DOMINGO IV da QUARESMA – ano B – 14MAR2021
MISSA |
ANTÍFONA
DE ENTRADA – Is 66, 10-11
Alegra-te,
Jerusalém; rejubilai, todos os seus amigos.
Exultai
de alegria, todos vós que participastes no seu luto
e
podereis beber e saciar-vos na abundância das suas consolações.
ORAÇÃO
COLECTA
Deus de misericórdia, que, pelo vosso Filho, realizais
admiravelmente a reconciliação do género humano, concedei ao povo cristão fé
viva e espírito generoso, a fim de caminhar alegremente para as próximas
solenidades pascais.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
Liturgia
da Palavra |
LEITURA
I – 2 Cr 36, 14-16.19-23
«A indignação e a misericórdia do Senhor manifesta-se no exílio e
na libertação do povo»
No
tempo da Quaresma, a leitura do Antigo Testamento vai referindo os vários
passos da história da salvação, para melhor nos fazer compreender como toda ela
se encaminha para a Páscoa do Senhor, e como Deus salva os homens vindo ao
encontro deles, mesmo nos caminhos por eles tão mal andados. Hoje vemos como os
pagãos invadiram a Terra Santa, destruíram o templo e levaram cativo o povo
para Babilónia, por este povo ter abandonado o Senhor e imitado as acções
abomináveis dos pagãos. Mas, por fim, o próprio rei da Babilónia serviu ao
Senhor de instrumento de salvação em favor do seu povo, dando-lhe de novo a
liberdade e restituindo-o à terra que lhe havia sido tirada.
Leitura do Segundo Livro das Crónicas
Naqueles dias, todos os príncipes dos sacerdotes e o povo
multiplicaram as suas infidelidades, imitando os costumes abomináveis das
nações pagãs, e profanaram o templo que o Senhor tinha consagrado para Si em
Jerusalém. O Senhor, Deus de seus pais, desde o princípio e sem cessar,
enviou-lhes mensageiros, pois queria poupar o povo e a sua própria morada. Mas
eles escarneciam dos mensageiros de Deus, desprezavam as suas palavras e
riam-se dos profetas, a tal ponto que deixou de haver remédio, perante a
indignação do Senhor contra o seu povo. Os caldeus incendiaram o templo de
Deus, demoliram as muralhas de Jerusalém, lançaram fogo aos seus palácios e
destruíram todos os objectos preciosos. O rei dos caldeus deportou para
Babilónia todos os que tinham escapado ao fio da espada; e foram escravos deles
e de seus filhos, até que se estabeleceu o reino dos persas. Assim se cumpriu o
que o Senhor anunciara pela boca de Jeremias: «Enquanto o país não descontou os
seus sábados, esteve num sábado contínuo, durante todo o tempo da sua
desolação, até que se completaram setenta anos». No primeiro ano do reinado de
Ciro, rei da Pérsia, para se cumprir a palavra do Senhor, pronunciada pela boca
de Jeremias, o Senhor inspirou Ciro, rei da Pérsia, que mandou publicar, em
todo o seu reino, de viva voz e por escrito, a seguinte proclamação: «Assim
fala Ciro, rei da Pérsia: O Senhor, Deus do Céu, deu-me todos os reinos da
terra e Ele próprio me confiou o encargo de Lhe construir um templo em
Jerusalém, na terra de Judá. Quem de entre vós fizer parte do seu povo ponha-se
a caminho e que Deus esteja com ele».
Palavra do
Senhor
SALMO
RESPONSORIAL – Salmo 136 (137), 1-2.3.4-5.6 (R. 6a)
Refrão: Se eu me não lembrar de ti,
Jerusalém,
fique
presa a minha língua. Repete-se (Repete-se)
Sobre
os rios de Babilónia nos sentámos a chorar,
com
saudades de Sião.
Nos
salgueiros das suas margens,
dependurámos
nossas harpas. (Refrão)
Aqueles
que nos levaram cativos
queriam
ouvir os nossos cânticos
e
os nossos opressores uma canção de alegria:
«Cantai-nos
um cântico de Sião». (Refrão)
Como
poderíamos nós cantar um cântico do Senhor
em
terra estrangeira?
