sábado, 30 de janeiro de 2016

DOMINGO 31 DE JANEIRO DE 2016




(Domingo, 31 de Janeiro de 2016)

Um projecto de vida

Colocada no início da vida pública de Jesus, esta passagem constitui, conforme Lucas, o programa de toda a actividade de Jesus. Is 61,1-2 anunciara que o Messias iria realizar a missão libertadora dos pobres e oprimidos. Jesus aplica a passagem a si mesmo, assumindo-a no hoje concreto em que se encontra. No ano da graça eram perdoadas todas as dívidas e se redistribuíam fraternalmente todas as terras e propriedades: Jesus encaminha a humanidade para uma situação de reconciliação e partilha, que tornam possíveis a igualdade, a fraternidade e a comunhão. A dúvida e a rejeição de Jesus por parte dos seus compatriotas fazem prever a hostilidade e a rejeição de toda a actividade de Jesus por parte de todo o seu povo. No entanto, Jesus prossegue o seu caminho, para construir a nova história que engloba toda a humanidade. As profecias do Antigo Testamento ajudaram Jesus a compreender a sua identidade e missão. Um texto do profeta Isaías foi-lhe extremamente útil. Nesse texto encontramos o monólogo de alguém que voltara do exílio babilónico e expressava a consciência da sua missão: reorganizar o povo, após a sua total destruição às mãos de Nabucodonosor. Isaías tinha consciência de ser um profeta, nos moldes do Servo de Deus, cuja missão era a de infundir ânimo e esperança no povo, descortinando-lhe horizontes, e trazendo-lhe libertação. Foi esse o caminho que Jesus seguiu. O evento do seu baptismo constituiu-se numa verdadeira consagração por parte do Pai para a missão que estava prestes a ser iniciada. Os destinatários preferenciais da sua acção missionária foram os pobres, os humilhados e injustiçados, toda a sorte de prisioneiros e oprimidos, as vítimas da cegueira física e espiritual. A sua acção, por ser ele o Filho de Deus, era portadora de alegria semelhante à do ano jubilar, quando todas as dívidas e servidões eram abolidas e as pessoas tinham, novamente, a sua dignidade reconhecida. O texto profético era um resumo perfeito do projecto de vida de Jesus. Não possuímos informações a respeito do que se passou com o profeta vétero-testamentário. Com Jesus, sim. A história confirmou que nele se cumpriu plenamente o que o antigo profeta havia falado de si mesmo. Lucas, no seu evangelho, apresenta às suas comunidades, e a nós, o início do ministério de Jesus na Galileia, diferenciado da prática do judaísmo. Colocando a sinagoga como um espaço a ser superado, Lucas apresenta Jesus cheio do Espírito, profético, identificado com a vocação de Isaías, no texto em que lê. A missão de Jesus é a nossa missão: anunciar o evangelho aos pobres, proclamar e envolver-se na libertação dos aprisionados, dos oprimidos, dos explorados e dos excluídos; proclamar a Palavra que ilumine os que não vêem a realidade, desperte os acomodados e indiferentes, que fortaleça os abatidos e desesperançados.


LEITURA I – Jer 1, 4-5.17-19

Eu te constituí profeta entre as nações

Desde o dia da sua vocação, Jeremias, que os seus compatriotas hão-de acolher tão mal, é destinado por Deus para levar a palavra divina até aos pagãos. A palavra de Deus vem ao mundo para chegar a toda a Terra; e deve partir do meio do povo que Ele mesmo acolheu, mas que tantas vezes não é o que Lhe dá melhor acolhimento.

