sábado, 25 de abril de 2020

DOMINGO III DA PÁSCOA – Reconheceram-no ao partir o pão


DOMINGO III DA PÁSCOA – ano A – 26ABR2020


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 65, 1-2
Aclamai a Deus, terra inteira, cantai a glória do seu nome, celebrai os seus louvores. Aleluia.

ORAÇÃO COLECTA
Exulte sempre o vosso povo, Senhor, com a renovada juventude da alma, de modo que, alegrando-se agora por se ver restituído à glória da adopção divina, aguarde o dia da ressurreição na esperança da felicidade eterna.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Actos 2, 14.22-33

«Não era possível que Ele ficasse sob o domínio da morte»

Esta leitura é uma passagem da primeira pregação de S. Pedro. Na longa citação do salmo 15 o Apóstolo entrevê o anúncio da Ressurreição do Senhor. De facto, é à luz da Ressurreição que toda a palavra da Sagrada Escritura encontra a sua completa significação, particularmente a do Antigo Testamento. A palavra dos Salmos foi directamente referida pelo Senhor, no próprio dia da Ressurreição, ao aparecer aos discípulos no Cenáculo, como estando escrita a seu respeito (Lc 24, 44).

Leitura dos Actos dos Apóstolos
No dia de Pentecostes, Pedro, de pé, com os onze Apóstolos, ergueu a voz e falou ao povo: «Homens da Judeia e vós todos que habitais em Jerusalém, compreendei o que está a acontecer e ouvi as minhas palavras: Jesus de Nazaré foi um homem acreditado por Deus junto de vós com milagres, prodígios e sinais, que Deus realizou no meio de vós, por seu intermédio, como sabeis. Depois de entregue, segundo o desígnio imutável e a previsão de Deus, vós destes-Lhe a morte, cravando-O na cruz pela mão de gente perversa. Mas Deus ressuscitou-O, livrando-O dos laços da morte, porque não era possível que Ele ficasse sob o seu domínio. Diz David a seu respeito: ‘O Senhor está sempre na minha presença, com Ele a meu lado não vacilarei. Por isso o meu coração se alegra e a minha alma exulta e até o meu corpo descansa tranquilo. Vós não abandonareis a minha alma na mansão dos mortos, nem deixareis o vosso Santo sofrer a corrupção. Destes-me a conhecer os caminhos da vida, a alegria plena em vossa presença’. Irmãos, seja-me permitido falar-vos com toda a liberdade: o patriarca David morreu e foi sepultado e o seu túmulo encontra-se ainda hoje entre nós. Mas, como era profeta e sabia que Deus lhe prometera sob juramento que um descendente do seu sangue havia de sentar-se no seu trono, viu e proclamou antecipadamente a ressurreição de Cristo, dizendo que Ele não O abandonou na mansão dos mortos, nem a sua carne conheceu a corrupção. Foi este Jesus que Deus ressuscitou e disso todos nós somos testemunhas. Tendo sido exaltado pelo poder de Deus, recebeu do Pai a promessa do Espírito Santo, que Ele derramou, como vedes e ouvis».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 15 (16), 1-2a.5.7-8.9-10.11
(R. 11a ou Aleluia)

Refrão: Mostrai-me, Senhor, o caminho da vida. (Repete-se)

Ou: Aleluia. (Repete-se)

Defendei-me, Senhor; Vós sois o meu refúgio.
Digo ao Senhor: Vós sois o meu Deus.
Senhor, porção da minha herança e do meu cálice,
está nas vossas mãos o meu destino. (Refrão)

Bendigo o Senhor por me ter aconselhado,
até de noite me inspira interiormente.
O Senhor está sempre na minha presença,
com Ele a meu lado não vacilarei. (Refrão)

Por isso o meu coração se alegra
e a minha alma exulta
e até o meu corpo descansa tranquilo.
Vós não abandonareis a minha alma
na mansão dos mortos,
nem deixareis o vosso fiel conhecer a corrupção. (Refrão)

Dar-me-eis a conhecer os caminhos da vida,
alegria plena em vossa presença,
delícias eternas à vossa direita. (Refrão)

LEITURA II – 1 Pedro 1, 17-21

«Fostes resgatados pelo sangue precioso de Cristo, Cordeiro sem mancha»

O que S. Pedro pregou logo no dia de Pentecostes foi o mesmo que ele escreveu depois às Igrejas. Nós somos hoje essas Igrejas de Cristo, espalhadas por todo o mundo, mas todas radicadas na mesma fé em Cristo Jesus, o nosso Cordeiro pascal. A nós, pois, se dirige hoje a pregação do Apóstolo.

