A
SOLIDARIEDADE DE JESUS
O céu rasgou-se: Na pessoa de Jesus, a separação que havia
entre Deus e os homens rompeu-se. A voz apresenta o mistério do homem de
Nazaré: ele é o Filho de Deus, o Messias-Rei (Sl 2,7) que vai estabelecer o
Reino de Deus através do serviço, como o Servo de Deus (Is 42,1-2). O baptismo
de Jesus, no Jordão, pode parecer, à primeira vista, inútil. Afinal, eram os
pecadores os que procuravam o baptismo de João, para se redimirem dos seus
pecados, na perspectiva da iminente chegada do Messias. Por um lado, Jesus não
era pecador. Por outro, ele era o Messias, cuja acção havia de revolucionar a
história humana. Como justificar, então, o seu baptismo? A vinda do Messias
Jesus tinha como finalidade oferecer aos pecadores a salvação. Este seria o
público privilegiado da sua acção. Quando, no início de seu ministério, se
dirigiu ao lugar onde João estava a baptizar, Jesus foi colocar-se exactamente
onde se encontravam os que vieram para se salvarem. Em torno de João,
reuniam-se pessoas conscientes dos seus pecados e desejosas de se verem livres
deles. Jesus foi ao encontro delas, pois haveria de livrá-las, definitivamente,
do peso dos seus pecados, anunciando-lhes o advento do Reino de Deus. O
Messias, porém, escolheu o caminho da solidariedade com os pecadores e colocou-se
junto deles como salvador, não como juiz. Ao se fazer como eles, embora não
sendo pecador, possibilitou que a graça tivesse lugar na vida daquela gente.
Foi assim que, no baptismo, o Filho amado de Deus iniciou a sua missão. João Baptista,
com a sua pregação, abalava as bases da cúpula religiosa sediada em Jerusalém.
Ele rompeu com o sacerdócio hereditário do pai, Zacarias, afastando-se do
Templo e da cidade de Jerusalém. Havia uma interrogação se João não seria o “cristo”,
que equivale a “messias”. Este messias era um líder esperado que libertaria os
judeus da opressão do império romano e conquistaria para o povo,
particularmente para as suas elites, uma posição de hegemonia mundial, no
modelo do antigo império de David. Como os chefes religiosos judeus eram
coniventes com o domínio do império romano, eles temiam tal messias que poderia
provocar uma agitação social e a represália do império romano. João Batista descarta
qualquer pretensão a desempenhar o papel de um messias. Contudo, ele anuncia
que a sua prática é outra. Ele vem para proclamar um baptismo da conversão à
justiça, com o que se liberta o mundo do pecado. O seu baptismo com água
simboliza o renascer para um novo mundo. Porém, após ele vem Jesus que baptiza
no Espírito Santo. É o baptismo que confere a vida divina e eterna a todos os que
praticam a justiça, no amor e na misericórdia, no mundo novo querido pelo Pai.
O baptismo de Jesus no rio Jordão, mais um evento ligado à epifania do Senhor,
havia de revolucionar a história humana posto que a vinda do verdadeiro Messias
tinha como foco oferecer aos pecadores a oportunidade da salvação. Misturado
com os pecadores, sem o ser, Jesus recebe o duplo testemunho do Espírito e do
Pai. A descida do Espírito, que se manifesta em imagens (a pomba da Arca) é a
consagração ou unção do Messias para o seu mistério. Ele verdadeiramente deu o
seu exemplo público, mostrando o verdadeiro caminho da solidariedade. Através do
baptismo do Senhor o Filho de Deus inicia brilhantemente a sua missão junto da
humanidade. Que o espírito do Baptismo do Senhor inspire verdadeiramente a
renovação do nosso baptismo pessoal, confirmando e mantendo a nossa missão e a
nossa caminhada de fé rumo ao Reino de Deus, pela nossa conversão permanente e
pela nossa salvação.
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Mt 3, 16-17
Depois do Baptismo do Senhor, abriram-se os Céus. Sobre Ele desceu o
Espírito Santo em figura de pomba e fez-se ouvir a voz do Pai: Este é o meu
Filho muito amado, no qual pus as minhas complacências.
ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, que proclamastes solenemente a
Cristo como vosso amado Filho quando era baptizado nas águas do rio Jordão e o
Espírito Santo descia sobre Ele, concedei aos vossos filhos adoptivos,
renascidos pela água e pelo Espírito Santo, a graça de permanecerem sempre no
vosso amor.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Ou
Deus omnipotente, cujo Filho Unigénito Se manifestou aos
homens na realidade da nossa natureza, concedei-nos que, reconhecendo-O
exteriormente semelhante a nós, sejamos por Ele interiormente renovados.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
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LEITURA I – Is 42,
1-4.6-7
«Eis o meu servo,
enlevo da minha alma»
No Baptismo que
recebeu das mãos de João, Jesus manifesta-Se como sendo Aquele que o profeta
anunciara: o Servo de Deus, que desce à água no meio dos pecadores para
inaugurar a obra da redenção que o Pai Lhe confiara, e, ao mesmo tempo, o Filho
bem amado, sobre quem repousa o Espírito de Deus, para que Ele seja portador da
Boa Nova da salvação a toda a Terra.
