JESUS,
PERIGO OU SALVAÇÃO?
Com a festa da Epifania, a Igreja celebra a manifestação de
Jesus ao mundo. Jesus é o Rei Salvador prometido pelas Escrituras. A sua vinda,
porém, desperta reacções diferentes. Aqueles que conhecem as Escrituras, em vez
de se alegrarem com a realização das promessas, ficam alarmados, vendo em Jesus
uma séria ameaça para o seu próprio modo de viver. Outros, apenas guiados por
um sinal, procuram Jesus e acolhem-no como Rei Salvador. Não basta saber quem é
o Messias; é preciso seguir os sinais da história que nos encaminham para
reconhecê-lo e aceitá-lo. A cena mostra o destino de Jesus: rejeitado e morto
pelas autoridades do seu próprio povo, é aceite pelos pagãos. Nas narrativas da
infância de Jesus, em Mateus, Jesus recém-nascido já aparece para o mundo
representado pelos magos do Oriente. No Evangelho de Lucas (2,8-20), quem vai
adorar o recém-nascido são os humildes pastores. A narrativa de Mateus, com a
adoração dos magos, é feita ao estilo do “midrash[1]”
judaico. É uma reconstrução literária de episódios bíblicos antigos, retratados
de acordo com o tempo do narrador. Mateus narra a visita dos magos no sentido
de associar o nascimento de Jesus a uma profecia de Isaías (primeira leitura),
em que as várias nações pagãs trarão tesouros, ouro e incenso, ao Templo de
Jerusalém. Mateus apresenta Jesus como a luz e a glória de Deus para o povo de
Israel, sendo a ele que os povos se dirigem em adoração, em uma perspectiva
universalista (segunda leitura). A menção da estrela que guia os magos é uma
alusão à estrela de Jacob (Nm 24,17) que, depois, se transformou na estrela de
David, com seis pontas e doze lados, associando Jesus ao messianismo davídico.
Assim, também se dá com o nascimento em Belém, cidade tida como a terra de
origem de David. Todos estes acentos messiânicos Mateus fazia-os para convencer
a sua comunidade de cristãos originários do judaísmo que em Jesus se realizavam
as expectativas messiânicas. Além do mais, a narrativa abre espaço para
acentuar a crueldade do rei Herodes, com o episódio da matança das crianças de
Belém. Do ponto de vista histórico, Jesus manifesta-se ao mundo a partir do
início de seu ministério, o que se dá com o seu baptismo por João Baptista. Com
o anúncio da chegada do Reino dos Céus, Jesus revela Deus como Deus do amor
para todos os povos, sem exclusões. O encontro com Deus dá-se no desapego da
riqueza e do poder, e em toda a acção a favor da vida e da paz.
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Mal 3, 1; 1 Cron 19, 12
Eis que vem o Senhor soberano.
A realeza, o poder e o império estão nas suas mãos.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor Deus omnipotente, que neste dia revelastes o vosso
Filho Unigénito aos gentios guiados por uma estrela, a nós que já Vos
conhecemos pela fé levai-nos a contemplar face a face a vossa glória.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
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LEITURA I – Is 60,
1-6
«Brilha sobre ti a
glória do Senhor»
Como uma cidade,
construída sobre um monte, atrai o olhar de todos, ao ser iluminada pelo sol
nascente, assim Jerusalém, iluminada pelo Nascimento de Jesus, atrai a si todos
os povos, mergulhados na noite do pecado.
Será, porém, na
Igreja, nova Jerusalém, que Deus reunirá todos os homens, para lhes dar a
salvação. Será n’Ela que se constituirá, definitivamente, a comunidade dos
povos. «A luz dos povos é Cristo – Mas a Sua luz resplandece no rosto da Sua
Igreja» (LG. n.° 1). Ela é, na verdade, o sinal e o instrumento de união com
Deus e de unidade de todo o género humano.
Leitura
do Livro de Isaías
Levanta-te
e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do
Senhor. Vê como a noite cobre a terra e a escuridão os povos. Mas, sobre ti
levanta-Se o Senhor e a sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua luz e
os reis ao esplendor da tua aurora. Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm
ao teu encontro; os teus filhos vão chegar de longe e as tuas filhas são
trazidas nos braços. Quando o vires ficarás radiante, palpitará e dilatar-se-á
o teu coração, pois a ti afluirão os tesouros do mar, a ti virão ter as
riquezas das nações. Invadir-te-á uma multidão de camelos, de dromedários de
Madiã e Efá. Virão todos os de Sabá, trazendo ouro e incenso e proclamando as
glórias do Senhor.
