sábado, 10 de março de 2018

DEUS ENVIOU O SEU FILHO, PARA QUE O MUNDO FOSSE SALVO POR ELE





Domingo IV da Quaresma – 11 Março 2018

DEUS É FIEL À ALIANÇA

A crise e o fracasso político de Israel são encarados a nível religioso, seja como consequência de uma infidelidade do povo ao desígnio de Deus e de uma falta de confiança na sua protecção, seja como uma provação, da qual sairá uma nação renovada. O afastamento do Senhor adquire, pois, um valor pedagógico: ele, que é fiel e misericordioso, não abandona os seus, mas só os chama, através da variedade dos acontecimentos, à conversão e à obediência sincera. É um acontecimento clamoroso, como a destruição da cidade e do templo pelas mãos de um pagão, que faz voltar os seus corações a Deus e a um culto verdadeiro, já que não bastam os profetas que lembram as exigências do pacto com Deus. E, para demonstrar o primado da iniciativa divina sobre todo esforço puramente humano, é um pagão o instrumento escolhido para a restauração da nação e do templo.

Deus permanece fiel apesar do nosso comportamento

Esta leitura “teológica” da história, que parece deixar de lado a responsabilidade humana, representa, porém, uma purificação e uma indicação sempre válida: é preciso responder à fidelidade de Deus com uma lealdade sempre renovada, adequada aos tempos. Nova capacidade de escuta para compreender os caminhos com que o Senhor executa o seu plano. Fica assim evidente a atitude que deve ter o homem diante dos acontecimentos que vive e dos quais é protagonista. Deve saber colher, em sua factualidade, a “palavra” de Deus. Fazer a verdade é compreender esta palavra. Crer em Cristo é receber a luz que dá sentido ao que acontece. Isto não é uma conquista nossa, é um dom de Deus, dom que, fazendo-nos compreender a sua vontade, salva-nos. Toda a nossa vida e a história adquirem sentido, definem um plano que se realiza no tempo.

Também hoje Deus nos dirige a palavra

Na verdade, os protagonistas e as testemunhas de um acontecimento têm em geral grande dificuldade em discernir nele os elementos significativos e ficam cegos quando deveriam captar fielmente o sentido dos acontecimentos e orientá-los.
Também, hoje, há quem lamente a destruição dos privilégios – das instituições cristãs –, e não saiba ver o valor profundo dessa situação, susceptível de uma leitura aberta e cheia de esperança. Se a Igreja já não goza de privilégios e atenções, se caminhamos para uma situação de “diáspora”, e o momento da fidelidade interior (talvez obscura), do apoio que vem não mais de uma sociedade cristã, mas de pequenas comunidades que encontram a sua força na meditação da palavra de Deus. É uma esperança lúcida e penosa numa nova Primavera da Igreja, cujo tempo e modalidades cristãs estão nas mãos de Deus.
O desaparecimento de um regime de cristandade não pode ser considerado um abandono de Deus. Enquanto exige uma decisão de fé mais pessoal e livre, permite afastar-se criticamente da opinião e da mentalidade comum do ambiente social e tomar, em relação a ele, uma posição critica que pode exprimir maior fidelidade a Deus. O declínio da cristandade e de certa manifestação da fé não significa o desaparecimento da fé salvífica e nem sempre um afastamento de Deus. Pode ser simplesmente desaparecimento de certos pressupostos que não se podem identificar com a essência da fé. Essa nova situação em que vivemos é um convite de Deus a uma fé mais madura, responsável, consciente da entrega a ele.

Mas se o homem não é fiel...

