Domingo III da Quaresma – 4 Março 2018
Hoje, comento a primeira leitura (Ex 20,
1-17), com o Decálogo que inclui os mandamentos de Deus.
Esses mandamentos são um texto-chave da
tradição israelita e universal, com os seus mandamentos mais “religiosos” (1-4)
que colocam o homem diante de Deus, e os seus restantes mandamentos sociais
(5-10), formulados de forma universal, regulando a relações de homens com
outros homens.
Neste texto exponho e comento os mandamentos
da Bíblia (de acordo com a leitura do Ex 20), não aqueles que têm matizado após
a tradição cristã, mudando a sua numeração, insistindo em dois temas
principais: 1. Os mandamentos são uma das primeiras formulações mais profundas
dos direitos humanos (e deveres), que nessa linha mantêm toda sua relevância.
Quero insistir no 8º mandamento, que diz “não
roubarás”, e que se refere acima de tudo ao roubo de pessoas, um mandamento que
deve ser lembrado no momento em que ainda há roubo e tráfico.
Não roubareis. Valor sagrado da liberdade…
O assunto do roubo (compra, venda e tráfico)
de pessoas ocupa um lugar privilegiado no mesmo Decálogo (Ex 20, 1-17 e Deut 5,
6-21), onde a ordem para não roubar é entendida no sentido de não roubar
pessoas.
A primeira tabela dos mandamentos inclui
quatro, que se aplicam especialmente ao povo de Israel, e têm um carácter
religioso: (1) Não terás outros deuses na minha frente. (2) Não vais fazer
ídolos. (3) Não devem pronunciar o nome de Javé, vosso Deus, em vão. (4) Olhe
no sábado para santificar ...
A segunda tabela tem um carácter ético, e aplica-se
a todos os povos:
(5) Honre seu pai e sua mãe. (6) Não cometerás
homicídio. (7) Não cometerás adultério. (8) Não roubarás. (9) Não darás
testemunho falso. (10) Não cobiçarás a casa do teu vizinho etc.
Esta segunda tabela começa por defender a
família, homenageando pai e mãe (5), para apresentar os três mandamentos mais
conhecidos e constantes das grandes culturas (6, 7 e 8), que proíbem
homicídios, adultérios e assaltos, estabelecendo assim as bases de todas as
relações morais, ratificando o valor supremo da vida (não matando), a ligação
dos cônjuges (não adulterando) e a “propriedade” de cada um (não roubando).
Bem, no contexto da Bíblia, este último mandamento (não roubar) não se aplica
em geral ao roubo de coisas, mas ao roubo (compra e venda) de pessoas (Ex 20,
15 e Deut 5, 19).
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Salmo 24, 15-16
Os meus olhos estão voltados para o Senhor,
porque Ele livra os meus pés da armadilha.
Olhai para mim, Senhor, e tende compaixão
porque estou só e desamparado.
Ou - Ez 36, 23-26
Quando Eu manifestar em vós a minha santidade,
reunir-vos-ei de todos os povos;
derramarei sobre vós água pura,
e ficareis limpos de toda a iniquidade.
Eu vos darei um espírito novo, diz o Senhor.
ORAÇÃO COLECTA
Deus, Pai de misericórdia e fonte de toda a bondade, que nos fizestes
encontrar no jejum, na oração e no amor fraterno os remédios do pecado, olhai
benigno para a confissão da nossa humildade, de modo que, abatidos pela
consciência da culpa, sejamos confortados pela vossa misericórdia.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
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LEITURA I – Ex 20,
1-17
«A
lei foi dada por Moisés» (Jo 1, 17)
Na continuação
das passagens especialmente significativas da história da salvação, lemos hoje
a história de Moisés, o condutor do povo de Deus através do deserto, e aquele
por meio de quem o Senhor deu a Lei que há-de orientar para Si os passos do seu
povo. Moisés é, assim, uma figura de Jesus, o verdadeiro Pastor do Povo de
Deus, como no Tempo da Páscoa O iremos contemplar.
Leitura
do Livro do Êxodo
Naqueles
dias, Deus pronunciou todas estas palavras: «Eu sou o Senhor teu Deus, que te
tirei da terra do Egipto, dessa casa de escravidão. Não terás outros deuses
perante Mim. Não farás para ti qualquer imagem esculpida, nem figura do que
existe lá no alto dos céus ou cá em baixo na terra ou nas águas debaixo da
terra. Não adorarás outros deuses nem lhes prestarás culto. Eu, o Senhor teu
Deus, sou um Deus cioso: castigo a ofensa dos pais nos filhos até à terceira e
quarta geração daqueles que Me ofendem; mas uso de misericórdia até à milésima
geração para com aqueles que Me amam e guardam os meus mandamentos. Não
invocarás em vão o nome do Senhor teu Deus, porque o Senhor não deixa sem
castigo aquele que invoca o seu nome em vão. Lembrar-te-ás do dia de sábado,
para o santificares. Durante seis dias trabalharás e levarás a cabo todas as
tuas tarefas. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus. Não farás nenhum
trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo nem a tua
serva, nem os teus animais domésticos, nem o estrangeiro que vive na tua
cidade. Porque em seis dias o Senhor fez o céu, a terra, o mar e tudo o que
eles contêm; mas no sétimo dia descansou. Por isso, o Senhor abençoou e
consagrou o dia de sábado. Honra pai e mãe, a fim de prolongares os teus dias
na terra que o Senhor teu Deus te vai dar. Não matarás. Não cometerás adultério.
