«ESTAI
VÓS TAMBÉM PREPARADOS»
Esperando continuamente a chegada imprevisível do Senhor
que serve, a comunidade cristã permanece atenta, concretizando a busca do Reino
através da prontidão para o serviço fraterno. A longa espera da segunda vinda
do Senhor pode levar o discípulo a esmorecer e a desanimar. Quanto maior a
incerteza do dia e da hora, tanto maior a tentação de debandar para o pecado, a
idolatria e a impiedade. Perseverar na espera é prova de fidelidade. Jesus serve-se
de duas imagens para ilustrar o estado de constante vigilância do discípulo. A
primeira é estar com os rins cingidos com o cinto. Alusão à veste comprida
usada pelos orientais, arregaçada e amarrada na cintura, por meio de uma faixa,
enquanto se trabalhava ou viajava, para não lhes impedir os movimentos. A
segunda é estar com as lâmpadas acesas, sugerindo que a vinda inesperada pode
dar-se a qualquer momento, inclusive à noite. Em termos concretos, a vigilância
expressa-se na prática incessante da misericórdia e da justiça. O discípulo é
incansável no amor. A sua opção mantém-se inalterada, mesmo desconhecendo o dia
e a hora do encontro com o Senhor. Esta demora é irrelevante. Antes, quanto
mais o Senhor tarda a chegar, tanto mais terá tempo para fazer o bem. A demora,
neste caso, é vista pelo prisma positivo: a possibilidade de manifestar a sua
capacidade de amar, e não pelo prisma negativo, como se tivesse sido vítima do divórcio
e do abandono do Senhor. Perseverar no amor é uma autêntica bem-aventurança. Só
os verdadeiros discípulos são capazes disso. Um dos principais conteúdos da
pregação apostólica nas primeiras comunidades cristãs era a proximidade da parúsia,
ou seja, a volta iminente de Jesus para o juízo final. Nesta expectativa havia
um empenho em viver autenticamente a fé, nas comunidades. Porém, com o passar
do tempo, sem nada ocorrer e sem sinais próximos da parúsia, o ardor das
comunidades começa a esfriar. Os evangelistas empenham-se, então, em
reanimá-las, mantendo acesa a chama desta expectativa. É necessário permanecer
de prontidão e atentos. Os que assim estiverem à espera do seu Senhor são
proclamados bem-aventurados. São os que estão vigilantes, empenhados em fazer a
vontade do Pai, que é o serviço à vida, na justiça e no amor. Nesta parábola, é
admirável como o próprio Senhor arregaçará a sua veste e se porá a servir
àqueles que encontrar vigilantes, como Jesus na última ceia, no evangelho de
João (13,2-15). Hoje, as comunidades, conscientes da presença de Jesus no seu
meio, movidas pelo amor e vigilantes quanto às necessidades dos seus irmãos,
empenham-se na construção de uma sociedade mais justa, num mundo novo. Estas
duas parábolas comparativas são estimulantes a partir da expectativa da volta
do Senhor. A primeira, sobre o dono da casa e a vinda do ladrão, é dirigida aos
discípulos em geral, que devem estar atentos, vigiando, isto é, zelosos em
praticar a vontade de Deus. A segunda, sobre o servo que cuida da criadagem do
senhor, é dirigida àqueles que têm a missão de conduzir a comunidade. É
provável que ela fosse inicialmente dirigida aos fariseus, aplicando-se, em
seguida, aos líderes das comunidades de discípulos de Jesus. Todos devem
assumir com humildade as suas responsabilidades, estando atentos às
necessidades dos irmãos, sem impor ou dominar os demais.
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Salmo 73, 20.19.22.23
Lembrai-Vos, Senhor, da vossa aliança,
não esqueçais para sempre a vida dos vossos fiéis.
Levantai-Vos, Senhor, defendei a vossa causa,
escutai a voz daqueles que Vos procuram.
ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, a quem podemos chamar
nosso Pai, fazei crescer o espírito filial em nossos corações para merecermos
entrar um dia na posse da herança prometida.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é
Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
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LEITURA I – Sab
18, 6-9
«Da mesma forma
castigastes os adversários e nos cobristes de glória, chamando-nos a Vós»
A leitura do
Evangelho vai dizer-nos que devemos estar sempre de vigia, como quem guarda a
casa de noite. Daí que esta primeira leitura nos recorde que foi também numa
noite que o Senhor passou pelo meio do seu povo para fazer a libertação pascal,
aquando da saída do Egipto. A Vigília pascal, que mantém, todos os anos, o povo
de Deus em atitude de quem vigia, é o modelo da atitude que este povo e cada um
de nós há-de manter até que o Senhor volte.
Leitura
do Livro da Sabedoria
A
noite em que foram mortos os primogénitos do Egipto foi dada previamente a
conhecer aos nossos antepassados, para que, sabendo com certeza a que juramentos
tinham dado crédito, ficassem cheios de coragem. Ela foi esperada pelo vosso
povo, como salvação dos justos e perdição dos ímpios, pois da mesma forma que
castigastes os adversários, nos cobristes de glória, chamando-nos para Vós. Por
isso os piedosos filhos dos justos ofereciam sacrifícios em segredo e de comum
acordo estabeleceram esta lei divina: que os justos seriam solidários nos bens
e nos perigos; e começaram a cantar os hinos de seus antepassados.
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 32 (33), 1.12.18-19.20.22 (R. 12b)
Refrão: Feliz o povo que
o Senhor escolheu para sua herança. (Repete-se)
Justos, aclamai o Senhor,
os corações rectos devem louvá-l’O.
Feliz a nação que tem o Senhor por seu Deus,
o povo que Ele escolheu para sua herança. (Refrão)
Os olhos do Senhor estão voltados
para os que O temem,
para os que esperam na sua bondade,
para libertar da morte as suas almas
e os alimentar no tempo da fome. (Refrão)
A nossa alma espera o Senhor,
Ele é o nosso amparo e protector.
Venha sobre nós a vossa bondade,
porque em Vós esperamos, Senhor. (Refrão)
LEITURA II – Hebr 11, 1-2.8-19
«Esperava a
cidade, da qual Deus é arquitecto e construtor»
Começamos hoje a
ler uma parte da Epístola aos Hebreus, em que se faz o elogio dos nossos
antepassados na fé que, seguindo os passos de Abraão, caminharam fielmente para
a Terra Prometida. A fé, que é resposta do homem à palavra de Deus, é sempre a
luz que ilumina toda a caminhada pascal do homem deste mundo para o Pai.
Leitura
da Epístola aos Hebreus
Irmãos:
A fé é a garantia dos bens que se esperam e a certeza das realidades que não se
vêem. Ela valeu aos antigos um bom testemunho. Pela fé, Abraão obedeceu ao
chamamento e partiu para uma terra que viria a receber como herança; e partiu
sem saber para onde ia. Pela fé, morou como estrangeiro na terra prometida,
habitando em tendas, com Isaac e Jacob, herdeiros, como ele, da mesma promessa,
porque esperava a cidade de sólidos fundamentos, cujo arquitecto e construtor é
Deus. Pela fé, também Sara recebeu o poder de ser mãe já depois de passada a
idade, porque acreditou na fidelidade d’Aquele que lho prometeu. É por isso
também que de um só homem – um homem que a morte já espreitava – nasceram
descendentes tão numerosos como as estrelas do céu e como a areia que há na
praia do mar. Todos eles morreram na fé, sem terem obtido a realização das
promessas. Mas vendo-as e saudando-as de longe, confessaram que eram
estrangeiros e peregrinos sobre a terra. Aqueles que assim falam mostram
claramente que procuram uma pátria. Se pensassem na pátria de onde tinham
saído, teriam tempo de voltar para lá. Mas eles aspiravam a uma pátria melhor,
que era a pátria celeste. E como Deus lhes tinha preparado uma cidade, não Se
envergonha de Se chamar seu Deus. Pela fé, Abraão, submetido à prova, ofereceu
o seu filho único Isaac, que era o depositário das promessas, como lhe tinha
sido dito: «Por Isaac será assegurada a tua descendência». Ele considerava que
Deus pode ressuscitar os mortos; por isso, numa espécie de prefiguração, ele
recuperou o seu filho.
