Domingo II da Quaresma – 25 Fevereiro
2018
TRANSFIGUROU-SE
DIANTE DELES
A vida e acção de Jesus não terminam na sua
morte. A transfiguração é sinal da Ressurreição: a sociedade não conseguirá
deter a pessoa e a actividade de Jesus, que irão continuar através de seus
discípulos. A voz de Deus mostra que, daqui por diante, Jesus é a única
autoridade. Todos os que ouvem o convite de Deus e seguem a Jesus até o fim
começam desde já a participar da sua vitória final, quando ressuscitarão com
ele. A transfiguração é a segunda das três grandes revelações que marcam a luta
sofrida, mas vitoriosa, do reino de Deus na pessoa de Jesus. O baptismo fora
visto como o preâmbulo divino. A paixão e a ressurreição serão o acabamento.
Agora é o momento da revelação aos discípulos: em Jesus, Messias sofredor e
vitorioso. Deus manifesta a sua glória e o seu poder de salvação. A
transfiguração é uma exortação viva para que escutemos Jesus quando fala dos
seus sofrimentos e da sua morte (e quando estes se renovam em cada um de nós,
na Igreja), sem deixar de reconhecê-lo como Messias definitivo, como o Servil
fiel de Deus. A incompreensão dos discípulos antes da ressurreição continua
profunda. A Igreja e os discípulos antes da ressurreição continuam profundos. A
Igreja e os discípulos são chamados a “encarnar-se” no mundo, a estarem presentes
nas suas estruturas, mas somente para transformá-lo, aceitando morrer para o
sucesso terreno e para qualquer forma de auto-segurança. A sua vitória
aparecerá somente quando, abatidos pela morte, vão ressurgir num mundo que eles
mesmos ajudaram a transformar. Os evangelhos sinópticos narram o anúncio de
Jesus aos discípulos sobre os sofrimentos e a morte que o esperam em Jerusalém.
A seguir relatam a transfiguração de Jesus, como prenúncio da sua ressurreição.
Eles seguem a tradição do Primeiro Testamento, segundo a qual pelo sofrimento
purificador atinge-se a glória. Na narrativa, em estilo apocalíptico, Moisés,
representando a Lei, e Elias, representando o profetismo, vão ao encontro de
Jesus no alto da montanha. A voz celeste confirma Jesus como o Filho de Deus.
Jesus, na sua humanidade e divindade, vem para comunicar, já, a sua vida eterna
a todos. Esta narrativa da transfiguração é feita, também, por Mateus e Lucas,
inserida entre o fim do ministério de Jesus na Galileia e o início da sua
caminhada para Jerusalém. Jesus já falara aos discípulos sobre as provações que
ele previa que aconteceriam em Jerusalém. Ele procurava esclarecê-los, que viam
em Jesus um messias restaurador da glória e do poder, que a tradição atribuía
ao antigo Israel. A Transfiguração revela a dimensão gloriosa da humanidade de
Jesus, participante da vida divina, na qual é abrangida toda a humanidade. O
sofrimento e a morte são passageiros. Os discípulos não o entendem logo.
Somente após a crucifixão e a ressurreição, percebem o sentido da continuidade
da permanência de Jesus entre eles.
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Salmo 26, 8-9
Diz-me o coração: «Procurai a face do Senhor».
A vossa face, Senhor, eu procuro;
não escondais de mim o vosso rosto.
Ou - Salmo 24, 6.3.22
Lembrai-vos, Senhor, das vossas misericórdias
e das vossas graças que são eternas.
Não triunfe sobre nós o inimigo.
Senhor, livrai-nos de todo o mal.
ORAÇÃO COLECTA
Deus de infinita bondade, que nos mandais ouvir o vosso amado Filho, fortalecei-nos
com o alimento interior da vossa palavra, de modo que, purificado o nosso olhar
espiritual, possamos alegrar-nos um dia na visão da vossa glória.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
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LEITURA I – Gen
22, 1-2.9a.10-13.15-18
«O
sacrifício do nosso Patriarca Abraão»
Depois da
história de Noé, no domingo passado, lemos hoje a história de Abraão e do
sacrifício de seu filho Isaac, sobre o monte Moriá. Mas Deus nunca quis
sacrifícios humanos. Abraão demonstrou a sua vontade de completa obediência a
Deus e recuperou o seu filho, vivo, que assim se tornou uma figura de Cristo na
sua ressurreição.
Leitura
do Livro do Génesis
Naqueles
dias, Deus quis pôr à prova Abraão e chamou-o: «Abraão!». Ele respondeu: «Aqui
estou». Deus disse: «Toma o teu filho, o teu único filho, a quem tanto amas,
Isaac, e vai à terra de Moriá, onde o oferecerás em holocausto, num dos montes
que Eu te indicar. Quando chegaram ao local designado por Deus, Abraão levantou
um altar e colocou a lenha sobre ele. Depois, estendendo a mão, puxou do cutelo
para degolar o filho. Mas o Anjo do Senhor gritou-lhe do alto do Céu: «Abraão,
Abraão!». «Aqui estou, Senhor», respondeu ele. O Anjo prosseguiu: «Não levantes
a mão contra o menino, não lhe faças mal algum. Agora sei que na verdade temes
a Deus, uma vez que não Me recusaste o teu filho, o teu filho único». Abraão
ergueu os olhos e viu atrás de si um carneiro, preso pelos chifres num silvado.
