DOMINGO
XIV DO TEMPO COMUM
[CATECISMO]
O REINO DE DEUS ESTÁ PRÓXIMO [541-546]
541
«Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia. Aí
proclamava a Boa-Nova da vinda de Deus, nestes termos: “Completou-se o tempo e
o Reino de Deus está próximo: convertei‑ vos e acreditai na Boa-Nova!”» (Mc 1,
14-15). «Por isso, Cristo, a fim de cumprir a vontade do Pai, deu começo na
terra ao Reino dos céus». Ora a vontade do Pai é «elevar os homens à
participação da vida divina». E fá-lo reunindo os homens em torno do seu Filho,
Jesus Cristo. Esta reunião é a Igreja, a qual é na terra «o germe e o
princípio» do Reino de Deus».
542
Cristo está no centro desta reunião dos homens na «família de Deus».
Reúne-os à sua volta pela sua palavra, pelos seus sinais que manifestam o Reino
de Deus, pelo envio dos discípulos. E realizará a vinda do seu Reino sobretudo
pelo grande mistério da sua Páscoa: a sua morte de cruz e a sua ressurreição.
«E Eu, uma vez elevado da Terra, atrairei todos a Mim» (Jo 12, 32).
Todos os homens são chamados a esta união com Cristo.
543
Todos os homens são chamados a entrar no
Reino. Anunciado primeiro aos filhos de Israel, este Reino messiânico é
destinado a acolher os homens de todas as nações. Para lhe ter acesso, é
preciso acolher a Palavra de Jesus
«A Palavra do Senhor compara-se à semente lançada ao campo: aqueles que
a ouvem com fé e entram a fazer parte do pequeno rebanho de Cristo, já
receberam o Reino; depois, por força própria, a semente germina e cresce até ao
tempo da messe».
544
O Reino é dos pobres e pequenos, quer dizer, dos que o acolheram
com um coração humilde. Jesus foi enviado para «trazer a Boa-Nova aos pobres» (Lc
4, 18). Declara-os bem-aventurados, porque «é deles o Reino dos céus» (Mt
5, 3). Foi aos «pequenos» que o Pai se dignou revelar o que continua oculto
aos sábios e inteligentes. Jesus partilha a vida dos pobres, desde o presépio
até à cruz: sabe o que é sofrer a fome, a sede e
a indigência. Mais ainda: identifica-se com os pobres de toda a espécie, e faz
do amor activo para com eles a condição da entrada no seu Reino.
545
Jesus convida os pecadores para a mesa do Reino: «Eu não vim
chamar os justos, mas os pecadores» (Mc 2, 17). Convida-os à conversão
sem a qual não se pode entrar no Reino, mas por palavras e actos, mostra-lhes a
misericórdia sem limites do Seu Pai para com eles e
a imensa «alegria que haverá no céu, por um só pecador que se arrependa» (Lc
15, 7). A prova suprema deste amor será o sacrifício da sua própria vida,
«pela remissão dos pecados» (Mt 26, 28).
546
Jesus chama para entrar no Reino, por meio de parábolas, traço
característico do seu ensino. Por meio delas, convida para o banquete do Reino,
mas exige também uma opção radical: para adquirir o Reino é preciso dar tudo. As
palavras não bastam, exigem-se actos. As parábolas são, para o homem, uma
espécie de espelho: como é que ele recebe a Palavra? Como chão duro, ou como
terra boa? Que faz ele dos talentos recebidos? Jesus
e a presença do Reino neste mundo estão secretamente no coração das parábolas.
É preciso entrar no Reino, quer dizer, tornar-se discípulo de Cristo, para
«conhecer os mistérios do Reino dos céus» (Mt 13, 11). Para os que ficam
«fora» (Mc 4, 11), tudo permanece enigmático.
OS APÓSTOLOS SÃO ASSOCIADOS À MISSÃO DE
CRISTO [787, 858-859]
787
Desde o princípio, Jesus associou os discípulos à sua vida. Revelou-lhes
o mistério do Reino; deu-lhes parte na sua missão, na sua alegria e
nos seus sofrimentos. Jesus fala duma comunhão ainda mais íntima entre Ele e os
que O seguem: «Permanecei em Mim, como Eu em vós [...]. Eu sou a cepa, vós os ramos»
(Jo 15, 4-5). E anuncia uma comunhão misteriosa e real entre o seu próprio
Corpo e o nosso: «Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em Mim
e Eu nele» (Jo 6, 56).