Não furtarás. Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo. Não
cobiçarás a casa do teu próximo; não desejarás a mulher do teu próximo, nem o
seu servo nem a sua serva, o seu boi ou o seu jumento, nem coisa alguma que lhe
pertença».
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 18 (19), 8.9.10.11 (R. Jo 6, 68 c)
Refrão: Senhor, Vós
tendes palavras de vida eterna. (Repete-se)
A lei do Senhor é perfeita,
ela reconforta a alma;
as ordens do Senhor são firmes,
dão sabedoria aos simples. (Refrão)
Os preceitos do Senhor são rectos
e alegram o coração;
os mandamentos do Senhor são claros
e iluminam os olhos. (Refrão)
O temor do Senhor é puro
e permanece para sempre;
os juízos do Senhor são verdadeiros,
todos eles são rectos. (Refrão)
São mais preciosos que o ouro,
o ouro mais fino;
são mais doces que o mel,
o puro mel dos favos. (Refrão)
LEITURA II – 1 Cor
1, 22-25
«Nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os homens, mas
sabedoria de Deus para os que são chamados»
O mistério de
Cristo crucificado, embora pareça um escândalo, é, no entanto, a manifestação
da sabedoria de Deus, que assim, na aparente fraqueza do Crucificado, revela o
poder salvador da sua graça.
Leitura
da Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos:
Os judeus pedem milagres e os gregos procuram a sabedoria. Quanto a nós,
pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os
gentios; mas para aqueles que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é
poder e sabedoria de Deus. Pois o que é loucura de Deus é mais sábio do que os
homens e o que é fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.
Palavra do Senhor
ACLAMAÇÃO ANTES DO
EVANGELHO – Jo 3, 16
Refrão: Louvor a Vós, Jesus Cristo, Rei da eterna
glória. (Repete-se)
Deus amou tanto o mundo
que lhe deu o seu Filho Unigénito;
quem acredita n’Ele tem a vida eterna.. (Refrão)
EVANGELHO – Jo 2,
13-25
«Destruí este templo e em três dias o
levantarei»
O
templo arrasado e levantado em três dias é figura da Morte e da Ressurreição de
Jesus. É Ele o templo verdadeiro. Destruído pelos homens, que Lhe deram a
morte, Deus O levantou, mais glorioso do que antes, ao ressuscitá-l’O de entre
os mortos.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Estava
próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. Encontrou no templo os
vendedores de bois, de ovelhas e de pombas e os cambistas sentados às bancas.
Fez então um chicote de cordas e expulsou-os a todos do templo, com as ovelhas
e os bois; deitou por terra o dinheiro dos cambistas e derrubou-lhes as mesas;
e disse aos que vendiam pombas: «Tirai tudo isto daqui; não façais da casa de
meu Pai casa de comércio». Os discípulos recordaram-se do que estava escrito:
«Devora-me o zelo pela tua casa». Então os judeus tomaram a palavra e
perguntaram-Lhe: «Que sinal nos dás de que podes proceder deste modo?». Jesus
respondeu-lhes: «Destruí este templo e em três dias o levantarei». Disseram os
judeus: «Foram precisos quarenta e seis anos para se construir este templo e Tu
vais levantá-lo em três dias?». Jesus, porém, falava do templo do seu corpo.
Por isso, quando Ele ressuscitou dos mortos, os discípulos lembraram-se do que
tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra de Jesus. Enquanto Jesus
permaneceu em Jerusalém pela festa da Páscoa, muitos, ao verem os milagres que
fazia, acreditaram no seu nome. Mas Jesus não se fiava deles, porque os
conhecia a todos e não precisava de que Lhe dessem informações sobre ninguém:
Ele bem sabia o que há no homem.
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Concedei, Senhor, por este sacrifício, que, ao pedirmos o perdão dos
nossos pecados, perdoemos também aos nossos irmãos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Salmo 83, 4-5
As aves do céu encontram abrigo e as andorinhas um ninho para os seus
filhos, junto dos vossos altares, Senhor dos Exércitos, meu Rei e meu Deus.
Felizes os que moram em vossa casa e a toda a hora cantam os vossos louvores.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Recebemos, Senhor nosso Deus, o penhor da glória
eterna e, vivendo ainda na terra, fomos saciados com o pão do Céu.
Nós Vos pedimos humildemente a graça de manifestar
na vida o que celebramos neste sacramento.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é
Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
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