Domingo X
do Tempo Comum - ano B - 10JUN2018
A VERDADEIRA MISSÃO DE JESUS
O Evangelho relata, com muita simplicidade, que os
familiares de Jesus o consideravam “louco”. O interesse suscitado pela pessoa
do Mestre, que atraía multidões, deixava-os perturbados. É possível imaginar
toda sorte de atitudes por parte dos que o procuravam. Quem necessitava da sua
ajuda e era atendido deveria manifestar-se com exaltação, exageros, histerias,
gritaria, barulho. Quem o via com suspeita, não devia poupar críticas,
desprezo, maledicências. Por sua vez, os parentes não conseguiam entender o
porquê de tudo isto. Nem tinham parâmetros para compreender as palavras de
Jesus e captar-lhes o sentido profundo. Tampouco tinham como explicar o seu
poder misterioso de fazer milagres e libertar os endemoniados. Por isso, pareceu-lhes
prudente prendê-lo em casa, de modo a evitar o espectáculo deprimente de ver
aquele seu familiar falando e fazendo desatinos. Na verdade, esses parentes já
não eram os verdadeiros familiares de Jesus, que, agora, são outros: aqueles
que ele chamou para serem os seus companheiros de missão. Estes, sim, pouco a
pouco, foram-se tornando capazes de compreender a sabedoria escondida nos
gestos e nas palavras do Mestre. Enganaram-se os que pensavam estar diante de
um louco, pois ali encontrava-se a mais pura sabedoria manifestada por Deus à
humanidade. A acusação que os escribas fizeram a Jesus é de extrema gravidade.
Na avaliação deles, o Mestre estava possuído pelo demónio. E isto é considerado
como uma blasfémia contra o Espírito Santo. Por quê? Toda a acção de Jesus
desenrolava-se sob o impulso do Espírito Santo. O Mestre pregava e curava pelo
poder do Espírito que recebera do Pai. A expulsão dos demónios resultava do
mesmo poder. Jesus realizava actos poderosos porque o Espírito de Deus habitava
nele. A blasfémia consistiu em confundir o Espírito Santo com Belzebu. Declarar
Jesus possesso significava dizer que era habitado pelo mau espírito e, assim,
negar totalmente a obra que Deus realizava através do seu Filho. A incapacidade
de interpretar os factos de maneira correcta resultava não só da má vontade dos
escribas relativamente a Jesus, mas também em relação a Deus. Por desconhecer a
pedagogia da acção divina, recusavam-se a reconhecer o dedo do Pai na acção do
seu Filho. Assim, punham-se a fazer considerações inconvenientes a respeito
dele. Aos blasfemadores só restava um caminho para se tornarem objecto da
misericórdia divina: reconhecer a presença de Deus na acção de Jesus e
confessar que, no Filho, a libertação divina acontecia na história da
humanidade oprimida. A presença da sua mãe e dos seus familiares, num momento
de intensa actividade, permitiu a Jesus explicitar um aspecto importante do
Reino instaurado por ele: o ponto de contacto entre ele e quem se tornou seu
discípulo. Seria uma questão de amizade pessoal, ou tudo dependeria das
preferências de Jesus? Os seus parentes teriam alguma precedência em relação
aos demais? Nada disso tinha importância, já que o critério seria a submissão à
vontade do Pai. Portanto, o ponto de contacto estaria ao nível interno,
existencial. Por pautarem as suas vidas em idêntico projecto, cuja referência
era o Pai, Jesus e os seus discípulos formariam uma grande família. Este
critério de familiaridade com Jesus supera toda a limitação do espaço temporal.
Entre nós e Jesus estabelecem-se estreitos laços de relacionamento, quando nos
deixamos guiar pela mesma vontade divina. A identificação dar-se-á na
semelhança de atitudes, uma vez que seremos levados a agir como ele. Por outro
lado, o espírito de família impor-se-á entre nós, cristãos, quando nos
encontrarmos unidos numa acção comum, fundada no amor e na justiça. Só então
saberemos que somos irmãos e irmãs de Jesus. Este é o parentesco espiritual
gerado pela opção pelo Reino, da qual nasce a verdadeira família de Jesus, que
engloba todas as raças e culturas.
