«E PARA
QUEM FICARÁ O QUE TU ACUMULASTE?»
No caminho da vida, o homem depara com o problema das
riquezas. Jesus mostra que é idiotice acumular bens para assegurar a própria
vida. Só Deus pode dar ao homem a riqueza que é a própria vida. Jesus deve ter
percebido a mentalidade de muitas pessoas exageradamente preocupadas em
adquirir e acumular bens. Se os discípulos desejassem ser fieis ao Reino,
deveriam precaver-se contra atitudes deste género. Daí a preocupação do Mestre
em alertá-los. Tudo, na vida do rico, gira em torno do próprio eu: “meus
celeiros”, “meu trigo”, “meus bens”. Em sua vida, não existe espaço para Deus e
para o próximo. Tudo é pensado em função da sua satisfação pessoal: “Ó minha
alma, descansa, come, bebe, regala-te, pois tens bens acumulados para muitos
anos”. Solidariedade, partilha, misericórdia são palavras banidas do seu
vocabulário. A sua avareza impede-o de sensibilizar-se diante das necessidades
do próximo. Todavia, como não somos feitos só para esta vida, a morte
confronta-nos com outra realidade: a vida eterna. Aqui, só têm valor os gestos
de fraternidade, a bondade para com o excluídos e carentes, a capacidade de
fazer-se próximo de quem sofre. Este é o verdadeiro tesouro a ser acumulado
durante a vida terrena. Os bens materiais, quando partilhados, podem ser
instrumentos para adquirir este tesouro eterno. Acumulá-los significa torná-los
infrutíferos, ou seja, inúteis. O discípulo do Reino, por ter seu coração
centrado em Deus e no próximo, sabe ser generoso com quem necessita da sua
ajuda fraterna. Jesus rejeita a função de mediador numa questão de partilha de
herança. Não se fica na casuística, mas vai ao fundo da questão: a ambição da
riqueza. Dirige-se, não só ao homem que o procurou, mas a todos, prevenindo-os
contra a ganância. Toda acumulação de bens, a partir do trabalho de outros, é
injusta, e inaceitável. Mesmo que a posse de bens acumulados seja resultado de
uma herança, tal posse não pode ser o sentido da vida. Com a parábola do homem
rico que armazenou a abundante colheita Jesus mostra a tolice daquele que busca
a sua segurança na riqueza. É a solidariedade e a partilha com os mais
necessitados que nos levam à comunhão de vida eterna com Jesus e com o Pai.
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Salmo 69, 2.6
Deus, vinde em meu auxílio,
Senhor, socorrei-me e salvai-me.
Sois o meu libertador e o meu refúgio: não tardeis, Senhor.
ORAÇÃO COLECTA
Mostrai, Senhor, a vossa imensa bondade aos filhos
que Vos imploram e dignai-Vos renovar e conservar os dons da vossa graça naqueles
que se gloriam de Vos ter por seu criador e sua providência.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é
Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
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LEITURA I – Co
(Ecle) 1, 2; 2, 21-23
«Que aproveita ao
homem todo o seu trabalho?»
Um sábio do povo
de Deus do Antigo Testamento fez, como toda a gente, a experiência da vida; e
tem sobre ela uma reflexão, talvez um pouco parecida com a que Jesus faz no
Evangelho. Simplesmente, a reflexão do sábio de Israel não conseguiu chegar a
descobrir o verdadeiro sentido da vida humana que Jesus veio enfim revelar. Sem
a luz da revelação trazida por Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem, os
outros homens, por mais homens que sejam, ficam a meio do caminho, com as suas
desilusões!
Leitura
do Livro de Coelet
Vaidade
das vaidades – diz Coelet – vaidade das vaidades: tudo é vaidade. Quem
trabalhou com sabedoria, ciência e êxito, tem de deixar tudo a outro que nada
fez. Também isto é vaidade e grande desgraça. Mas então, que aproveita ao homem
todo o seu trabalho e a ânsia com que se afadigou debaixo do sol? Na verdade,
todos os seus dias são cheios de dores e os seus trabalhos cheios de cuidados e
preocupações; e nem de noite o seu coração descansa. Também isto é vaidade.
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 89 (90), 3-6.12-14.17 (R. 1)
Refrão: Senhor, tendes
sido o nosso refúgio
através das gerações. (Repete-se)
Vós reduzis o homem ao pó da terra
e dizeis: «Voltai, filhos de Adão».
