segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

IMACULADA CONCEIÇÃO




(Terça-feira, 8 de Dezembro de 2015)


LEITURA I – Gen 3, 9-15.20

Estabelecerei inimizade entre a tua descendência e a descendência dela

O texto procura explicar a origem do mal. O centro dessa questão é a pretensão de ser como Deus, usurpando o lugar de Deus verdadeiro para tornar-se auto-suficiente. Isto é, um falso deus. A auto-suficiência é a mãe de todos os males, que são apenas consequência dela. Deus é o Senhor absoluto, e seu projecto é vida e liberdade para todos, no clima de fraternidade e partilha. Quando o homem se torna auto-suficiente, rebela-se contra o projecto de Deus e faz o seu próprio projecto: liberdade e vida só para si mesmo. O homem sonha possuir liberdade e vida plenas; porém, na sua auto-suficiência ele produz o contrário: escravidão e morte. O autor, apresentando a visão crítica da realidade, afirma que a situação em que o projecto do homem e a humanidade inteira se encontram é uma situação de castigo. “O castigado é responsável pelo castigo: não poderá jamais liberar-se dele fingindo ignorar a sua parte de responsabilidade nos males que sofre. Por outro lado, a situação de castigo nunca é normal e definitiva, mas provisória e passageira. A anormalidade permanecerá, enquanto o castigo não for cumprido e a culpa expiada. O bem do culpado, a ser obtido depois de ultimado o castigo, pode ser atingido unicamente através da aceitação activa e responsável do próprio castigo. Na raiz do castigo está a culpa do castigado, que provoca uma ruptura de relações entre pessoas, relações que precisam serem restabelecidas. Dizendo que os males que sofremos são um castigo de Deus, a Bíblia estabelece a relação do homem com Deus como ponto fundamental para a harmonia de todo o resto. Não é possível restabelecer a ordem perturbada da vida sem levar em conta o lugar que Deus deve ocupar na vida dos homens”. E o primeiro passo foi o próprio Deus quem deu.

Leitura do Livro do Génesis
“Depois de Adão ter comido da árvore, o Senhor Deus chamou-o e disse-lhe: «Onde estás?».
Ele respondeu: «Ouvi o rumor dos vossos passos no jardim e, como estava nu, tive medo e escondi-me».
Disse Deus: «Quem te deu a conhecer que estavas nu? Terias tu comido dessa árvore, da qual te proibira comer?».
Adão respondeu: «A mulher que me destes por companheira deu-me do fruto da árvore e eu comi».
O Senhor Deus perguntou à mulher: «Que fizeste?»
E a mulher respondeu: «A serpente enganou-me e eu comi».
Disse então o Senhor Deus à serpente: «Por teres feito semelhante coisa, maldita sejas entre todos os animais domésticos e entre todos os animais selvagens. Hás-de rastejar e comer do pó da terra todos os dias da tua vida. Estabelecerei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela. Esta te esmagará a cabeça e tu a atingirás no calcanhar». O homem deu à mulher o nome de ‘Eva’, porque ela foi a mãe de todos os viventes.”
Palavra do Senhor

LEITURA II – Ef 1, 3-6.11-12

Deus escolheu-nos em Cristo, antes da criação do mundo

Paulo desenvolve um hino de louvor em forma de “bênção”, frequente no Antigo Testamento. O louvor é uma resposta do homem ao Deus que se manifesta através de um acto de salvação ou mediante a revelação de um mistério. Deus Pai é o sujeito e a fonte de toda a acção criadora e salvadora. E tudo o que Deus Pai realiza no homem e no mundo, ele o faz mediante o seu Filho Jesus Cristo: escolhe, liberta, reúne tudo em Cristo, entrega a herança prometida e concede o dom do Espírito Santo. Planificação-Amor: não estamos por certo habituados a ver juntos estes dois termos! "Planificação é uma expressão fria, lembra esquema, burocracia, números... E Paulo traça para nós e para todos os homens o plano universal do Amor. É o plano que leva à revolução da unidade. Plano envolvente, se o confrontarmos realisticamente com a crónica quotidiana em todos os níveis. É a superação de toda divisão, porque é o plano do "anti-pecado". Toda divisão tem suas raízes no pecado. Jesus Chefe convoca-nos a entrar a cada momento nesse plano.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
“Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto dos Céus nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo.
N’Ele nos escolheu, antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, em caridade, na sua presença. Ele nos predestinou, conforme a benevolência da sua vontade, a fim de sermos seus filhos adoptivos, por Jesus Cristo, para louvor da sua glória e da graça que derramou sobre nós, por seu amado Filho. Em Cristo fomos constituídos herdeiros, por termos sido predestinados, segundo os desígnios d’Aquele que tudo realiza conforme a decisão da sua vontade, para sermos um hino de louvor da sua glória, nós que desde o começo esperámos em Cristo.”
Palavra do Senhor

