DOMINGO XXIX TEMPO COMUM – ano A – 18OUT2020
MISSA |
ANTÍFONA DE
ENTRADA – Salmo 16, 6.8.9
Respondei-me,
Senhor, quando Vos invoco,
ouvi a minha voz,
escutai as minhas palavras.
Guardai-me dos
meus inimigos, Senhor.
Protegei-me à
sombra das vossas asas.
ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, dai-nos a
graça de consagrarmos sempre ao vosso serviço a dedicação da nossa vontade e a
sinceridade do nosso coração.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra |
LEITURA I – Is 45,
1.4-6
«Tomei Ciro
pela mão direita para subjugar diante dele as nações»
O Evangelho de hoje vai
afirmar a relação entre o poder temporal e o poder espiritual. Mas Deus é
Senhor de todos os homens, e nada nem ninguém é autónomo em relação a Ele. Deus
realiza os seus desígnios, que são sempre de salvação, através dos homens e das
instituições humanas, por vezes até de maneira muito clara, como se mostra
nesta leitura: o rei da Pérsia, Ciro, um pagão, é instrumento de Deus para a libertação
do seu povo.
Leitura
do Livro de Isaías
Assim
fala o Senhor a Ciro, seu ungido, a quem tomou pela mão direita, para subjugar
diante dele as nações e fazer cair as armas da cintura dos reis, para abrir as
portas à sua frente, sem que nenhuma lhe seja fechada: «Por causa de Jacob, meu
servo, e de Israel, meu eleito, Eu te chamei pelo teu nome e te dei um título
glorioso, quando ainda não Me conhecias. Eu sou o Senhor e não há outro; fora
de Mim não há Deus. Eu te cingi, quando ainda não Me conhecias, para que se
saiba, do Oriente ao Ocidente, que fora de Mim não há outro. Eu sou o Senhor e
mais ninguém».
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 95 (96), 1.3.4-5.7-8.9-10a.c (R. 7b)
Refrão: Aclamai a glória
e o poder do Senhor. (Repete-se)
Cantai ao Senhor
um cântico novo,
cantai ao Senhor,
terra inteira.
Publicai entre as
nações a sua glória,
em todos os povos
as suas maravilhas. (Refrão)
O Senhor é grande
e digno de louvor,
mais temível que
todos os deuses.
Os deuses dos
gentios não passam de ídolos,
foi o Senhor quem
fez os céus. (Refrão)
Dai ao Senhor, ó
família dos povos,
dai ao Senhor
glória e poder.
Dai ao Senhor a
glória do seu nome,
levai-Lhe
oferendas e entrai nos seus átrios. (Refrão)
Adorai o Senhor
com ornamentos sagrados,
trema diante d’Ele
a terra inteira.
Dizei entre as
nações: «O Senhor é Rei»,
governa os povos
com equidade. (Refrão)
LEITURA II – 1 Tes 1, 1-5b
«Recordamos a
vossa fé, caridade e esperança»
Começamos hoje a leitura da
primeira epístola aos Tessalonicenses, a comunidade cristã existente na cidade
de Tessalónica (ou Salónica), no norte da Grécia. Como de costume, S. Paulo
começa com uma acção de graças, hoje, por verificar o progresso espiritual
desses cristãos. Como podemos observar, os Apóstolos pregavam e escreviam como
verdadeiros mestres e pastores, e não apenas como moralistas ou legisladores. E
sempre será esta a verdadeira finalidade da pregação na Igreja: levar os seus
filhos a crescerem nos caminhos do reino de Deus, o que é para ela fonte de
alegria e de acção de graças.
Leitura
da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses
Paulo,
Silvano e Timóteo à Igreja dos Tessalonicenses, que está em Deus Pai e no
Senhor Jesus Cristo: A graça e a paz estejam convosco. Damos continuamente
graças a Deus por todos vós, ao fazermos menção de vós nas nossas orações.
Recordamos a actividade da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da
vossa esperança em Nosso Senhor Jesus Cristo, na presença de Deus, nosso Pai.
Nós sabemos, irmãos amados por Deus, como fostes escolhidos. O nosso Evangelho
não vos foi pregado somente com palavras, mas também com obras poderosas, com a
acção do Espírito Santo.
Palavra do Senhor
ALELUIA – Filip 2,
15d.16a
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Vós brilhais como estrelas no mundo,
ostentando a palavra da vida. (Refrão)
EVANGELHO – Mt 22, 15-21
«Dai a César o que
é de César e a Deus o que é de Deus»
Perante o
poder temporal, aqui representado por César, o imperador de Roma – que ao tempo
de Jesus imperava também na Terra Santa – a atitude de Jesus é de respeito pela
sua autonomia, mas reivindica, ao mesmo tempo, as exigências primordiais do
serviço de Deus, às quais nada se pode antepor. E, ao mesmo tempo, denuncia a
falta de sinceridade dos que O interrogavam; sem ela, ninguém se poderá dirigir
a Deus.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele
tempo, os fariseus reuniram-se para deliberar sobre a maneira de surpreender
Jesus no que dissesse. Enviaram-Lhe alguns dos seus discípulos, juntamente com
os herodianos, e disseram-Lhe: «Mestre, sabemos que és sincero e que ensinas,
segundo a verdade, o caminho de Deus, sem te deixares influenciar por ninguém,
pois não fazes acepção de pessoas. Diz-nos o teu parecer: É lícito ou não pagar
tributo a César?». Jesus, conhecendo a sua malícia, respondeu: «Porque Me
tentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo». Eles apresentaram-Lhe um
denário e Jesus perguntou: «De quem é esta imagem e esta inscrição?». Eles
responderam: «De César». Disse-Lhes Jesus: «Então, dai a César o que é de César
e a Deus o que é de Deus».
