DOMINGO IV DO ADVENTO
ANÚNCIO A JOSÉ
Jesus não é apenas filho da história dos homens. É o próprio Filho de
Deus, o Deus que está connosco. Ele inicia a nova história, em que os homens
serão salvos (Jesus = Deus salva) de tudo o que diminui ou destrói a vida e a
liberdade (os pecados). O relato mostra com toda a clareza que a maternidade de
Maria não é obra de José, mas do Espírito Santo, facto que é afirmado duas vezes
no breve relato. José, interpelado enfaticamente como “Filho de David”, garante
a linhagem dinástica de Jesus, que receberá esse título. Celebraram-se, segundo
o costume, os esponsais, não o casamento, e não há coabitação precedendo o
nascimento. Aqui se diz que José era “honrado”. O termo poderia significar que
era “inocente” no assunto que começava a manifestar-se, mas que não queria
repudiá-la. “Privadamente” com o mínimo de testemunhas, sem processo ou acção
pública. A visão em sonhos recorda os sonhos de outro José e supera-os. O
menino será realmente “filho” de Maria. Se José impõe o nome é porque age como
pai legal. O nome do menino (o mesmo que Josué é parecido com Oseias) enuncia e
anuncia o destino: se um rei deve “salvar” o seu povo, também o descendente de David
nasce para salvar o seu povo dos pecados. Salvação teológica, não política.
Mateus emprega o sonho como meio de revelação fidedigna. São José legou a Jesus
a descendência de David. Jesus pôde, portanto, reivindicar este título
messiânico prenunciado pela Eucaristia. Esta função de José é posta em
particular relevo pela dupla genealogia de Jesus, que os evangelistas nos
deixaram (Mt 1,1-17; Lc 3,23-38). Além disso, José, o patriarca que realiza o
tema bíblico dos “sonhos” (Mt 1,20-24; 2,13-19), com os quais Deus
frequentemente comunicou aos homens as suas intenções. Como João Baptista é o
último dos profetas, porque aponta (Jo 1,29) aquele que as profecias
anunciaram, José é o último patriarca bíblico, que recebeu o dom dos “sonhos”
(Gn 28,10-20; 37,6-11). Essa semelhança com os antigos patriarcas manifesta-se,
ainda mais claramente, no relato da fuga para o Egipto, com a qual José refaz a
viagem do antigo José, a fim de que se cumpra nele e em Jesus, o seu filho, o
novo êxodo (Mt 2,13-23; Os 11,1; Gn 37; 50,22-26).
LEITURA I – Is 7,
10-14
“A virgem
conceberá”
As
leituras deste Quarto Domingo do Advento orientam-se, de maneira directa, para
o Nascimento do Senhor. Nele tem lugar central Maria, a Mãe de Jesus. A figura
da virgem que há-de dar à luz, anunciada pelo profeta, virá a encontrar a sua
realização perfeita na Virgem Maria. A graça que os homens não ousariam sequer
imaginar, nem muito menos pedir, como também o rei não quis pedir a Deus um
sinal, Deus lha oferece generosamente como porta por onde virá a salvação.
Leitura do
Livro de Isaías
“Naqueles
dias, o Senhor mandou ao rei Acaz a seguinte mensagem: «Pede um sinal ao Senhor
teu Deus, quer nas profundezas do abismo, quer lá em cima nas alturas». Acaz
respondeu: «Não pedirei, não porei o Senhor à prova». Então Isaías disse:
«Escutai, casa de David: Não vos basta que andeis a molestar os homens para
quererdes também molestar o meu Deus? Por isso, o próprio Senhor vos dará um
sinal: a virgem conceberá e dará à luz um filho e o seu nome será Emanuel».”
Palavra do Senhor
LEITURA II – Rom 1, 1-7
“Jesus
Cristo, nascido da descendência de David, segundo a carne”
Jesus
Cristo é o Messias anunciado desde longas eras, verdadeiro homem, descendente
de David, mas igualmente Filho de Deus, como Ele Se manifestou na ressurreição
de entre os mortos. Aí Deus Pai O elevou e Lhe deu o poder supremo e O coroou
de glória, da qual torna participantes os que n’Ele crêem.
Leitura da
Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
“Paulo, servo
de Jesus Cristo, apóstolo por chamamento divino, escolhido para o Evangelho que
Deus tinha de antemão prometido pelos profetas nas Sagradas Escrituras, acerca
de seu Filho, nascido, segundo a carne, da descendência de David, mas, segundo
o Espírito que santifica, constituído Filho de Deus em todo o seu poder pela
sua ressurreição de entre os mortos: Ele é Jesus Cristo, Nosso Senhor. Por Ele
recebemos a graça e a missão de apóstolo, a fim de levarmos todos os gentios a
obedecerem à fé, para honra do seu nome, dos quais fazeis parte também vós,
chamados por Jesus Cristo. A todos os que habitam em Roma, amados por Deus e
chamados a serem santos, a graça e a paz de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus
Cristo.”
Palavra do Senhor
EVANGELHO – Mt 1, 18-24
“Jesus nascerá de Maria, noiva de José, filho de David”
No
Evangelho proclamamos que o anúncio profético da primeira leitura se realizou,
à letra, quando a Virgem Santa Maria Se tornou Mãe de Jesus. O desígnio de Deus
é um só, e vai-se realizando, através das gerações, apesar da infidelidade dos
homens, até atingir o ponto culminante em Jesus Cristo, O qual encarnou pelo
poder do Espírito Santo, na Virgem Maria, esposa de José, filho de David.
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“O nascimento
de Jesus deu-se do seguinte modo: Maria, sua Mãe, noiva de José, antes de terem
vivido em comum, encontrara-se grávida por virtude do Espírito Santo. Mas José,
seu esposo, que era justo e não queria difamá-la, resolveu repudiá-la em
segredo. Tinha ele assim pensado, quando lhe apareceu num sonho o Anjo do
Senhor, que lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua
esposa, pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo. Ela dará à luz um
Filho e tu pôr-Lhe-ás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus
pecados». Tudo isto aconteceu para se cumprir o que o Senhor anunciara por meio
do Profeta, que diz: «A Virgem conceberá e dará à luz um Filho, que será
chamado ‘Emanuel’, que quer dizer ‘Deus connosco’». Quando despertou do sono,
José fez como o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu sua esposa.”
Palavra da Salvação
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