Mil anos a vossos olhos
são como o dia de ontem que passou
e como uma vigília da noite. (Refrão)
Vós os arrebatais como um sonho,
como a erva que de manhã reverdece;
de manhã floresce e viceja,
de tarde ela murcha e seca. (Refrão)
Ensinai-nos a contar os nossos dias,
para chegarmos à sabedoria do coração.
Voltai, Senhor! Até quando...
Tende piedade dos vossos servos. (Refrão)
Saciai-nos desde a manhã com a vossa bondade,
para nos alegrarmos e exultarmos todos os dias.
Desça sobre nós a graça do Senhor nosso Deus.
Confirmai, Senhor, a obra das nossas mãos. (Refrão)
LEITURA II – Col 3, 1-5.9-11
«Aspirai às coisas
do alto, onde está Cristo»
O cristão é o
homem pascal, aquele que, pela fé e pelo baptismo, sacramento da fé, passou com
Cristo da morte à vida, deste mundo para o Pai. E como tal há-de viver, mesmo
ainda na terra. Renovados por esta novidade pascal, fruto da Páscoa do Senhor,
os baptizados são como uma nova criação, vivendo todos da mesma vida, a vida de
Cristo que a todos torna participantes do mesmo Corpo de Cristo.
Leitura
da Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses
Irmãos:
Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde Cristo está
sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra.
Porque vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando
Cristo, que é a vossa vida, Se manifestar, também vós vos manifestareis com Ele
na glória. Portanto, fazei morrer o que em vós é terreno: imoralidade,
impureza, paixões, maus desejos e avareza, que é uma idolatria. Não mintais uns
aos outros, vós que vos despojastes do homem velho com as suas acções e vos
revestistes do homem novo, que, para alcançar a verdadeira ciência, se vai
renovando à imagem do seu Criador. Aí não há grego ou judeu, circunciso ou
incircunciso, bárbaro ou cita, escravo ou livre; o que há é Cristo, que é tudo
e está em todos.
Palavra do Senhor
ALELUIA – Mt 5, 3
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o reino dos Céus. (Refrão)
EVANGELHO – Lc 12,
13-21
«O que preparaste,
para quem será?»
Jesus
não olha para o mundo e a vida com a amargura do sábio de Israel (primeira
leitura). Mas, através de uma meditação austera, faz-nos compreender que não é
no espírito de ganância, pelo qual todos, ricos e pobres, somos tantas vezes
levados, que está o verdadeiro sentido da vida, mas em cada um “se tornar rico
aos olhos de Deus.”
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele
tempo, alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: «Mestre, diz a meu irmão que
reparta a herança comigo». Jesus respondeu-lhe: «Amigo, quem Me fez juiz ou
árbitro das vossas partilhas?». Depois disse aos presentes: «Vede bem,
guardai-vos de toda a avareza: a vida de uma pessoa não depende da abundância dos
seus bens». E disse-lhes esta parábola: «O campo dum homem rico tinha produzido
excelente colheita. Ele pensou consigo: ‘Que hei-de fazer, pois não tenho onde
guardar a minha colheita? Vou fazer assim: Deitarei abaixo os meus celeiros
para construir outros maiores, onde guardarei todo o meu trigo e os meus bens.
Então poderei dizer a mim mesmo: Minha alma, tens muitos bens em depósito para
longos anos. Descansa, come, bebe, regala-te’. Mas Deus respondeu-lhe:
‘Insensato! Esta noite terás de entregar a tua alma. O que preparaste, para
quem será?’. Assim acontece a quem acumula para si, em vez de se tornar rico
aos olhos de Deus».
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Santificai, Senhor, estes dons que Vos oferecemos como sacrifício
espiritual, e fazei de nós mesmos uma oblação eterna para vossa glória.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é
Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Sab 16, 20
Saciastes o vosso povo com o pão dos Anjos,
destes-nos, Senhor, o pão do Céu.
Ou - Jo 6, 35
Eu sou o pão da vida, diz o Senhor.
Quem vem a Mim nunca mais terá fome,
quem crê em Mim nunca mais terá sede.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Senhor, que nos renovais com o pão do Céu, protegei-nos
sempre com o vosso auxílio, fortalecei-nos todos os dias da nossa vida e
tornai-nos dignos da redenção eterna.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
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