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 71 (72), 2.7-8.10-11.12-13 (R. cf. 11)
Refrão: Virão
adorar-Vos, Senhor, todos os povos da terra. (Repete-se)
Ó Deus, concedei ao rei o poder de julgar
e a vossa justiça ao filho do rei.
Ele governará o vosso povo com justiça
e os vossos pobres com equidade. Refrão
Florescerá a justiça nos seus dias
e uma grande paz até ao fim dos tempos.
Ele dominará de um ao outro mar,
do grande rio até aos confins da terra. (Refrão)
Os reis de Társis e das ilhas virão com presentes,
os reis da Arábia e de Sabá trarão suas ofertas.
Prostrar-se-ão diante dele todos os reis,
todos os povos o hão-de servir. (Refrão)
Socorrerá o pobre que pede auxílio
e o miserável que não tem amparo.
Terá compaixão dos fracos e dos pobres
e defenderá a vida dos oprimidos. (Refrão)
LEITURA II – Ef 3, 2-3a.5-6
«Os gentios
recebem a mesma herança prometida»
O universalismo
de Isaías era um pouco limitado; os estrangeiros não estavam em posição de
igualdade com os filhos de Israel. S. Paulo, descrevendo o plano salvífico de
Deus, proclama que todos os homens são chamados, igualmente, a ser herdeiros da
Promessa.
Como
consequência deste chamamento universal para a Fé, toda a separação, toda a
discriminação, introduzidas na humanidade por culturas e civilizações,
desaparecem. Todos são chamados a formar o verdadeiro Israel e a constituir um
só Corpo – o Corpo Místico de Cristo – restabelecendo-se assim o plano primitivo
de Deus acerca da humanidade, que era um projecto de unidade e amor.
Leitura
da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
Irmãos:
Certamente já ouvistes falar da graça que Deus me confiou a vosso favor: por
uma revelação, foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo. Nas gerações
passadas, ele não foi dado a conhecer aos filhos dos homens como agora foi
revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas: os gentios
recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da
mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho.
Palavra do Senhor
ALELUIA – Mt 2, 2
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Vimos a sua estrela no Oriente
e viemos adorar o Senhor. (Refrão)
EVANGELHO – Mt 2,
1-12
«Viemos do Oriente
adorar o Rei»
Frente
ao mistério do Nascimento de Jesus, S. Mateus procura, sobretudo, contemplá-Lo
à Luz do primeiro encontro do mundo pagão com o Salvador, de que os magos são
as primícias e os representantes. Sublinhando, de modo expressivo, a
universalidade da Mensagem cristã, dirigida a todos os homens, mesmo àqueles
que, segundo as concepções estreitas do Judaísmo, viviam fora da Geografia e da
História da Salvação, o evangelista mostra como na visita dos Magos, se
realizam as profecias do A. T.
Não
deixa também de o impressionar, em contraste com o orgulho e cegueira de
Herodes e dos sábios de Israel, a boa vontade dos Magos, que, atentos aos
sinais dos Tempos, se dispõem a correr a aventura da Fé.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Tinha
Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a
Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – perguntaram eles – o rei
dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos
adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele,
toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas
do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em
Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo Profeta: ‘Tu, Belém, terra de
Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois
de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes
mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o
tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e
disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O
encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei,
puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à
sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela,
sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe,
e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros,
ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não
voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Olhai com bondade, Senhor, para os dons da vossa Igreja, que não Vos
oferece ouro, incenso e mirra, mas Aquele que por estes dons é manifestado,
imolado e oferecido em alimento, Jesus Cristo, vosso Filho, Nosso Senhor.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Mt 2, 2
Vimos a sua estrela no Oriente
e viemos com presentes adorar o Senhor.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Iluminai-nos, Senhor, sempre e em toda a parte com a vossa
luz celeste, para que possamos contemplar com olhar puro e receber de coração
sincero o mistério em que por vossa graça participámos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
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