sábado, 14 de março de 2020

JESUS SACIA A SEDE DO HOMEM


DOMINGO III DA QUARESMA – ano A – 15MAR2020



FONTE DA ÁGUA QUE JORRA PARA A VIDA ETERNA

Conversando com uma mulher que era samaritana, Jesus supera os preconceitos de raça e as discriminações sociais. Como qualquer pessoa, essa mulher tem sede de vida. Todos buscam algo que lhes mate a sede, mas encontram apenas águas paradas. Jesus traz água viva corrente e faz com que a fonte brote de dentro de cada um. Enquanto os judeus adoravam a Deus no templo de Jerusalém, os samaritanos adoravam-no no templo do monte Garizim. Jesus supera o nacionalismo religioso, mostrando que Deus quer ser adorado na própria dimensão da vida humana. A própria vida dedicada ao bem dos outros, como a de Jesus, é o verdadeiro culto a Deus, a adoração em espírito e verdade. Como Pai, Deus está presente na família humana e não quer os homens separem religião e vida. Com a sua palavra e acção, Jesus realiza a obra do semeador. Todos os que fazem a experiência de Jesus partem para anunciá-lo, como a samaritana, provocando a vinda do povo. A vontade do Pai é reunir a humanidade em torno de Jesus, e cabe aos discípulos continuar essa tarefa, iniciada pelo próprio Jesus. Os judeus consideravam-se escolhidos por Deus, mas não compreenderam e não aceitaram a mensagem de Jesus, e até o obrigaram a sair da Judeia (Jo 4,1-3). Os samaritanos, que eram considerados como povo marginalizado e herege, acolheram Jesus como o Salvador do mundo. O evangelho de João é pródigo em longos diálogos de Jesus. De entre eles, um dos mais belos é este diálogo com a mulher samaritana. A admirável forma poética do diálogo está tecida com inúmeros fios de simbolismo. A Samaria era uma região que ficava entre a Judeia, ao sul, e a Galileia, ao norte. O povo da Samaria era desprezado e evitado pelos judeus. O povo judeu considerava-se uma raça pura enquanto os samaritanos eram uma raça miscigenada com vários povos. Após o prólogo, o evangelho de João apresenta-nos a novidade de Jesus no âmbito de três comunidades: de João Baptista e seus discípulos, com o sinal das núpcias; do judaísmo, com a purificação do Templo e a proposta do renascer, incompreendida por Nicodemos e na comunidade de raça híbrida e de religiosidade sincretista da Samaria, representada na pessoa da mulher samaritana, junto ao poço, com a oferta da água viva. A figura da mulher samaritana é contrastante com a de Nicodemos, apresentada antes. Este é um homem com status social, fariseu justo, encontra Jesus oculto pela noite. Aquela é uma mulher, pobre em busca d'água, discriminada, encontra Jesus à luz do meio dia. A partir da água da fonte de Jacob, que significa as tradições religiosas dos samaritanos, Jesus oferece à mulher a novidade da água viva do Espírito. Na sequência do diálogo, a mulher pede a Jesus esta água viva e percebe o anúncio de Jesus. Vai, por sua vez, anunciá-lo ao povo e Jesus fica com eles por um tempo. O acolhimento dos samaritanos contrasta com a incompreensão dos judeus. Com Jesus, estão superadas as discriminações baseadas em crenças religiosas. Os verdadeiros adoradores de Deus adoram-no em Espírito e Verdade. Jesus é a revelação de que Deus está presente em todos os valores de todos os povos e culturas, conferindo uma dimensão de eternidade a todo o acto de amor que promove a vida.

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 24, 15-16
Os meus olhos estão voltados para o Senhor,
porque Ele livra os meus pés da armadilha.
Olhai para mim, Senhor, e tende compaixão
porque estou só e desamparado.

Ou – Ez 36, 23-26

Quando Eu manifestar em vós a minha santidade,
reunir-vos-ei de todos os povos;
derramarei sobre vós água pura,
e ficareis limpos de toda a iniquidade.
Eu vos darei um espírito novo, diz o Senhor.

