sábado, 16 de setembro de 2017

PERDOAR




24. º Domingo do tempo comum – 17 Setembro 2017


O PERDÃO

O judaísmo já conhecia o dever do perdão das ofensas, mas tratava-se de uma conquista recente, que só se conseguia impor mediante a lista de tarefas precisas. A mesquinhez humana procura sempre uma medida, uma norma que lhe dê satisfação. Perdoar, sim, mas quantas vezes? Os rabinos, para acentuar a liberalidade de Deus, diziam que ele perdoa três vezes; as escolas rabínicas exigiam que seus discípulos perdoassem certo número de vezes à mulher, aos filhos, aos irmãos etc., e esta lista variava de escola para escola. Pedro pergunta a Jesus qual a sua taxa.

Setenta vezes sete
Jesus havia ensinado a amar os próprios inimigos e a orar pelos que nos perseguem a fim de sermos filhos do Pai que está nos céus, que faz surgir o sol sobre os maus e os bons e faz chover sobre justos e injustos (Mt 5,44-45). No pai-nosso, havia ensinado a pedir: “perdoai as nossas dívidas, como nós perdoamos os nossos devedores”. Pedro, que, pelo contacto com Jesus, compreendeu que as medidas até agora tidas como válidas não servem mais, tenta uma resposta: “até sete vezes”? É mais do que o dobro de três, e além disso é um número simbólico que significa plenitude. Jesus formula a sua resposta retomando o numero simbólico, mas multiplicando-o de tal maneira que signifique uma plenitude ilimitada. É preciso perdoar sempre. A parábola que segue explica esse dever de perdoar sem limites. O sentido da parábola é que Deus perdoa gratuitamente o pecado a quem lhe pede perdão, demonstrando uma benevolência absolutamente desinteressada para com os pecadores.
Em consequência dessa experiência do perdão de Deus, o homem deve aprender a perdoar aos seus irmãos, tanto porque as suas ofensas nada são diante da gravidade do pecado, como porque ele já foi alvo do perdão de Deus.

O perdão cristão pode transformar a fisionomia da história
O perdão das ofensas e o amor aos inimigos constituem uma das características mais evidentes e a maior novidade da moral evangélica. Mas, como acontece frequentemente, quanto maior é a exigência, mais elevada se torna a meta indicada, tanto mais mesquinha e pobre se manifesta a sua realização na vida prática.
Qual a influência da doutrina evangélica sobre o perdão das ofensas na vida e no comportamento prático dos cristãos? Deve-se dizer que muitos cristãos, no decorrer da história da Igreja, têm tomado a sério a palavra de Jesus e a hagiografia cristã está cheia de exemplos sublimes de amor e de gestos heróicos de perdão e reconciliação. Se hoje se fala, cada vez com mais frequência, de paz, desarmamento, solução pacífica das controvérsias internacionais, de cooperação mútua e de auxílio aos povos em via de desenvolvimento... temos de reconhecer que muitos cristãos têm contribuído para a difusão e a maturação desses ideais do cristianismo. O evangelho teve importância capital na educação dos povos do Ocidente, e muitas ideias, instâncias e estímulos positivos alimentados por sistemas que combatem o cristianismo, nasceram de uma cultura originariamente cristã e fortemente marcada pelo espírito evangélico. Mas a história dos povos, mesmo a dos cristãos, está cheia de testemunhos negativos: guerras, discórdias, morticínios, vinganças, injustiças, guerras religiosas, conquistas coloniais; e hoje: o imperialismo económico, a exploração do Terceiro Mundo, a indústria da guerra e da morte. A responsabilidade dos cristãos perante o evangelho e perante os irmãos ainda não iluminados pela luz da fé é enorme. Os contra-testemunhos desmentem, no plano dos factos, todo esforço de evangelização e comprometem a credibilidade do próprio evangelho.

Romper a cadeia do ódio
A iniciativa da reconciliação vem de Deus. A Igreja e os cristãos devem ser os construtores da paz no mundo; devem criar um clima de reconciliação, perdão, encontro, fraternidade em todos os sectores e a todos os níveis, desde o internacional até às pequenas relações de vizinhança e trabalho, entre esposos, entre os filhos, nas relações entre operários e patrões, entre pobres e ricos. Não há relação humana, por menor que seja, que não possa melhorar pela reconciliação e o perdão. A curva ascendente da violência é um apelo ao amor cristão, do qual o perdão é um momento importante. Só com o amor é possível formar uma comunidade, também a nacional.



MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Sir 36, 18
Dai a paz, Senhor, aos que em Vós esperam e confirmai a verdade dos vossos profetas.
Escutai a prece dos vossos servos e abençoai o vosso povo.

ORAÇÃO COLECTA
Deus, Criador e Senhor de todas as coisas, lançai sobre nós o vosso olhar; e para sentirmos em nós os efeitos do vosso amor, dai-nos a graça de Vos servirmos com todo o coração.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LEITURA I – Sir 27, 33 – 28, 9

Perdoa a ofensa do teu próximo e quando pedires, as tuas faltas serão perdoadas

A vingança pode ser uma tendência instintiva natural, fruto de uma natureza ainda não suficientemente dominada e educada. Mas, a compreensão das faltas dos outros e o perdão são atitudes fundamentais para o coração de quem olha para os outros como gostaria que Deus olhasse para si. Mesmo já no Antigo Testamento, os homens de Deus assim pensavam.