Se
eu me esquecer de ti, Jerusalém,
esquecida
fique a minha mão direita. (Refrão)
Apegue-se-me
a língua ao paladar,
se
não me lembrar de ti,
se
não fizer de Jerusalém
a
maior das minhas alegrias. (Refrão)
LEITURA
II – Ef 2, 4-10
«Mortos
por causa dos nossos pecados, salvos pela graça»
A
leitura estabelece o contraste entre a situação de morte em que estávamos por
causa das nossas faltas e a salvação que Deus nos oferece em Cristo Jesus. O
Mistério Pascal que Jesus realizou passando, pela morte, à vida eterna,
vivêmo-lo agora nós, que somos membros de Cristo e com Ele morremos, com Ele
ressuscitámos, com Ele subimos para junto do Pai.
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
Irmãos: Deus, que é rico em misericórdia, pela grande caridade com
que nos amou, a nós, que estávamos mortos por causa dos nossos pecados,
restituiu-nos à vida com Cristo – é pela graça que fostes salvos – e com Ele
nos ressuscitou e com Ele nos fez sentar nos Céus. Assim quis mostrar aos
séculos futuros a abundante riqueza da sua graça e da sua bondade para
connosco, em Jesus Cristo. De facto, é pela graça que fostes salvos, por meio
da fé. A salvação não vem de vós: é dom de Deus. Não se deve às obras: ninguém
se pode gloriar. Na verdade, nós somos obra de Deus, criados em Jesus Cristo,
em vista das boas obras que Deus de antemão preparou, como caminho que devemos
seguir.
Palavra do
Senhor
ACLAMAÇÃO
ANTES DO EVANGELHO – Jo 3, 16
Refrão: Grandes e admiráveis são
as Vossas obras, Senhor. (Repete-se)
Deus amou tanto o mundo
que lhe deu o seu Filho
Unigénito:
quem acredita n’Ele tem
a vida eterna. (Refrão)
EVANGELHO
– Jo 3, 14-21
«Deus
enviou o seu Filho, para que o mundo seja salvo por El»
A partir deste IV Domingo as leituras do Evangelho são
tiradas de S. João, tanto ao domingo como de semana. Hoje ela fala-nos da
futura glorificação de Jesus pela Cruz e Ressurreição. É este o próprio
movimento do Mistério Pascal, primeiro em Jesus, depois nos cristãos pela morte
à vida, pela Cruz à glória. A Quaresma é também o tempo apropriado para
entendermos melhor este caminho providencial de salvação, para depois
celebrarmos a Páscoa com mais fé, em acção de graças a Deus e ao Senhor Jesus
Cristo
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: «Assim como Moisés elevou
a serpente no deserto, também o Filho do homem será elevado, para que todo
aquele que acredita tenha n’Ele a vida eterna. Deus amou tanto o mundo que
entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita n’Ele não
pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou o Filho ao mundo para
condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele. Quem acredita n’Ele
não é condenado, mas quem não acredita já está condenado, porque não acreditou
no nome do Filho Unigénito de Deus. E a causa da condenação é esta: a luz veio
ao mundo e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque eram más as
suas obras. Todo aquele que pratica más acções odeia a luz e não se aproxima
dela, para que as suas obras não sejam denunciadas. Mas quem pratica a verdade
aproxima-se da luz, para que as suas obras sejam manifestas, pois são feitas em
Deus.
Palavra da salvação.
MEDITAÇÃO
A
MISSÃO DO FILHO
A grande novidade
que Deus tem para os homens está em Jesus, que vai revelar na cruz a vida nova.
Aí ele demonstra o maior acto de amor: a doação da sua própria vida em favor
dos homens. Deus não quer que os homens se percam, nem sente prazer em condená-los.
