DOMINGO DA EPIFANIA DO
SENHOR
(Domingo, 3 de Janeiro de
2016)
“Jesus, perigo ou salvação?”
Com a festa da
Epifania, a Igreja celebra a manifestação de Jesus ao mundo. Jesus é o Rei
Salvador prometido pelas Escrituras. A sua vinda, porém, desperta reacções
diferentes. Aqueles que conhecem as Escrituras, em vez de se alegrarem com a
realização das promessas, ficam alarmados, vendo em Jesus uma séria ameaça para
o seu próprio modo de viver. Outros, apenas guiados por um sinal, procuram
Jesus e o acolhem como Rei Salvador. Não basta saber quem é o Messias; é
preciso seguir os sinais da história que nos encaminham para reconhecê-lo e
aceitá-lo. A cena mostra o destino de Jesus: rejeitado e morto pelas
autoridades do seu próprio povo, é aceite pelos pagãos. Nas narrativas da
infância de Jesus, em Mateus, Jesus recém-nascido já aparece para o mundo
representado pelos magos do Oriente. No Evangelho de Lucas (2,8-20), quem vai
adorar o recém-nascido são os humildes pastores. A narrativa de Mateus, com a
adoração dos magos, é feita no estilo do “midraxe” judaico. É uma reconstrução
literária de episódios bíblicos antigos, retratados de acordo com o tempo do
narrador. Mateus narra a visita dos magos no sentido de associar o nascimento
de Jesus a uma profecia de Isaías (primeira leitura), em que as várias nações
pagãs trarão tesouros, ouro e incenso, ao Templo de Jerusalém. Mateus apresenta
Jesus como a luz e a glória de Deus para o povo de Israel, sendo a ele que os
povos se dirigem em adoração, numa perspectiva universalista (segunda leitura).
A menção da estrela que guia os magos é uma alusão à estrela de Jacob (Nm
24,17) que, depois, se transformou na estrela de David, com seis pontas e doze
lados, associando Jesus ao messianismo davídico. Assim também se dá com o
nascimento em Belém, cidade tida como a terra de origem de David. Todos estes
acentos messiânicos Mateus os fazia para convencer a sua comunidade de cristãos
originários do judaísmo que em Jesus se realizavam as expectativas messiânicas.
Além do mais, a narrativa abre espaço para acentuar a crueldade do rei Herodes,
com o episódio da matança das crianças de Belém. Do ponto de vista histórico,
Jesus manifesta-se ao mundo a partir do início de seu ministério, o que se dá
com o seu baptismo por João Baptista. Com o anúncio da chegada do Reino dos
Céus, Jesus revela Deus como Deus do amor para todos os povos, sem exclusões. O
encontro com Deus se dá no desapego da riqueza e do poder, e em toda acção a
favor da vida e da paz.
LEITURA I – Is 60, 1-6
“Brilha
sobre ti a glória do Senhor”
Como
uma cidade, construída sobre um monte, atrai o olhar de todos, ao ser iluminada
pelo sol nascente, assim Jerusalém, iluminada pelo Nascimento de Jesus, atrai a
si todos os povos, mergulhados na noite do pecado.
Será,
porém, na Igreja, nova Jerusalém, que Deus reunirá todos os homens, para lhes
dar a salvação. Será n’Ela que se constituirá, definitivamente, a comunidade
dos povos. «A luz dos povos é Cristo – Mas a Sua luz resplandece no rosto da
Sua Igreja» (LG. n.º 1). Ela é, na verdade, o sinal e o instrumento de união
com Deus e de unidade de todo o género humano.
Leitura do
Livro de Isaías
“Levanta-te e
resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do
Senhor. Vê como a noite cobre a terra e a escuridão os povos. Mas, sobre ti
levanta-Se o Senhor e a sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua luz e
os reis ao esplendor da tua aurora. Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm
ao teu encontro; os teus filhos vão chegar de longe e as tuas filhas são
trazidas nos braços. Quando o vires ficarás radiante, palpitará e dilatar-se-á
o teu coração, pois a ti afluirão os tesouros do mar, a ti virão ter as riquezas
das nações. Invadir-te-á uma multidão de camelos, de dromedários de Madiã e
Efá. Virão todos os de Sabá, trazendo ouro e incenso e proclamando as glórias
do Senhor.”
Palavra do Senhor
LEITURA II – Ef 3, 2-3a.5-6
“Os
gentios recebem a mesma herança prometida”
O
universalismo de Isaías era um pouco limitado; os estrangeiros não estavam em
posição de igualdade com os filhos de Israel. S. Paulo, descrevendo o plano
salvífico de Deus, proclama que todos os homens são chamados, igualmente, a ser
herdeiros da Promessa.
Como
consequência deste chamamento universal para a Fé, toda a separação, toda a
discriminação, introduzidas na humanidade por culturas e civilizações,
desaparecem. Todos são chamados a formar o verdadeiro Israel e a constituir um
só Corpo – o Corpo Místico de Cristo – restabelecendo-se assim o plano
primitivo de Deus acerca da humanidade, que era um projecto de unidade e amor.
Leitura da
Epístola de São Paulo aos Efésios
“Irmãos:
Certamente já ouvistes falar da graça que Deus me confiou a vosso favor: por
uma revelação, foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo. Nas gerações
passadas, ele não foi dado a conhecer aos filhos dos homens como agora foi
revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas: os gentios
recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da
mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho.”
Palavra do Senhor
EVANGELHO – Mt 2, 1-12
“Viemos do Oriente adorar o Rei”
Frente
ao mistério do Nascimento de Jesus, S. Mateus procura, sobretudo, contemplá-Lo
à Luz do primeiro encontro do mundo pagão com o Salvador, de que os magos são
as primícias e os representantes. Sublinhando, de modo expressivo, a
universalidade da Mensagem cristã, dirigida a todos os homens, mesmo àqueles
que, segundo as concepções estreitas do Judaísmo, viviam fora da Geografia e da
História da Salvação, o evangelista mostra como na visita dos Magos, se
realizam as profecias do A. T.
Não
deixa também de o impressionar, em contraste com o orgulho e cegueira de
Herodes e dos sábios de Israel, a boa vontade dos Magos, que, atentos aos
sinais dos Tempos, se dispõem a correr a aventura da Fé.
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“Tinha Jesus
nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a
Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – perguntaram eles – o rei
dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos
adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele,
toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas
do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em
Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo Profeta: ‘Tu, Belém, terra de
Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois
de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes
mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o
tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e
disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O
encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei,
puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à
sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela,
sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe,
e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros,
ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não
voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.”
Palavra da Salvação
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