Domingo X do Tempo Comum
NO RESSUSCITAR OS MORTOS, CRISTO ANUNCIA
A SUA RESSURREIÇÃO
A ressurreição de
Cristo não foi um regresso à vida terrena, como no caso das ressurreições que
Ele tinha realizado antes da Páscoa: a filha de Jairo, o jovem de Naim e
Lázaro. Esses factos eram acontecimentos milagrosos, mas as pessoas miraculadas
reencontravam, pelo poder de Jesus, uma vida terrena «normal»; em dado momento,
voltariam a morrer. A ressurreição de Cristo é essencialmente diferente. No seu
corpo ressuscitado, Ele passa do estado de morte a uma outra vida, para além do
tempo e do espaço. O corpo de Cristo é, na ressurreição, cheio do poder do
Espírito Santo; participa da vida divina no estado da sua glória, de tal modo
que São Paulo pode dizer de Cristo que Ele é o «homem celeste».
Mas
há mais: Jesus liga a fé na ressurreição à sua própria pessoa: «Eu sou a Ressurreição
e a Vida» (Jo 11, 25). É o próprio Jesus que, no último dia, há-de ressuscitar
os que n’Ele tiverem acreditado, comido o seu Corpo e bebido o seu Sangue.
Desde logo, Ele dá um sinal disto mesmo, e uma garantia, restituindo a vida a
alguns mortos e preanunciando assim a sua própria ressurreição que, no entanto,
será de ordem diferente. Jesus fala deste acontecimento único como do «sinal de
Jonas», do sinal do templo; Ele anuncia a sua ressurreição ao terceiro dia
depois da morte.
O sentido cristão da morte
associado à Ressurreição
O
sentido cristão da morte é revelado à luz do mistério pascal da morte e ressurreição
de Cristo, em quem pomos a nossa única esperança. O cristão que morre em Cristo
Jesus «abandona este corpo para ir morar junto do Senhor».
Elias e a viúva
Depois
de ter aprendido a misericórdia no seu retiro na torrente de Querit, ensina à
viúva de Sarepta a fé na Palavra de Deus, fé que ele confirma com a sua oração
insistente: Deus faz voltar à vida o filho da viúva.
Aquando
do sacrifício no monte Carmelo, prova decisiva para a fé do povo de Deus, é em
resposta à sua súplica que o fogo do Senhor consome o holocausto, «à hora de
oferecer o sacrifício da tarde». «Responde-me, Senhor, responde-me!» são as
palavras de Elias, que as liturgias orientais retomam na epiclese eucarística.
Finalmente,
retomando o caminho do deserto em direcção ao lugar onde o Deus vivo e
verdadeiro Se revelou ao seu povo, Elias recolheu-se, como Moisés, «na cavidade
do rochedo», até «passar» a presença misteriosa de Deus. Mas será somente no
monte da transfiguração que Se mostrará sem véu Aquele cuja face eles
procuravam: o conhecimento da glória de Deus está na face de Cristo, crucificado
e ressuscitado.
Cristo liberta a criação do
pecado e da morte
A
acção de graças caracteriza a oração da Igreja que, ao celebrar a Eucaristia, manifesta
e cada vez mais se torna naquilo que é. De facto, pela obra da salvação, Cristo
liberta a criação do pecado e da morte, para de novo a consagrar e fazer voltar
ao Pai, para sua glória. A acção de graças dos membros do corpo participa na da
sua Cabeça.
LEITURA I – 1 Reis 17, 17-24
“Aqui
tens o teu filho vivo”
O
Domingo é o dia da Ressurreição, do triunfo da vida sobre a morte, do poder de
Deus sobre o pecado que leva à perdição. A narração do Evangelho é preparada
com esta da ressurreição do filho de uma viúva, em casa de quem o profeta Elias
se costumava hospedar. A ressurreição é sempre testemunho do poder e da acção
de Deus. E, de facto, a mulher reconheceu que Elias era um homem de Deus, pela
ressurreição do seu filho, que, por meio dele, o Senhor realizou.