Leitura
do Livro de Isaías
Diz
o Senhor: «Eis o meu servo, a quem Eu protejo, o meu eleito, enlevo da minha
alma. Sobre ele fiz repousar o meu espírito, para que leve a justiça às nações.
Não gritará, nem levantará a voz, nem se fará ouvir nas praças; não quebrará a
cana fendida, nem apagará a torcida que ainda fumega: proclamará fielmente a
justiça. Não desfalecerá nem desistirá, enquanto não estabelecer a justiça na
terra, a doutrina que as ilhas longínquas esperam. Fui Eu, o Senhor, que te
chamei segundo a justiça; tomei-te pela mão, formei-te e fiz de ti a aliança do
povo e a luz das nações, para abrires os olhos aos cegos, tirares do cárcere os
prisioneiros e da prisão os que habitam nas trevas».
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 28 (29), 1a.2.3ac-4.3b.9b-10 (R. 11b)
Refrão: O Senhor
abençoará o seu povo na paz. (Repete-se)
Tributai ao Senhor, filhos de Deus,
tributai ao Senhor glória e poder.
Tributai ao Senhor a glória do seu nome,
adorai o Senhor com ornamentos sagrados. Refrão
A voz do Senhor ressoa sobre as nuvens,
o Senhor está sobre a vastidão das águas.
A voz do Senhor é poderosa,
a voz do Senhor é majestosa. (Refrão)
A majestade de Deus faz ecoar o seu trovão
e no seu templo todos clamam: Glória!
Sobre as águas do dilúvio senta-Se o Senhor,
o Senhor senta-Se como Rei eterno. (Refrão)
LEITURA II – Actos 10, 34-38
«Deus
ungiu-O com o Espírito Santo»
O Espírito Santo
desceu sobre Jesus na hora do Baptismo e ungiu-O para que Ele pudesse começar o
seu ministério e, por Ele, os homens fossem também baptizados não só na água,
mas na água e no Espírito. A unção que o Espírito Santo confere a Jesus na hora
do seu baptismo marca-O como “Messias”, isto é, “Ungido”, ou seja “Cristo”, e,
faz d’Ele a fonte da unção com que o mesmo Espírito marcará os “cristãos”, os
“ungidos”, membros de Cristo, sua Cabeça.
Leitura
dos Actos dos Apóstolos
Naqueles
dias, Pedro tomou a palavra e disse: «Na verdade, eu reconheço que Deus não faz
acepção de pessoas, mas, em qualquer nação, aquele que O teme e pratica a
justiça é-Lhe agradável. Ele enviou a sua palavra aos filhos de Israel,
anunciando a paz por Jesus Cristo, que é o Senhor de todos. Vós sabeis o que
aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do baptismo que
João pregou: Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que
passou fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelo demónio, porque
Deus estava com Ele».
Palavra do Senhor
ALELUIA – Mc 9, 6
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Abriram-se os céus e ouviu-se a voz do Pai:
«Este é o meu Filho muito amado: escutai-O». (Refrão)
EVANGELHO – Lc 3,
15-16.21-22
«Jesus foi baptizado
e, enquanto orava, abriu-se o céu»
No
livro do Génesis (Gn 3 23-24) diz-se que depois do pecado dos nossos primeiros
pais, Adão e Eva, eles foram expulsos do paraíso terrestre, que se fechou atrás
deles. Agora, na hora do baptismo de Jesus, o Céu abriu-se para franquear a
entrada ao homem novo, que é Jesus, que a voz do Pai declara ser o seu Filho.
N’Ele e por Ele a todos os que n’Ele crêem, santificados pela graça do Espírito
Santo, está agora patente a porta do paraíso.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
TNaquele
tempo, o povo estava na expectativa e todos pensavam em seus corações se João
não seria o Messias. João tomou a palavra e disse-lhes: «Eu baptizo-vos com
água, mas vai chegar quem é mais forte do que eu, do qual não sou digno de
desatar as correias das sandálias. Ele baptizar-vos-á com o Espírito Santo e
com o fogo». Quando todo o povo recebeu o baptismo, Jesus também foi baptizado;
e, enquanto orava, o céu abriu-se e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma
corporal, como uma pomba. E do céu fez-se ouvir uma voz: «Tu és o meu Filho
muito amado: em Ti pus toda a minha complacência».
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Aceitai, Senhor, os dons que a Igreja Vos oferece, ao celebrar a
manifestação de Cristo vosso Filho, para que a oblação dos vossos fiéis se
transforme naquele sacrifício perfeito que lavou o mundo de todo o pecado.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Jo 1, 32.34
Eis Aquele de quem João dizia:
Eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Senhor, que nos alimentais com este dom sagrado, ouvi
benignamente as nossas súplicas e concedei-nos a graça de ouvirmos com fé a
palavra do vosso Filho Unigénito para nos chamarmos e sermos realmente vossos
filhos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
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