(Domingo, 5 de Outubro
de 2014)
“Arrendará a vinha a outros vinhateiros”
LEITURA I – Is 5, 1-7
“A vinha do Senhor do Universo é a casa de Israel”
Esta primeira leitura ajuda-nos a compreender depois a do
Evangelho, que nos vai falar dos vinhateiros homicidas. A vinha de que uma e
outra leitura nos fala é a casa de Israel, o povo de Deus. O Senhor cuida deste
povo como o bom agricultor cuida das suas vinhas. Mas este povo nem sempre
correspondeu ao carinho que o Senhor teve para com ele.
Leitura do Livro de
Isaías
“[1]Vou
cantar, em nome do meu amigo, um cântico de amor à sua vinha. O meu amigo
possuía uma vinha numa fértil colina. Lavrou-a e limpou-a das pedras, plantou-a
de cepas escolhidas. No meio dela ergueu uma torre e escavou um lagar. Esperava
que viesse a dar uvas, mas ela só produziu agraços. E agora, habitantes de
Jerusalém, e vós, homens de Judá, sede juízes entre mim e a minha vinha: Que
mais podia fazer à minha vinha que não tivesse feito? Quando eu esperava que
viesse a dar uvas, porque é que apenas produziu agraços? Agora vos direi o que
vou fazer à minha vinha: vou tirar-lhe a vedação e será devastada; vou
demolir-lhe o muro e será espezinhada. Farei dela um terreno deserto: não
voltará a ser podada nem cavada, e nela crescerão silvas e espinheiros; e
hei-de mandar às nuvens que sobre ela não deixem cair chuva. A vinha do Senhor
do Universo é a casa de Israel e os homens de Judá são a plantação escolhida.
Ele esperava rectidão e só há sangue derramado; esperava justiça e só há gritos
de horror.”
LEITURA II – Filip 4,
6-9
“Ponde isto em prática e o Deus da paz estará convosco”
No meio de todos os valores deste mundo, que realmente o
sejam, os cristãos não devem ter medo de os apreciar e deles se servirem. Tudo
são dons do Deus da paz, Criador e Senhor de todos eles. Assim respondia o
Apóstolo aos primeiros cristãos que viviam no meio dos pagãos e não sabiam, por
vezes, como haviam de proceder em relação aos valores que encontravam na
civilização deles.
Leitura da Epístola do
apóstolo São Paulo aos Filipenses
“Irmãos: Não vos
inquieteis com coisa alguma. Mas, em todas as circunstâncias, apresentai os
vossos pedidos diante de Deus, com orações, súplicas e acções de graças. E a
paz de Deus, que está acima de toda a inteligência, guardará os vossos corações
e os vossos pensamentos em Cristo Jesus. [2]Quanto
ao resto, irmãos, tudo o que é verdadeiro e nobre, tudo o que é justo e puro,
tudo o que é amável e de boa reputação, tudo o que é virtude e digno de louvor
é o que deveis ter no pensamento. O que aprendestes, recebestes, ouvistes e
vistes em mim é o que deveis praticar. E o Deus da paz estará convosco.”
EVANGELHO Mt 21,
33-43
“Arrendará a vinha a outros vinhateiros”
Usando a mesma comparação que já encontrámos na primeira
leitura, Jesus como que faz o julgamento do seu povo, que, no fim de ter sido,
já tantas vezes, infiel a Deus ao longo do Antigo Testamento, agora O rejeita a
Ele, o próprio Filho que Deus lhe enviou. O resultado será que outros virão a
aproveitar do dom que eles rejeitaram. Foi assim que os pagãos, estranhos até
então ao povo de Deus, vieram a entrar no seu povo, a Igreja de Cristo, a que
hoje pertencemos.
Evangelho de Nosso
Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“Naquele tempo, disse
Jesus aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: «Ouvi outra parábola:
Havia um proprietário que plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela
um lagar e levantou uma torre; depois, arrendou-a a uns vinhateiros e partiu
para longe. Quando chegou a época das colheitas, mandou os seus servos aos
vinhateiros para receber os frutos. Os vinhateiros, porém, lançando mão dos
servos, espancaram um, mataram outro, e a outro apedrejaram-no. Tornou ele a
mandar outros servos, em maior número que os primeiros. E eles trataram-nos do
mesmo modo. Por fim, mandou-lhes o seu próprio filho, dizendo: ‘Respeitarão o
meu filho’. Mas os vinhateiros, ao verem o filho, disseram entre si: ‘Este é o
herdeiro; matemo-lo e ficaremos com a sua herança’. E, agarrando-o, lançaram-no
fora da vinha e mataram-no. [3]Quando
vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?». Eles responderam:
«Mandará matar sem piedade esses malvados e arrendará a vinha a outros
vinhateiros, que lhe entreguem os frutos a seu tempo». Disse-lhes Jesus:[4]
«Nunca lestes na Escritura: ‘A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a
pedra angular; tudo isto veio do Senhor e é admirável aos nossos olhos’? Por
isso vos digo: Ser-vos-á tirado o reino de Deus e dado a um povo[5]
que produza os seus frutos».”
[1]
Este cântico pela vinha descreve em imagem poética o drama religioso de Israel:
povo amado por Deus, que responde com ingratidão. A simbólica da vinha,
escolhida e respeitada, é muito comum nos profetas (3,14; Jr 2,21; 5,10; 6,9;
12,10; Ez 15,1-8; 17,3-10; 19,10-14).
[2]
Um programa de vida cristã para todos os tempos.
[3]
Como a vinha designa o Reino de Deus, os vinhateiros representam o conjunto do
povo de Israel.
[4]
A citação do Sl 118,22-23 orienta a parábola num sentido cristológico; mais que
de um anúncio da morte de Jesus e da sorte do Reino, trata-se de contemplar a
obra admirável de Deus que ressuscitou o seu Filho (Act 4,11; 1 Pe 2,7).
[5]
Versículo próprio de Mt, onde povo designa a nova geração dos crentes.
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