Corpo de Deus
“Corpo e
Sangue de Cristo”
A Liturgia da Palavra da Solenidade do Corpo e Sangue de Jesus,
lembra-nos que Cristo permanece connosco no Sinal da Sua Páscoa. A vida do
homem é povoada de presenças: presenças visíveis e próximas como a de uma mãe
que cuida de seu filho que brinca ou que dorme; presenças invisíveis como a de
duas pessoas que se amam, pensam uma na outra e se encontram, superando a
distância e a separação corporal e física; presenças que proporcionam paz,
satisfação e segurança; presenças tempestuosas e perturbadoras que são como uma
ameaça... No plano da vivência humana mais profunda, o homem faz a experiência
singular de uma presença maravilhosa mais real, que é a revelação e tomada de
consciência da presença criadora de Deus que nos faz existir e “em que vivemos,
movemo-nos e somos” (At 17,28). D’Ele fazemos memória litúrgica e sacramental
que, através dos sinais do pão e do vinho, comidos e partilhados pela
comunidade, torna presente o Cristo na sua realidade e no mistério da
Eucaristia, que é Presença Real
MISSA
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ANTÍFONA DE ENTRADA - Salmo 80, 17
O Senhor alimentou o seu povo com a flor da
farinha
e saciou-o com o mel do rochedo.
Diz-se o Glória.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor
Jesus Cristo, que neste admirável sacramento nos deixastes o memorial da vossa
paixão, concedei-nos a graça de venerar de tal modo os mistérios do vosso Corpo
e Sangue que sintamos continuamente os frutos da vossa redenção.
Vós que
sois Deus com o Pai na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I – Deut 8, 2-3.14b-16a
“Deu-te o alimento, que nem
tu nem os teus pais tinham conhecido”
Numa época de grande
prosperidade económica, em que o povo de Israel corria o risco de se esquecer
de Deus e de se fechar no seu egoísmo, o autor sagrado lembra-lhe a experiência
do deserto. Durante essa longa caminhada, em que sentiu ao vivo a sua fraqueza,
os bens necessários à vida (a alimento, a água, a libertação da escravidão, a
protecção no meio dos perigos) não foram dádivas do amor de Deus? Esquecer
agora, na abundância, esse amor paternal de Deus, seria uma ingratidão.
Mas seria também uma loucura.
O homem, com efeito, não pode viver só de pão. Satisfeita toda a fome que sente
(fome de justiça, de liberdade, de paz) ele pode sentir-se ainda infeliz. O
alimento espiritual, «a palavra, que sai da boca de Deus» (Mt. 4, 4), é-lhe indispensável
para viver sobre a terra.
Leitura do Livro do Deuteronómio
“Moisés falou ao povo, dizendo:
«Recorda-te de todo o caminho que o Senhor teu Deus te fez percorrer durante
quarenta anos no deserto, para te atribular e pôr à prova, a fim de conhecer o
íntimo do teu coração e verificar se guardarias ou não os seus mandamentos.
Atribulou-te e fez-te passar fome, mas deu-te a comer o maná que não conhecias
nem teus pais haviam conhecido, para te fazer compreender que o homem não vive
só de pão, mas de toda a palavra que sai da boca do Senhor. Não te esqueças do
Senhor teu Deus, que te fez sair da terra do Egipto, da casa de escravidão, e
te conduziu através do imenso e temível deserto, entre serpentes venenosas e
escorpiões, terreno árido e sem águas. Foi Ele quem, da rocha dura, fez nascer
água para ti e, no deserto, te deu a comer o maná, que teus pais não tinham
conhecido».”
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 147,
12-13.14-15.19-20
Refrão: Jerusalém, louva o teu Senhor. (Repete-se)
Ou: Aleluia. (Repete-se)
Glorifica,
Jerusalém, o Senhor,
louva, Sião, o teu
Deus.
Ele reforçou as
tuas portas
e abençoou os teus
filhos. (Refrão)
Estabeleceu a paz
nas tuas fronteiras
e saciou-te com a
flor da farinha.
Envia à terra a sua
palavra,
corre veloz a sua
mensagem. (Refrão)
Revelou a sua
palavra a Jacob,
suas leis e
preceitos a Israel.
Não fez assim com
nenhum outro povo,
a nenhum outro
manifestou os seus juízos. (Refrão)
LEITURA II – 1 Cor 10, 16-17
“Há
um só pão, formamos um só corpo”
Pão vivo descido do
Céu, verdadeiro maná, na caminhada da vida, a Eucaristia realiza a nossa
incorporação em Cristo morto e ressuscitado e, por Ele, na Igreja, que é também
Corpo de Cristo. O Pão Eucarístico é assim não apenas sinal, mas alimento de
unidade entre os cristãos e destes com Deus.