Leitura do
Primeiro Livro dos Reis
“Naqueles
dias, caiu doente o filho da viúva de Sarepta e a enfermidade foi tão grave que
ele morreu. Então a mãe disse a Elias: «Que tens tu a ver comigo, homem de
Deus? Vieste a minha casa lembrar-me os meus pecados e causar a morte do meu
filho?». Elias respondeu-lhe: «Dá-me o teu filho». Tomando-o dos braços da mãe,
levou-o ao quarto de cima, onde dormia, e deitou-o no seu próprio leito. Depois
invocou o Senhor, dizendo: «Senhor, meu Deus, quereis ser também rigoroso para
com esta viúva, que me hospeda em sua casa, a ponto de fazerdes morrer o seu
filho?». Elias estendeu-se três vezes sobre o menino e clamou de novo ao
Senhor: «Senhor, meu Deus, fazei que a alma deste menino volte a entrar nele».
O Senhor escutou a voz de Elias: a alma do menino voltou a entrar nele e o
menino recuperou a vida. Elias tomou o menino, desceu do quarto para dentro da
casa e entregou-o à mãe, dizendo: «Aqui tens o teu filho vivo». Então a mulher
exclamou: «Agora vejo que és um homem de Deus e que se encontra verdadeiramente
nos teus lábios a palavra do Senhor».”
Palavra do Senhor
LEITURA II – Gal 1, 11-19
“Deus
quis revelar em mim o seu Filho para que eu O anunciasse aos gentios”
O Apóstolo
previne a comunidade cristã contra desvios e infiltrações de falsos pregadores,
que pretendiam espalhar erros e afastar aquela comunidade do Evangelho. A norma
da fé não é o pregador, mas a palavra de Deus que ele há-de pregar. Nem
interesses humanos, muito menos o espírito de inveja ou intriga podem perturbar
a paz que é fruto da palavra do Senhor.
Leitura da
Epístola do apóstolo São Paulo aos Gálatas
“Quero que
saibais, irmãos: O Evangelho anunciado por mim não é de inspiração humana,
porque não o recebi ou aprendi de nenhum homem, mas por uma revelação de Jesus
Cristo. Certamente ouvistes falar do meu proceder outrora no judaísmo e como
perseguia terrivelmente a Igreja de Deus e procurava destrui-la. Fazia mais
progressos no judaísmo do que muitos dos meus compatriotas da mesma idade, por
ser extremamente zeloso das tradições dos meus pais. Mas quando Aquele que me
destinou desde o seio materno e me chamou pela sua graça, Se dignou revelar em
mim o seu Filho para que eu O anunciasse aos gentios, decididamente não
consultei a carne e o sangue, nem subi a Jerusalém para ir ter com os que foram
Apóstolos antes de mim; mas retirei-me para a Arábia e depois voltei novamente
a Damasco. Três anos mais tarde, subi a Jerusalém para ir conhecer Pedro e
fiquei junto dele quinze dias. Não vi mais nenhum dos Apóstolos, a não ser
Tiago, irmão do Senhor.”
Palavra do Senhor
EVANGELHO – Lc 7, 11-17
“Jovem, Eu te digo: levanta-te”
O
poder de Deus, que já se revelava em Elias, manifesta-se, em toda a plenitude,
em Jesus Cristo, o Filho de Deus, Ele é a fonte de toda a vida. Ao ressuscitar
o filho da viúva de Naim, Jesus manifesta a sua bondade e poder, e anuncia já a
sua própria Ressurreição. Ele veio a este mundo precisamente para vencer o
poder da Morte e dar aos homens a Vida que não morre mais. Os que presenciaram
o milagre reconheceram-n’O e proclamaram-n’O como Profeta.
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
“Naquele
tempo, dirigia-Se Jesus para uma cidade chamada Naim; iam com Ele os seus
discípulos e uma grande multidão. Quando chegou à porta da cidade, levavam um
defunto a sepultar, filho único de sua mãe, que era viúva. Vinha com ela muita
gente da cidade. Ao vê-la, o Senhor compadeceu-Se dela e disse-lhe: «Não
chores». Jesus aproximou-Se e tocou no caixão; e os que o transportavam
pararam. Disse Jesus: «Jovem, Eu te ordeno: levanta-te». O morto sentou-se e
começou a falar; e Jesus entregou-o à sua mãe. Todos se encheram de temor e
davam glória a Deus, dizendo: «Apareceu no meio de nós um grande profeta; Deus
visitou o seu povo». E a fama deste acontecimento espalhou-se por toda a Judeia
e pelas regiões vizinhas.”
Palavra da Salvação
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