sábado, 25 de fevereiro de 2017

NÃO VOS INQUIETEIS COM O DIA DE AMANHÃ




Confiança plena, mas não passiva
A aquisição de bens necessários para viver torna-se ansiedade contínua e pesada, se não for precedida pela busca da justiça do Reino, isto é, a promoção de relações de partilha e fraternidade. O necessário para a vida virá junto com essa justiça, como fruto natural de árvore boa. Jesus exortou os seus discípulos a “buscarem, antes de qualquer coisa, o Reino de Deus e a sua justiça”. Esta admoestação pode ser tomada como uma espécie de resumo dos ensinamentos do Mestre. Nela está sintetizado o essencial da sua doutrina. Busca o Reino de Deus quem centra a sua vida em Deus e na sua vontade, não deixando de fora nenhum âmbito da sua existência, por mais simples que seja. Deus não quer ter concorrentes, e não os tem. A idolatria não encontra lugar no coração do discípulo, uma vez que está solidamente ancorado em Deus. A justiça do Reino decorre desta busca sincera, sendo sua expressão. Ela torna-se patente no modo de proceder do discípulo cuja vida está centrada em Deus. Neste sentido, a justiça torna-se sinónimo de amor misericordioso, solidariedade fraterna, perdão reconciliador, igualdade respeitosa, empenho por construir a paz. A Justiça do Reino é acção visando expandir o senhorio de Deus na vida de cada pessoa e da sociedade. É luta em prol de um mundo mais conformado com o querer divino. É rejeição de tudo quanto impede o Reino de acontecer. Enfim, é recusa a toda forma de idolatria e de injustiça. A busca do Reino de Deus e da sua justiça polariza de tal modo as preocupações do discípulo, a ponto de nada mais lhe parecer importante. Independentemente das suas preocupações, ele terá, por acréscimo, tudo quanto necessita. Com uma clareza meridiana, Jesus faz a contraposição entre o projecto de Deus e o projecto de enriquecimento pessoal. O destinatário do nosso serviço é o destinatário do nosso amor. Quem serve a Deus ama a Deus. Quem serve ao dinheiro ama o dinheiro. Servir a Deus é servir a causa da vida, em comunhão de amor com os irmãos, particularmente os mais necessitados. Servir ao dinheiro é consumir-se em preocupações sobre como aumentar as suas riquezas e mantê-las. Quem serve ao dinheiro está consolidando a estrutura socioeconómica que favorece o enriquecimento de minorias, à custa da exploração das maiorias empobrecidas, os trabalhadores, que produzem os bens, e os consumidores. A bem-aventurança da pobreza conduz à paz, no abandono nas mãos de Deus. Alcança-se, assim, a liberdade e a disponibilidade para servir os irmãos, em comunhão com Deus na eternidade.

O cristão, apoiado nas palavras de Jesus, evita a concepção ingénua e mágica dos que circundam em Deus passivamente no quietismo, e também a pretensão orgulhosa do ateu que risca o nome de Deus do seu horizonte. A confiança do cristão em Deus é total e sem reservas, mas não passiva e alienante. Pelo contrário, desta confiança precisamente nasce a sua actividade, porque sabe que o seu trabalho é continuação da obra criadora de Deus. É colaborador de Deus e, como ele, “construtor para a eternidade”.
O homem descobre-se colaborador de Deus, artífice do próprio destino sobre a terra, porque tudo foi posto à sua disposição”.

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 17, 19-20
O Senhor veio em meu auxílio,
livrou-me da angústia e pôs-me em liberdade.
Levou-me para lugar seguro, salvou-me pelo seu amor.

ORAÇÃO COLECTA
Fazei, Senhor,
que os acontecimentos do mundo
decorram para nós segundo os vossos desígnios de paz
e a Igreja Vos possa servir na tranquilidade e na alegria.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LEITURA I – Is 49, 14-15

Eu não te esquecerei

O amor de Deus pelos homens é a origem da própria criação e de toda a história da salvação, e é atitude constante de Deus que nunca deixa o homem abandonado nem completamente entregue a si próprio. Por isso Deus pede ao homem que O ame a Ele acima de todas as coisas. A maior manifestação do amor de Deus pelos homens é a vinda a este mundo de nosso Senhor Jesus Cristo; mas já o Antigo Testamento afirmava claramente este amor, como nesta breve passagem do profeta. Só esse amor traz ao homem a paz total.