Comungar o Corpo e o
Sangue de Cristo é, pois, comungar o amor que Jesus tem pelo Pai e pelos
homens. Cada Comunhão devia ser para nós um compromisso de unidade. Unidade que
não deve manifestar-se apenas na assembleia litúrgica, mas deve abranger toda a
vida.
Leitura da Primeira Epístola do
apóstolo S. Paulo aos Coríntios
“Irmãos: Não é o cálice de
bênção que abençoamos a comunhão com o Sangue de Cristo? Não é o pão que
partimos a comunhão com o Corpo de Cristo? Visto que há um só pão, nós, embora
sejamos muitos, formamos um só corpo, porque participamos do mesmo pão.”
Palavra do Senhor
SEQUÊNCIA
Terra,
exulta de alegria,
Louva o
teu pastor e guia,
Com teus
hinos, tua voz.
Quanto
possas tanto ouses,
Em
louvá-l’O não repouses:
Sempre
excede o teu louvor.
Hoje a
Igreja te convida:
O pão vivo
que dá vida
Vem com
ela celebrar.
Este pão –
que o mundo creia –
Por Jesus
na santa Ceia
Foi
entregue aos que escolheu.
Eis o pão
que os Anjos comem
Transformado
em pão do homem;
Só os
filhos o consomem:
Não será
lançado aos cães.
Em sinais
prefigurado,
Por Abraão
imolado,
No cordeiro
aos pais foi dado,
No deserto
foi maná.
Bom
pastor, pão da verdade,
Tende de
nós piedade,
Conservai-nos
na unidade,
Extingui
nossa orfandade
E
conduzi-nos ao Pai.
Aos
mortais dando comida,
Dais
também o pão da vida:
Que a
família assim nutrida
Seja um
dia reunida
Aos
convivas lá do Céu.
ALELUIA - Jo 6, 51
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Eu sou o pão vivo
descido do Céu, diz o Senhor.
Quem comer deste
pão viverá eternamente. (Refrão)
EVANGELHO – Jo 6, 51-58
“A
minha carne é verdadeira comida, o meu sangue é verdadeira bebida”
A Eucaristia é tão
desconcertante para os homens do nosso tempo, como os sinais realizados por
Jesus o foram para os seus contemporâneos. Contudo, aqueles que foram
testemunhas da Ressurreição, como João, e aqueles que, hoje, têm fé em Jesus,
sabem muito bem que o Filho de Deus feito Homem, vindo para trazer a vida ao
mundo, não Se limitou a dar-nos as Suas palavras ou o Seu exemplo. Deu-nos
também, na Eucaristia, a Sua Carne e o Seu Sangue, isto é, a Sua Pessoa.
Aqueles que, na
pobreza da fé, souberem acolher a Cristo, sob o sinal sacramental, unir-se-ão à
Sua Morte e Ressurreição, entrarão no Seu mistério, receberão a Vida.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus
Cristo segundo São João
“Naquele tempo, disse Jesus à
multidão: «Eu sou o pão vivo descido do Céu. Quem comer deste pão viverá
eternamente. E o pão que Eu hei-de dar é a minha Carne, que Eu darei pela vida
do mundo». Os judeus discutiam entre si: «Como pode Ele dar-nos a sua Carne a
comer?». Jesus disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a
Carne do Filho do homem e não beberdes o seu Sangue, não tereis a vida em vós.
Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna; e Eu o
ressuscitarei no último dia. A minha Carne é verdadeira comida e o meu Sangue é
verdadeira bebida. Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em mim
e Eu nele. Assim como o Pai, que vive, Me enviou, e Eu vivo pelo Pai, também
aquele que Me come viverá por Mim. Este é o pão que desceu do Céu; não é como
aquele que os vossos pais comeram, e morreram; quem comer deste pão viverá
eternamente».”
Palavra da Salvação
Diz-se o Credo.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Concedei, Senhor, à vossa Igreja o dom da
unidade e da paz, que estas oferendas misticamente simbolizam.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que
é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Jo 6, 57
Quem come
a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em Mim e Eu nele, diz o Senhor.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Concedei-nos, Senhor
Jesus Cristo, a participação eterna da vossa divindade, que é prefigurada nesta
comunhão do vosso precioso Corpo e Sangue.
Vós que sois Deus
com o Pai na unidade do Espírito Santo.
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