DOMINGO XXIII DO TEMPO COMUM
[CATECISMO]
[…]
A TRANSCENDÊNCIA DE DEUS [273, 300, 314]
273 Só a fé pode aderir aos
caminhos misteriosos da omnipotência de Deus. Esta fé gloria-se nas suas
fraquezas, para atrair a si o poder de Cristo. Desta fé é modelo supremo a
Virgem Maria, pois acreditou que «a Deus nada é impossível» (Lc 1,
37) e pôde proclamar a grandeza do Senhor: «O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas;
‘Santo’ – é o seu nome» (Lc 1, 49).
300 Deus é infinitamente maior do
que todas as suas obras: «A vossa majestade está acima dos céus» (Sl 8, 2),
«insondável é a sua grandeza» (Sl 145, 3). Mas, porque Ele é o Criador soberano
e livre, causa primeira de tudo quanto existe, está presente no mais íntimo das
suas criaturas: «É n’Ele que vivemos, nos movemos e existimos» (Act 17, 28).
Segundo as palavras de Santo Agostinho, Ele é «superior summo meo et interior intimo meo – Deus está acima do que
em mim há de mais elevado e é mais interior do que aquilo que eu tenho de mais íntimo».
314 Nós cremos firmemente que Deus é o
Senhor do mundo e da história. Muitas vezes, porém, os caminhos da sua
Providência são-nos desconhecidos. Só no fim, quando acabar o nosso
conhecimento parcial e virmos Deus «face a face» (1 Cor 13, 12), é que nos
serão plenamente conhecidos os caminhos pelos quais, mesmo através do mal e do
pecado, Deus terá conduzido a criação ao repouso desse Sábado definitivo,
em vista do qual criou o céu e a terra.
PREFERIR CRISTO A TUDO E A TODOS [254]
2544
Jesus impõe aos seus discípulos que O prefiram a tudo e a todos e
propõe-lhes que renunciem a todos os seus bens por causa d’Ele e do Evangelho.
Pouco antes da sua paixão, deu-lhes o exemplo da pobre viúva de Jerusalém que,
da sua penúria, deu tudo o que tinha para viver. O preceito do desapego das riquezas
é obrigatório para entrar no Reino dos céus.
SEGUIR
CRISTO NA VIDA CONSAGRADA [914-919, 931-932]
914 «O
estado de vida constituído pela profissão dos conselhos evangélicos, embora não
pertença à estrutura hierárquica da Igreja, está, no entanto, incontestavelmente
ligado à sua vida e santidade».
915
Os conselhos evangélicos são, na sua multiplicidade, propostos a todos
os discípulos de Cristo. A perfeição da caridade, a que todos os fiéis são
chamados, comporta, para aqueles que livremente assumem o chamamento à vida consagrada,
a obrigação de praticar a castidade no celibato por amor do Reino, a pobreza e
a obediência. É a profissão destes conselhos, num estado de vida estável
reconhecido pela Igreja, que caracteriza a «vida consagrada» a Deus.
916
A partir daí, o estado de vida consagrada aparece como uma das maneiras de
viver uma consagração «mais íntima», radicada no Baptismo e totalmente dedicada
a Deus. Na vida consagrada, os fiéis propõem-se, sob a moção do Espírito Santo,
seguir Cristo mais de perto, entregar-se a Deus amado acima de todas as coisas
e, procurando a perfeição da caridade ao serviço do Reino, ser na Igreja sinal
e anúncio da glória do mundo que há-de vir.
917
«Tal como uma árvore se ramifica maravilhosa e variadamente no campo do Senhor,
a partir de uma semente lançada por Deus, assim surgiram diversas formas de
vida solitária ou comum, e várias famílias religiosas que vêm aumentar a
riqueza espiritual, tanto em proveito dos seus próprios membros como no de todo
o Corpo de Cristo».
918 «Desde as origens da Igreja, houve homens e
mulheres que se propuseram, pela prática dos conselhos evangélicos, seguir mais
livremente Cristo e imitá--Lo de modo mais fiel. Cada qual a seu modo, levaram
uma vida consagrada a Deus. Muitos de entre eles, sob o impulso do Espírito
Santo, viveram na solidão; outros fundaram famílias religiosas que a Igreja de
bom grado acolheu e aprovou com a sua autoridade».
919 Os bispos devem esforçar-se sempre por discernir os novos dons de vida consagrada,
confiados pelo Espírito Santo à sua Igreja. A aprovação de novas formas de vida
consagrada é reservada à Sé Apostólica.
931 Entregando-se a Deus amado sobre todas as coisas, aquele que pelo
Baptismo já Lhe estava devotado, encontra-se, assim, mais intimamente consagrado
ao serviço divino e dedicado ao bem da Igreja. Pelo estado de consagração a
Deus, a Igreja manifesta Cristo e mostra como o Espírito Santo nela actua de
modo admirável. Aqueles que professam os conselhos evangélicos têm, pois, por missão,
antes de mais, viver a sua consagração. «Visto estarem dedicados, em virtude da
sua consagração, ao serviço da Igreja, têm obrigação de trabalhar, de modo
especial, segundo a índole própria do instituto, na acção missionária».
