sábado, 2 de junho de 2018

SENHOR DO SÁBADO



Domingo IX do Tempo Comum - ano B - 3JUN2018





SUPERAR O LEGALISMO
O centro da obra de Deus é o homem e o culto a Deus é fazer bem ao homem. Não se trata de estreitar ou alargar a lei do sábado, mas de dar sentido totalmente novo a todas as estruturas e leis que regem as relações entre os homens. Porque só é bom aquilo que faz o homem crescer e ter mais vida. Toda a lei que oprime o homem é lei contra a própria vontade de Deus e, portanto, deve ser abolida. Como no caso do jejum, os judeus também eram exagerados no tocante ao repouso sabático. Por isso, escandalizam-se ao ver os discípulos de Jesus colher espigas de trigo para comer, enquanto atravessam um trigal em dia de sábado. O fundamentalismo pela observância da Lei impedia-os de fazer qualquer tipo de contemporização. Jesus ia na direcção contrária, procurando mostrar-se fiel a Deus por outros caminhos e ensinando os seus discípulos a fazerem o mesmo. Para o Mestre, a finalidade da Lei era propiciar ao ser humano uma autêntica experiência de encontro com a vontade de Deus; praticar os seus preceitos de maneira puramente mecânica seria inútil. Este tipo de fidelidade exterior à vontade divina não era sinal de que a pessoa havia superado a tirania do egoísmo. Jesus pregava uma fidelidade criativa à Lei, de modo que, ao praticá-la, a pessoa pudesse atingir seu objectivo. O Mestre apresentou dois motivos para justificar a permissão de colher espigas em dia de sábado. Em primeiro lugar, por ter acontecido coisa semelhante com o rei Davi, o qual, num dia de sábado, matou a fome com os pães consagrados, que só aos sacerdotes era permitido comer. Além disso, as espigas não eram consagradas como os pães. Em segundo lugar, porque Jesus tinha autoridade, recebida do Pai, para agir como agiu. Se os discípulos estavam a comer para poderem continuar a missão, porque censurá-los? A deficiência física do homem encontrado por Jesus, na sinagoga, era mais grave do que, à primeira vista, se podia imaginar. Na antropologia bíblica, a mão está carregada de simbolismo. A partir deste universo simbólico é que se deve interpretar a situação do homem da mão ressequida. A mão está ligada à ideia de força e de poder. Estar na mão do outro significava estar sob o seu poder. Para falar do poder da língua, um provérbio bíblico refere-se à “mão da língua”. A expressão “salvar-se com as próprias mãos” tinha o sentido de salvar-se com as próprias forças. Diz-se que os habitantes de determinada cidade não puderam fugir, por ocasião de um incêndio, porque “as mãos não estavam com eles”, isto é, não tinham forças nem possibilidade de escapar. A mão direita era sinal de força, de sabedoria e de felicidade. Já a mão esquerda era sinal de fraqueza, de ignorância e de desgraça. Entende-se, assim, por que a iniciativa de cura foi de Jesus e não do homem doente. Este havia-se tornado uma pessoa sem iniciativa e incapaz de lutar pelos seus direitos. Nestas condições, era vítima da desumanização. Curando-o, Jesus tomou a iniciativa de humanizá-lo, de fazê-lo voltar a ser gente, com força e poder para lutar pelos seus direitos. É como se tivesse sido recriado! Com a mão recuperada, estava novamente apto para fazer o bem.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 24, 16.18
Olhai para mim, Senhor, e tende compaixão, porque estou só e desamparado.
Vede a minha miséria e o meu tormento e perdoai todos os meus pecados.

ORAÇÃO COLECTA
Deus todo-poderoso e eterno, cuja providência não se engana em seus decretos, humildemente Vos suplicamos: afastai de nós todos os males e concedei-nos todos os bens.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Liturgia da Palavra


LEITURA I – Deut 5, 12-15

«Recorda-te que também foste escravo no Egipto»

O povo de Deus do Antigo Testamento recebeu o mandamento de guardar o Sábado, que é, ao mesmo tempo, o memorial do repouso de Deus depois de concluída a obra da criação e dia de acção de graças por essa criação. E ainda mais agora ele há-de ser fiel ao mandamento do Senhor e permitir que os outros o possam ser também, porque, se agora o povo de Deus é um povo livre, é porque também Deus o libertou. Mas o Sábado do Antigo Testamento anuncia o Dia do Senhor da Nova Aliança, o Domingo, o dia do repouso em Deus, repouso que Jesus nos alcançou pelo seu Mistério Pascal.