ORAÇÃO COLECTA
Deus, Pai de misericórdia e fonte de toda a bondade, que nos fizestes encontrar no jejum, na oração e no amor fraterno os remédios do pecado, olhai benigno para a confissão da nossa humildade, de modo que, abatidos pela consciência da culpa, sejamos confortados pela vossa misericórdia.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Ex 17, 3-7

«Dá-nos água para beber»

O Evangelho domina toda a celebração deste Domingo; é o Evangelho da Samaritana. A liturgia deste dia abre a parte central da Quaresma no aspecto litúrgico, ligada à preparação para os sacramentos da iniciação cristã na Vigília Pascal e igualmente para a renovação da consciência da vida cristã para os que já são baptizados. Caminhamos para o Rochedo da água viva, que é Cristo, para d’Ele bebermos, como do rochedo batido pela vara de Moisés bebeu o antigo povo na travessia do deserto.

Leitura do Livro do Êxodo
Naqueles dias, o povo israelita, atormentado pela sede, começou a altercar com Moisés, dizendo: «Porque nos tiraste do Egipto? Para nos deixares morrer à sede, a nós, aos nossos filhos e aos nossos rebanhos?». Então Moisés clamou ao Senhor, dizendo: «Que hei-de fazer a este povo? Pouco falta para me apedrejarem». O Senhor respondeu a Moisés: «Passa para a frente do povo e leva contigo alguns anciãos de Israel. Toma na mão a vara com que fustigaste o Rio e põe-te a caminho. Eu estarei diante de ti, sobre o rochedo, no monte Horeb. Baterás no rochedo e dele sairá água; então o povo poderá beber». Moisés assim fez à vista dos anciãos de Israel. E chamou àquele lugar Massa e Meriba, por causa da altercação dos filhos de Israel e por terem tentado o Senhor, ao dizerem: «O Senhor está ou não no meio de nós?».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 94 (95), 1-2.6-7.8-9 (R. cf. 8)

Refrão: Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações. (Repete-se)

Vinde, exultemos de alegria no Senhor,
aclamemos a Deus, nosso salvador.
Vamos à sua presença e dêmos graças,
ao som de cânticos aclamemos o Senhor. (Refrão)

Vinde, prostremo-nos em terra,
adoremos o Senhor que nos criou.
Pois Ele é o nosso Deus
e nós o seu povo, as ovelhas do seu rebanho. (Refrão)

Quem dera ouvísseis hoje a sua voz:
«Não endureçais os vossos corações,
como em Meriba, como no dia de Massa no deserto,
onde vossos pais Me tentaram e provocaram,
apesar de terem visto as minhas obras». (Refrão)


LEITURA II – Rom 5, 1-2.5-8

«O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado»

O Baptismo é nascimento pela água e pelo Espírito Santo. Disse-o Jesus. Que a água é tomada como sinal do Espírito Santo, disse-o também o Senhor noutra ocasião. E o Espírito Santo, derramado em nossos corações, é a fonte da vida de Cristo sempre a cantar em nós.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
Irmãos: Tendo sido justificados pela fé, estamos em paz com Deus, por Nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual temos acesso, na fé, a esta graça em que permanecemos e nos gloriamos, apoiados na esperança da glória de Deus. Ora, a esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Quando ainda éramos fracos, Cristo morreu pelos ímpios no tempo determinado. Dificilmente alguém morre por um justo; por um homem bom, talvez alguém tivesse a coragem de morrer. Mas Deus prova assim o seu amor para connosco: Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores.
Palavra do Senhor

ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO

Refrão: Refrão: A salvação, a glória e o poder a Jesus Cristo, Nosso Senhor. (Repete-se)

Senhor, Vós sois o Salvador do mundo:
dai-nos a água viva, para não termos sede. (Refrão)


EVANGELHO –Jo 4, 5-42

«Fonte da água que jorra para a vida eterna»

