sábado, 2 de janeiro de 2016

Jesus, perigo ou salvação?

DOMINGO DA EPIFANIA DO SENHOR



(Domingo, 3 de Janeiro de 2016)

“Jesus, perigo ou salvação?”

Com a festa da Epifania, a Igreja celebra a manifestação de Jesus ao mundo. Jesus é o Rei Salvador prometido pelas Escrituras. A sua vinda, porém, desperta reacções diferentes. Aqueles que conhecem as Escrituras, em vez de se alegrarem com a realização das promessas, ficam alarmados, vendo em Jesus uma séria ameaça para o seu próprio modo de viver. Outros, apenas guiados por um sinal, procuram Jesus e o acolhem como Rei Salvador. Não basta saber quem é o Messias; é preciso seguir os sinais da história que nos encaminham para reconhecê-lo e aceitá-lo. A cena mostra o destino de Jesus: rejeitado e morto pelas autoridades do seu próprio povo, é aceite pelos pagãos. Nas narrativas da infância de Jesus, em Mateus, Jesus recém-nascido já aparece para o mundo representado pelos magos do Oriente. No Evangelho de Lucas (2,8-20), quem vai adorar o recém-nascido são os humildes pastores. A narrativa de Mateus, com a adoração dos magos, é feita no estilo do “midraxe” judaico. É uma reconstrução literária de episódios bíblicos antigos, retratados de acordo com o tempo do narrador. Mateus narra a visita dos magos no sentido de associar o nascimento de Jesus a uma profecia de Isaías (primeira leitura), em que as várias nações pagãs trarão tesouros, ouro e incenso, ao Templo de Jerusalém. Mateus apresenta Jesus como a luz e a glória de Deus para o povo de Israel, sendo a ele que os povos se dirigem em adoração, numa perspectiva universalista (segunda leitura). A menção da estrela que guia os magos é uma alusão à estrela de Jacob (Nm 24,17) que, depois, se transformou na estrela de David, com seis pontas e doze lados, associando Jesus ao messianismo davídico. Assim também se dá com o nascimento em Belém, cidade tida como a terra de origem de David. Todos estes acentos messiânicos Mateus os fazia para convencer a sua comunidade de cristãos originários do judaísmo que em Jesus se realizavam as expectativas messiânicas. Além do mais, a narrativa abre espaço para acentuar a crueldade do rei Herodes, com o episódio da matança das crianças de Belém. Do ponto de vista histórico, Jesus manifesta-se ao mundo a partir do início de seu ministério, o que se dá com o seu baptismo por João Baptista. Com o anúncio da chegada do Reino dos Céus, Jesus revela Deus como Deus do amor para todos os povos, sem exclusões. O encontro com Deus se dá no desapego da riqueza e do poder, e em toda acção a favor da vida e da paz.

LEITURA I – Is 60, 1-6

Brilha sobre ti a glória do Senhor

Como uma cidade, construída sobre um monte, atrai o olhar de todos, ao ser iluminada pelo sol nascente, assim Jerusalém, iluminada pelo Nascimento de Jesus, atrai a si todos os povos, mergulhados na noite do pecado.
Será, porém, na Igreja, nova Jerusalém, que Deus reunirá todos os homens, para lhes dar a salvação. Será n’Ela que se constituirá, definitivamente, a comunidade dos povos. «A luz dos povos é Cristo – Mas a Sua luz resplandece no rosto da Sua Igreja» (LG. n.º 1). Ela é, na verdade, o sinal e o instrumento de união com Deus e de unidade de todo o género humano.

Leitura do Livro de Isaías
“Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Vê como a noite cobre a terra e a escuridão os povos. Mas, sobre ti levanta-Se o Senhor e a sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora. Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm ao teu encontro; os teus filhos vão chegar de longe e as tuas filhas são trazidas nos braços. Quando o vires ficarás radiante, palpitará e dilatar-se-á o teu coração, pois a ti afluirão os tesouros do mar, a ti virão ter as riquezas das nações. Invadir-te-á uma multidão de camelos, de dromedários de Madiã e Efá. Virão todos os de Sabá, trazendo ouro e incenso e proclamando as glórias do Senhor.”
Palavra do Senhor

LEITURA II – Ef 3, 2-3a.5-6

Os gentios recebem a mesma herança prometida

O universalismo de Isaías era um pouco limitado; os estrangeiros não estavam em posição de igualdade com os filhos de Israel. S. Paulo, descrevendo o plano salvífico de Deus, proclama que todos os homens são chamados, igualmente, a ser herdeiros da Promessa.
Como consequência deste chamamento universal para a Fé, toda a separação, toda a discriminação, introduzidas na humanidade por culturas e civilizações, desaparecem. Todos são chamados a formar o verdadeiro Israel e a constituir um só Corpo – o Corpo Místico de Cristo – restabelecendo-se assim o plano primitivo de Deus acerca da humanidade, que era um projecto de unidade e amor.

Leitura da Epístola de São Paulo aos Efésios
“Irmãos: Certamente já ouvistes falar da graça que Deus me confiou a vosso favor: por uma revelação, foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo. Nas gerações passadas, ele não foi dado a conhecer aos filhos dos homens como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas: os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho.”
Palavra do Senhor

EVANGELHO – Mt 2, 1-12

Viemos do Oriente adorar o Rei

Frente ao mistério do Nascimento de Jesus, S. Mateus procura, sobretudo, contemplá-Lo à Luz do primeiro encontro do mundo pagão com o Salvador, de que os magos são as primícias e os representantes. Sublinhando, de modo expressivo, a universalidade da Mensagem cristã, dirigida a todos os homens, mesmo àqueles que, segundo as concepções estreitas do Judaísmo, viviam fora da Geografia e da História da Salvação, o evangelista mostra como na visita dos Magos, se realizam as profecias do A. T.
Não deixa também de o impressionar, em contraste com o orgulho e cegueira de Herodes e dos sábios de Israel, a boa vontade dos Magos, que, atentos aos sinais dos Tempos, se dispõem a correr a aventura da Fé.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo Profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.”
Palavra da Salvação



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