858
Jesus é o enviado do Pai. Desde o princípio do seu ministério, «chamou
para junto de Si os que Lhe aprouve e deles estabeleceu Doze, para andarem
consigo e para os enviar a pregar» (Mc 3, 13-14). A partir de então,
eles serão os seus «enviados» (é o que significa a palavra grega apostoloi).
Neles, Jesus continua a sua própria missão: «Tal como o Pai Me enviou, assim Eu
vos envio a vós» (Jo 20, 21). O seu ministério é, pois, a continuação da
própria missão de Jesus: «Quem vos acolhe, acolhe-Me a Mim», disse Ele aos Doze
(Mt 10, 40).
859
Jesus uniu-os à missão que Ele próprio recebera do Pai: «assim como o
Filho não pode fazer nada por Si mesmo» (Jo 5, 19.30), mas tudo recebe
do Pai que O enviou, assim também aqueles que Jesus envia nada podem fazer sem
Ele; d’Ele recebem o mandato da missão e o poder de o cumprir. Os apóstolos de Cristo
sabem, portanto, que são qualificados por Deus como «ministros de uma Aliança
nova» (2 Cor 3, 6), «ministros de Deus» (2 Cor 6, 4),
«embaixadores de Cristo» (2 Cor 5, 20), «servidores de Cristo e
administradores dos mistérios de Deus» (1 Cor 4, 1).
“O TRABALHADOR MERECE O SEU SUSTENTO” [2122]
2122
«Além das ofertas determinadas pela autoridade competente, o ministro
nada peça pela administração dos sacramentos, e tenha o cuidado de que os
pobres, em razão da pobreza, não se vejam privados do auxílio dos sacramentos».
A autoridade competente fixa essas «oblações» em virtude do princípio segundo o
qual o povo cristão tem o dever de contribuir para o sustento dos ministros da
Igreja. «O trabalhador merece o seu sustento» (Mt 10, 10).
“VENHA A NÓS O VOSSO REINO” [2816-2821]
2816
No Novo Testamento, a mesma palavra «basileia» pode traduzir-se
por realeza (nome abstracto), reino (nome concreto) ou reinado (nome de acção).
O Reino de Deus está diante de nós. Aproximou-se no Verbo encarnado, foi
anunciado através de todo o Evangelho, veio na morte e ressurreição de Cristo.
O Reino de Deus vem desde a santa Ceia e, na Eucaristia, está no meio de nós. O
Reino virá na glória, quando Cristo o entregar a seu Pai:
«É mesmo possível [...] que o Reino de Deus signifique o próprio Cristo,
a Quem todos os dias desejamos que venha e cuja Vinda queremos que aconteça
depressa. Do mesmo modo que Ele é a nossa ressurreição, pois n’Ele
ressuscitamos, assim também pode ser Ele próprio o Reino de Deus, porque n’Ele
reinaremos».
2817
Esta petição é o «Marana Tha», o clamor do Espírito e da esposa: «Vem,
Senhor Jesus!»:
«Mesmo que esta oração não nos tivesse imposto o dever de pedir a vinda
deste Reino, teríamos espontaneamente soltado este grito, com pressa de irmos
abraçar o objecto das nossas esperanças. As almas dos mártires, sob o altar de
Deus, invocam o Senhor com grandes gritos: “Até quando, Senhor, até quando
tardarás em pedir contas do nosso sangue aos habitantes da terra?” (Ap 6,
10). Eles devem, com efeito, alcançar justiça, no fim dos tempos. Apressa,
portanto, Senhor, a vinda do Teu Reino!».
2818
Na oração do Senhor, trata-se principalmente da vinda final do Reino de
Deus pelo regresso de Cristo. Mas este desejo não distrai a Igreja da sua
missão neste mundo, antes a empenha nela. Porque, desde o Pentecostes, a vinda
do Reino é obra do Espírito do Senhor, «para continuar a sua obra no mundo e consumar
toda a santificação».