Leitura do Livro de Isaías
“Sião dizia: «O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-Se de mim». Poderá a mulher esquecer a criança que amamenta e não ter compaixão do filho das suas entranhas? Mas ainda que ela se esquecesse, Eu não te esquecerei.”
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 61 (62), 2-3.6-7.8-9ab (R. 6a)
Refrão: Só em Deus descansa, ó minha alma. (Repete-se)

Só em Deus descansa a minha alma,
d’Ele me vem a salvação.
Ele é meu refúgio e salvação,
minha fortaleza: jamais serei abalado. (Refrão)

Minha alma, só em Deus descansa:
d’Ele vem a minha esperança.
Ele é meu refúgio e salvação,
minha fortaleza: jamais serei abalado. (Refrão)

Em Deus está a minha salvação e a minha glória,
o meu abrigo, o meu refúgio está em Deus.
Povo de Deus, em todo o tempo ponde n’Ele
a vossa confiança,
desafogai em sua presença os vossos corações. (Refrão)

LEITURA II – 1 Cor 4, 1-5

O Senhor manifestará o desígnio dos corações

A comunidade cristã de Corinto não era das mais fáceis. Frequentemente nasciam nela questiúnculas, divisões, contestações. O próprio Apóstolo Paulo não escapava a essas críticas. Situações tristes, fruto das limitações humanas. No meio de todas essas intrigas, S. Paulo entrega-se ao juízo de Deus. Só Ele sabe e pode ser o Juiz das intenções dos homens. Hoje, como então, a comunidade cristã não está livre de humilhações semelhantes às da Igreja de Corinto.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
“Irmãos: Todos nos devem considerar como servos de Cristo e administradores dos mistérios de Deus. Ora o que se requer nos administradores é que sejam fiéis. Quanto a mim, pouco me importa ser julgado por vós ou por um tribunal humano; nem sequer me julgo a mim próprio. De nada me acusa a consciência, mas não é por isso que estou justificado: quem me julga é o Senhor. Portanto, não façais qualquer juízo antes do tempo, até que venha o Senhor, que há-de iluminar o que está oculto nas trevas e manifestar os desígnios dos corações. E então cada um receberá da parte de Deus o louvor que merece.”
Palavra do Senhor

ALELUIA – Hebr 4, 12
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
A palavra de Deus é viva e eficaz,
conhece os pensamentos e intenções do coração. (Refrão)

EVANGELHO – Mt 6, 24-34

Não vos inquieteis com o dia de amanhã

Jesus pede aos seus discípulos que ponham toda a sua confiança em Deus. Não lhes diz que não tenham cuidados com as exigências da vida, o que é uma obrigação, mas que se abandonem à providência de Deus na oração e na confiança, e que não façam dos bens materiais – o texto diz do dinheiro, considerado como deus –, objecto de culto. As coisas adoradas como deus, não passam de ídolos; e, se as adorasse, o cristão voltaria ao paganismo. À preocupação desordenada, que leva à inquietação, Jesus contrapõe a confiança, que gera a paz: “Não vos inquieteis...”, diz o Senhor.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há-de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro. Por isso vos digo: «Não vos preocupeis, quanto à vossa vida, com o que haveis de comer, nem, quanto ao vosso corpo, com o que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu: não semeiam nem ceifam nem recolhem em celeiros; o vosso Pai celeste as sustenta. Não valeis vós muito mais do que elas? Quem de entre vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à sua estatura? E porque vos inquietais com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam; mas Eu vos digo: nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles. Se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao forno, não fará muito mais por vós, homens de pouca fé? Não vos inquieteis, dizendo: ‘Que havemos de comer? Que havemos de beber? Que havemos de vestir?’ Os pagãos é que se preocupam com todas estas coisas. Bem sabe o vosso Pai celeste que precisais de tudo isso. Procurai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo. Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, porque o dia de ama­nhã tratará das suas inquietações. A cada dia basta o seu cuidado».”
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Senhor, que nos concedeis estes dons que Vos oferecemos
e nos atribuís o mérito do oferecimento,
nós Vos suplicamos:
o que nos dais como fonte de mérito
nos obtenha o prémio da felicidade eterna.
Por Nosso Senhor.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 12, 6
Cantarei ao Senhor pelo bem que me fez,
exaltarei o nome do Senhor, cantarei hinos ao Altíssimo.

Ou      Mt 28, 20
Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos,
diz o Senhor.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos saciais com os vossos dons sagrados,
concedei-nos, por este sacramento
com que nos alimentais na vida presente,
a comunhão convosco na vida eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



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