(Domingo, 19 de Outubro
de 2014)
“Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”
LEITURA I – Is 45,
1.4-6
“Tomei Ciro pela mão direita para subjugar diante dele as nações”
O Evangelho de hoje vai afirmar a relação entre o poder
temporal e o poder espiritual. Mas Deus é Senhor de todos os homens, e nada nem
ninguém é autónomo em relação a Ele. Deus realiza os seus desígnios, que são
sempre de salvação, através dos homens e das instituições humanas, por vezes
até de maneira muito clara, como se mostra nesta leitura: o rei da Pérsia,
Ciro, um pagão, é instrumento de Deus para a libertação do seu povo.
Leitura do Livro de
Isaías
“Assim fala o Senhor a
Ciro, seu ungido[1],
a quem tomou pela mão direita, para subjugar diante dele as nações e fazer cair
as armas da cintura dos reis, para abrir as portas à sua frente, sem que
nenhuma lhe seja fechada: «Por causa de Jacob, meu servo, e de Israel, meu
eleito, Eu te chamei pelo teu nome e te dei um título glorioso, quando ainda
não Me conhecias. Eu sou o Senhor e não há outro; fora de Mim não há Deus. Eu
te cingi, quando ainda não Me conhecias, para que se saiba, do Oriente ao
Ocidente, que fora de Mim não há outro. Eu sou o Senhor e mais ninguém».”
LEITURA II – 1 Tes 1,
1-5b
“Recordamos a vossa fé, caridade e esperança”
Começamos hoje a leitura da primeira epístola aos
Tessalonicenses, a comunidade cristã existente na cidade de Tessalónica (ou
Salónica), no norte da Grécia. Como de costume, S. Paulo começa com uma acção
de graças, hoje, por verificar o progresso espiritual desses cristãos. Como
podemos observar, os Apóstolos pregavam e escreviam como verdadeiros mestres e
pastores, e não apenas como moralistas ou legisladores. E sempre será esta a verdadeira
finalidade da pregação na Igreja: levar os seus filhos a crescerem nos caminhos
do reino de Deus, o que é para ela fonte de alegria e de acção de graças.
Leitura da Primeira
Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses
“Paulo, Silvano e Timóteo
à Igreja dos Tessalonicenses, que está em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo: A
graça e a paz estejam convosco[2].
Damos continuamente graças a Deus por todos vós, ao fazermos menção de vós nas
nossas orações[3].
Recordamos a actividade da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da
vossa esperança em Nosso Senhor Jesus Cristo, na presença de Deus, nosso Pai.
Nós sabemos, irmãos amados por Deus, como fostes escolhidos. O nosso Evangelho[4]
não vos foi pregado somente com palavras, mas também com obras poderosas, com a
acção do Espírito Santo.”
EVANGELHO Mt 22,
15-21
“Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”
Perante o poder temporal, aqui representado por César, o
imperador de Roma – que ao tempo de Jesus imperava também na Terra Santa – a
atitude de Jesus é de respeito pela sua autonomia, mas reivindica, ao mesmo
tempo, as exigências primordiais do serviço de Deus, às quais nada se pode
antepor. E, ao mesmo tempo, denuncia a falta de sinceridade dos que O
interrogavam; sem ela, ninguém se poderá dirigir a Deus.
Evangelho de Nosso
Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“Naquele tempo, os
fariseus reuniram-se para deliberar sobre a maneira de surpreender Jesus no que
dissesse. Enviaram-Lhe alguns dos seus discípulos, juntamente com os herodianos,
e disseram-Lhe: «Mestre, sabemos que és sincero e que ensinas, segundo a
verdade, o caminho de Deus, sem te deixares influenciar por ninguém, pois não
fazes acepção de pessoas. Diz-nos o teu parecer: É lícito ou não pagar tributo
a César?». Jesus, conhecendo a sua malícia, respondeu: «Porque Me tentais,
hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo». Eles apresentaram-Lhe um denário e
Jesus perguntou: «De quem é esta imagem e esta inscrição?». Eles responderam:
«De César». Disse-Lhes Jesus: «Então, dai a César o que é de César e a Deus o
que é de Deus».”
[1]
Seu ungido, lit., "seu Messias" ou "seu consagrado". Em
grego, diz-se Christós (Cristo). Ungidos eram apenas os reis de Israel, mas uma
vez que Ciro é o agente de Deus na libertação de Israel, recebe também o título
de ungido (messias).
[2] Paulo, Silvano e Timóteo. Aparece aqui
o carácter colegial da Carta. O remetente é um conjunto de três pessoas
associadas antes na evangelização (Act 15-18; 16,1 nota; Rm 16,21-23 nota; 1
Cor 4,17 nota; 2 Cor 1,19; Fl 1,1-2 nota; 2 Ts 1,1; 1 Tm 1,2). Por isso, ao
longo da Carta predomina o plural nós/vós. O singular, referido a Paulo,
aparece apenas em 2,18; 3,5 e 5,27. O carácter eclesial transparece no
destinatário, a igreja dos tessalonicenses. A Carta destina-se a ser lida na
assembleia e, por isso, a breve saudação inicial e final não é convencional mas
tem sabor de bênção litúrgica.
[3]
É uma longa frase com um único verbo principal: damos continuamente graças;
todos os outros verbos são particípios. Sublinha-se, assim, a atitude
fundamental que é de intenso louvor, de profunda gratidão e de claro
reconhecimento de que Deus é o protagonista. A actividade da fé evoca o
controverso tema da fé sem obras (Rm 4,1-25). A contraposição obras/fé deve ser
vista no seu contexto particular (Gl 2,16-17; 5,6; 1 Cor 13,13; Tg 2,14-26). A
fé aparece inseparável da caridade e da esperança e a vitalidade das três provém
de Deus.
[4] “O
nosso Evangelho”, expressão frequente em Paulo, é aqui repetida: o
Evangelho de Deus (2,2.8.9); o Evangelho (2,4); o Evangelho de Cristo (3,2).
"Evangelho" traduz, ao mesmo tempo, o acto e o conteúdo do anúncio e,
por isso, se justifica a diversidade de nosso e de Deus. Um aspecto particular
é o do anúncio da salvação aos pagãos (Rm 1,16-17 nota; 1 Cor 1,17; 2 Cor 2,12;
Gl 1,6-10; Fl 1,27). Êxito significa plenitude, total cumprimento a que conduz
a acção de Deus.
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