DOMINGO DO BAPTISMO DO
SENHOR
(Domingo, 10 de Janeiro de
2016)
“O PAI MANIFESTA A MISSÃO DO FILHO”
Na margem do rio
Jordão, João Baptista prega a conversão dos pecados como meio para se receber o
reino de Deus que está próximo. Jesus entra na água, como todo o povo, para ser
baptizado. Para os judeus, o baptismo era um rito penitencial; por isso,
aproximavam-se dele confessando seus pecados. Entretanto, o que Jesus recebe
não é só um baptismo de penitência; a manifestação, do Pai e do Espírito Santo
dão-lhe um significado preciso. Jesus é proclamado “filho bem-amado” e sobre
ele desce o Espírito que o investe da missão de profeta (anúncio da mensagem da
salvação), sacerdote (o único sacrifício agradável ao Pai), rei (messias
esperado como salvador).
O BATISMO DE CRISTO É O
“NOSSO BATISMO”
A redacção dos
evangelistas procura apresentar o baptismo de Jesus como baptismo do “novo povo
de Deus”, o baptismo da Igreja. No livro do Êxodo, Israel é o filho primogénito,
que é libertado do Egipto para servir a Deus e oferecer-lhe o sacrifício (Ex
4,22); é o povo que passa entre os diques de água do mar Vermelho, e no caminho
enxuto através do rio Jordão.
Cristo é o “filho
bem-amado” que oferece o único sacrifício agradável ao Pai; Cristo, que “sai da
água” é o novo povo libertado, e a libertação é definitiva; o Espírito não só
desce sobre Cristo, mas permanece sobre ele. O Espírito, que depois do pecado
não tinha mais morada permanente entre os homens (Gn 6,3), agora permanece para
sempre em Cristo e na Igreja que é o seu complemento.
A missão de Cristo tem a
sua imagem na do Servo sofredor de Isaías. O “Servo de Deus” é aquele que
carrega os pecados do povo. Em Cristo, que se submete a um acto público de
penitência (confissão dos pecados e baptismo), vemos a solidariedade do Pai, do
Filho e do Espírito Santo com a nossa história. Jesus não se distancia da
humanidade pecadora; é um homem com os homens; vindo a uma humanidade pecadora,
identifica-se com ela, mas não é pecador. Não confessa os seus pecados, mas
confessa-se por nós. A universalidade da sua confissão e a santidade da sua
existência fazem com que a velha humanidade passe a uma humanidade renovada.
NA DESCOBERTA DO
PRÓPRIO BAPTISMO
Os fiéis que nasceram e
viveram na fé da Igreja têm necessidade de redescobrir a grandeza e as
exigências da vocação baptismal. É paradoxal que o baptismo, fazendo do homem
um membro vivo do Corpo de Cristo, não esteja bem presente na consciência
explícita do cristão e que a maior parte dos cristãos não considere o ingresso
na Igreja, através da iniciação baptismal, como o momento decisivo da sua vida.
O baptismo foi-nos dado em nome de Cristo; põe-nos em comunhão com Deus;
integra-nos na Família de Deus; é um novo nascimento; uma passagem da
solidariedade no pecado à solidariedade no amor; das trevas e solidão ao mundo
novo da fraternidade. Uma nova sensibilidade para com o baptismo foi suscitada
na Igreja pelo Espírito; hoje, mais do que nunca, nas comunidades cristãs,
apresenta-se a vida cristã como “viver o seu baptismo”; e manifesta-se mais
intensamente nos adultos a necessidade de percorrer de novo os caminhos do
próprio baptismo, através de um “catecumenato” feito de profunda experiência
comunitária e sério conhecimento da Escritura.
LEITURA I – Is 42, 1-4.6-7
“Eis
o meu servo, enlevo da minha alma”
No
Baptismo que recebeu das mãos de João, Jesus manifesta-Se como sendo Aquele que
o profeta anunciara: o Servo de Deus, que desce à água no meio dos pecadores para
inaugurar a obra da redenção que o Pai Lhe confiara, e, ao mesmo tempo, o Filho
bem-amado, sobre quem repousa o Espírito de Deus, para que Ele seja portador da
Boa Nova da salvação a toda a Terra.
Leitura do
Livro de Isaías
“Diz o Senhor:
«Eis o meu servo, a quem Eu protejo, o meu eleito, enlevo da minha alma. Sobre
ele fiz repousar o meu espírito, para que leve a justiça às nações. Não
gritará, nem levantará a voz, nem se fará ouvir nas praças; não quebrará a cana
fendida, nem apagará a torcida que ainda fumega: proclamará fielmente a
justiça. Não desfalecerá nem desistirá, enquanto não estabelecer a justiça na
terra, a doutrina que as ilhas longínquas esperam. Fui Eu, o Senhor, que te chamei
segundo a justiça; tomei-te pela mão, formei-te e fiz de ti a aliança do povo e
a luz das nações, para abrires os olhos aos cegos, tirares do cárcere os
prisioneiros e da prisão os que habitam nas trevas».”
Palavra do Senhor
LEITURA II – Actos 10, 34-38
“Deus
ungiu-O com o Espírito Santo”
O
Espírito Santo desceu sobre Jesus na hora do Baptismo e ungiu-O para que Ele
pudesse começar o seu ministério e, por Ele, os homens fossem também baptizados
não só na água, mas na água e no Espírito. A unção que o Espírito Santo confere
a Jesus na hora do seu baptismo marca-O como “Messias”, isto é, “Ungido”, ou
seja “Cristo”, e, faz d’Ele a fonte da unção com que o mesmo Espírito marcará
os “cristãos”, os “ungidos”, membros de Cristo, sua Cabeça.
Leitura dos
Actos dos Apóstolos
“Naqueles
dias, Pedro tomou a palavra e disse: «Na verdade, eu reconheço que Deus não faz
acepção de pessoas, mas, em qualquer nação, aquele que O teme e pratica a
justiça é-Lhe agradável. Ele enviou a sua palavra aos filhos de Israel,
anunciando a paz por Jesus Cristo, que é o Senhor de todos. Vós sabeis o que
aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do baptismo que
João pregou: Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que
passou fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelo demónio, porque
Deus estava com Ele».”
Palavra do Senhor
EVANGELHO – Lc 3,
15-16.21-22
“Jesus foi baptizado e, enquanto orava, abriu-se o céu”
No
livro do Génesis (Gn 3 23-24) diz-se que depois do pecado dos nossos primeiros
pais, Adão e Eva, eles foram expulsos do paraíso terrestre, que se fechou atrás
deles. Agora, na hora do baptismo de Jesus, o Céu abriu-se para franquear a
entrada ao homem novo, que é Jesus, que a voz do Pai declara ser o seu Filho.
N’Ele e por Ele a todos os que n’Ele crêem, santificados pela graça do Espírito
Santo, está agora patente a porta do paraíso.
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
“Naquele
tempo, o povo estava na expectativa e todos pensavam em seus corações se João
não seria o Messias. João tomou a palavra e disse-lhes: «Eu baptizo-vos com
água, mas vai chegar quem é mais forte do que eu, do qual não sou digno de
desatar as correias das sandálias. Ele baptizar-vos-á com o Espírito Santo e
com o fogo». Quando todo o povo recebeu o baptismo, Jesus também foi baptizado;
e, enquanto orava, o céu abriu-se e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma
corporal, como uma pomba. E do céu fez-se ouvir uma voz: «Tu és o meu Filho
muito amado: em Ti pus toda a minha complacência».”
Palavra da Salvação
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