Foi buscá-lo e ofereceu-o em holocausto, em vez do filho. O Anjo do Senhor
chamou Abraão do Céu pela segunda vez e disse-lhe: «Por Mim próprio te juro –
oráculo do Senhor – já que assim procedeste e não Me recusaste o teu filho, o
teu filho único, abençoar-te-ei e multiplicarei a tua descendência como as
estrelas do céu e como a areia das praias do mar, e a tua descendência
conquistará as portas das cidades inimigas. Porque obedeceste à minha voz, na
tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra».
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 115 (116), 10 e 15. 16-17.18-19 (R. Salmo 114 (115), 9)
Refrão: Andarei na
presença do Senhor sobre a terra dos vivos. (Repete-se)
Ou: Caminharei na terra dos vivos na presença do Senhor. (Repete-se)
Confiei no Senhor, mesmo quando disse:
«Sou um homem de todo infeliz».
É preciosa aos olhos do Senhor
a morte dos seus fiéis. (Refrão)
Senhor, sou vosso servo, filho da vossa serva:
quebrastes as minhas cadeias.
Oferecer-Vos-ei um sacrifício de louvor,
invocando, Senhor, o vosso nome. (Refrão)
Cumprirei as minhas promessas ao Senhor
na presença de todo o povo,
nos átrios da casa do Senhor,
dentro dos teus muros, Jerusalém. (Refrão)
LEITURA II – Rom
8, 31b-34
«Deus não poupou o seu próprio Filho»
Esta leitura
mostra como Jesus realiza até ao fim a figura de Isaac, anunciada na leitura
anterior, e como o amor de Abraão é imagem do amor infinito de Deus pelos
homens. Deus, que não quis que Abraão Lhe oferecesse o filho em sacrifício,
permitiu que o seu muito amado filho Jesus fosse sacrificado, em expiação dos
nossos pecados. De facto, toda a história da salvação atinge o seu ponto mais
alto em Nosso Senhor Jesus Cristo.
Leitura
da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
Irmãos:
Se Deus está por nós, quem estará contra nós? Deus, que não poupou o seu
próprio Filho, mas O entregou à morte por todos nós, como não havia de nos dar,
com Ele, todas as coisas? Quem acusará os eleitos de Deus, se Deus os
justifica? E quem os condenará, se Cristo morreu e, mais ainda, ressuscitou,
está à direita de Deus e intercede por nós?
Palavra do Senhor
ACLAMAÇÃO ANTES DO
EVANGELHO – Mt 4, 4b
Refrão: Louvor a Vós, Jesus Cristo, Rei da eterna
glória. (Repete-se)
No meio da nuvem luminosa, ouviu-se a voz do Pai:
«Este é o meu Filho muito amado: escutai-O». (Refrão)
EVANGELHO – Mc 9,
2-10
«Este é o meu Filho muito amado»
A
Transfiguração, lida neste Domingo, depois de, no Domingo anterior, ter sido
escutada a tentação, faz com ela, como que num grande painel de duas alas, uma
espécie de grande abertura da Quaresma: mortificação e glorificação, tentação e
glória, morte e ressurreição; são elas, de facto, a síntese do Mistério Pascal
que vamos celebrar na Páscoa. Jesus vive em Si o mistério que a sua Igreja
agora celebra, e que ela viverá até à sua própria Transfiguração.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele
tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e subiu só com eles para um
lugar retirado num alto monte e transfigurou-Se diante deles. As suas vestes
tornaram-se resplandecentes, de tal brancura que nenhum lavadeiro sobre a terra
as poderia assim branquear. Apareceram-lhes Moisés e Elias, conversando com
Jesus. Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: «Mestre, como é bom estarmos
aqui! Façamos três tendas: uma para Ti, outra para Moisés, outra para Elias».
Não sabia o que dizia, pois estavam atemorizados. Veio então uma nuvem que os
cobriu com a sua sombra e da nuvem fez-se ouvir uma voz: «Este é o meu Filho
muito amado: escutai-O». De repente, olhando em redor, não viram mais ninguém,
a não ser Jesus, sozinho com eles. Ao descerem do monte, Jesus ordenou-lhes que
não contassem a ninguém o que tinham visto, enquanto o Filho do homem não
ressuscitasse dos mortos. Eles guardaram a recomendação, mas perguntavam entre
si o que seria ressuscitar dos mortos.
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Esta oblação, Senhor, lave os nossos pecados e santifique o corpo e o
espírito dos vossos fiéis, para celebrarmos dignamente as festas pascais.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Mt 17, 5
Este é o meu Filho muito amado,
no qual pus as minhas complacências.
Escutai-O.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Alimentados nestes gloriosos mistérios, nós Vos
damos graças, Senhor, porque, vivendo ainda na terra, nos fazeis participantes
dos bens do Céu.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é
Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
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