Palavra da
salvação.
MEDITAÇÃO
DAI A CÉSAR
Diversas, e às vezes divergentes, são as
interpretações dadas à célebre frase-resposta de Jesus aos que queriam
armar-lhe uma cilada: uma frase de efeito, como que evasiva, com a que Jesus
responde sem se perturbar; uma resposta irónica, como se Jesus quisesse dizer:
só quando se tem que pagar os impostos aparece o problema da consciência; uma
definição precisa dos limites do campo e das relações recíprocas entre Estado e
Igreja.
De qualquer modo, é claro que o que
importa é o reino de Deus. É o único absoluto a ser procurado, Jesus veio
pregar o reino; esta é a realidade fundamental e clara. Diante deste anúncio,
tudo passa para segundo plano. Com isto, Jesus não quer negar a função de
César, mas quer atingir seus adversários que não compreenderam sua missão e
esquecem a questão decisiva.
Soberania
espiritual ou senhorio temporal?
O trecho é usado hoje, com frequência,
para reafirmar e dar um fundamento bíblico, revelado, à distinção e recíproca
autonomia entre Igreja e Estado. Muito provavelmente, a resposta de Jesus não
tinha esta intenção: tanto pelo contexto do relato, que não exigia um
pronunciamento sobre este problema, como pelo contexto histórico do seu tempo,
no qual não se distinguia ainda entre poder político e religioso. Mas a
resposta de Jesus é igualmente esclarecedora, porque indica uma direcção. Os
judeus do tempo de Jesus estavam habituados a conceber o reino, inaugurado pelo
futuro Messias, na forma de uma teocracia, isto é, como domínio directo de
Deus, através de seu povo, sobre toda a terra. A palavra de Jesus revela a
existência de um reino de Deus na história, no qual é possível a todos, não só
aos judeus, entrar desde já, sem esperar que se inaugure um hipotético reino
político de Deus em toda a terra. De facto, o reino de Deus tanto é possível
dentro de um reino pagão como no quadro de uma teocracia, pois não se
identifica com nenhum dos dois. Revelam-se assim dois modos qualitativamente
diferentes de domínio e de sabedoria de Deus no mundo: a soberania espiritual,
que constitui o reino de Deus e que ele exerce directamente em Cristo, e o
senhorio temporal, que ele exerce indirectamente, através do livre jogo das
causas segundas.
A
tarefa do cristão no mundo
A palavra de Jesus leva a nossa reflexão a
um dos problemas mais importantes e cruciais dos cristãos de hoje. O homem
moderno tem a profunda convicção de lhe caber uma tarefa histórica e
desempenhar na terra, tarefa proporcional à sua possibilidade cada vez maior, e
que implica um real domínio sobre o universo. O fim é este: a promoção da
comunidade humana no meio d e uma “cidade” cada vez mais fraterna. Esta tomada
de consciência é acompanhada às vezes de uma crítica amarga da religião,
considerada a responsável pela secular alienação dos homens. Muitos assumem
perante a religião uma atitude de desconsideração, como se ela não tivesse
nenhuma contribuição positiva a oferecer.
A fé cristão, vivia integralmente, longe
de sugerir demissão e evasão frente as tarefas terrestres do homem, ajusta os
que crêem a assumir as suas responsabilidades na conquista dos objectivos que
se impõem à consciência moderna. Os apelos do mundo actual encontram um eco
cada vez mais profundo em vastas camadas do povo cristão e, felizmente, não são
raros os cristãos coerentes que assumem os papéis da promoção, libertação e
construção de uma cidade terrestre mais justa e humana. O Vaticano II dedicou
uma parte importante dos seus trabalhos à análise das preocupações do homem do
Século XX, problemas em aparência mais profanos que religiosos, de tal modo que
as reticências ou ausências do cristão de ontem em relação ao seu compromisso
com o mundo, deveriam ser superadas.
A
construção da cidade terrestre
Entretanto, permanece uma pergunta: a
construção da cidade terrestre é uma tarefa importante, mas não estará ela
caduca? Construindo a cidade dos homens contribui-se ou não para a edificação
do reino de Deus? Não serão dois reinos diferentes?
A esperança cristã não se realiza,
certamente, em plenitude, senão no mundo futuro. Contudo, ela manifesta desde
já a sua eficácia: é uma força imensa no mundo, é um fermento que o faz
levedar, é um sal que dá sentido e sabor ao esforço humano de libertação, ao
empenho temporal. Não é alienação, não é álibi. Não existem duas esperanças:
uma terrena e outra celeste; a esperança é uma só: diz respeito à realidade
futura, mas através do empenho cristão, antecipa-a na realidade terrestre.
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Fazei, Senhor, que possamos servir ao vosso altar com plena liberdade de
espírito, para que estes mistérios que celebramos nos purifiquem de todo o
pecado.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Salmo 32, 18-19
O Senhor vela
sobre os seus fiéis,
sobre aqueles que
esperam na sua bondade,
para libertar da
morte as suas almas,
para os alimentar
no tempo da fome.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Concedei, Senhor, que a participação nos mistérios celestes nos
faça progredir na santidade, nos obtenha as graças temporais e nos confirme nos
bens eternos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
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