Deus está sempre à procura do homem, perseguindo-o. “Tu me caças como a um leão”, exclama Jó no seu tormento. É como se Deus não quisesse permanecer sozinho e tivesse escolhido o homem para o ajudar. “Adão, onde estás?”, chamava Deus ao primeiro homem, que se escondia entre as árvores do paraíso terrestre depois do pecado. Esse chamado nunca mais cessou na floresta da história. Deus permanece fiel ao homem, busca-o em todas as suas fugas, porque o ama como só Deus pode amar, com a força e a ternura de um Pai que é movido por um amor infinito.
Hoje, como ontem, o problema do homem consiste em fugir desse Deus que o busca. É o homem que se esconde, que procura um álibi. E Deus não se cansa de segui-lo.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Is 66, 10-11
Alegra-te, Jerusalém; rejubilai, todos os seus amigos.
Exultai de alegria, todos vós que participastes no seu luto
e podereis beber e saciar-vos na abundância das suas consolações.

ORAÇÃO COLECTA
Deus de misericórdia, que, pelo vosso Filho, realizais admiravelmente a reconciliação do género humano, concedei ao povo cristão fé viva e espírito generoso, a fim de caminhar alegremente para as próximas solenidades pascais.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Liturgia da Palavra


LEITURA I – 2 Cr 36, 14-16.19-23

«A indignação e a misericórdia do Senhor manifesta-se no exílio e na libertação do povo»

No tempo da Quaresma, a leitura do Antigo Testamento vai referindo os vários passos da história da salvação, para melhor nos fazer compreender como toda ela se encaminha para a Páscoa do Senhor, e como Deus salva os homens vindo ao encontro deles, mesmo nos caminhos por eles tão mal andados. Hoje vemos como os pagãos invadiram a Terra Santa, destruíram o templo e levaram cativo o povo para Babilónia, por este povo ter abandonado o Senhor e imitado as acções abomináveis dos pagãos. Mas, por fim, o próprio rei da Babilónia serviu ao Senhor de instrumento de salvação em favor do seu povo, dando-lhe de novo a liberdade e restituindo-o à terra que lhe havia sido tirada.

Leitura do Segundo Livro das Crónicas
Naqueles dias, todos os príncipes dos sacerdotes e o povo multiplicaram as suas infidelidades, imitando os costumes abomináveis das nações pagãs, e profanaram o templo que o Senhor tinha consagrado para Si em Jerusalém. O Senhor, Deus de seus pais, desde o princípio e sem cessar, enviou-lhes mensageiros, pois queria poupar o povo e a sua própria morada. Mas eles escarneciam dos mensageiros de Deus, desprezavam as suas palavras e riam-se dos profetas, a tal ponto que deixou de haver remédio, perante a indignação do Senhor contra o seu povo. Os caldeus incendiaram o templo de Deus, demoliram as muralhas de Jerusalém, lançaram fogo aos seus palácios e destruíram todos os objectos preciosos. O rei dos caldeus deportou para Babilónia todos os que tinham escapado ao fio da espada; e foram escravos deles e de seus filhos, até que se estabeleceu o reino dos persas. Assim se cumpriu o que o Senhor anunciara pela boca de Jeremias: «Enquanto o país não descontou os seus sábados, esteve num sábado contínuo, durante todo o tempo da sua desolação, até que se completaram setenta anos». No primeiro ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia, para se cumprir a palavra do Senhor, pronunciada pela boca de Jeremias, o Senhor inspirou Ciro, rei da Pérsia, que mandou publicar, em todo o seu reino, de viva voz e por escrito, a seguinte proclamação: «Assim fala Ciro, rei da Pérsia: O Senhor, Deus do Céu, deu-me todos os reinos da terra e Ele próprio me confiou o encargo de Lhe construir um templo em Jerusalém, na terra de Judá. Quem de entre vós fizer parte do seu povo ponha-se a caminho e que Deus esteja com ele».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 136 (137), 1-2.3.4-5.6 (R. 6a)
Refrão: Se eu me não lembrar de ti, Jerusalém, fique presa a minha língua. (Repete-se)

Sobre os rios de Babilónia nos sentámos a chorar,
com saudades de Sião.
Nos salgueiros das suas margens,
dependurámos nossas harpas. (Refrão)

