sábado, 10 de fevereiro de 2018

A LEPRA DEIXOU-O E ELE FICOU LIMPO




Domingo VI do Tempo Comum – 11 Fevereiro 2018


O LEPROSO, UM BANIDO

Entre todas as doenças, a lepra era considerada pelos judeus a que tornava mais impuro o homem, porque, destruindo-o em sua integridade e vitalidade física, era, por excelência, sinal do pecado e da sua gravidade. Por isto, a lepra nunca é considerada única ou principalmente do ponto de vista médico; reveste-se de um carácter mais religioso. Só assim se explicam as medidas severas e repulsivas narradas na 1ª leitura. Não se trata simplesmente de medidas profilácticas; tal isolamento visava preservar a santidade do “povo de Deus”. A lepra, sinal do pecado, colocava o homem fora da comunidade do povo de Deus, fazia dele um “excomungado”.
Assim, as curas da lepra, narradas nos evangelhos – levando-se em conta o contexto social presente na 1ª leitura –, tornam-se símbolo da libertação do pecado, sinal e prova do poder de Jesus.

Os banidos de hoje
Infelizmente, ainda existe a lepra na nossa sociedade. Ela tem a mesma face desumana de sempre, e, paradoxalmente, a condição do leproso hoje é muito diferente da do tempo de Jesus. Mas, a nossa consideração não pode deter-se unicamente sobre a lepra. Há tantas outras categorias de banidos na nossa sociedade, pessoas marginalizadas e mantidas “fora do acampamento”, isto é, fora de uma sociedade onde se decide por eles, mas sem considerá-los ou interrogá-los.
Os leprosos de hoje são os que vivem nos barracos das favelas das cidades ricas e opulentas, são os fracassados, os desempregados das cidades industriais, os jovens drogados, todos vítimas de uma civilização do consumo e do sucesso; são as crianças excepcionais, retardadas, nas quais a sociedade não pensa, porque não produzem e são um peso; são os anciãos que “esperam”, sem esperança, a morte num isolamento e numa inércia que frustra e degrada... são os encarcerados, “rotulados” mesmo depois de pagarem a sua pena.
“...A acção caritativa pode e deve abraçar agora absolutamente todos os homens e todas as necessidades. Onde quer que falte alimento, bebida, roupa, casa, medicamentos, trabalho, instrução, meios necessários para levar uma vida verdadeiramente humana, onde estiver um aflito por tribulações e saúde abalada, alguém que sofre exílio ou prisão, aí deve a caridade cristã ir buscá-los, encontrá-los, consolá-los com cuidadosa afeição e reerguê-los, oferecendo-lhes auxílio. Esta obrigação impõe-se antes de tudo aos homens e povos que vivem na prosperidade” (AA 8,cd). Este é talvez o grande testemunho que o mundo de hoje espera da Igreja e dos cristãos.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 30, 3-4
Sede a rocha do meu refúgio, Senhor,
e a fortaleza da minha salvação.
Para glória do vosso nome, guiai-me e conduzi-me.

ORAÇÃO COLECTA
Senhor, que prometestes estar presente nos corações rectos e sinceros, ajudai-nos com a vossa graça a viver de tal modo que mereçamos ser vossa morada.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Liturgia da Palavra


LEITURA I – Lev 13, 1-2.44-46

«O leproso deverá morar à parte, fora do acampamento»

Esta leitura prepara-nos para melhor compreendermos a do Evangelho. Ali Jesus vai curar um doente de lepra. Nesta leitura, são recordadas as prescrições da Lei do Antigo Testamento a respeito dos leprosos. A situação destes doentes era verdadeiramente infeliz. Tanto mais se poderá ver na cura que o Senhor fez um sinal do seu poder e da sua misericórdia.

Leitura do Livro do Levítico
O Senhor falou a Moisés e a Aarão, dizendo: «Quando um homem tiver na sua pele algum tumor, impigem ou mancha esbranquiçada, que possa transformar-se em chaga de lepra, devem levá-lo ao sacerdote Aarão ou a algum dos sacerdotes, seus filhos. O leproso com a doença declarada usará vestuário andrajoso e o cabelo em desalinho, cobrirá o rosto até ao bigode e gritará: ‘Impuro, impuro!’. Todo o tempo que lhe durar a lepra, deve considerar-se impuro e, sendo impuro, deverá morar à parte, fora do acampamento».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 31 (32), 1-2.5.7.11 (R. 7)
Refrão: Sois o meu refúgio, Senhor; dai-me a alegria da vossa salvação. (Repete-se)

Feliz daquele a quem foi perdoada a culpa
e absolvido o pecado.
Feliz o homem a quem o Senhor
não acusa de iniquidade
e em cujo espírito não há engano. (Refrão)

Confessei-vos o meu pecado
e não escondi a minha culpa.
Disse: Vou confessar ao Senhor a minha falta
e logo me perdoastes a culpa do pecado. (Refrão)

Vós sois o meu refúgio, defendei-me dos perigos,
fazei que à minha volta só haja hinos de vitória.
Alegrai-vos, justos, e regozijai-vos no Senhor,
exultai, vós todos os que sois rectos de coração. (Refrão)


LEITURA II – Cor 10, 31 – 11, 1

«Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo»

Paulo propõe-se a si mesmo como modelo aos cristãos, porque ele tem por modelo o próprio Cristo. O que ele pretende é que ninguém seja ocasião de pecado para os outros, mas antes de edificação e de salvação.

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Irmãos: Quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus. Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à Igreja de Deus. Fazei como eu, que em tudo procuro agradar a toda a gente, não buscando o próprio interesse, mas o de todos, para que possam salvar-se. Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Mt 8, 17
Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Apareceu entre nós um grande profeta:
Deus visitou o seu povo. (Refrão)


EVANGELHO – Mc 1, 40-45

«A lepra deixou-o e ele ficou limpo»

Uma vez mais, Jesus Se mostra Senhor da vida. Por outro lado, mostra-Se livre em relação à Lei e superior a ela: toca no doente, o que era contrário à Lei, mas manda que o homem curado se vá mostrar aos sacerdotes, o que era exigência da Lei. Jesus é realmente a fonte da vida nova; Ele é hoje o Ressuscitado.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, veio ter com Jesus um leproso. Prostrou-se de joelhos e suplicou-Lhe: «Se quiseres, podes curar-me». Jesus, compadecido, estendeu a mão, tocou-lhe e disse: «Quero: fica limpo». No mesmo instante o deixou a lepra e ele ficou limpo. Advertindo-o severamente, despediu-o com esta ordem: «Não digas nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua cura o que Moisés ordenou, para lhes servir de testemunho». Ele, porém, logo que partiu, começou a apregoar e a divulgar o que acontecera, e assim, Jesus já não podia entrar abertamente em nenhuma cidade. Ficava fora, em lugares desertos, e vinham ter com Ele de toda a parte.
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Concedei, Senhor, que estes dons sagrados nos purifiquem e renovem, para que, obedecendo sempre à vossa vontade, alcancemos a recompensa eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 77, 24.29
O Senhor deu-lhes o pão do Céu:
comeram e ficaram saciados.


ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos alimentastes com o pão do Céu, concedei-nos a graça de buscarmos sempre aquelas realidades que nos dão a verdadeira vida.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



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