DOMINGO XXI DO TEMPO COMUM
[CATECISMO]
[…]
TODOS OS HOMENS SÃO CHAMADOS A ENTRAR NO REINO DE DEUS [543-546]
543 Todos os homens são chamados a
entrar no Reino. Anunciado primeiro aos filhos de Israel, este Reino messiânico
é destinado a acolher os homens de todas as nações. Para lhe ter acesso, é
preciso acolher a Palavra de Jesus:
«A
Palavra do Senhor compara-se à semente lançada ao campo: aqueles que a ouvem
com fé e entram a fazer parte do pequeno rebanho de Cristo, já receberam o
Reino; depois, por força própria, a semente germina e cresce até ao tempo da
messe».
544
O Reino é dos pobres e pequenos, quer dizer,
dos que o acolheram com um coração humilde. Jesus foi enviado para «trazer a
Boa-Nova aos pobres» (Lc 4, 18). Declara-os
bem-aventurados, porque «é deles o Reino dos céus» (Mt 5, 3). Foi
aos «pequenos» que o Pai se dignou revelar o que continua oculto aos sábios e
inteligentes. Jesus partilha a vida dos pobres, desde o presépio até à cruz:
sabe o que é sofrer a fome, a sede e a indigência. Mais ainda: identifica-se com os pobres de toda a
espécie, e faz do amor activo para com eles a condição da entrada no seu Reino.
545 Jesus convida os pecadores
para a mesa do Reino: «Eu não vim chamar os justos, mas os
pecadores» (Mc 2, 17).
Convida-os à conversão sem a qual não se pode entrar no Reino, mas por palavras
e actos, mostra-lhes a misericórdia sem limites do Seu Pai para com eles e a imensa «alegria que haverá
no céu, por um só pecador que se arrependa» (Lc 15, 7). A prova suprema deste amor será o sacrifício da sua
própria vida, «pela remissão dos pecados» (Mt
26, 28).
546 Jesus chama para entrar no Reino, por meio
de parábolas, traço característico do seu ensino. Por meio delas,
convida para o banquete do Reino, mas exige também uma opção radical: para
adquirir o Reino é preciso dar tudo. As palavras não bastam, exigem-se actos.
As parábolas são, para o homem, uma espécie de espelho: como é que ele recebe a
Palavra? Como chão duro, ou como terra boa? Que
faz ele dos talentos recebidos? Jesus e a presença do Reino neste mundo estão secretamente no
coração das parábolas. É preciso entrar no Reino, quer dizer, tornar-se
discípulo de Cristo, para «conhecer os mistérios do Reino dos céus» (Mt 13,
11). Para os que ficam «fora» (Mc 4, 11), tudo permanece enigmático.
IGREJA, SACRAMENTO UNIVERSAL DE SALVAÇÃO [774-776]
774 A
palavra grega mysterion foi traduzida em latim por dois termos: mysterium
e sacramentum. Na interpretação ulterior, o termo sacramentum exprime
prevalentemente o sinal visível da realidade oculta da salvação, indicada pelo
termo mysterium. Neste sentido, o próprio Cristo é o mistério da
salvação: «Nem há outro mistério senão Cristo. A obra salvífica da sua humanidade
santa e santificadora é o sacramento da salvação, que se manifesta e actua nos sacramentos
da Igreja (que as Igrejas do Oriente chamam também «os santos mistérios»). Os sete
sacramentos são os sinais e os instrumentos pelos quais o Espírito Santo
derrama a graça de Cristo, que é a Cabeça, na Igreja que é o seu Corpo. A
Igreja possui, pois, e comunica a graça invisível que significa; e é neste
sentido analógico que é chamada «sacramento».
775 «A Igreja em Cristo é como
que o sacramento ou sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade
de todo o género humano». Ser sacramento da união íntima do homem com Deus,
eis a primeira finalidade da Igreja. E porque a comunhão dos homens entre si
radica na união com Deus, a Igreja é, também, o sacramento da unidade do
género humano. Nela, esta unidade já começou, pois reúne homens «de toda a
nação, raça, povo e língua» (Ap 7, 9). A Igreja é, ao mesmo tempo,
«sinal e instrumento» da plena realização desta unidade, que ainda há-de vir.
776 Como sacramento, a Igreja é
instrumento de Cristo. «É assumida por Ele como instrumento da redenção
universal», «o sacramento universal da salvação», pelo qual o mesmo Cristo
«manifesta e simultaneamente actualiza o mistério do amor de Deus pelos homens».
É o «projecto visível do amor de Deus para com a humanidade», segundo o qual
Deus quer «que todo o género humano forme um só povo de Deus, se una num só
Corpo de Cristo e se edifique num só templo do Espírito Santo».
CUMPRIR A
VONTADE DO PAI PARA ENTRAR NO REINO DOS CÉUS [2825-2827]
2825
Jesus, «apesar de ser Filho, aprendeu, por aquilo que sofreu, o que
é obedecer» (Heb 5, 8). Com quanto mais razão nós, criaturas e
pecadores, que n’Ele nos tornamos filhos de adopção! Nós pedimos ao nosso Pai
que una a nossa vontade à do seu Filho para que se cumpra a vontade d’Ele, o
seu plano de salvação para a vida do mundo. Somos radicalmente impotentes para
tal, mas unidos a Jesus e com o poder do seu Espírito Santo, podemos
entregar-Lhe a nossa vontade e decidir escolher o que o seu Filho sempre
escolheu: fazer o que é do agrado do Pai:
«Aderindo a Cristo, podemos tornar-nos um só espírito com Ele
e assim cumprir a sua vontade; desse modo, ela será feita na terra como no céu».
