Domingo VI do Tempo Comum – 11 Fevereiro
2018
O
LEPROSO, UM BANIDO
Entre todas as doenças, a lepra era
considerada pelos judeus a que tornava mais impuro o homem, porque,
destruindo-o em sua integridade e vitalidade física, era, por excelência, sinal
do pecado e da sua gravidade. Por isto, a lepra nunca é considerada única ou
principalmente do ponto de vista médico; reveste-se de um carácter mais
religioso. Só assim se explicam as medidas severas e repulsivas narradas na 1ª
leitura. Não se trata simplesmente de medidas profilácticas; tal isolamento
visava preservar a santidade do “povo de Deus”. A lepra, sinal do pecado,
colocava o homem fora da comunidade do povo de Deus, fazia dele um “excomungado”.
Assim, as curas da lepra, narradas nos
evangelhos – levando-se em conta o contexto social presente na 1ª leitura –, tornam-se
símbolo da libertação do pecado, sinal e prova do poder de Jesus.
Os banidos de hoje
Infelizmente, ainda existe a lepra na nossa
sociedade. Ela tem a mesma face desumana de sempre, e, paradoxalmente, a
condição do leproso hoje é muito diferente da do tempo de Jesus. Mas, a nossa
consideração não pode deter-se unicamente sobre a lepra. Há tantas outras
categorias de banidos na nossa sociedade, pessoas marginalizadas e mantidas “fora
do acampamento”, isto é, fora de uma sociedade onde se decide por eles, mas sem
considerá-los ou interrogá-los.
Os leprosos de hoje são os que vivem nos
barracos das favelas das cidades ricas e opulentas, são os fracassados, os
desempregados das cidades industriais, os jovens drogados, todos vítimas de uma
civilização do consumo e do sucesso; são as crianças excepcionais, retardadas,
nas quais a sociedade não pensa, porque não produzem e são um peso; são os
anciãos que “esperam”, sem esperança, a morte num isolamento e numa inércia que
frustra e degrada... são os encarcerados, “rotulados” mesmo depois de pagarem a
sua pena.
“...A acção caritativa pode e deve abraçar
agora absolutamente todos os homens e todas as necessidades. Onde quer que
falte alimento, bebida, roupa, casa, medicamentos, trabalho, instrução, meios
necessários para levar uma vida verdadeiramente humana, onde estiver um aflito
por tribulações e saúde abalada, alguém que sofre exílio ou prisão, aí deve a
caridade cristã ir buscá-los, encontrá-los, consolá-los com cuidadosa afeição e
reerguê-los, oferecendo-lhes auxílio. Esta obrigação impõe-se antes de tudo aos
homens e povos que vivem na prosperidade” (AA 8,cd). Este é talvez o grande
testemunho que o mundo de hoje espera da Igreja e dos cristãos.
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Salmo 30, 3-4
Sede a rocha do meu refúgio, Senhor,
e a fortaleza da minha salvação.
Para glória do vosso nome, guiai-me e conduzi-me.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor, que prometestes estar presente nos corações rectos e sinceros, ajudai-nos
com a vossa graça a viver de tal modo que mereçamos ser vossa morada.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
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LEITURA I – Lev
13, 1-2.44-46
«O
leproso deverá morar à parte, fora do acampamento»
Esta leitura
prepara-nos para melhor compreendermos a do Evangelho. Ali Jesus vai curar um
doente de lepra. Nesta leitura, são recordadas as prescrições da Lei do Antigo
Testamento a respeito dos leprosos. A situação destes doentes era
verdadeiramente infeliz. Tanto mais se poderá ver na cura que o Senhor fez um
sinal do seu poder e da sua misericórdia.
Leitura
do Livro do Levítico
O
Senhor falou a Moisés e a Aarão, dizendo: «Quando um homem tiver na sua pele
algum tumor, impigem ou mancha esbranquiçada, que possa transformar-se em chaga
de lepra, devem levá-lo ao sacerdote Aarão ou a algum dos sacerdotes, seus
filhos. O leproso com a doença declarada usará vestuário andrajoso e o cabelo
em desalinho, cobrirá o rosto até ao bigode e gritará: ‘Impuro, impuro!’. Todo
o tempo que lhe durar a lepra, deve considerar-se impuro e, sendo impuro,
deverá morar à parte, fora do acampamento».
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 31 (32), 1-2.5.7.11 (R. 7)
Refrão: Sois o meu
refúgio, Senhor; dai-me a alegria da vossa salvação. (Repete-se)
Feliz daquele a quem foi perdoada a culpa
e absolvido o pecado.
Feliz o homem a quem o Senhor
não acusa de iniquidade
e em cujo espírito não há engano. (Refrão)
Confessei-vos o meu pecado
e não escondi a minha culpa.
Disse: Vou confessar ao Senhor a minha falta
e logo me perdoastes a culpa do pecado. (Refrão)
Vós sois o meu refúgio, defendei-me dos perigos,
fazei que à minha volta só haja hinos de vitória.
Alegrai-vos, justos, e regozijai-vos no Senhor,
exultai, vós todos os que sois rectos de coração. (Refrão)
LEITURA II – Cor
10, 31 – 11, 1
«Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo»
Paulo propõe-se
a si mesmo como modelo aos cristãos, porque ele tem por modelo o próprio
Cristo. O que ele pretende é que ninguém seja ocasião de pecado para os outros,
mas antes de edificação e de salvação.
Leitura
da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Irmãos:
Quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para
glória de Deus. Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem
aos gregos, nem à Igreja de Deus. Fazei como eu, que em tudo procuro agradar a
toda a gente, não buscando o próprio interesse, mas o de todos, para que possam
salvar-se. Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo.
Palavra do Senhor
ALELUIA – Mt 8, 17
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Apareceu entre nós um grande profeta:
Deus visitou o seu povo. (Refrão)
EVANGELHO – Mc 1,
40-45
«A lepra deixou-o e ele ficou limpo»
Uma
vez mais, Jesus Se mostra Senhor da vida. Por outro lado, mostra-Se livre em
relação à Lei e superior a ela: toca no doente, o que era contrário à Lei, mas
manda que o homem curado se vá mostrar aos sacerdotes, o que era exigência da
Lei. Jesus é realmente a fonte da vida nova; Ele é hoje o Ressuscitado.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele
tempo, veio ter com Jesus um leproso. Prostrou-se de joelhos e suplicou-Lhe:
«Se quiseres, podes curar-me». Jesus, compadecido, estendeu a mão, tocou-lhe e
disse: «Quero: fica limpo». No mesmo instante o deixou a lepra e ele ficou
limpo. Advertindo-o severamente, despediu-o com esta ordem: «Não digas nada a
ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua cura o que Moisés
ordenou, para lhes servir de testemunho». Ele, porém, logo que partiu, começou
a apregoar e a divulgar o que acontecera, e assim, Jesus já não podia entrar
abertamente em nenhuma cidade. Ficava fora, em lugares desertos, e vinham ter
com Ele de toda a parte.
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Concedei, Senhor, que estes dons sagrados nos purifiquem e renovem, para
que, obedecendo sempre à vossa vontade, alcancemos a recompensa eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Salmo 77, 24.29
O Senhor deu-lhes o pão do Céu:
comeram e ficaram saciados.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Senhor, que nos alimentastes com o pão do Céu, concedei-nos
a graça de buscarmos sempre aquelas realidades que nos dão a verdadeira vida.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é
Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
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