Aqueles que nos levaram cativos
queriam ouvir os nossos cânticos
e os nossos opressores uma canção de alegria:
«Cantai-nos um cântico de Sião». (Refrão)

Como poderíamos nós cantar um cântico do Senhor
em terra estrangeira?
Se eu me esquecer de ti, Jerusalém,
esquecida fique a minha mão direita. (Refrão)

Apegue-se-me a língua ao paladar,
se não me lembrar de ti,
se não fizer de Jerusalém
a maior das minhas alegrias. (Refrão)


LEITURA II – Ef 2, 4-10

«Mortos por causa dos nossos pecados, salvos pela graça »

A leitura estabelece o contraste entre a situação de morte em que estávamos por causa das nossas faltas e a salvação que Deus nos oferece em Cristo Jesus. O Mistério Pascal que Jesus realizou passando, pela morte, à vida eterna, vivemo-lo agora nós, que somos membros de Cristo e com Ele morremos, com Ele ressuscitámos, com Ele subimos para junto do Pai.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
Irmãos: Deus, que é rico em misericórdia, pela grande caridade com que nos amou, a nós, que estávamos mortos por causa dos nossos pecados, restituiu-nos à vida com Cristo – é pela graça que fostes salvos – e com Ele nos ressuscitou e com Ele nos fez sentar nos Céus. Assim quis mostrar aos séculos futuros a abundante riqueza da sua graça e da sua bondade para connosco, em Jesus Cristo. De facto, é pela graça que fostes salvos, por meio da fé. A salvação não vem de vós: é dom de Deus. Não se deve às obras: ninguém se pode gloriar. Na verdade, nós somos obra de Deus, criados em Jesus Cristo, em vista das boas obras que Deus de antemão preparou, como caminho que devemos seguir.
Palavra do Senhor

ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO – Jo 3, 16
Refrão: Grandes e admiráveis são as Vossas obras, Senhor. (Repete-se)

Deus amou tanto o mundo
que lhe deu o seu Filho Unigénito;
quem acredita n’Ele tem a vida eterna. (Refrão)


EVANGELHO – Jo 2, 13-25

«Deus enviou o seu Filho, para que o mundo seja salvo por Ele»

A partir deste IV Domingo as leituras do Evangelho são tiradas de S. João, tanto ao domingo como de semana. Hoje ela fala-nos da futura glorificação de Jesus pela Cruz e Ressurreição. É este o próprio movimento do Mistério Pascal, primeiro em Jesus, depois nos cristãos pela morte à vida, pela Cruz à glória. A Quaresma é também o tempo apropriado para entendermos melhor este caminho providencial de salvação, para depois celebrarmos a Páscoa com mais fé, em acção de graças a Deus e ao Senhor Jesus Cristo.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: «Assim como Moisés elevou a serpente no deserto, também o Filho do homem será elevado, para que todo aquele que acredita tenha n’Ele a vida eterna. Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita n’Ele não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou o Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele. Quem acredita n’Ele não é condenado, mas quem não acredita já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho Unigénito de Deus. E a causa da condenação é esta: a luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque eram más as suas obras. Todo aquele que pratica más acções odeia a luz e não se aproxima dela, para que as suas obras não sejam denunciadas. Mas quem pratica a verdade aproxima-se da luz, para que as suas obras sejam manifestas, pois são feitas em Deus.
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Ao apresentarmos com alegria estes dons de vida eterna, humildemente Vos pedimos, Senhor, a graça de os celebrar com verdadeira fé e de os oferecer dignamente pela salvação do mundo.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 121, 3-4
Jerusalém, cidade de Deus,
para ti sobem as tribos do Senhor,
para celebrar o seu santo nome.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor nosso Deus, luz de todo o homem que vem a este mundo, iluminai os nossos corações com o esplendor da vossa graça, para que pensemos sempre no que Vos é agradável e Vos amemos de todo o coração.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



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