A AUTO
REVELAÇÃO DE JESUS NAS BODAS DE CANÁ
Segundo João, a primeira semana de Jesus termina com a
festa de casamento em Caná. João relata este episódio por causa do seu aspecto
simbólico: o casamento é o símbolo da união de Deus com a humanidade, realizada
de maneira definitiva na pessoa de Jesus, Deus-e-Homem. Sem Jesus, a humanidade
vive uma festa de casamento sem vinho. Maria, aliviando a situação
constrangedora, simboliza a comunidade que nasce da fé em Jesus e as últimas
palavras que ela diz neste evangelho são um convite: “Façam o que Jesus
mandar”. Jesus relembra que a sua hora ainda não chegou. Jesus utilizou a água
que os judeus usavam para as purificações. Os judeus eram mesquinhos com a
preocupação de não se mancharem, e, assim, a sua religião multiplicava os ritos
de purificação. Mas Jesus transformou a água em vinho! É que a religião
verdadeira não se baseia no medo do pecado. O importante é receber de Jesus o
Espírito. Este, como vinho generoso, faz-nos romper com as normas que
aprisionam e com a mesquinhez da nossa própria sabedoria. O episódio de Caná é
uma espécie de resumo daquilo que vai acontecer através de toda a actividade de
Jesus: com a sua palavra e acção, Jesus transforma as relações dos homens com
Deus e dos homens entre si. Maria, como mãe de Jesus, o Filho de Deus, é
revestida de imensa glória. A sua proximidade do Filho permite que seja um
apoio para nossa fé. Maria conduz-nos a Jesus. É a si próprio que Jesus chama todos
para segui-lo como discípulos. O evangelista João fala sempre em “a mãe de
Jesus”, sem dizer o seu nome. “Mãe”, com o seu sentido de origem do ser,
representa a maternidade universal e divina de Maria, gerando para a vida
eterna. A nossa piedade vê, neste evangelho, o importante papel de Nossa
Senhora no projecto salvífico de Deus. Ela é sensível às nossas necessidades e
intercede por nós junto do seu Filho. Jesus atende aos apelos da sua mãe. No
evangelho de João temos uma simbologia abrangente. Jesus está inaugurando seu
ministério. Nele encontramos algo extraordinariamente novo, que extrapola as
expectativas e observâncias do judaísmo. Na tradição profética, a Aliança de
Deus com o seu povo é apresentada como núpcias. Nesta narrativa de João, a
festa das núpcias não oferece vinho suficiente. Havia seis talhas de pedra, vazias,
destinadas às purificações rituais dos judeus, que foram enchidas com água. A
água de purificação não é solução. É preciso transformá-la. A mãe de Jesus
percebe o problema. Com o seu simbolismo, João não pretende realçar a relação
amorosa, mãe-filho, mas sim a relação de maternidade entre Maria e a
humanidade. Jesus afirma que não é [ainda] a “sua hora”, a hora da sua
glorificação na cruz, que consagra a vida dedicada à renovação do mundo pelo
amor, até ao fim, sem temer a morte. Contudo Jesus resolve sinalizar a sua “hora”
e associa a água, fonte da vida, ao vinho, fonte de alegria! O amor de Jesus
liberta da Lei e gera vida e alegria.
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Salmo 65, 4
Toda a terra Vos adore, Senhor,
e entoe hinos ao vosso nome, ó Altíssimo.
ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, que governais o céu e a terra, escutai
misericordiosamente as súplicas do vosso povo e concedei a paz aos nossos dias.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
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LEITURA I – Is.
62, 1-5
«A esposa é a
alegria do marido»
O amor entre
Deus e o seu povo é frequentemente comparado, na Sagrada Escritura, ao amor dos
esposos. Jerusalém é a imagem de todo o povo de Deus, é a imagem antecipada da
própria Igreja. Pelo amor que lhe tem, o Senhor fará dela sua esposa; será essa
a glória de Jerusalém, da Igreja, a Esposa de Cristo. Com esta leitura
prepara-se a compreensão da leitura do Evangelho deste dia, onde se lê o
“sinal” das Bodas de Caná.
Leitura
do Livro de Isaías
Por
amor de Sião não me calarei, por amor de Jerusalém não terei repouso, enquanto
a sua justiça não despontar como a aurora e a sua salvação não resplandecer
como facho ardente. Os povos hão-de ver a tua justiça e todos os reis a tua
glória. Receberás um nome novo, que a boca do Senhor designará. Serás coroa
esplendorosa nas mãos do Senhor, diadema real nas mãos do teu Deus. Não mais te
chamarão «Abandonada», nem à tua terra «Deserta», mas hão-de chamar-te
«Predilecta» e à tua terra «Desposada», porque serás a predilecta do Senhor e a
tua terra terá um esposo. Tal como o jovem desposa uma virgem, o teu Construtor
te desposará; e como a esposa é a alegria do marido, tu serás a alegria do teu
Deus.