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Salmo 26, 1-2
O Senhor é minha luz e salvação: a quem temerei?
O Senhor é protector da minha vida: de quem hei-de ter medo?
ORAÇÃO COLECTA
Deus, fonte de todo o bem, ensinai-nos com a vossa
inspiração a pensar o que é recto e ajudai-nos com a vossa providência a pô-lo
em prática.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
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LEITURA I – Gen 3,
9-15
«Estabelecerei inimizade entre a tua descendência e a
descendência dela»
Perdida a
amizade divina, pelo pecado, o homem e a mulher encontram-se reduzidos à sua
condição de seres limitados e vêem crescer em si o orgulho e a fuga à
responsabilidade.
O homem acusa a
mulher. Esta desculpa-se com a serpente. Apesar disso, o Senhor promete o
triunfo final do bem que há-de vencer a injustiça, o egoísmo. Jesus Cristo
realizará a salvação de cada homem, e de toda a humanidade.
Leitura
do Livro do Génesis
Depois
de Adão ter comido da árvore, o Senhor Deus chamou-o e disse-lhe: «Onde
estás?». Ele respondeu: «Ouvi o rumor dos vossos passos no jardim e, como
estava nu, tive medo e escondi-me». Disse Deus: «Quem te deu a conhecer que
estavas nu? Terias tu comido dessa árvore, da qual te proibira comer?». Adão
respondeu: «A mulher que me destes por companheira deu-me do fruto da árvore e
eu comi». O Senhor Deus perguntou à mulher: «Que fizeste?». E a mulher respondeu:
«A serpente enganou-me e eu comi». Disse então o Senhor Deus à serpente: «Por
teres feito semelhante coisa, maldita sejas entre todos os animais domésticos e
todos os animais selvagens. Hás-de rastejar e comer do pó da terra todos os
dias da tua vida. Estabelecerei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua
descendência e a descendência dela. Esta há-de atingir-te na cabeça e tu a
atingirás no calcanhar».
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 129 (130), 1-2.3-4ab.4c-6.7-8 (R. 7)
Refrão: No Senhor está a
misericórdia e abundante redenção. (Repete-se).
Ou:
No Senhor está a misericórdia, no Senhor está a plenitude da redenção. (Repete-se)
Do profundo abismo chamo por Vós, Senhor,
Senhor, escutai a minha voz.
Estejam os vossos ouvidos atentos
à voz da minha súplica. (Refrão)
Se tiverdes em conta os nossos pecados,
Senhor, quem poderá salvar-se?
Mas em Vós está o perdão
para Vos servirmos com reverência. (Refrão)
Eu confio no Senhor,
a minha alma confia na sua palavra.
A minha alma espera pelo Senhor
mais do que as sentinelas pela aurora. (Refrão)
Porque no Senhor está a misericórdia
e com Ele abundante redenção.
Ele há-de libertar Israel
de todas as suas faltas. (Refrão)
LEITURA II – 2 Cor
4, 13 – 5, 1
«Acreditamos; por
isso falamos»
Os sofrimentos
do dia a dia não preocupam o Apóstolo S. Paulo. Nem tão pouco o atormenta a
condição de ser mortal, pois deposita toda a sua esperança no Senhor que lhe
concederá uma morada eterna. Por isso, nos recomenda uma atenção especial para
os bens do espírito, para aquilo que não se vê, mas é duradoiro.