EVANGELHO – Lc 1, 26-38

Alegra-te, cheia de graça

Maria é outra representante da comunidade dos pobres que esperam pela libertação. Dela nasce Jesus Messias, o Filho de Deus. O facto de Maria conhecer sem ainda estar morando com José indica que o nascimento do Messias é obra da intervenção de Deus. Aquele que vai iniciar nova história surge dentro da história de maneira totalmente nova. A saudação do anjo Gabriel surpreendeu Maria. Quem era ela senão uma humilde habitante de Nazaré, cidade sem importância das montanhas da Galileia? Mulher sem maiores pretensões do que a de ser fiel a Deus; uma virgem já prometida em casamento a José, mas sem viver conjugalmente com ele, conforme as tradições de seu povo? Afinal, que méritos tinha para ser uma "agraciada", "plena da graça" divina? Maria estava longe de compreender o projecto de Deus a seu respeito. A sua humildade de mulher simples do interior não lhe permitia pensar grandes coisas a respeito de si mesma. Quiçá tenha sido este o motivo por que fora escolhida por Deus para ser a mãe do Messias. Livre de toda a forma de orgulho e auto-suficiência, Maria podia abrir seu coração para receber a graça de Deus que haveria de torná-la templo do Espírito Santo. Ela tornou-se objecto da atenção divina, no seu anseio de salvar a humanidade. Deus queria contar com alguma pessoa disposta a se tornar "escrava do Senhor", e permitir que a vontade divina acontecesse em sua vida, sem objecções. Foi para Maria que se voltaram os olhares de Deus! Tudo quanto o anjo comunicara a Maria era grande demais para o seu entendimento, e superava a sua capacidade de pô-lo em prática. Abriu-se para ela uma perspectiva nova, ao ser-lhe prometida a assistência do Espírito Santo. Este seria a força que lhe permitiria levar a bom termo a missão divina que lhe fora comunicada pelo anjo. O evangelista Lucas elabora esta narrativa da Anunciação com alusões a temas básicos do Primeiro Testamento. Na criação o Espírito de Deus pairava sobre as águas; agora, na segunda criação, este Espírito descerá sobre Maria. Em contraposição ao antigo pecado de Eva, agora Maria é cheia de graça. E o anúncio do anjo é feito em paralelo com as palavras do profeta Isaías, que anunciava um futuro brilhante para o filho da jovem esposa do rei Acaz (Is 7,14). Unindo-nos à saudação do anjo, hoje, também saudamos Maria. E agradecemos a Deus pela concepção de Jesus no seio de Maria, concedendo-nos participar da nova criação revestida de divindade e eternidade. A escolha de Maria, uma jovem da periferia da Galileia, para ser a mãe de Jesus, Filho de Deus, nos revela que o projecto de Deus difere dos projectos dos homens neste mundo. O poder e o prestígio tão ansiosamente buscados, nada significam para Deus. Maria viveu a humildade e o serviço e nisto identifica-se com seu filho Jesus. O título de "rainha" aplicado a Maria não indica poder e superioridade, mas sim amor que se doa, cativa, e se comunica. Maria está presente nos nossos lares, nas alegrias e nos sofrimentos, confortando-nos, como mãe e companheira de caminhada no seguimento de Jesus. "Alegra-te ('Ave, Maria'), cheia de graça! O Senhor está contigo...", "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre", Jesus. Unimo-nos à saudação do anjo e à saudação de Isabel (Lc 1,28.42), saudamos também a Maria em nossa oração. Com a oração contínua e repetitiva, tomamos consciência da presença de Maria em nosso meio e, com ela, a presença de seu filho Jesus. Com Maria, nossa atenção se volta para Jesus, percorrendo a trajectória de sua vida: o seu nascimento, o seu ministério, a sua paixão e a sua ressurreição.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
“Naquele tempo, o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma Virgem desposada com um homem chamado José, que era descendente de David. O nome da Virgem era Maria. Tendo entrado onde ela estava, disse o Anjo: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo».
Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria aquela. Disse-lhe o Anjo: «Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David; reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim».
Maria disse ao Anjo: «Como será isto, se eu não conheço homem?». O Anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus. E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril; porque a Deus nada é impossível».
Maria disse então: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».”
Palavra da Salvação



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