sábado, 9 de novembro de 2019

HAVIA UMA MULHER AO SERVIÇO DE SETE MARIDOS






DOMINGO XXXII DO TEMPO COMUM – ano C – 10NOV2019

PROBLEMA FUNDAMENTAL

Os saduceus não acreditavam na ressurreição e pretendiam ridicularizar o ensinamento de Jesus sobre isto. Trazem para Jesus uma questão tão artificial à beira o cinismo.

1.   Num sentido, o texto anuncia o futuro de homens e mulheres após a morte, mas, noutro, mais profundo, lida com as condições e os modos de vida deste mundo, onde existe uma “lei” que separa e divide homens e mulheres. Mulheres, colocando-as ao serviço da reprodução e da riqueza (herança) dos homens “donos”. Elas não se possuem a si mesmas, nem possuem o seu dinheiro, nem o seu corpo, mas “rodam” ao serviço dos homens. Bem, é isso que coloca esse julgamento em julgamento, é o que ele supera.
2.   Com a chegada do Reino (simbolizado pela ressurreição), a lei muda, o decreto que coloca as mulheres ao serviço de homens e crianças, da riqueza e, finalmente, a mesma religião (que ratifica o poder dos homens) cessa. Essa é a experiência e a novidade do texto, como uma bomba que explode sob a linha de “flutuação” de um tipo de sociedade machista. De acordo com o caminho e a mensagem de Jesus, elas, mulheres, não são para homens (sujeitos a suas propriedades e religião), mas valem/são, em si mesmas, como anjos (filhos de Deus) e somente da autonomia e liberdade podem Colaborar na igualdade com os homens.
3.   Nesse contexto, ser “filho de Deus, ser como anjos” não significa ser assexuado (que as mulheres são anjos falsamente espirituais!), mas são pessoas autónomas e independentes (presença de Deus). No caminho de Jesus (que é o caminho do reino – ressurreição), surge a “dignidade” angélica (isto é, divina) de homens e mulheres, para que as mulheres não sejam servas de homens (por prazer, procriação e cuidado da casa), mas pessoas autónomas, em todos os sentidos. Isso significa ser “como anjos”, ou seja, filhos de Deus (= presença de Deus).
4.   Consequência judaica e cristã. Nesse sentido, um “casamento levirato (como o de mulheres judias sujeitas a homens) ou uma instituição levítica como um tipo de Igreja Católica em que as mulheres são sujeitas “hierarquicamente” a homens, não faz sentido. Certamente, um tipo de ortodoxia ou mais tarde o catolicismo aceitou esse texto de Jesus, mas encurralou-o (como se fosse uma passagem do puro folclore), instituindo alguns ministérios leviratos de homens que acreditam que são superiores a Deus e continuam a dominar as mulheres. Uma boa prova disso são as razões “antievangélicas” que uma certa hierarquia continua a aduzir para não “ordenar” as mulheres.
5.   Somente nesse sentido podemos falar numa ressurreição que começa aqui, nesta vida e que se aplica igualmente às mulheres que invadam o espaço do sexo masculino. A prova de Jesus é dada pelo texto principal de Ex 3, 6 (e outras passagens do AT), onde Deus se apresenta como “Deus de Abraão, Isaque e Jacó”, isto é, ao mesmo tempo (pois Jesus é igual a homens e mulheres) como “Deus de Sara e Hagar, Rebeca, Raquel e Léa...”.Este é o Deus que está presente e se revela (ele vive em homens e mulheres, que continuam a viver na sua memória e na vida da história sobre a morte).


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 87, 3
Chegue até Vós, Senhor, a minha oração,
inclinai o ouvido ao meu clamor.

ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e misericordioso, afastai de nós toda a adversidade, para que, sem obstáculos do corpo ou do espírito, possamos livremente cumprir a vossa vontade.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – 2 Mac 7, 1-2.9-14

«O Rei do universo ressuscitar-nos-á para a vida eterna»

A fé na ressurreição é o tema central da terceira e da primeira leitura. Se a consciência da ressurreição levou tempo a nascer no povo do Antigo Testamento, ela é claramente professada, e não só por palavras, mas no testemunho do martírio, pelos sete jovens irmãos e sua mãe, martirizados cerca do ano 68 antes de Cristo pelo rei pagão.