2819
«O Reino de Deus é justiça, paz e alegria no Espírito Santo» (Rm 14,
17). Os últimos tempos em que nos encontramos são os da efusão do Espírito
Santo. Trava-se desde então um combate decisivo entre «a carne» e o Espírito:
«Só um coração puro pode dizer com confiança: “Venha a nós o vosso
Reino”. É preciso ter passado pela escola de Paulo para dizer: “Que o pecado
deixe de reinar no vosso corpo mortal” (Rm 6, 12). Quem se conserva puro
nos seus actos, pensamentos e palavras é que pode dizer a Deus: “Venha a nós o
vosso Reino!”».
2820
Discernindo segundo o Espírito, os cristãos devem distinguir entre o crescimento
do Reino de Deus e o progresso da cultura e da sociedade em que estão
inseridos. Esta distinção não é uma separação. A vocação do homem para a vida
eterna não suprime, antes reforça, o seu dever de aplicar as energias e os meios
recebidos do Criador no serviço da justiça e da paz neste mundo.
2821
Esta petição é feita e atendida na oração de Jesus, presente e eficaz na
Eucaristia; ela produz o seu fruto na vida nova segundo as bem-aventuranças.
O CAMINHO PARA SEGUIR CRISTO PASSA ATRAVÉS
DA CRUZ [555, 1816, 2015]
1816
O discípulo de Cristo, não somente deve guardar a fé e viver dela, como
ainda professá-la, dar firme testemunho dela e propagá-la: «Todos devem estar dispostos
a confessar Cristo diante dos homens e a segui-Lo no caminho da cruz, no meio
das perseguições que nunca faltam à Igreja». O serviço e testemunho da fé são
requeridos para a salvação: «A todo aquele que me tiver reconhecido diante dos
homens, também Eu o reconhecerei diante do meu Pai que está nos céus. Mas
àquele que me tiver negado diante dos homens, também Eu o negarei diante do meu
Pai que está nos céus» (Mt 10, 32-33).
555
Por um momento, Jesus mostra a sua glória divina, confirmando assim a confissão
de Pedro. Mostra também que, para «entrar na sua glória» (Lc 24, 26), tem
de passar pela cruz em Jerusalém. Moisés e Elias tinham visto a glória de Deus
sobre a montanha; a Lei e os Profetas tinham anunciado os sofrimentos do
Messias. A paixão de Jesus é da vontade do Pai: o Filho age como Servo de Deus.
A nuvem indica a presença do Espírito Santo: «Tota Trinitas apparuit: Pater
in voce; Filius in homine; Spiritus in nube clara – Apareceu toda a
Trindade: o Pai na voz; o Filho na humanidade; o Espírito Santo na nuvem
luminosa»:
«Transfiguraste-Te sobre a montanha e, na medida em que disso eram
capazes, os teus discípulos contemplaram a tua glória, ó Cristo Deus; para que,
quando Te vissem crucificado, compreendessem que a tua paixão era voluntária, e
anunciassem ao mundo que Tu és verdadeiramente a irradiação do Pai».
2015
O caminho desta perfeição passa pela cruz. Não há santidade sem renúncia
e combate espiritual. O progresso espiritual implica a ascese e a mortificação,
que conduzem gradualmente a viver na paz e na alegria das bem-aventuranças:
«Aquele que sobe, nunca mais pára de ir de princípio em princípio, por
princípios que não têm fim. Aquele que sobe nunca mais deixa de desejar aquilo
que já conhece».
[LITURGIA DA PALAVRA]
LEITURA I – Is 66, 10-14c
“Farei
correr para Jerusalém a paz como um rio”
Esta
leitura respira paz profunda. É sempre este o ambiente que envolve a vida em
comunhão com Deus, quer nos momentos exteriormente tranquilos, quer até
naqueles que exigem maior actividade. O reino de Deus é reino de paz. Assim o
anunciaram já os profetas, como característica dos tempos messiânicos, os
tempos que Jesus nos trouxe, como melhor entenderemos ao escutar a terceira
leitura.
