sábado, 6 de fevereiro de 2016

DOMINGO 7 DE FEVEREIRO DE 2016




(Domingo, 7 de Fevereiro de 2016)

“Vida missionária”

Para anunciar Deus é preciso tê-Lo “conhecido”. Para conhecer Deus é necessário que Ele “se revele”. Não podemos atingir Deus com os nossos silogismos e encerrá-Lo nos nossos raciocínios. A revelação de Deus é um acto soberanamente livre, é iniciativa sua – totalmente gratuita. O homem não tem poder sobre Deus. Ora, o profeta não anuncia uma doutrina abstracta, meramente humana, mas o Deus vivo; ele só é profeta se Deus se lhe revela, se o chama, se o envia. Revelação, vocação e missão estão estreitamente unidas.

A cena é simbólica. Jesus chama os seus primeiros discípulos, mostrando-lhes qual a missão que lhes era reservada: fazer que os homens participem da libertação trazida por Jesus e que só pode realizar-se no seguimento dele, mediante a união com ele e a sua missão. O convite ao seguimento é exigente: é preciso “deixar tudo”, para que nada impeça o discípulo de anunciar a Boa Notícia do Reino. A cena da pesca milagrosa ilustra a vida missionária dos discípulos do Reino. Tudo começou com um encontro fortuito com Jesus. Comprimido pelas multidões ansiosas para ouvir a Palavra de Deus, o Mestre pediu a Simão um favor: levá-lo na sua barca um pouco para largo do lago de Genesaré, não muito longe da margem, para que pudesse falar às multidões. O seu pedido foi prontamente atendido. Quando concluiu a pregação, deu a Simão uma ordem inesperada: conduzir o barco para águas mais profundas e lançar a rede. Simão tinha trabalhado, em vão, toda a noite; mas, por obediência à ordem do Mestre, lançou novamente a rede. E disto resultou uma pescaria espectacular. Entretanto, o facto mais notável foi Simão ter tido a oportunidade de reconhecer Jesus como Messias. O espanto que se apoderou dele e dos seus companheiros foi semelhante ao que, no Antigo Testamento, acontecia nas teofanias, quando pessoas achavam que iriam morrer, caso vissem a Deus. Simão reconheceu em Jesus a manifestação da divindade. E Jesus exortou-o a não ter medo, pois a sua vida havia sido transformada. Doravante, teria outra preocupação, não mais com peixes, mas com pessoas humanas. Simão aceitou a tarefa de ser pescador de homens e pôs a seguir Jesus. Começava para ele uma nova vida. O centro desta narrativa é o anúncio de Jesus e a escolha dos seus colaboradores. A multidão comprime-se para ouvir a sua palavra, Jesus sobe ao barco de Simão (Pedro) e daí ensina estas multidões. A pesca imprevista e abundante (acentuada desmedidamente) sob a orientação de Jesus é uma confirmação da força da sua palavra e da confiança que se deve ter nesta palavra. Jesus chama os discípulos como cooperadores na sua missão. Os discípulos, com desprendimento, dispõem-se a seguir Jesus. O sucesso da missão implica o abandono e a docilidade à palavra de Jesus.


LEITURA I – Is 6, 1-2a.3-8

Eis-me aqui: podeis enviar-me

Esta leitura apresenta a vocação de Isaías e a sua missão, para introduzir a missão dos Apóstolos, de que falará o Evangelho. A vocação e a missão vêm de Deus, são dom seu. Em presença de tais dons, ao homem compete simplesmente responder e deixar-se enviar, porque a obra a que é enviado é toda de Deus. Foi por isso que o profeta começou por sentir-se envolvido em sinais da presença e da santidade de Deus. E ao reconhecer que Deus o chamava, respondeu a esse chamamento e deixou-se enviar para a missão a que Deus o destinava.