Leitura do Livro de Ben-Sirá
“O rancor e a ira são coisas detestáveis, e o pecador é mestre nelas. Quem se vinga sofrerá a vingança do Senhor, que pedirá minuciosa conta de seus pecados. Perdoa a ofensa do teu próximo e, quando o pedires, as tuas ofensas serão perdoadas. Um homem guarda rancor contra outro e pede a Deus que o cure? Não tem compaixão do seu semelhante e pede perdão para os seus próprios pecados? Se ele, que é um ser de carne, guarda rancor, quem lhe alcançará o perdão das suas faltas? Lembra-te do teu fim e deixa de ter ódio; pensa na corrupção e na morte, e guarda os mandamentos. Recorda os mandamentos e não tenhas rancor ao próximo; pensa na aliança do Altíssimo e não repares nas ofensas que te fazem.”
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 102 (103), 1-2.3-4.9-10.11-12 (R. 8)
Refrão: O Senhor é clemente e compassivo, paciente e cheio de bondade. (Repete-se)

Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e todo o meu ser bendiga o seu nome santo.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e não esqueças nenhum dos seus benefícios. (Refrão)

Ele perdoa todos os teus pecados
e cura as tuas enfermidades.
Salva da morte a tua vida
e coroa-te de graça e misericórdia. (Refrão)

Não está sempre a repreender,
nem guarda ressentimento.
Não nos tratou segundo os nossos pecados,
nem nos castigou segundo as nossas culpas. (Refrão)

Como a distância da terra aos céus,
assim é grande a sua misericórdia
para os que O temem.
Como o Oriente dista do Ocidente,
assim Ele afasta de nós os nossos pecados. (Refrão)


LEITURA II – Rom 14, 7-9

Quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor

É preciso viver, tendo sempre o sentido de Deus em toda a nossa vida. Só assim a vida e a morte têm sentido e nos enchem de paz e de alegria.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
“Irmãos: Nenhum de nós vive para si mesmo e nenhum de nós morre para si mesmo. Se vivemos, vivemos para o Senhor, e se morremos, morremos para o Senhor. Portanto, quer vivamos quer morramos, pertencemos ao Senhor. Na verdade, Cristo morreu e ressuscitou para ser o Senhor dos vivos e dos mortos.”
Palavra do Senhor

ALELUIA – Jo 13, 34
Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Dou-vos um mandamento novo, diz o Senhor:
amai-vos uns aos outros como Eu vos amei. (Refrão)


EVANGELHO – Mt 18, 21-35

Não te digo que perdoes até sete vezes, mas até setenta vezes sete

O perdão das ofensas é atitude fundamental para o discípulo de Cristo. Este perdão não tem limites, vai até ao que se possa imaginar. O número sete tem uma certa ideia de plenitude, de totalidade. Mas Jesus, para indicar que o perdão deve ser sem limites, ainda o multiplica por setenta, setenta vezes sete, isto é, sempre.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“Naquele tempo, Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou-Lhe: «Se meu irmão me ofender, quantas vezes deverei perdoar-lhe? Até sete vezes?». Jesus respondeu: «Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. Na verdade, o reino de Deus pode comparar-se a um rei que quis ajustar contas com os seus servos. Logo de começo, apresentaram-lhe um homem que devia dez mil talentos. Não tendo com que pagar, o senhor mandou que fosse vendido, com a mulher, os filhos e tudo quanto possuía, para assim pagar a dívida. Então o servo prostrou-se a seus pés, dizendo: ‘Senhor, concede-me um prazo e tudo te pagarei’. Cheio de compaixão, o senhor daquele servo deu-lhe a liberdade e perdoou-lhe a dívida. Ao sair, o servo encontrou um dos seus companheiros que lhe devia cem denários. Segurando-o, começou a apertar-lhe o pescoço, dizendo: ‘Paga o que me deves’. Então o companheiro caiu a seus pés e suplicou-lhe, dizendo: ‘Concede-me um prazo e pagar-te-ei’. Ele, porém, não consentiu e mandou-o prender, até que pagasse tudo quanto devia. Testemunhas desta cena, os seus companheiros ficaram muito tristes e foram contar ao senhor tudo o que havia sucedido. Então, o senhor mandou-o chamar e disse: ‘Servo mau, perdoei-te tudo o que me devias, porque mo pediste. Não devias, também tu, compadecer-te do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?’. E o senhor, indignado, entregou-o aos verdugos, até que pagasse tudo o que lhe devia. Assim procederá convosco meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão de todo o coração».”
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Ouvi, Senhor, com bondade as nossas súplicas e recebei estas ofertas dos vossos fiéis, para que os dons oferecidos por cada um de nós para glória do vosso nome sirvam para a salvação de todos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 35, 8
Como é admirável, Senhor, a vossa bondade!
À sombra das vossas asas se refugiam os homens.

Ou – 1 Cor 10, 16
O cálice de bênção é comunhão no Sangue de Cristo;
e o pão que partimos é comunhão no Corpo do Senhor.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor nosso Deus, concedei que este sacramento celeste nos santifique totalmente a alma e o corpo, para que não sejamos conduzidos pelos nossos sentimentos mas pela virtude vivificante do vosso Espírito.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



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