Leitura do
Livro de Isaías
“Alegrai-vos
com Jerusalém, exultai com ela, todos vós que a amais. Com ela enchei-vos de
júbilo, todos vós que participastes no seu luto. Assim podereis beber e
saciar-vos com o leite das suas consolações, podereis deliciar-vos no seio da
sua magnificência. Porque assim fala o Senhor: «Farei correr para Jerusalém a
paz como um rio e a riqueza das nações como torrente transbordante. Os seus
meninos de peito serão levados ao colo e acariciados sobre os joelhos. Como a
mãe que anima o seu filho, também Eu vos confortarei: em Jerusalém sereis
consolados. Quando o virdes, alegrar-se-á o vosso coração e, como a verdura,
retomarão vigor os vossos membros. A mão do Senhor manifestar-se-á aos seus
servos.”
Palavra do Senhor
LEITURA II – Gal 6, 14-18
“Trago
no meu corpo os estigmas de Jesus”
A
paz e a alegria só vêm pela Cruz de Jesus. Foi esta a experiência de S. Paulo,
como será a de quem quiser entender como conciliar a limitação e a fraqueza,
que anda em nós, com a paz anunciada e vivida pelo Senhor ressuscitado. Para
nós, como para Ele, a paz nasce da Cruz, não por a cruz ser suave e pacífica,
mas porque, sendo ela uma situação inevitável, o Senhor a tornou instrumento de
salvação. Mas só o amor com que Jesus a sofreu seria capaz de operar esta
transfiguração.
Leitura da
Epístola do apóstolo São Paulo aos Gálatas
“Irmãos: Longe
de mim gloriar-me, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o
mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. Pois nem a circuncisão nem a
incircuncisão valem alguma coisa: o que tem valor é a nova criatura. Paz e
misericórdia para quantos seguirem esta norma, bem como para o Israel de Deus.
Doravante ninguém me importune, porque eu trago no meu corpo os estigmas de
Jesus. Irmãos, a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com o vosso espírito.
Ámen.”
Palavra do Senhor
EVANGELHO – Lc 10,
1-12.17-20
“A vossa paz repousará sobre eles”
A
palavra de Deus tem como fruto a alegria e a paz, tanto para quem a semeia,
como para quem a recebe. Os discípulos que Jesus enviou em missão deram
testemunho de que era assim. O Senhor já os tinha prevenido disso. Mas a
Palavra de Deus continua hoje com o mesmo vigor; por isso, ela oferece, hoje
como sempre, aos que a escutam a mesma paz e a mesma alegria.
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
“Naquele
tempo, designou o Senhor setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois à
sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir. E dizia-lhes:
«A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da seara que
mande trabalhadores para a sua seara. Ide: Eu vos envio como cordeiros para o
meio de lobos. Não leveis bolsa nem alforge nem sandálias, nem vos demoreis a
saudar alguém pelo caminho. Quando entrardes nalguma casa, dizei primeiro: ‘Paz
a esta casa’. E se lá houver gente de paz, a vossa paz repousará sobre eles;
senão, ficará convosco. Ficai nessa casa, comei e bebei do que tiverem, que o
trabalhador merece o seu salário. Não andeis de casa em casa. Quando entrardes
nalguma cidade e vos receberem, comei do que vos servirem, curai os enfermos
que nela houver e dizei-lhes: ‘Está perto de vós o reino de Deus’. Mas quando
entrardes nalguma cidade e não vos receberem, saí à praça pública e dizei: ‘Até
o pó da vossa cidade que se pegou aos nossos pés sacudimos para vós. No
entanto, ficai sabendo: Está perto o reino de Deus’. Eu vos digo: Haverá mais
tolerância, naquele dia, para Sodoma do que para essa cidade». Os setenta e
dois discípulos voltaram cheios de alegria, dizendo: «Senhor, até os demónios
nos obedeciam em teu nome». Jesus respondeu-lhes: «Eu via Satanás cair do céu
como um relâmpago. Dei-vos o poder de pisar serpentes e escorpiões e dominar
toda a força do inimigo; nada poderá causar-vos dano. Contudo, não vos alegreis
porque os espíritos vos obedecem; alegrai-vos antes porque os vossos nomes
estão escritos nos Céus».”
Palavra da Salvação
Sem comentários:
Enviar um comentário