«Considerai como Jesus Cristo nos ensina a ser humildes,
fazendo-nos ver que a nossa virtude não depende só do nosso trabalho, mas da
graça de Deus. Aqui, Ele ordena a todo o fiel que ora a fazê-lo de modo
universal, por toda a terra. Porque não diz “seja feita a vossa vontade” em mim
ou em vós, mas “em toda a terra”: para que dela seja banido o erro e nela reine
a verdade, o vício seja destruído e a virtude refloresça, e para que a terra
deixe de ser diferente do céu».
2826
É pela oração que podemos discernir qual é a vontade de Deus e obter perseverança para a
cumprir. Jesus ensina-nos que se entra no Reino dos céus, não por palavras, mas
«fazendo a vontade do meu Pai que está nos céus» (Mt 7, 21).
2827
«Se alguém honrar a Deus e cumprir a sua vontade, Ele o atende» (Jo
9, 31). Tal é o poder da oração da Igreja feita em nome do seu
Senhor, sobretudo na Eucaristia; ela é comunhão de intercessão com a santíssima
Mãe de Deus e com todos
os santos que foram «agradáveis» ao Senhor por não terem querido senão a sua
vontade:
«Podemos ainda, sem trair a verdade, traduzir estas palavras:
“seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu” por estoutras: na
Igreja como em nosso Senhor Jesus Cristo; na esposa que Lhe foi desposada, como
no esposo que cumpriu a vontade do Pai».
[…]
[LITURGIA DA PALAVRA]
LEITURA I – Is 66, 18-21
“De
todas as nações hão-de reconduzir os vossos irmãos”
O
desígnio de Deus é que todos os homens se salvem. De “todas as nações” e de
“todas as línguas”, o Senhor quer reconduzir a humanidade como oferenda à sua
glória, e assim realizar a vocação última de todos os homens: viverem
eternamente na casa do Pai comum, graças ao chamamento que a todos fez por meio
de Jesus Cristo.
Leitura do
Livro de Isaías
“Eis o que diz
o Senhor: «Eu virei reunir todas as nações e todas as línguas, para que venham
contemplar a minha glória. Eu lhes darei um sinal e de entre eles enviarei
sobreviventes às nações: a Társis, a Fut, a Lud, a Mosoc, a Rós, a Tubal e a
Javã, às ilhas remotas que não ouviram falar de Mim nem contemplaram ainda a
minha glória, para que anunciem a minha glória entre as nações. De todas as
nações, como oferenda ao Senhor, eles hão-de reconduzir todos os vossos irmãos,
em cavalos, em carros, em liteiras, em mulas e em dromedários, até ao meu santo
monte, em Jerusalém – diz o Senhor – como os filhos de Israel trazem a sua
oblação em vaso puro ao templo do Senhor. Também escolherei alguns deles para
sacerdotes e levitas».”
Palavra do Senhor
LEITURA II – Hebr 12,
5-7.11-13
“O
Senhor corrige aquele que ama”
A
palavra que foi dirigida aos nossos irmãos do passado em tempo de perseguição
para os encorajar na provação, vem sempre a propósito também para nós para nos
ensinar a ver com olhos de fé as muitas provações da vida e a entendê-las no
seu sentido positivo, que é sempre desígnio de amor de Deus sobre nós.
Leitura da
Epístola aos Hebreus
“Irmãos: Já
esquecestes a exortação que vos é dirigida, como a filhos que sois: «Meu filho,
não desprezes a correcção do Senhor, nem desanimes quando Ele te repreende;
porque o Senhor corrige aquele que ama e castiga aquele que reconhece como
filho». É para vossa correcção que sofreis. Deus trata-vos como filhos. Qual é
o filho a quem o pai não corrige? Nenhuma correcção, quando se recebe, é
considerada como motivo de alegria, mas de tristeza. Mais tarde, porém, dá
àqueles que assim foram exercitados um fruto de paz e de justiça. Por isso,
levantai as vossas mãos fatigadas e os vossos joelhos vacilantes e dirigi os
vossos passos por caminhos direitos, para que o coxo não se extravie, mas antes
seja curado.”
Palavra do Senhor
EVANGELHO – Lc 13, 22-30
“Hão-de vir do Oriente e do Ocidente e sentar-se-ão à mesa no reino
de Deus”
Jesus
diz-nos que todos os homens são chamados à salvação e a viverem com Deus; mas
que este desígnio de Deus tem de ser acolhido por cada um, que terá, por isso,
de se esforçar por passar pela porta estreita, não vá, por negligência, ficar
de fora da sala do banquete do reino de Deus.
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
“Naquele
tempo, Jesus dirigia-Se para Jerusalém e ensinava nas cidades e aldeias por
onde passava. Alguém Lhe perguntou: «Senhor, são poucos os que se salvam?». Ele
respondeu: «Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque Eu vos digo que
muitos tentarão entrar sem o conseguir. Uma vez que o dono da casa se levante e
feche a porta, vós ficareis fora e batereis à porta, dizendo: ‘Abre-nos,
senhor’; mas ele responder-vos-á: ‘Não sei donde sois’. Então começareis a
dizer: ‘Comemos e bebemos contigo e tu ensinaste nas nossas praças’. Mas ele
responderá: ‘Repito que não sei donde sois. Afastai-vos de mim, todos os que
praticais a iniquidade’. Aí haverá choro e ranger de dentes, quando virdes no
reino de Deus Abraão, Isaac e Jacob e todos os Profetas, e vós a serdes postos
fora. Hão-de vir do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e sentar-se-ão à
mesa no reino de Deus. Há últimos que serão dos primeiros e primeiros que serão
dos últimos».”
Palavra da Salvação
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