DOMINGO II DO TEMPO COMUM – ano A – 12JAN2020
A JUSTIÇA VAI SER REALIZADA
Neste Evangelho, as primeiras
palavras de Jesus apresentam o programa de toda a sua vida e acção: cumprir
toda a justiça, isto é, realizar plenamente a vontade de Deus e o seu projecto
salvador. O céu rasgou-se: na pessoa de Jesus, a separação que havia entre Deus
e os homens rompeu-se. A voz apresenta o mistério do homem de Nazaré: ele é o
Filho de Deus, o Messias-Rei (Sl 2,7) que vai estabelecer o Reino de Deus
através do serviço, como o Servo de Deus (Is 42,1-2). O baptismo de Jesus por
João Baptista é o acto inaugural do ministério de Jesus. Pode-se dizer que seja
a epifania histórica de Jesus. Atraído pela mensagem de João Baptista, Jesus
abandona a sua rotina de vida em Nazaré da Galileia, procura o baptismo de João
na região do além Jordão e começa a formar o seu discipulado para, a seguir,
iniciar seu próprio ministério, assumindo elementos do anúncio de João Baptista.
O baptismo de João é mencionado onze vezes no Novo Testamento, sempre com o
acento no seu carácter de fundamento ao ministério de Jesus. Em Actos dos
Apóstolos, por duas vezes ele é apresentado como o acto inaugural deste
ministério (segunda leitura e At 1,22). Jesus, quando questionado pelas
autoridades do Templo, dá a entender que o baptismo de João é do céu (Mt
21,25). João Baptista anunciava a conversão à prática da justiça como caminho
para remover o pecado do mundo. A aspiração a um mundo de justiça e paz já estava
presente em alguns textos do Antigo Testamento, quando o povo vivia oprimido e
explorado por elites de poder, primeiro pelas cortes reais e, depois, pelas
elites religiosas sediadas em Jerusalém. No texto do “servo” de Isaías
(primeira leitura) encontramos a aspiração à consolidação do direito e da
justiça. Jesus vem da Galileia ao encontro de João Batista, para ser baptizado
por ele. Ao pedir o baptismo, Jesus diz que “é assim que devemos cumprir toda a
justiça”. Depois de ser baptizado, o gesto de Jesus é confirmado pelo Espírito
Santo e pelo Pai com a proclamação: “Este é o meu Filho amado; nele está o meu
pleno agrado”. Jesus, assumindo e renovando a mensagem de João Baptista,
proclama a conversão com a prática efectiva da justiça como sendo a vontade do
Pai e como uma bem-aventurança, pela qual se entra em comunhão de vida eterna
com o Pai. Posteriormente, o discípulo Pedro, fiel ao mestre, afirma: “Estou a compreender
que Deus não faz discriminação entre as pessoas. Pelo contrário, ele aceita
quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença”
(segunda leitura). Esta é a verdadeira perspectiva universalista, em que todo
aquele que se empenha na luta pela justiça, cultivando a vida, é agradável e
entra em comunhão com Deus, em qualquer tempo, povo ou nação.
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Salmo 65, 4
Toda a terra Vos adore, Senhor,
e entoe hinos ao vosso nome, ó Altíssimo.
ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, que governais o céu e a terra, escutai
misericordiosamente as súplicas do vosso povo e concedei a paz aos nossos dias.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco, na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
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LEITURA I – Is 49,
3.5-6
«Farei de ti a luz das nações, para que sejas
a minha salvação»
A liturgia da Palavra deste Domingo refere-se ainda à
manifestação do Senhor, celebrada no Tempo de Natal, particularmente na
solenidade da Epifania. Esta primeira leitura é um dos chamados “Cânticos do
Servo de Deus” do profeta Isaías. Este “Servo de Deus”, que vem a
identificar-Se com o Senhor Jesus, é por Deus escolhido para levar a luz da
palavra de Deus não apenas ao povo de Deus, mas a todos os povos, para a todos
trazer à unidade de um só povo, que é afinal a sua Igreja. Mas esta luz só
poderá iluminar os que olham para o Senhor com a fé que lhes vem da Palavra de
Deus.
Leitura
do Livro de Isaías
Disse-me
o Senhor: «Tu és o meu servo, Israel, por quem manifestarei a minha glória». E
agora o Senhor falou-me, Ele que me formou desde o seio materno, para fazer de
mim o seu servo, a fim de Lhe reconduzir Jacob e reunir Israel junto d’Ele. Eu
tenho merecimento aos olhos do Senhor e Deus é a minha força. Ele disse-me
então: «Não basta que sejas meu servo, para restaurares as tribos de Jacob e
reconduzires os sobreviventes de Israel. Vou fazer de ti a luz das nações, para
que a minha salvação chegue até aos confins da terra».