Leitura da Primeira Epístola de São Pedro
Caríssimos: Se invocais como Pai Aquele que, sem acepção de pessoas, julga cada um segundo as suas obras, vivei com temor, durante o tempo de exílio neste mundo. Lembrai-vos que não foi por coisas corruptíveis, como prata e oiro, que fostes resgatados da vã maneira de viver, herdada dos vossos pais, mas pelo sangue precioso de Cristo, Cordeiro sem defeito e sem mancha, predestinado antes da criação do mundo e manifestado nos últimos tempos por vossa causa. Por Ele acreditais em Deus, que O ressuscitou dos mortos e Lhe deu a glória, para que a vossa fé e a vossa esperança estejam em Deus.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Lc 24, 32

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Senhor Jesus, abri-nos as Escrituras,
falai-nos e inflamai o nosso coração. (Refrão)

EVANGELHO – Lc 24, 13-35

«Conheceram-n’O ao partir o pão»

Tal como na aparição aos discípulos de Emaús, em cada celebração eucarística Jesus está connosco, explica-nos as Escrituras e faz-nos ver o que nelas se refere a Ele, preside à fracção do pão, que é a Eucaristia, e nela Se nos dá a conhecer e nos enche de alegria pascal. Na verdade, a viagem de Jesus com os dois discípulos, estrada abaixo a caminho de Emaús, é como uma verdadeira Missa ambulante, modelo de todas as celebrações eucarísticas.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Lucas
Dois dos discípulos de Jesus iam a caminho duma povoação chamada Emaús, que ficava a duas léguas de Jerusalém. Conversavam entre si sobre tudo o que tinha sucedido. Enquanto falavam e discutiam, Jesus aproximou-Se deles e pôs-Se com eles a caminho. Mas os seus olhos estavam impedidos de O reconhecerem. Ele perguntou-lhes: «Que palavras são essas que trocais entre vós pelo caminho?». Pararam, com ar muito triste, e um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Tu és o único habitante de Jerusalém a ignorar o que lá se passou estes dias». E Ele perguntou: «Que foi?». Responderam-Lhe: «O que se refere a Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; e como os príncipes dos sacerdotes e os nossos chefes O entregaram para ser condenado à morte e crucificado. Nós esperávamos que fosse Ele quem havia de libertar Israel. Mas, afinal, é já o terceiro dia depois que isto aconteceu. É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos sobressaltaram: foram de madrugada ao sepulcro, não encontraram o corpo de Jesus e vieram dizer que lhes tinham aparecido uns Anjos a anunciar que Ele estava vivo. Alguns dos nossos foram ao sepulcro e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas a Ele não O viram». Então Jesus disse-lhes: «Homens sem inteligência e lentos de espírito para acreditar em tudo o que os profetas anunciaram! Não tinha o Messias de sofrer tudo isso para entrar na sua glória?». Depois, começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicou-lhes em todas as Escrituras o que Lhe dizia respeito. Ao chegarem perto da povoação para onde iam, Jesus fez menção de ir para diante. Mas eles convenceram-n’O a ficar, dizendo: «Ficai connosco, porque o dia está a terminar e vem caindo a noite». Jesus entrou e ficou com eles. E quando Se pôs à mesa, tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e entregou-lho. Nesse momento abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-n’O. Mas Ele desapareceu da sua presença. Disseram então um para o outro: «Não ardia cá dentro o nosso coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?». Partiram imediatamente de regresso a Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os que estavam com eles, que diziam: «Na verdade, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão». E eles contaram o que tinha acontecido no caminho e como O tinham reconhecido ao partir o pão.
Palavra da Salvação

