dizendo (sem perceber) que a sua “justiça” está montada na injustiça de outros, uma injustiça que ele está propiciando, dentro de um sistema religioso endossado pelo templo (um templo para o serviço dos fariseus).

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 104, 3-4
Alegre-se o coração dos que procuram o Senhor.
Buscai o Senhor e o seu poder,
procurai sempre a sua face.

ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade; e para merecermos alcançar o que prometeis, fazei-nos amar o que mandais.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Sir 35, 15b-17.20-22a (gr. 12-14.16-18)

«A oração do humilde atravessa as nuvens»

Deus é a própria Verdade; diante d’Ele o homem deve agir com toda a verdade, sob pena de não ser acolhido por Ele. A oração deve ser o momento mais verdadeiro diante de Deus. E a oração humilde será sempre escutada por Deus.

Leitura do Livro de Ben-Sirá
O Senhor é um juiz que não faz acepção de pessoas. Não favorece ninguém em prejuízo do pobre e atende a prece do oprimido. Não despreza a súplica do órfão, nem os gemidos da viúva. Quem adora a Deus será bem acolhido e a sua prece sobe até às nuvens. A oração do humilde atravessa as nuvens e não descansa enquanto não chega ao seu destino. Não desiste, até que o Altíssimo o atenda, para estabelecer o direito dos justos e fazer justiça.
Palavra do Senhor


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 33 (34), 2-3.17-18.19.23 (R. 7a)

Refrão: O pobre clamou e o Senhor ouviu a sua voz. (Repete-se)
Ou: O Senhor ouviu o clamor do pobre. (Repete-se)

A toda a hora bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes. (Refrão)

A face do Senhor volta-se contra os que fazem o mal,
para apagar da terra a sua memória.
Os justos clamaram e o Senhor os ouviu,
livrou-os de todas as angústias. (Refrão)

O Senhor está perto dos que têm o coração atribulado
e salva os de ânimo abatido.
O Senhor defende a vida dos seus servos,
não serão castigados os que n’Ele confiam. (Refrão)


LEITURA II – 2 Tim 4, 6-8.16-18

«Já me está preparada a coroa da justiça»

A leitura faz-nos escutar a última mensagem de S. Paulo antes de sofrer o martírio: abandonado dos homens, ele sente-se plenamente confiante na justiça de Deus que nunca o abandonou nem abandonará.

Leitura da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo a Timóteo
Caríssimo: Eu já estou oferecido em libação e o tempo da minha partida está iminente. Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. E agora já me está preparada a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me há-de dar naquele dia; e não só a mim, mas a todos aqueles que tiverem esperado com amor a sua vinda. Na minha primeira defesa, ninguém esteve a meu lado: todos me abandonaram. Queira Deus que esta falta não lhes seja imputada. O Senhor esteve a meu lado e deu-me força, para que, por meu intermédio, a mensagem do Evangelho fosse plenamente proclamada e todas as nações a ouvissem; e eu fui libertado da boca do leão. O Senhor me livrará de todo o mal e me dará a salvação no seu reino celeste. Glória a Ele pelos séculos dos séculos. Ámen.
Palavra do Senhor

ALELUIA – 2 Cor 5, 19

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Deus estava em Cristo
reconciliando o mundo consigo
e confiou-nos a palavra da reconciliação. (Refrão)


EVANGELHO – Lc 18, 9-14

«O publicano desceu justificado para sua casa e o fariseu não»

Jesus ensina, por meio de uma parábola, como devemos orar. Este ensinamento não se aplica somente à oração individual, mas também à oração da assembleia litúrgica, onde os sinais de festa hão-de proceder sempre de um coração humilde e consciente do dom de Deus, que comunitariamente celebramos.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, Jesus disse a seguinte parábola para alguns que se consideravam justos e desprezavam os outros: «Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro publicano. O fariseu, de pé, orava assim: ‘Meu Deus, dou-Vos graças por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de todos os meus rendimentos’. O publicano ficou a distância e nem sequer se atrevia a erguer os olhos ao Céu; mas batia no peito e dizia: ‘Meu Deus, tende compaixão de mim, que sou pecador’. Eu vos digo que este desceu justificado para sua casa e o outro não. Porque todo aquele que se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Olhai, Senhor, para os dons que Vos apresentamos
e fazei que a celebração destes mistérios
dê glória ao vosso nome.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 19, 6

Celebramos, Senhor, a vossa salvação
e glorificamos o vosso santo nome.

Ou: Ef 5, 2
Cristo amou-nos e deu a vida por nós,
oferecendo-Se em sacrifício agradável a Deus.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Fazei, Senhor, que os vossos sacramentos realizem em nós o que significam, para alcançarmos um dia em plenitude o que celebramos nestes santos mistérios.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



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