Leitura do Livro do Deuteronómio
Eis o que diz o Senhor: «Guarda o dia de sábado, para o santificares, como te mandou o Senhor, teu Deus. Trabalharás durante seis dias e neles farás todas as tuas obras. O sétimo, porém, é o sábado do Senhor, teu Deus. Não farás nele qualquer trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu escravo, nem a tua escrava, nem o teu boi, nem o teu jumento, nem nenhum dos teus animais, nem o estrangeiro que mora contigo. Assim, o teu escravo e a tua escrava poderão descansar como tu. Recorda-te que foste escravo na terra do Egipto e que o Senhor, teu Deus, te fez sair de lá com mão forte e braço estendido. Por isso, o Senhor, teu Deus, te mandou guardar o dia de sábado».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 80 (81), 3-4.5-6ab.6c.8a.10-11b (R.2a)
Refrão: Exultai em Deus, que é o nosso auxílio. (Repete-se).
Ou:
Aclamai a Deus, nossa força. (Repete-se)

Aclamai a Deus, nossa força,
aplaudi ao Deus de Jacob.
Fazei ressoar a trombeta na lua nova
e na lua cheia, dia da nossa festa. (Refrão)

É uma obrigação para Israel,
é um preceito do Deus de Jacob,
lei que Ele impôs a José,
quando saiu da terra do Egipto. (Refrão)

Ouço uma língua desconhecida:
«Aliviei os teus ombros do fardo
e soltei as tuas mãos dos cestos;
gritaste na angústia e Eu te libertei. (Refrão)

Não terás contigo um deus alheio,
nem adorarás divindades estranhas.
Eu, o Senhor, sou o teu Deus,
que te fiz sair da terra do Egipto». (Refrão)


LEITURA II – 2 Cor 4, 6-11

«Manifesta-se no nosso corpo a vida de Jesus»

A vida do Apóstolo de Cristo reproduz a vida do Senhor, é outra manifestação do seu Mistério Pascal: frágil como um vaso de barro, transporta em si o tesouro do mistério de que é ministro e apóstolo; participando na Paixão do Senhor, pelos sofrimentos e trabalhos do seu ministério, é instrumento ao serviço da manifestação e da comunicação da vida de Jesus; comungando assim na Morte do seu Senhor, é portador aos outros da própria luz de Deus.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos: Deus, que disse: «Das trevas brilhará a luz» fez brilhar a luz em nossos corações, para que se conheça em todo o seu esplendor a glória de Deus, que se reflecte no rosto de Cristo. Nós trazemos em vasos de barro o tesouro do nosso ministério, para que se reconheça que um poder tão sublime vem de Deus e não de nós. Em tudo somos oprimidos, mas não esmagados; andamos perplexos, mas não desesperados; perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não aniquilados. Levamos sempre e em toda a parte no nosso corpo os sofrimentos da morte de Jesus, a fim de que se manifeste também no nosso corpo a vida de Jesus. Porque, estando ainda vivos, somos constantemente entregues à morte por causa de Jesus, para que se manifeste também na nossa carne mortal a vida de Jesus.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Jo 17, 17b.a

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

A vossa palavra, Senhor, é a verdade;
santificai-nos na verdade. (Refrão)


EVANGELHO – Mc 2, 23 – 3, 6

«O Filho do homem é também Senhor do sábado»

O Sábado foi dado ao homem como dia de repouso para que ele pudesse contemplar e agradecer a Deus a obra da criação e assim se manter sempre fiel à aliança com o Senhor, seu Criador. Era um mandamento dado ao homem para o libertar, não para o escravizar. O escândalo dos fariseus vinha-lhes de eles não saberem ir além da letra e não chegarem ao espírito; e assim não conseguiram reconhecer na Lei o Senhor da Lei. Como haviam depois de entender o novo Dia do Senhor, o Domingo, memorial da sua Páscoa?

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Passava Jesus através das searas, num dia de sábado, e os discípulos, enquanto caminhavam, começaram a apanhar espigas. Disseram-Lhe então os fariseus: «Vê como eles fazem ao sábado o que não é permitido». Respondeu-lhes Jesus: «Nunca lestes o que fez David, quando ele e os seus companheiros tiveram necessidade e sentiram fome? Entrou na casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu dos pães da proposição, que só os sacerdotes podiam comer, e os deu também aos companheiros». E acrescentou: «O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado. Por isso, o Filho do homem é também Senhor do sábado». Jesus entrou de novo na sinagoga, onde estava um homem com uma das mãos atrofiada. Os fariseus observavam Jesus, para verem se Ele ia curá-lo ao sábado e poderem assim acusá-l’O. Jesus disse ao homem que tinha a mão atrofiada: «Levanta-te e vem aqui para o meio». Depois perguntou-lhes: «Será permitido ao sábado fazer bem ou fazer mal, salvar a vida ou tirá-la?». Mas eles ficaram calados. Então, olhando-os com indignação e entristecido com a dureza dos seus corações, disse ao homem: «Estende a mão». Ele estendeu-a e a mão ficou curada. Os fariseus, porém, logo que saíram dali, reuniram-se com os herodianos para deliberarem como haviam de acabar com Ele.
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Confiando na vossa bondade, Senhor, trazemos ao altar os nossos dons, para que estes mistérios que celebramos nos purifiquem de todo o pecado.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 16, 6
Escutai, Senhor, as minhas palavras,
respondei-me quando Vos invoco.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Guiai, Senhor, com o vosso Espírito aqueles que alimentais com o Corpo e o Sangue do vosso Filho, de modo que, dando testemunho de Vós não só com palavras, mas em obras e verdade, mereçamos entrar no reino dos Céus.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



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