Leitura do Segundo Livro dos Macabeus
Naqueles dias, foram presos sete irmãos, juntamente com a mãe, e o rei da Síria quis obrigá-los, à força de golpes de azorrague e de nervos de boi, a comer carne de porco proibida pela Lei judaica. Um deles tomou a palavra em nome de todos e falou assim ao rei: «Que pretendes perguntar e saber de nós? Estamos prontos para morrer, antes que violar a lei de nossos pais». Prestes a soltar o último suspiro, o segundo irmão disse: «Tu, malvado, pretendes arrancar-nos a vida presente, mas o Rei do universo ressuscitar-nos-á para a vida eterna, se morrermos fiéis às suas leis». Depois deste começaram a torturar o terceiro. Intimado a pôr fora a língua, apresentou-a sem demora e estendeu as mãos resolutamente, dizendo com nobre coragem: «Do Céu recebi estes membros e é por causa das suas leis que os desprezo, pois do Céu espero recebê-los de novo». O próprio rei e quantos o acompanhavam estavam admirados com a força de ânimo do jovem, que não fazia nenhum caso das torturas. Depois de executado este último, sujeitaram o quarto ao mesmo suplício. Quando estava para morrer, falou assim: «Vale a pena morrermos às mãos dos homens, quando temos a esperança em Deus de que Ele nos ressuscitará; mas tu, ó rei, não ressuscitarás para a vida».
Palavra do Senhor


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 16 (17), 1.5-6.8b.15 (R. cf. 15b)

Refrão: Senhor, ficarei saciado, quando surgir a vossa glória. (Repete-se)

Ouvi, Senhor, uma causa justa,
atendei a minha súplica.
Escutai a minha oração,
feita com sinceridade. (Refrão)

Firmai os meus passos nas vossas veredas,
para que não vacilem os meus pés.
Eu Vos invoco, ó Deus, respondei-me,
ouvi e escutai as minhas palavras. (Refrão)

Protegei-me à sombra das vossas asas,
longe dos ímpios que me fazem violência.
Senhor, mereça eu contemplar a vossa face
e ao despertar saciar-me com a vossa imagem. (Refrão)


LEITURA II – 2 Tes 2, 16 – 3, 5

«O Senhor vos torne firmes em toda a espécie de boas obras e palavras»

S. Paulo fez também a experiência do que é sentir-se acabrunhado pelos seus inimigos; mas foi então que ele mais soube apelar para a confiança em Cristo, tanto para si como para os outros.

Leitura da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses
Irmãos: Jesus Cristo, nosso Senhor, e Deus, nosso Pai, que nos amou e nos deu, pela sua graça, eterna consolação e feliz esperança, confortem os vossos corações e os tornem firmes em toda a espécie de boas obras e palavras. Entretanto, irmãos, orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague rapidamente e seja glorificada, como acontece no meio de vós. Orai também, para que sejamos livres dos homens perversos e maus, pois nem todos têm fé. Mas o Senhor é fiel: Ele vos dará firmeza e vos guardará do Maligno. Quanto a vós, confiamos inteiramente no Senhor que cumpris e cumprireis o que vos mandamos. O Senhor dirija os vossos corações, para que amem a Deus e aguardem a Cristo com perseverança.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Ap 1, 5a.6b

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Jesus Cristo é o Primogénito dos mortos.
A Ele a glória e o poder pelos séculos dos séculos. (Refrão)


EVANGELHO – Lc 20, 27-38

«Não é um Deus de mortos, mas de vivos»

Jesus afirma claramente o mistério da ressurreição dos mortos, contra certa maneira de pensar em contrário de alguns daqueles com quem falava. A “ressurreição da carne” é, por isso, um dos pontos do Símbolo da fé cristã, o “Credo”.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, aproximaram-se de Jesus alguns saduceus – que negam a ressurreição – e fizeram-lhe a seguinte pergunta: «Mestre, Moisés deixou-nos escrito: ‘Se morrer a alguém um irmão, que deixe mulher, mas sem filhos, esse homem deve casar com a viúva, para dar descendência a seu irmão’. Ora havia sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem filhos. O segundo e depois o terceiro desposaram a viúva; e o mesmo sucedeu aos sete, que morreram e não deixaram filhos. Por fim, morreu também a mulher. De qual destes será ela esposa na ressurreição, uma vez que os sete a tiveram por mulher?». Disse-lhes Jesus: Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento. Mas aqueles que forem dignos de tomar parte na vida futura e na ressurreição dos mortos, nem se casam nem se dão em casamento. Na verdade, já não podem morrer, pois são como os Anjos, e, porque nasceram da ressurreição, são filhos de Deus. E que os mortos ressuscitam, até Moisés o deu a entender no episódio da sarça ardente, quando chama ao Senhor ‘o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob’. Não é um Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele todos estão vivos».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Olhai, Senhor, com benevolência
para o sacrifício que Vos apresentamos,
a fim de participarmos com sincera piedade
no memorial da paixão do vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 22, 1-2

O Senhor é meu pastor: nada me falta.
Leva-me a descansar em verdes prados.
Conduz-me às águas refrescantes
e reconforta a minha alma.

Ou Lc 24, 35
Os discípulos reconheceram
o Senhor Jesus ao partir o pão.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Nós Vos damos graças, Senhor, pelo alimento celeste que recebemos e imploramos da vossa misericórdia que, pela acção do Espírito Santo, perseverem na vossa graça os que receberam a força do alto.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



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