932 Na Igreja, que é como o sacramento, isto é, o sinal e o instrumento da
vida de Deus, a vida consagrada surge como um sinal particular do mistério da
Redenção. Seguir e imitar Cristo «mais de perto», manifestar «mais claramente»
o seu aniquilamento, é estar «mais profundamente» presente, no coração de
Cristo, aos seus contemporâneos. Quem segue este caminho «mais estreito»
estimula os seus irmãos pelo exemplo e «dá este esplêndido e sublime
testemunho: o mundo não pode ser transfigurado e oferecido a Deus sem o
espírito das bem-aventuranças».
933 Quer este testemunho seja público, como no estado religioso, quer seja
mais discreto ou mesmo secreto, a vinda de Cristo é, para todos os consagrados,
a origem e a meta das suas vidas:
«Como o povo de Deus não tem na
terra cidade permanente [...], o estado religioso [...] manifesta a todos os
crentes a presença, já neste mundo, dos bens celestes; dá testemunho da vida
nova e eterna adquirida pela redenção de Cristo e anuncia a ressurreição futura
e a glória celeste.
[…]
[LITURGIA DA PALAVRA]
LEITURA I – Sab 9, 13-19
(gr. 13-18b)
“Quem
pode sondar as intenções do Senhor”
Tudo
é conduzido pela Sabedoria de Deus, sabedoria esta que se revela por todos os
meios ao homem atento em a perscrutar e desejoso de conhecer os seus caminhos.
Mas é a Sabedoria encarnada, Jesus Cristo, que é para nós a última Palavra
sobre os desígnios de Deus.
Leitura do
Livro da Sabedoria
“Qual o homem
que pode conhecer os desígnios de Deus? Quem pode sondar as intenções do
Senhor? Os pensamentos dos mortais são mesquinhos e inseguras as nossas
reflexões, porque o corpo corruptível deprime a alma e a morada terrestre
oprime o espírito que pensa. Mal podemos compreender o que está sobre a terra e
com dificuldade encontramos o que temos ao alcance da mão. Quem poderá então
descobrir o que há nos céus? Quem poderá conhecer, Senhor, os vossos desígnios,
se Vós não lhe dais a sabedoria e não lhe enviais o vosso espírito santo? Deste
modo foi corrigido o procedimento dos que estão na terra, os homens aprenderam
as coisas que Vos agradam e pela sabedoria foram salvos.”
Palavra do Senhor
LEITURA II – Flm 9b-10.12-17
“Revolução
social”
Exemplo
de “revolução social” trazida ao mundo por Cristo é esta atitude de ternura de
S. Paulo em favor de um escravo que tinha fugido, e por quem ele intercede
junto do seu senhor. É um pequeno escrito de ocasião, mas é nas mais simples
ocasiões que se manifesta a caridade.
Leitura da
Epístola do apóstolo São Paulo a Filémon
“Caríssimo:
Eu, Paulo, prisioneiro por amor de Cristo Jesus, rogo-te por este meu filho,
Onésimo, que eu gerei na prisão. Mando-o de volta para ti, como se fosse o meu
próprio coração. Quisera conservá-lo junto de mim, para que me servisse, em teu
lugar, enquanto estou preso por causa do Evangelho. Mas, sem o teu
consentimento, nada quis fazer, para que a tua boa acção não parecesse forçada,
mas feita de livre vontade. Talvez ele se tenha afastado de ti durante algum
tempo, a fim de o recuperares para sempre, não já como escravo, mas muito
melhor do que escravo: como irmão muito querido. É isto que ele é para mim e
muito mais para ti, não só pela natureza, mas também aos olhos do Senhor. Se me
consideras teu amigo, recebe-o como a mim próprio.”
Palavra do Senhor
EVANGELHO – Lc 14, 25-33
“Quem não renunciar a todos os seus bens não pode ser meu discípulo”
O
conhecimento dos desígnios de Deus há-de levar à compreensão da palavra de
Jesus, hoje tão exigente. Quem conhece o Senhor, reconhece também que é Ele
quem revela os verdadeiros critérios para avaliar todos os valores da vida,
critérios orientados pelo Espírito de Deus, e tão diferentes dos critérios do
mundo. A renúncia que Jesus apresenta é, no fim de contas, o meio de ganhar, de
ganhar as riquezas do reino de Deus.
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
“Naquele
tempo, seguia Jesus uma grande multidão. Jesus voltou-Se e disse-lhes: «Se
alguém vem ter comigo, e não Me preferir ao pai, à mãe, à esposa, aos filhos,
aos irmãos, às irmãs e até à própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não
toma a sua cruz para Me seguir, não pode ser meu discípulo. Quem de vós,
desejando construir uma torre, não se senta primeiro a calcular a despesa, para
ver se tem com que terminá-la? Não suceda que, depois de assentar os alicerces,
se mostre incapaz de a concluir e todos os que olharem comecem a fazer troça,
dizendo: ‘Esse homem começou a edificar, mas não foi capaz de concluir’. E qual
é o rei que parte para a guerra contra outro rei e não se senta primeiro a
considerar se é capaz de se opor, com dez mil soldados, àquele que vem contra
ele com vinte mil? Aliás, enquanto o outro ainda está longe, manda-lhe uma
delegação a pedir as condições de paz. Assim, quem de entre vós não renunciar a
todos os seus bens, não pode ser meu discípulo».”
Palavra da Salvação
Sem comentários:
Enviar um comentário