(Domingo, 12 de Outubro
de 2014)
“Na verdade, muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos”
LEITURA I – Is 25,
6-10a
“O Senhor preparará um banquete e enxugará as lágrimas de todas as
faces”
O banquete é, com frequência, na Sagrada Escritura, figura
da reunião dos homens no reino de Deus. Assim como também hoje se lê em Isaías,
aí o banquete é o lugar de encontro de todos os povos, todos eles chamados à
comunhão na montanha onde o Senhor habita, o Monte Sião, figura da Igreja de
Cristo.
Leitura do Livro de
Isaías
“Sobre este monte, o
Senhor do Universo há-de preparar para todos os povos um banquete[1]
de manjares suculentos, um banquete de vinhos deliciosos: comida de boa
gordura, vinhos puríssimos. Sobre este monte, há-de tirar o véu que cobria
todos os povos, o pano que envolvia todas as nações; destruirá a morte para
sempre. O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces e fará desaparecer
da terra inteira o opróbrio que pesa sobre o seu povo. Porque o Senhor falou.
Dir-se-á naquele dia: «Eis o nosso Deus, de quem esperávamos a salvação; é o
Senhor, em quem pusemos a nossa confiança. Alegremo-nos e rejubilemos, porque
nos salvou. A mão do Senhor pousará sobre este monte».”
LEITURA II – Filip 4,
12-14.19-20
“Tudo posso n’Aquele que me conforta”
A experiência da prisão serviu a São Paulo para ele sentir
mais profundamente que Cristo era tudo na vida; e por isso, ao mesmo tempo que
agradece aos destinatários da sua carta o que eles lhe tinham enviado, afirma
que em Cristo encontra toda a sua força e confiança.
Leitura da Epístola do
apóstolo São Paulo aos Filipenses
“Irmãos: Sei viver na
pobreza e sei viver na abundância. Em todo o tempo e em todas as
circunstâncias, tenho aprendido a ter fartura e a passar fome, a viver
desafogadamente e a padecer necessidade. Tudo posso n’Aquele que me conforta.
No entanto, fizestes bem em tomar parte na minha aflição[2].
O meu Deus proverá com abundância a todas as vossas necessidades, segundo a sua
riqueza e magnificência, em Cristo Jesus. Glória a Deus, nosso Pai, pelos
séculos dos séculos. Ámen.”
EVANGELHO Mt 22, 1-14
“Convidai para as bodas todos os que encontrardes”
Uma vez mais, a parábola do banquete serve para simbolizar o
reino de Deus. Jesus anuncia aos seus ouvintes que o Evangelho, por eles
rejeitado, vai ser anunciado a outros, e, destes, muitos o hão-de aceitar. Não
é já a raça de Abraão segundo a carne que há-de encher a sala do banquete, mas
todos aqueles que, pela fé, se hão-de tornar filhos de Abraão. A todos os povos
se abrem as portas do reino dos Céus.
Evangelho de Nosso
Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“Naquele tempo, Jesus
dirigiu-Se de novo aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo e,
falando em parábolas, disse-lhes: «O reino dos Céus pode comparar-se a um rei
que preparou um banquete nupcial[3]
para o seu filho. Mandou os servos chamar os convidados para as bodas, mas eles
não quiseram vir. Mandou ainda outros servos, ordenando-lhes: ‘Dizei aos
convidados: Preparei o meu banquete, os bois e os cevados foram abatidos, tudo
está pronto. Vinde às bodas’. Mas eles, sem fazerem caso, foram um para o seu
campo e outro para o seu negócio; os outros apoderaram-se dos servos,
trataram-nos mal e mataram-nos. O rei ficou muito indignado e enviou os seus
exércitos, que acabaram com aqueles assassinos e incendiaram a cidade. Disse
então aos servos: ‘O banquete está pronto, mas os convidados não eram dignos.
Ide às encruzilhadas dos caminhos e convidai para as bodas todos os que
encontrardes’[4].
Então os servos, saindo pelos caminhos, reuniram todos os que encontraram, maus
e bons. E a sala do banquete encheu-se de convidados. O rei, quando entrou para
ver os convidados, viu um homem que não estava vestido com o traje nupcial e
disse-lhe: ‘Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial?’. Mas ele ficou
calado. O rei disse então aos servos: ‘Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o
às trevas exteriores; aí haverá choro e ranger de dentes’. Na verdade, muitos
são os chamados, mas poucos os escolhidos»[5].”
[1]
Banquete. A imagem do banquete é um paradigma bíblico para designar a
felicidade escatológica
[2]
Os filipenses ajudaram Paulo com a sua generosidade (Act 18,3 nota; Rm 15,22-33
nota; 1 Cor 16,1-4 nota; 2 Cor 8,1-6.10-15).
[3]
A parábola do banquete nupcial não tem paralelo senão em Lc 14,16-24. Apesar
das diferenças entre os dois textos, existe em ambos a mesma cor polémica e
abundantes traços alegóricos. Aliás, o acento da parábola não recai sobre o
filho do Rei, mas sobre a recusa do convite pelos primeiros convidados. As
bodas são um símbolo frequente na Bíblia para designar a feliz comunhão de Deus
com o seu povo. O Rei era uma imagem habitual para falar de Deus.
[4]
Saídas dos caminhos ou cruzamentos, fora da cidade; maus e bons: referência à
universalidade do último convite e à totalidade das pessoas para terem parte na
alegria do Reino.
[5]
Estas palavras enigmáticas enquadram-se melhor a seguir ao v.10, podendo ver-se
aí uma alusão aos judeus, os primeiros convidados à salvação. Depois dos
v.11-13, dirigem-se contra aqueles que abusam do convite gratuito de Deus,
sendo, por isso, rejeitados do Reino (20,16).
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