Leitura do Livro de Jeremias
“No tempo de Josias, rei de Judá, a palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: «Antes de te formar no ventre materno, Eu te escolhi; antes que saísses do seio de tua mãe, Eu te consagrei e te constituí profeta entre as nações. Cinge os teus rins e levanta-te, para ires dizer tudo o que Eu te ordenar. Não temas diante deles, senão serei Eu que te farei temer a sua presença. Hoje mesmo faço de ti uma cidade fortificada, uma coluna de ferro e uma muralha de bronze, diante de todo este país, dos reis de Judá e dos seus chefes, diante dos sacerdotes e do povo da terra. Eles combaterão contra ti, mas não poderão vencer-te, porque Eu estou contigo para te salvar».”
Palavra do Senhor

LEITURA II – 1 Cor 12, 31 – 13, 13

Agora permanecem a fé, a esperança e a caridade; mas a maior de todas é a caridade

No Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja, há grande diversidade de dons e graças. Depois de se referir a essa variedade, que enriquece o corpo da Igreja, o Apóstolo aponta o que é carisma de todos os cristãos e a que todos são chamados, embora cada um em grau diferente: a caridade. Esta leitura é um verdadeiro hino à caridade.

Leitura da primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
“Irmãos: Aspirai com ardor aos dons espirituais mais elevados. Vou mostrar-vos um caminho de perfeição que ultrapassa tudo: Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como bronze que ressoa ou como címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu possua a plenitude da fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou. Ainda que distribua todos os meus bens aos famintos e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada me aproveita. A caridade é paciente, a caridade é benigna; não é invejosa, não é altiva nem orgulhosa; não é inconveniente, não procura o próprio interesse; não se irrita, não guarda ressentimento; não se alegra com a injustiça, mas alegra-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O dom da profecia acabará, o dom das línguas há-de cessar, a ciência desaparecerá; mas a caridade não acaba nunca. De maneira imperfeita conhecemos, de maneira imperfeita profetizamos. Mas quando vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, sentia como criança e pensava como criança. Mas quando me fiz homem, deixei o que era infantil. Agora vemos como num espelho e de maneira confusa, depois, veremos face a face. Agora, conheço de maneira imperfeita, depois, conhecerei como sou conhecido. Agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e a caridade; mas a maior de todas é a caridade.”
Palavra do Senhor

EVANGELHO – Lc 4, 21-30

Como Elias e Eliseu, Jesus não é enviado somente aos judeus

Como Jeremias, também Jesus foi mal recebido pelos seus, e, deixando Nazaré, a terra “onde Se tinha criado”, partiu para outros lugares, onde a palavra de Deus pudesse encontrar quem melhor a escutasse. Deus liga-Se a determinadas circunstâncias humanas e temporais; mas a sua Palavra vem ao mundo para ser levada até aos confins da Terra. Ela não veio para dividir, mas para unir; dividir, só a verdade do erro, o bem do mal, a luz das trevas, porque Deus é Luz.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
“Naquele tempo, Jesus começou a falar na sinagoga de Nazaré, dizendo: «Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura que acabais de ouvir». Todos davam testemunho em seu favor e se admiravam das palavras cheias de graça que saíam da sua boca. E perguntavam: «Não é este o filho de José?». Jesus disse-lhes: «Por certo Me citareis o ditado: ‘Médico, cura-te a ti mesmo’. Faz também aqui na tua terra o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum». E acrescentou: «Em verdade vos digo: Nenhum profeta é bem recebido na sua terra. Em verdade vos digo que havia em Israel muitas viúvas no tempo do profeta Elias, quando o céu se fechou durante três anos e seis meses e houve uma grande fome em toda a terra; contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas, mas a uma viúva de Sarepta, na região da Sidónia. Havia em Israel muitos leprosos no tempo do profeta Eliseu; contudo, nenhum deles foi curado, mas apenas o sírio Naamã». Ao ouvirem estas palavras, todos ficaram furiosos na sinagoga. Levantaram-se, expulsaram Jesus da cidade e levaram-n’O até ao cimo da colina sobre a qual a cidade estava edificada, a fim de O precipitarem dali abaixo. Mas Jesus, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho.”
Palavra da Salvação



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