Ele manifesta todo o seu amor através de Jesus, para salvar e dar a vida a
todos. Mas a presença de Jesus é incómoda, pois coloca o mundo dos homens em
julgamento, provocando divisão e conflito, e exigindo decisão. De um lado, os
que acreditam em Jesus e vivem o amor, continuando a palavra e a acção dele em
favor da vida. De outro lado, os que não acreditam nele e não vivem o amor, mas
permanecem fechados nos seus próprios interesses e egoísmo, que geram opressão
e exploração; por isso escondem sempre as suas verdadeiras intenções: não se
aproximam da luz. O processo de formação para os discipulos requer a
compreensão da identidade de Jesus e da sua missão. A fé consiste na adesão ao
Mestre. Quanto mais adequada for esta compreensão, tanto mais profundo será o
compromisso da fé. Eis por que Jesus pôs-se a instruir Nicodemos a este
respeito. O Filho é a expressão perfeita do amor do Pai pela humanidade, que o
ofereceu como prova de amor. A origem divina de Jesus dá credibilidade às suas
palavras, pois o seu testemunho reporta-se directamente a Deus. Ele não é um
simples intermediário entre o Pai e a humanidade. É a encarnação do amor de
Deus. A missão terrena de Jesus consistiu em colocar-se inteiramente ao serviço
da salvação da humanidade, propiciando-lhe a vida eterna. Ele resgata-a do
poder do pecado e da morte, abrindo-lhe perspectivas novas de comunhão com
Deus. Por seu ministério destruiu-se o muro de separação erguido entre o
Criador e a criatura, refazendo-se a amizade inicial. Não compete a Jesus ser o
juiz da humanidade, condenando-a por seus pecados. Cabe-lhe, sim, ser o seu
salvador. Mesmo que a humanidade prefira as trevas em detrimento da luz, a
missão do Filho de Deus permanece inalterada. O gesto de recusar a luz já traz
em si o germe da condenação, porém não tolhe ao ser humano a possibilidade de se
converter para a luz. Jesus é infinitamente paciente e espera que o ser humano
se decida em favor dele. A revelação de Jesus, no diálogo com Nicodemos, atinge
o seu auge nesta sua conclusão. Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho,
enviando-o para a sua concepção no ventre de Maria, na encarnação. O novo Adão,
Jesus, já é a realidade da nova humanidade: é o homem que, na condição de Filho
de Deus, já é divino e eterno. O fruto do amor não é a condenação, mas a
salvação, que é realizada por Deus, com o dom gratuito da vida eterna, e
alcançada pela fé. Jesus, a luz do mundo, vem como dom e prova do amor de Deus.
A sua glória, que é a glória do Pai, é a comunicação deste amor. Contudo,
afastam-se da luz aqueles que amam as trevas. Estes, escravos da riqueza e do
poder, praticam a injustiça e a violência, promovem a guerra, semeando a
miséria e a morte. Entram em comunhão de vida eterna com Jesus todos aqueles
que praticam a verdade e a justiça, empenhados na promoção da vida plena para
todos. Quem crê em Jesus participa da sua condição divina e eterna. Crer em
Jesus é unir-se a ele na prática da verdade, isto é, na prática de tudo aquilo
que está conforme a vontade do Pai. Os contrastes vida e morte, luz e trevas,
são frequentes no evangelho de João. Trevas é ausência de luz. Onde chega a
luz, as trevas desaparecem. Assim, também, a vida e a morte. Onde chega a vida,
a morte desaparece. Na comunhão com Jesus, na prática da vontade de Deus, na
verdade e na justiça, promovendo a vida plena para todos, goza-se da vida
eterna.
ORAÇÃO
SOBRE AS OBLATAS
Ao apresentarmos com alegria estes dons de vida eterna,
humildemente Vos pedimos, Senhor,
a graça de os celebrar com verdadeira fé
e de os oferecer dignamente pela salvação do mundo.
ANTÍFONA
DA COMUNHÃO
O
Senhor ungiu os meus olhos.
Eu
fui lavar-me, comecei a ver e acreditei em Deus.
ORAÇÃO
DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor nosso Deus, luz de todo o
homem que vem a este mundo, iluminai os nossos corações com o esplendor da
vossa graça, para que pensemos sempre no que Vos é agradável e Vos amemos de
todo o coração.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
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