Tanto nesta Missa, como no Ritual da iniciação Cristã dos Adultos, esta passagem do Evangelho ocupa lugar de primeira importância juntamente com os Evangelhos dos dois domingos seguintes. A Samaritana é o tipo daqueles que, vindo de longe, ao escutarem a palavra do Senhor, sentem nascer dentro de si a sede nunca antes experimentada do dom de Deus, sede que só Jesus pode saciar. É Ele a fonte de água viva.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, chegou Jesus a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, junto da propriedade que Jacob tinha dado a seu filho José, onde estava o poço de Jacob. Jesus, cansado da caminhada, sentou-Se à beira do poço. Era por volta do meio-dia. Veio uma mulher da Samaria para tirar água. Disse-lhe Jesus: «Dá-Me de beber». Os discípulos tinham ido à cidade comprar alimentos. Respondeu-Lhe a samaritana: «Como é que Tu, sendo judeu, me pedes de beber, sendo eu samaritana?». De facto, os judeus não se dão com os samaritanos. Disse-lhe Jesus: «Se conhecesses o dom de Deus e quem é Aquele que te diz: ‘Dá-Me de beber’, tu é que Lhe pedirias e Ele te daria água viva». Respondeu-Lhe a mulher: «Senhor, Tu nem sequer tens um balde, e o poço é fundo: donde Te vem a água viva? Serás Tu maior do que o nosso pai Jacob, que nos deu este poço, do qual ele mesmo bebeu, com os seus filhos e os seus rebanhos?». Disse-Lhe Jesus: «Todo aquele que bebe desta água voltará a ter sede. Mas aquele que beber da água que Eu lhe der nunca mais terá sede: a água que Eu lhe der tornar-se-á nele uma nascente que jorra para a vida eterna». «Senhor, – suplicou a mulher – dá-me dessa água, para que eu não sinta mais sede e não tenha de vir aqui buscá-la». Disse-lhe Jesus: «Vai chamar o teu marido e volta aqui». Respondeu-lhe a mulher: «Não tenho marido». Jesus replicou: «Disseste bem que não tens marido, pois tiveste cinco e aquele que tens agora não é teu marido. Neste ponto falaste verdade». Disse-lhe a mulher: «Senhor, vejo que és profeta. Os nossos antepassados adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém que se deve adorar». Disse-lhe Jesus: «Mulher, acredita em Mim: Vai chegar a hora em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vai chegar a hora – e já chegou – em que os verdadeiros adoradores hão-de adorar o Pai em espírito e verdade, pois são esses os adoradores que o Pai deseja. Deus é espírito e os seus adoradores devem adorá-l’O em espírito e verdade». Disse-Lhe a mulher: «Eu sei que há-de vir o Messias, isto é, Aquele que chamam Cristo. Quando vier, há-de anunciar-nos todas as coisas». Respondeu-lhe Jesus: «Sou Eu, que estou a falar contigo». Nisto, chegaram os discípulos e ficaram admirados por Ele estar a falar com aquela mulher, mas nenhum deles Lhe perguntou: «Que pretendes?», ou então: «Porque falas com ela?». A mulher deixou a bilha, correu à cidade e falou a todos: «Vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz. Não será Ele o Messias?». Eles saíram da cidade e vieram ter com Jesus. Entretanto, os discípulos insistiam com Ele, dizendo: «Mestre, come». Mas Ele respondeu-lhes: «Eu tenho um alimento para comer que vós não conheceis». Os discípulos perguntavam uns aos outros: «Porventura alguém Lhe trouxe de comer?». Disse-lhes Jesus: «O meu alimento é fazer a vontade d’Aquele que Me enviou e realizar a sua obra. Não dizeis vós que dentro de quatro meses chegará o tempo da colheita? Pois bem, Eu digo-vos: Erguei os olhos e vede os campos, que já estão loiros para a ceifa. Já o ceifeiro recebe o salário e recolhe o fruto para a vida eterna e, deste modo, se alegra o semeador juntamente com o ceifeiro. Nisto se verifica o ditado: ‘Um é o que semeia e outro o que ceifa’. Eu mandei-vos ceifar o que não trabalhastes. Outros trabalharam e vós aproveitais-vos do seu trabalho». Muitos samaritanos daquela cidade acreditaram em Jesus, por causa da palavra da mulher, que testemunhava: «Ele disse-me tudo o que eu fiz». Por isso os samaritanos, quando vieram ao encontro de Jesus, pediram-Lhe que ficasse com eles. E ficou lá dois dias. Ao ouvi-l’O, muitos acreditaram e diziam à mulher: «Já não é por causa das tuas palavras que acreditamos. Nós próprios ouvimos e sabemos que Ele é realmente o Salvador do mundo».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Concedei, Senhor, por este sacrifício, que, ao pedirmos o perdão dos nossos pecados, perdoemos também aos nossos irmãos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Jo 4, 13-14

Quem beber da água que Eu lhe der, diz o Senhor,
terá em seu coração a fonte da vida eterna.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

Recebemos, Senhor nosso Deus, o penhor da glória eterna e, vivendo ainda na terra, fomos saciados com o pão do Céu. Nós Vos pedimos humildemente a graça de manifestar na vida o que celebramos neste sacramento.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



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