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 39 (40), 2 e 4ab.7-8a.8b-9.10-11ab (R. 8a e 9a)
Refrão: Eu venho,
Senhor,
para fazer a vossa vontade. (Repete-se)
Esperei no Senhor com toda a confiança
e Ele atendeu-me.
Pôs em meus lábios um cântico novo,
um hino de louvor ao nosso Deus. (Refrão)
Não Vos agradaram sacrifícios nem oblações,
mas abristes-me os ouvidos;
não pedistes holocaustos nem expiações,
então clamei: «Aqui estou». (Refrão)
«De mim está escrito no livro da Lei
que faça a vossa vontade.
Assim o quero, ó meu Deus,
a vossa lei está no meu coração». (Refrão)
Proclamei a justiça na grande assembleia,
não fechei os meus lábios, Senhor, bem o sabeis.
Não escondi a vossa justiça no fundo do coração,
proclamei a vossa fidelidade e salvação. (Refrão)
LEITURA II – 1 Cor l, 1-3
«A graça e a paz
de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo estejam convosco»
Começamos a ler a Primeira Epístola aos Coríntios. Hoje
quase nos limitamos à dedicatória muito desenvolvida, como era costume naquele
tempo. Mas logo aí se podem encontrar grandes afirmações da fé cristã, que
depois serão desenvolvidas ao longo de toda a carta. Toda a vida cristã é fruto
do chamamento de Deus à fé: foi assim com Paulo, é assim com todos os cristãos.
Para todos, o chamamento à fé é dom gratuito de Deus, portador de paz. Com esta
introdução, todos ficamos a sentirmo-nos destinatários da epístola, da qual
este ano apenas leremos a primeira parte.
Leitura
da Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos:
Paulo, por vontade de Deus escolhido para Apóstolo de Cristo Jesus e o irmão
Sóstenes, à Igreja de Deus que está em Corinto, aos que foram santificados em
Cristo Jesus, chamados à santidade, com todos os que invocam, em qualquer
lugar, o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso: A graça e a
paz de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo estejam convosco.
Palavra do Senhor
ALELUIA – Jo 1, 14a.12a
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
O Verbo fez-Se carne e habitou entre nós.
Àqueles que O receberam
deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. (Refrão)
EVANGELHO – Jo 1,
29-34
«Eis o Cordeiro de
Deus, que tira o pecado do mundo»
Um dos testemunhos que manifesta Jesus
como o Messias é o de João Baptista. Ele apresenta-O como o “Cordeiro de Deus”.
O símbolo do Cordeiro reúne duas passagens do Antigo Testamento, aplicando-as a
Jesus: a do “Servo de Deus” (I leit.), que carrega com o pecado do mundo (Is
53, 7), e a do cordeiro pascal, que é imolado para tirar o pecado do mundo. Uma
e outra coisa o é o Senhor. Descendo à água entre os pecadores, Ele humilha-Se,
assumindo a situação da nossa natureza de homens pecadores; uma vez ungido pelo
Espírito Santo, Ele torna-Se fonte desse mesmo Espírito para todos os que são
baptizados em seu nome.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele
tempo, João Baptista viu Jesus, que vinha ao seu encontro, e exclamou: «Eis o
Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. É d’Ele que eu dizia: ‘Depois de
mim vem um homem, que passou à minha frente, porque era antes de mim’. Eu não O
conhecia, mas foi para Ele Se manifestar a Israel que eu vim baptizar na água».
João deu mais este testemunho: «Eu vi o Espírito Santo descer do Céu como uma
pomba e permanecer sobre Ele. Eu não O conhecia, mas quem me enviou na baptizar
na água é que me disse: ‘Aquele sobre quem vires o Espírito Santo descer e
permanecer é que baptiza no Espírito Santo’. Ora, eu vi e dou testemunho de que
Ele é o Filho de Deus».
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Concedei-nos, Senhor, a graça de participar dignamente nestes mistérios,
pois todas as vezes que celebramos o memorial deste sacrifício realiza-se a
obra da nossa redenção.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Salmo 22, 5
Para mim preparais a mesa
e o meu cálice transborda.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Infundi em nós, Senhor, o espírito da vossa caridade, para
que vivam unidos num só coração e numa só alma aqueles que saciastes com o
mesmo pão do Céu.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
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