DOMINGO III do Advento
(Domingo, 13 de Dezembro de
2015)
Que devemos fazer?
Essa proximidade de Deus
torna o cristão aberto a tudo e solidário com tudo o que seus irmãos, os
homens, fazem de bom e verdadeiro. Não se fecha ele numa moral individualista,
mas sabe fazer suas as virtudes próprias de uma geração, as atitudes próprias
de uma mentalidade, os valores inseridos nos vários modos de pensar. Ver e
apreciar tudo o que há de bom nos outros com um olhar e um juízo optimistas, é
o outro aspecto do optimismo que provém da certeza de viver com Deus.
A abertura aos outros
depende sempre da comunhão alegre e pessoal com Deus. Se o Senhor está entre
nós, se está assim tão próximo, “que
devemos fazer?”.
Às três categorias de
pessoas que encontra (a multidão, os publicanos, os soldados), João impõe um
comportamento preciso em sinal de conversão: não fazer do egoísmo o critério de
suas acções, não se aproveitar do ofício ou da profissão para se enriquecer
injustamente. Aqui os sinais de conversão são elementares e ainda estamos longe
do sermão da montanha. Mas, o não fazer do próprio “eu” a razão de ser da sua
vida já é um sinal suficiente de conversão ao Reino. É um início.
LEITURA I – Sf 3, 14-18a
“O
Senhor exulta de alegria por tua causa”
Este
trecho foi acrescentado no pós-exílio. Depois de terem voltado da Babilónia, os
judeus iniciaram a reconstrução de Jerusalém. O autor vê nessa obra o perdão
dos pecados anteriores e o início de uma nova era para Israel. Enquanto a vida
social se vai corrompendo sempre mais e gera até nos bons uma forma prática de cepticismo
que se traduz num “não há nada a esperar”. Deus, por meio de seu profeta, faz
sentir ao povo a sua voz e o seu amor. A esperança que, por natureza, é uma
jovem criatura a que falta o senso do real e às vezes até a prudência, fala
aqui a linguagem da experiência, da sabedoria e da humildade. É humilde, por
isso é pura. Pura alegria que vem do alto mas que, ao mesmo tempo, deve surgir
de um coração de homem: é uma alegria pascal, necessariamente ligada ao acto
último em que Jesus exprime sua obediência ao Pai, dando sua vida por todos os
homens. Só recebem essa alegria aqueles que, à sua volta, observam o preceito
novo do amor sem fronteiras.
Leitura da
Profecia de Sofonias
“Clama
jubilosamente, filha de Sião; solta brados de alegria, Israel. Exulta, rejubila
de todo o coração, filha de Jerusalém. O Senhor revogou a sentença que te
condenava, afastou os teus inimigos. O Senhor, Rei de Israel, está no meio de
ti e já não temerás nenhum mal. Naquele dia, dir-se-á a Jerusalém: «Não temas,
Sião, não desfaleçam as tuas mãos. O Senhor teu Deus está no meio de ti, como
poderoso salvador. Por causa de ti, Ele enche-Se de júbilo, renova-te com o seu
amor, exulta de alegria por tua causa, como nos dias de festa».”
Palavra do Senhor
LEITURA II – Filip 4, 4-7
“O
Senhor está próximo”
A
alegria cristã baseia-se na salvação obtida por Cristo, é testemunhada
sobretudo pela bondade que se irradia para todos e pela tranquila confiança em
Deus. Os cristãos devem ser fiéis ao que aprenderam dos seus evangelizadores,
mas também precisam estar abertos a todas as coisas sadias que encontram na
sociedade.
Leitura da
Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses
“Irmãos:
Alegrai-vos sempre no Senhor. Novamente vos digo: alegrai-vos. Seja de todos
conhecida a vossa bondade. O Senhor está próximo. Não vos inquieteis com coisa
alguma; mas em todas as circunstâncias, apresentai os vossos pedidos diante de
Deus, com orações, súplicas e acções de graças. E a paz de Deus, que está acima
de toda a inteligência, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em
Cristo Jesus.”
Palavra do Senhor
EVANGELHO – Lc 3, 10-18
“Que devemos fazer?”
João
Baptista convida a uma mudança radical de vida, porque já se aproxima o Reino,
que vai transformar radicalmente as relações entre os homens. É o tempo do
julgamento, e nada adianta ter fé teórica, pois o julgamento basear-se-á nas
opções e atitudes concretas que cada um assume. Os fariseus, com a falsa
segurança de suas observâncias religiosas, e os saduceus, com suas intrigas
políticas para conservar o poder, pertencem à estrutura que vai ser superada
pelo Reino. Naquela época a dinâmica de actuação de João Batista suscitava
especulações sobre a possibilidade de ser ele o próprio Messias. É que havia
aparecido alguns pseudoprofetas e pseudomessias, como por exemplo, Teudas, que
tinha uns quatrocentos seguidores e um outro chamado de Judas, o Galileu, que
também tinha seus admiradores actuantes (cf. At 5,36-37). Mas João é enfático:
“vem aquele que é mais forte do que eu”. Ele apenas compara o seu baptismo com
o de Jesus. O cerne da questão não está centrado no baptismo com água, pois a
Igreja primitiva já o fazia, mas que o Baptismo de São João Batista é só na
água, enquanto o baptismo de Jesus será definitivo: um acto do Criador que leva
à salvação, através do Espírito Santo. A alusão ao fogo resulta no processo da
separação entre o joio e o trigo, ou seja, entre os que estão salvos e os que
estão condenados.
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
“Naquele
tempo, as multidões perguntavam a João Baptista: «Que devemos fazer?». Ele
respondia-lhes: «Quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma; e
quem tiver mantimentos faça o mesmo». Vieram também alguns publicanos para
serem baptizados e disseram: «Mestre, que devemos fazer?». João respondeu-lhes:
«Não exijais nada além do que vos foi prescrito». Perguntavam-lhe também os
soldados: «E nós, que devemos fazer?». Ele respondeu-lhes: «Não pratiqueis
violência com ninguém nem denuncieis injustamente; e contentai-vos com o vosso
soldo». Como o povo estava na expectativa e todos pensavam em seus corações se
João não seria o Messias, ele tomou a palavra e disse a todos: «Eu baptizo-vos
com água, mas está a chegar quem é mais forte do que eu, e eu não sou digno de
desatar as correias das suas sandálias. Ele baptizar-vos-á com o Espírito Santo
e com o fogo. Tem na mão a pá para limpar a sua eira e recolherá o trigo no seu
celeiro; a palha, porém, queimá-la-á num fogo que não se apaga». Assim, com
estas e muitas outras exortações, João anunciava ao povo a Boa Nova».”
Palavra da Salvação
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