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 95 (96), 1-3.7-8a.9-10a.c (R. 3)
Refrão: Anunciai em
todos os povos as maravilhas do Senhor. (Repete-se).
Cantai ao Senhor um cântico novo,
cantai ao Senhor, terra inteira,
cantai ao Senhor, bendizei o seu nome. Refrão
Anunciai dia a dia a sua salvação,
publicai entre as nações a sua glória,
em todos os povos as suas maravilhas. (Refrão)
Dai ao Senhor, ó família dos povos,
dai ao Senhor glória e poder,
dai ao Senhor a glória do seu nome. (Refrão)
Adorai o Senhor com ornamentos sagrados,
trema diante d’Ele a terra inteira;
dizei entre as nações: «O Senhor é Rei»,
governa os povos com equidade. (Refrão)
LEITURA II – 1 Cor 12, 4-11
«Um só e o
mesmo Espírito, distribuindo a cada um conforme Lhe agrada»
Começamos hoje a
leitura da terceira parte desta epístola, de que se leu o ano passado a segunda
parte. Por ser bastante longa, é assim distribuída por mais de um ano. Ao
dirigir-se a uma comunidade onde eram frequentes as divisões, o Apóstolo apela
para a unidade, fruto da acção do Espírito de Deus, que é a fonte comum de
todos os dons que existem na Igreja. Assim, a unidade na Igreja não provém de
qualquer motivo humano, mas do facto de todos os dons que nela existem
procederem do mesmo e único Espírito.
Leitura
da primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Irmãos:
Há diversidade de dons espirituais, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de
ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diversidade de operações, mas é o mesmo
Deus que realiza tudo em todos. Em cada um se manifestam os dons do Espírito
para o bem comum. A um o Espírito dá a mensagem da sabedoria, a outro a
mensagem da ciência, segundo o mesmo Espírito. É um só e o mesmo Espírito que
dá a um o dom da fé, a outro o poder de curar; a um dá o poder de fazer
milagres, a outro o de falar em nome de Deus; a um dá o discernimento dos
espíritos, a outro o de falar diversas línguas, a outro o dom de as
interpretar. Mas é um só e o mesmo Espírito que faz tudo isto, distribuindo os
dons a cada um conforme Lhe agrada.
Palavra do Senhor
ALELUIA – 2 Tes 2, 14
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Deus chamou-nos, por meio do Evangelho,
a tomar parte na glória
de Nosso Senhor Jesus Cristo. (Refrão)
EVANGELHO – Jo 2,
1-11
«O primeiro milagre
de Jesus»
O
milagre que Jesus fez nas Bodas de Caná pertence ainda ao ciclo da Epifania. De
facto, por meio dele o Senhor Se manifestou. A transformação da água em vinho e
o facto de tal ter acontecido num banquete de núpcias e ainda o chamar-lhe o
Evangelho um “sinal” leva-nos a perscrutar o mistério desta epifania ou
manifestação do Senhor. Aquela não era ainda a hora de Jesus, que havia de
chegar na hora da Cruz; mas aquele “sinal” apontava já para lá, para a hora das
núpcias do Cordeiro, a hora do sacrifício que sela a Aliança, nova e
definitiva, entre Deus e os homens, pelo Sangue de Jesus.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele
tempo, realizou-se um casamento em Caná da Galileia e estava lá a Mãe de Jesus.
Jesus e os seus discípulos foram também convidados para o casamento. A certa
altura faltou o vinho. Então a Mãe de Jesus disse-Lhe: «Não têm vinho». Jesus
respondeu-Lhe: «Mulher, que temos nós com isso? Ainda não chegou a minha hora».
Sua Mãe disse aos serventes: «Fazei tudo o que Ele vos disser». Havia ali seis
talhas de pedra, destinadas à purificação dos judeus, levando cada uma de duas
a três medidas. Disse-lhes Jesus: «Enchei essas talhas de água». Eles
encheram-nas até acima. Depois disse-lhes: «Tirai agora e levai ao chefe de
mesa». E eles levaram. Quando o chefe de mesa provou a água transformada em
vinho, – ele não sabia de onde viera, pois só os serventes, que tinham tirado a
água, sabiam – chamou o noivo e disse-lhe: «Toda a gente serve primeiro o vinho
bom e, depois de os convidados terem bebido bem, serve o inferior. Mas tu
guardaste o vinho bom até agora». Foi assim que, em Caná da Galileia, Jesus deu
início aos seus milagres. Manifestou a sua glória e os discípulos acreditaram
n’Ele.
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Concedei-nos, Senhor, a graça de participar dignamente nestes mistérios,
pois todas as vezes que celebramos o memorial deste sacrifício realiza-se a
obra da nossa redenção.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Salmo 22, 5
Para mim preparais a mesa
e o meu cálice transborda.
Ou – 1 Jo 4, 16
Nós conhecemos e acreditámos
no amor de Deus para connosco.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Infundi em nós, Senhor, o espírito da vossa caridade, para
que vivam unidos num só coração e numa só alma aqueles que saciastes com o
mesmo pão do Céu.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
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