Leitura do Livro de Isaías
“No ano em que morreu Ozias, rei de Judá, vi o Senhor, sentado num trono alto e sublime; a fímbria do seu manto enchia o templo. À sua volta estavam serafins de pé, que tinham seis asas cada um e clamavam alternadamente, dizendo: «Santo, santo, santo é o Senhor do Universo. A sua glória enche toda a terra!». Com estes brados as portas oscilavam nos seus gonzos e o templo enchia-se de fumo. Então exclamei: «Ai de mim, que estou perdido, porque sou um homem de lábios impuros, moro no meio de um povo de lábios impuros e os meus olhos viram o Rei, Senhor do Universo». Um dos serafins voou ao meu encontro, tendo na mão um carvão ardente que tirara do altar com uma tenaz. Tocou-me com ele na boca e disse-me: «Isto tocou os teus lábios: desapareceu o teu pecado, foi perdoada a tua culpa». Ouvi então a voz do Senhor, que dizia: «Quem enviarei? Quem irá por nós?». Eu respondi: «Eis-me aqui: podeis enviar-me».”
Palavra do Senhor

LEITURA II – 1 Cor 15, 1-11

É assim que pregamos e foi assim que acreditastes

Os cristãos de Corinto, cidade grega de ambiente pagão, deviam sentir a atitude negativa dos grupos no meio dos quais viviam, em relação à ressurreição dos mortos, que até os próprios Judeus só lentamente foram admitindo. Para os cristãos, a morte e a ressurreição de Cristo constitui a base e o fundamento da sua fé. Ao afirmar o mistério pascal de Cristo, S. Paulo apresenta o núcleo central da profissão de fé da Igreja, o “Credo”.

Leitura da primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
“Recordo-vos, irmãos, o Evangelho que vos anunciei e que recebestes, no qual permaneceis e pelo qual sereis salvos, se o conservais como eu vo-lo anunciei; aliás teríeis abraçado a fé em vão. Transmiti-vos em primeiro lugar o que eu mesmo recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Em seguida apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maior parte ainda vive, enquanto alguns já faleceram. Posteriormente apareceu a Tiago e depois a todos os Apóstolos. Em último lugar, apareceu-me também a mim, como o abortivo. Porque eu sou o menor dos Apóstolos e não sou digno de ser chamado Apóstolo, por ter perseguido a Igreja de Deus. Mas pela graça de Deus sou aquilo que sou e a graça que Ele me deu não foi inútil. Pelo contrário, tenho trabalhado mais que todos eles, não eu, mas a graça de Deus, que está comigo. Por conseguinte, tanto eu como eles, é assim que pregamos; e foi assim que vós acreditastes.”
Palavra do Senhor

EVANGELHO – Lc 5, 1-11

Deixaram tudo e seguiram Jesus

A disponibilidade verificada no profeta Isaías, vemo-la agora nos Apóstolos. É o Senhor que os envia, mas eles, por seu lado, deixam-se enviar. A obra de Deus está também nas mãos dos homens, porque Deus os quer associar a Si na obra de salvação. É, no fundo, a lei que nasce do mistério da Encarnação: Deus no homem e o homem em Deus. E a única atitude possível para o homem a quem Deus chama e envia é responder como Isaías: “Eis-me aqui”, e como Pedro: “Já que o dizes, lançarei as redes”.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
“Naquele tempo, estava a multidão aglomerada em volta de Jesus, para ouvir a palavra de Deus. Ele encontrava-Se na margem do lago de Genesaré e viu dois barcos estacionados no lago. Os pescadores tinham deixado os barcos e estavam a lavar as redes. Jesus subiu para um barco, que era de Simão, e pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra. Depois sentou-Se e do barco pôs-Se a ensinar a multidão. Quando acabou de falar, disse a Simão: «Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca». Respondeu-Lhe Simão: «Mestre, andámos na faina toda a noite e não apanhámos nada. Mas, já que o dizes, lançarei as redes». Eles assim fizeram e apanharam tão grande quantidade de peixes que as redes começavam a romper-se. Fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco, para os virem ajudar; eles vieram e encheram ambos os barcos, de tal modo que quase se afundavam. Ao ver o sucedido, Simão Pedro lançou-se aos pés de Jesus e disse-Lhe: «Senhor, afasta-Te de mim, que sou um homem pecador». Na verdade, o temor tinha-se apoderado dele e de todos os seus companheiros, por causa da pesca realizada. Isto mesmo sucedeu a Tiago e a João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. Jesus disse a Simão: «Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens». Tendo conduzido os barcos para terra, eles deixaram tudo e seguiram Jesus.”
Palavra da Salvação



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