10.º Domingo do tempo comum –
Santíssima Trindade
“Deus é
comunidade de amor”
Quando o homem olha para dentro de si, a fim de analisar sua experiência
religiosa, tem a sensação de um abismo sem fundo, uma profundeza infinita. A
essa profundeza inatingível do nosso ser refere-se a palavra “Deus”. Deus
significa isto: a profundeza última da nossa vida, a fonte do nosso ser, a meta
de todos os nossos esforços. Esse fundo íntimo do nosso ser manifesta-se na
abertura do nosso “eu para um ‘tu’”, e na seriedade dessa inclinação. Vemos
assim impressa em nosso ser a realidade profunda e grandiosa do Deus cristão, a
Trindade. Isto é, o mistério de um Deus que é comunidade e comunhão de vida. Um
Deus que é Pai, Filho, Espírito Santo.
A comunhão com
Deus, fim do homem
O próprio Deus vem ao homem, manifesta-se a ele como “Senhor”, mas cheio
de bondade e misericórdia, rico em graça e fidelidade. Na exuberância do seu
amor pelo mundo, manifestado no dom de seu Filho único para salvá-lo, o Deus do
amor e da paz derrama sobre os homens a sua graça em Cristo, e chama-os à
comunhão com ele no Espírito Santo.
A Comunidade Trinitária é verdadeiramente o valor último e supremo, o
único verdadeiro fim último do homem, uma vez que Deus, e somente Deus, é a
plenitude de toda a perfeição.
A Comunidade Trinitária é verdadeiramente mistério, realidade que supera
absolutamente toda compreensão humana. Deus jamais deixará de causar a
admiração do homem, e nunca homem algum penetrará na terra de Deus se não
estiver disposto a se desarraigar, como Abraão (Gn 12,1), das fronteiras das
suas limitações e da estreiteza das suas seguranças. A oração não deve reduzir
Deus aos limites do homem; mas, deve dilatar o homem aos horizontes de Deus. O
silêncio, que o Pai parece opor em muitos casos aos pedidos humanos, nasce da
autenticidade da sua paternidade, da sua firmeza em não condescender com a
mesquinhez dos planos humanos, para poder substitui-los por planos bem maiores,
nascidos do seu amor.
A Comunidade Trinitária é o verdadeiro futuro do homem, só ela pode
assegurar ao homem um plano de vida sem limites, porque é capaz de superar até
a morte. Diz eficazmente santo Agostinho: “Deus é tão inexaurível que quando
encontrado ainda falta tudo para encontrá-lo”. Isso significa que o dinamismo e
a criatividade humana encontram nele um horizonte sem limites; portanto, um
futuro total.
Um só Deus em
três pessoas
Esta revelação não vem simplesmente satisfazer a nossa necessidade de
conhecer Deus; concerne directamente ao destino do homem e da criação. De facto,
a salvação, como comunhão de amor entre Deus e o homem, reflecte as
características dos dois interlocutores que a constituem: Deus e o homem. Ora,
o homem só pode ser compreendido a partir de Deus: feito à imagem de Deus, é
plasmado conforme o Cristo, que é a imagem perfeita de Deus (Cl 1,15).
Portanto, as perguntas e respostas sobre Deus são de uma importância
fundamental para compreender o homem. Concretamente, a vida humana, de um ponto
de vista religioso, desenvolve-se e expande-se proporcionalmente ao “conhecimento”
do mistério de Deus (Jo 17,3). Se o homem é destinado à comunhão com Deus Pai,
é claro que a sua vida tem tanto mais valor quanto mais ele consegue seguir o
movimento de “subida aos céus” inaugurado pela ascensão de Jesus (Jo 12,32),
até se sentar à direita do Pai para vê-lo face a face. O Padre Faber escreveu
que “todo aprofundamento da ideia sobre Deus equivale a um novo nascimento”. O
mistério do amor Trinitário revela algo do mistério mais profundo do homem; por
sermos como somos, criaturas capazes de conhecer, amar, gerar, só podemos
exprimir-nos em termos humanos, mas chegamos com a mais profunda admiração ao
último porquê: como pôde ter nascido a ideia de “conhecer”, “amar”, “gerar”?
Não nasceu. Ela é. Porque Deus é amor. O mistério de Deus não é um mistério de
solidão, mas de convivência, criatividade, conhecimento, amor, de dar e
receber; e por isso, somos como somos.
Buscar Deus
Na nossa vida quotidiana, às vezes sombria, às vezes trágica ou muito
complicada, em que devemos cuidar de mil coisas que nos pressionam de toda
parte, a luz de Deus é o amor. Devemos voltar-nos para esta luz se não nos
quisermos desviar do verdadeiro fim de nossa existência. Gostaríamos de poder
dizer: “Aqui está Deus; Deus é assim…”. Mas, não é possível. O próprio Deus sai
dos quadros e das imagens e oculta-se naqueles que precisam de nós, e diz: “Aqui
estou!” Esconde-se nos pequeninos da terra e diz: “Buscai-me aqui!” Quem quer
viver com Deus não se encontra diante de uma conclusão, mas sempre diante de um
início novo como cada novo dia.
MISSA
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ANTÍFONA DE ENTRADA
Bendito seja Deus Pai,
bendito o Filho Unigénito,
bendito o Espírito Santo,
pela sua infinita misericórdia.
Diz-se o Glória.
ORAÇÃO COLECTA
Deus Pai,
que
revelastes aos homens o vosso admirável mistério,
enviando
ao mundo a Palavra da verdade
e o
Espírito da santidade,
concedei-nos
que, na profissão da verdadeira fé,
reconheçamos
a glória da eterna Trindade
e adoremos
a Unidade na sua omnipotência.
Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I – Ex 34, 4b-6.8-9
“O Senhor, o Senhor é um
Deus clemente e compassivo”
Deus manifesta-Se a Moisés
como um Deus cheio de amor e de ternura para com o Seu povo. Sem deixar de ser
justo, antes de tudo e acima de tudo, Ele é o Deus que ama e perdoa.
Compenetrado desta verdade,
Moisés não tem receio de interceder pelo Povo, que fora infiel à Aliança,
voltando as costas, ao Deus vivo, para se entregar aos ídolos. E Moisés não vê
frustrada a sua esperança. Deus continuará no meio do Seu povo, porque Ele é,
na verdade, Aquele que salva.
Leitura do Livro do Êxodo
“Naqueles dias, Moisés
levantou-se muito cedo e subiu ao monte Sinai, como o Senhor lhe ordenara,
levando nas mãos as tábuas de pedra. O Senhor desceu na nuvem, ficou junto de
Moisés, que invocou o nome do Senhor. O Senhor passou diante de Moisés e
proclamou: «O Senhor, o Senhor é um Deus clemente e compassivo, sem pressa para
Se indignar e cheio de misericórdia e fidelidade». Moisés caiu de joelhos e
prostrou-se em adoração. Depois disse: «Se encontrei, Senhor, aceitação a
vossos olhos, digne-Se o Senhor caminhar no meio de nós. É certo que se trata
de um povo de dura cerviz, mas Vós perdoareis os nossos pecados e iniquidades e
fareis de nós a vossa herança».”
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL – Dan 3, 52.53.54.55.56
(R. 52b)
Refrão: Digno é o Senhor de louvor e de glória para sempre. (Repete-se)
Ou: Louvor e glória ao Senhor para sempre. (Repete-se)
Bendito sejais,
Senhor, Deus dos nossos pais:
digno de louvor e
de glória para sempre.
Bendito o vosso
nome glorioso e santo:
digno de louvor e
de glória para sempre. (Refrão)
Bendito sejais no
templo santo da vossa glória:
digno de louvor e
de glória para sempre.
Bendito sejais no
trono da vossa realeza:
digno de louvor e
de glória para sempre. (Refrão)
Bendito sejais, Vós
que sondais os abismos
e estais sentado
sobre os Querubins:
digno de louvor e
de glória para sempre.
Bendito sejais no
firmamento do céu:
digno de louvor e
de glória para sempre. (Refrão)
LEITURA II – 2 Cor 13, 11-13
“A
graça de Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo”
Ao iniciarmos as
nossas assembleias litúrgicas com o voto de S. Paulo, no final da carta aos
Coríntios nós professamos a nossa fé no mistério de um Deus em três Pessoas
distintas. Nós reconhecemos que a presença da Trindade é o que constitui a
comunidade cristã. Na verdade, é pelo dom gratuito de Jesus Cristo, pelo amor
universal do Pai e pela força unitiva do Espírito de caridade que somos
congregados em assembleia, para celebrarmos a glória de Deus.
Reunida pela acção
da Santíssima Trindade, a comunidade cristã deve empenhar-se em se assemelhar à
comunidade trinitária vivendo na busca da perfeição, na alegria e no amor mútuo
que se exprime pelo ósculo da paz.
Leitura da Segunda Epístola do
apóstolo S. Paulo aos Coríntios
“Irmãos: Sede alegres,
trabalhai pela vossa perfeição, animai-vos uns aos outros, tende os mesmos
sentimentos, vivei em paz. E o Deus do amor e da paz estará convosco.
Saudai-vos uns aos outros com o ósculo santo. Todos os santos vos saúdam. A
graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo
estejam convosco.”
Palavra do Senhor
ALELUIA - Ap 1, 8
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Glória ao Pai e ao
Filho e ao Espírito Santo,
ao Deus que é, que
era e que há-de vir. (Refrão)
EVANGELHO – Jo 3, 16-18
“Deus
enviou o seu Filho ao mundo, para que o mundo seja salvo por Ele”
O mistério da
Santíssima Trindade é um mistério de amor: amor de um Deus que se revela aos
homens e, num gesto de infinita bondade, lhes dá o Seu Filho, o Qual,
encarnando e entregando-Se, totalmente, aos homens até à morte de Cruz (Filip.
2, 8), veio não para julgá-los, mas para salvá-los.
Perante este amor de
Deus, o homem só pode ter uma atitude: aceitar Jesus Cristo como seu Salvador
deixar-se penetrar pelo Seu amor e iluminar pela Sua verdade, que é o Seu
Evangelho de amor. Recusar Jesus Cristo é recusar a salvação. Deus não condena
ninguém. Cada um de nós, com a sua aceitação ou recusa de Cristo, é que decide
acerca do seu juízo final.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus
Cristo segundo São João
“Naquele tempo, disse Jesus a
Nicodemos: «Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para
que todo o homem que acredita n’Ele não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque
Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o
mundo seja salvo por Ele. Quem acredita n’Ele não é condenado, mas quem não
acredita n'Ele já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho
Unigénito de Deus».”
Palavra da Salvação
Diz-se o Credo.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Santificai, Senhor, os dons
sobre os quais invocamos o vosso santo nome
e, por este divino sacramento,
fazei de nós mesmos uma oblação eterna para
vossa glória.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito
Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Gal 4, 6
Porque
somos filhos de Deus,
Ele enviou
aos nossos corações o Espírito do seu Filho,
que clama:
Abba, Pai.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Ao professarmos a
nossa fé na Trindade Santíssima e na sua indivisível Unidade, concedei-nos,
Senhor nosso Deus, que a participação neste divino sacramento nos alcance a
saúde do corpo e da alma.
Por Nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
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