MEDITAÇÃO

Emaús é o lugar de encontro da humanidade consigo própria: mais do que num passado bem recente, fazemos a experiência das nossas limitações, das nossas fragilidades, da dor, do sofrimento, do fracasso e da morte… As perguntas sobre o sentido da vida, que andávamos a adiar, são colocadas agora com toda a transparência. E queremos que o Mestre fique connosco, que não nos abandone, precisamente porque a sua palavra é hoje mais importante que nunca para nos fazer compreender esta história. Estamos a ficar cansados de caminhar sozinhos, de permanecer isolados porque, apesar de reconhecermos a importância de nos fecharmos no nosso espaço, afecta-nos, como aos discípulos de Emaús, o desespero, a descrença e a ignorância. A força das circunstâncias leva-nos a fazer muitas perguntas e a tomar consciência de que sabemos bem pouco…

1. Do desencanto à compreensão
– Os discípulos de Emaús estão decepcionados: tinham contactado com Jesus, tinham ouvido as suas palavras e visto as suas obras maravilhosas; acreditaram que deveria haver resultados visíveis, que mobilizassem as pessoas e mudassem o rumo da história…
– Partilhamos também este sentimento quando olhamos para a situação que vivemos, para o mundo à nossa volta, e verificamos que as coisas haviam de caminhar mais depressa para dar resposta aos problemas… Na realidade, parece que tardam em mudar, apesar de todos os esforços… E o desencanto apodera-se de nós face a tantas promessas e cenários idealizados…
– Uma experiência destas leva a desconfiar de qualquer boa notícia que seja proclamada. Não, não pode ser: as mulheres dizem que está vivo, o sepulcro foi encontrado vazio, mas ninguém O viu; portanto, não é verdade…
– Para aqueles discípulos, como para nós, há ainda um caminho a percorrer. E o ponto de apoio, a base da compreensão, são as Sagradas Escrituras… É esta explicação que Jesus dá quando se põe a caminhar com eles; e o mesmo faz Pedro naquele discurso do dia de Pentecostes… Para os primeiros cristãos, a morte de Jesus tinha sido um golpe terrível… Onde encontrar o sentido de tudo isto? Na Palavra de Deus: “Não me abandonareis na mansão dos mortos, nem deixareis o vosso servo sofrer a corrupção” (Sl)…
– A leitura e a meditação da Palavra levam a compreender que a morte e a ressurreição de Cristo já estavam previstas no plano de Deus… O poder do mal, do sofrimento, da mentira, da injustiça e da inveja, não têm a última palavra. Esta pertence a Deus… E a Páscoa projecta a luz e dá sentido àquilo que nos parece obscuro…

2. A fracção do pão como momento revelador
– Há um centro de vida para onde a narração projecta estes discípulos e nos lança a todos nós: a fracção do pão… Foi nesse momento que se lhe abriram os olhos…
– A fracção do pão resume toda a vida de Jesus: corpo entregue, sangue derramado por nós para a nossa salvação; Jesus conhece-se no gesto de dar, de repartir, e é também ali que está a chave da compreensão das Escrituras… Foi com aquele gesto que “se lhe abriram os olhos” para compreender o livro da vida…
– O ressuscitado encontra-se connosco na Escritura e na Fracção do Pão… É difícil admitir um caminho diferente deste por mais diversificados que sejam os caminhos de encontro com Deus!... Se não for por aqui, pode haver encontro com Deus, mas pode não ser cristão…
– Só por esta via somos integrados na comunidade: os discípulos foram dizer aos outros, aos apóstolos que estavam em Jerusalém… Também foi a fracção do pão que os levou aos apóstolos e depois os fez voltar para as suas vidas com outra atitude: ultrapassaram a decepção e começam a encarar a vida como ressuscitados…

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Aceitai, Senhor, os dons da vossa Igreja em festa.
Vós que lhe destes tão grande felicidade, fazei-a tomar parte na alegria eterna. Por Nosso Senhor.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Lc 24, 35

Os discípulos reconheceram o Senhor Jesus
ao partir o pão. Aleluia.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

Olhai com bondade, Senhor, para o vosso povo e fazei chegar
à gloriosa ressurreição da carne aqueles que renovastes com os sacramentos de vida eterna. Por Nosso Senhor.




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