Leitura
da Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos:
Diz a Escritura: «Acreditei; por isso falei». Com este mesmo espírito de fé,
também nós acreditamos, e por isso falamos, sabendo que Aquele que ressuscitou
o Senhor Jesus também nos há-de ressuscitar com Jesus e nos levará convosco
para junto d’Ele. Tudo isto é por vossa causa, para que uma graça mais
abundante multiplique as acções de graças de um maior número de cristãos para
glória de Deus. Por isso, não desanimamos. Ainda que em nós o homem exterior se
vá arruinando, o homem interior vai-se renovando de dia para dia. Porque a
ligeira aflição dum momento prepara-nos, para além de toda e qualquer medida,
um peso eterno de glória. Não olhamos para as coisas visíveis, olhamos para as
invisíveis: as coisas visíveis são passageiras, ao passo que as invisíveis são
eternas. Bem sabemos que, se esta tenda, que é a nossa morada terrestre, for
desfeita, recebemos nos Céus uma habitação eterna, que é obra de Deus e não é
feita pela mão dos homens.
Palavra do Senhor
ALELUIA – Jo 12, 31b-32
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Chegou a hora em que vai ser expulso
o príncipe deste mundo, diz o Senhor;
e quando Eu for levantado da terra,
atrairei todos a Mim. (Refrão)
EVANGELHO – Mc 3,
20-35
«Satanás está
perdido»
Jesus
é objecto de toda a espécie de calúnias. Os escribas vão ao ponto de O acusarem
de pactuar com Belzebu o príncipe dos demónios. Nem por isso Jesus deixou de
levar por diante a missão que o Pai lhe confiara – a implantação do Reino de
Deus entre os homens. Muitos irmãos nossos lutam hoje contra o mal: contra o
racismo, as torturas, as injustiças e a privação de liberdade. E também estes
são acusados de estabelecerem a anarquia entre os homens. Colocamos nós a
vontade de Deus acima de tudo?
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele
tempo, Jesus chegou a casa com os seus discípulos. E de novo acorreu tanta
gente, que eles nem sequer podiam comer. Ao saberem disto, os parentes de Jesus
puseram-se a caminho para O deter, pois diziam: «Está fora de Si». Os escribas
que tinham descido de Jerusalém diziam: «Está possesso de Belzebu», e ainda: «É
pelo chefe dos demónios que Ele expulsa os demónios». Mas Jesus chamou-os e
começou a falar-lhes em parábolas: «Como pode Satanás expulsar Satanás? Se um
reino estiver dividido contra si mesmo, tal reino não pode aguentar-se. E se
uma casa estiver dividida contra si mesma, essa casa não pode durar. Portanto,
se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não pode subsistir: está
perdido. Ninguém pode entrar em casa de um homem forte e roubar-lhe os bens,
sem primeiro o amarrar: só então poderá saquear a casa. Em verdade vos digo:
Tudo será perdoado aos filhos dos homens: os pecados e blasfémias que tiverem
proferido; mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca terá perdão: será
réu de pecado para sempre». Referia-Se aos que diziam: «Está possesso dum
espírito impuro». Entretanto, chegaram sua Mãe e seus irmãos, que, ficando
fora, O mandaram chamar. A multidão estava sentada em volta d’Ele, quando Lhe
disseram: «Tua Mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura». Mas Jesus
respondeu-lhes: «Quem é minha Mãe e meus irmãos?». E, olhando para aqueles que
estavam à sua volta, disse: «Eis minha Mãe e meus irmãos. Quem fizer a vontade
de Deus esse é meu irmão, minha irmã e minha Mãe».
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Olhai com bondade, Senhor, para os dons que apresentamos ao vosso altar e
fazei que esta oblação Vos seja agradável e aumente em nós a caridade.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Salmo 17, 3
Sois o meu protector e o meu refúgio, Senhor;
sois o meu libertador; meu Deus, em Vós confio.
Ou – 1 Jo 4, 16
Deus é amor.
Quem permanece no amor permanece em Deus e Deus permanece nele.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Nós Vos pedimos, Senhor, que a acção santificadora deste sacramento
nos liberte das más inclinações e nos conduza a uma vida santa.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
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