Palavra do Senhor
ALELUIA – Mt 24, 42a.44
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Vigiai e estai preparados,
porque na hora em que não pensais
virá o Filho do homem. (Refrão)
EVANGELHO – Lc 12,
32-48
«Estai vós também
preparados»
Na
continuação do espírito da primeira leitura, também esta leitura evangélica nos
coloca como que em atitude de vigília pascal: sobre esta Terra, esperamos e
aguardamos o Senhor, que virá. Celebrando o mistério pascal em cada Eucaristia,
não recordamos apenas os acontecimentos pascais do passado, mas nós próprios
nos colocamos em atitude espiritual de vigília, como, de maneira mais
significativa, o fazemos, uma vez por ano, na noite santa da Páscoa. A atitude
contínua da Igreja é a de vigília.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não temas, pequenino rebanho, porque
aprouve ao vosso Pai dar-vos o reino. Vendei o que possuís e dai-o em esmola.
Fazei bolsas que não envelheçam, um tesouro inesgotável nos Céus, onde o ladrão
não chega nem a traça rói. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará o
vosso coração. Tende os rins cingidos e as lâmpadas acesas. Sede como homens
que esperam o seu senhor ao voltar do casamento, para lhe abrirem logo a porta,
quando chegar e bater. Felizes esses servos, que o senhor, ao chegar, encontrar
vigilantes. Em verdade vos digo: cingir-se-á e mandará que se sentem à mesa e,
passando diante deles, os servirá. Se vier à meia-noite ou de madrugada,
felizes serão se assim os encontrar. Compreendei isto: se o dono da casa
soubesse a que hora viria o ladrão, não o deixaria arrombar a sua casa. Estai
vós também preparados, porque na hora em que não pensais virá o Filho do homem».
Disse Pedro a Jesus: «Senhor, é para nós que dizes esta parábola, ou também
para todos os outros?». O Senhor respondeu: «Quem é o administrador fiel e
prudente que o senhor estabelecerá à frente da sua casa, para dar devidamente a
cada um a sua ração de trigo? Feliz o servo a quem o senhor, ao chegar,
encontrar assim ocupado. Em verdade vos digo que o porá à frente de todos os
seus bens. Mas se aquele servo disser consigo mesmo: ‘O meu senhor tarda em
vir’, e começar a bater em servos e servas, a comer, a beber e a embriagar-se,
o senhor daquele servo chegará no dia em que menos espera e a horas que ele não
sabe; ele o expulsará e fará que tenha a sorte dos infiéis. O servo que,
conhecendo a vontade do seu senhor, não se preparou ou não cumpriu a sua vontade,
levará muitas vergastadas. Aquele, porém, que, sem a conhecer, tenha feito
acções que mereçam vergastadas, levará apenas algumas. A quem muito foi dado,
muito será exigido; a quem muito foi confiado, mais se lhe pedirá».
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Aceitai benignamente, Senhor, os dons que Vós mesmo concedestes à vossa
Igreja e transformai-os, com o vosso poder, em sacramento da nossa salvação.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é
Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Salmo 147,12.14
Louva, Jerusalém, o Senhor,
que te saciou com a flor da farinha.
Ou - Jo 6, 52
O pão que Eu vos darei, diz o Senhor,
é a minha carne pela vida do mundo.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Nós Vos pedimos, Senhor, que a comunhão do vosso sacramento
nos salve e nos confirme na luz da vossa verdade.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
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