6.º Domingo da Páscoa
“Jesus
ressuscitado, testemunhado pelos cristãos que se amam”
Jesus promete o Espírito de verdade a quem observa os seus mandamentos.
Só quem faz o que agrada ao amigo pode dizer que está verdadeiramente em
comunhão com ele. Como Cristo sempre fez o que agradava ao Pai, aceitando sem
reservas o plano de salvação e executando-o com livre obediência, e assim se
manifestou como o “filho bem-amado”, também quem crê em Cristo entra na mesma
corrente de amor, porque responde à escolha e à predilecção do Pai. O Espírito
de Cristo ilumina agora os que crêem para que continuem na sua vida a atitude
filial de Cristo. Não no sentido de que todos os pormenores sejam codificados
como mais importantes, mas no de que o amor filial escolha da maneira mais
justa em todas as circunstâncias, com liberdade e fidelidade. Ainda não é
cristão quem pratica os dez mandamentos, código elementar de comportamento
moral e religioso, mas quem é fiel ao único mandamento do amor, até dar a vida
em plena liberdade. Este amor faz passar da morte para a vida.
Os profetas do
amor
Esse amor é também o melhor testemunho da novidade de vida trazida por
Cristo, porque é de outra ordem: não só o respeito da liberdade dos outros, da
sua dignidade de homens, mas o reconhecimento de uma fraternidade baseada na
adopção filial. Esse amor “teologal” dá uma dimensão mais profunda ao esforço,
comum aos não-cristãos, de promoção e libertação do homem, de construção de um
mundo justo e pacífico.
Essa lúcida fidelidade ao homem, esse esforço incansável e desinteressado
é para o cristão uma participação do amor criador de Deus, da páscoa do Senhor.
Assim, “santifica o Senhor Deus em seu coração” e responde a quem lhe pergunta
a razão da sua esperança, remetendo, para além de sua pessoa, Àquele que é a
fonte do amor.
Vede como se
amam
O amor dos cristãos dá testemunho do Cristo ressuscitado, de dois modos.
Primeiramente, o amor dos cristãos entre si. “Vede como se amam” diziam os
pagãos sobre os primeiros cristãos. Hoje, os novos pagãos pós-cristãos poderão
dizer o mesmo ao olhar-nos? Ou o nosso comportamento só levará a menosprezar e
desconfiar do cristianismo e de sua insistência sobre o amor? Certamente,
falamos demais de amor, dele fazendo quase um género literário; mas, não o
vivemos sinceramente entre nós, divididos como somos por preconceitos, sectarismos,
guetos diversos. Em segundo lugar, o amor dos cristãos pelo mundo. Em cada
época da história, a Igreja é chamada a dar uma contribuição específica. Nos
séculos passados empenhou-se em salvaguardar e difundir a cultura, entregou-se
às obras assistenciais em beneficio dos pobres e indigentes, fundou hospitais,
cuidou da instrução do povo, criou os primeiros serviços sociais. Hoje tudo
isso é em geral assumido pelo Estado, e a obra que a Igreja ofereceu durante
séculos tende a terminar. O Estado deve preocupar-se com a difusão da cultura,
com a instrução, a escola, a assistência e todo tipo de serviço social.
Livre dessas tarefas, cabe agora à Igreja oferecer à humanidade sua
contribuição original e única: o sentido e o valor construtivo do amor.
Que pede o mundo
de hoje ao cristão?
A mais importante exigência a que devemos actualmente responder não está
acaso em contribuir para suprimir as divisões entre os homens e lutar contra
todos os ódios? Se a humanidade, que não crê mais em Deus, se o homem racional
e ateu está mais avançado em outros pontos, não estará talvez menos avançado
neste?
O Estado assistencial poderá criar estruturas perfeitas. Mas de que
servirão se os homens que as devem animar não forem movidos por um profundo
amor pelo homem? Esta é a acção dos cristãos, engajados ao lado dos outros
homens no esforço por criar um mundo novo, mais justo e com mais respeito pelo
homem. Lembrar que o motor de todo verdadeiro progresso é o amor e só o amor.
Sem amor, o próprio progresso pode voltar-se contra o homem e destruí-lo ou
aliená-lo. Procura-se um amor que salve o homem todo: a sua dignidade, a sua
liberdade, a sua necessidade de Deus, o seu destino ultra terreno. Um amor
concreto, que se interesse pelos que estão perto e a quem se pode prestar algum
auxílio. Um amor que vai até onde nenhum outro pode ir.
MISSA
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ANTÍFONA DE ENTRADA – Is 48, 20
Anunciai com brados de alegria, proclamai aos
confins da terra: O Senhor libertou o seu povo. Aleluia.
Diz-se o Glória.
ORAÇÃO COLECTA
Concedei-nos, Deus
omnipotente, a graça de viver dignamente estes dias de alegria em honra de
Cristo ressuscitado, de modo que a nossa vida corresponda sempre aos mistérios
que celebramos.
Por Nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I – Actos 8, 5-8.14-17
“Impunham as mãos sobre eles
e eles recebiam o Espírito Santo”
A partir de Jerusalém, a
Igreja vai dilatar-se pelo mundo ou, de maneira diferente, os homens começam a
entrar na Igreja, à medida que escutam a Palavra de Deus e a ela se convertem.
Isto será fruto da pregação dos mensageiros da Palavra e da acção do Espírito
Santo, que actua nesta Palavra. Continua a ser o livro dos “Actos dos
Apóstolos” que nos dá testemunho desta acção do Espírito de Deus.
Leitura dos Actos dos Apóstolos
“Naqueles dias, Filipe desceu a
uma cidade da Samaria e começou a pregar o Messias àquela gente. As multidões
aderiam unanimemente às palavras de Filipe, ao ouvi-las e ao ver os milagres
que fazia. De muitos possessos saíam espíritos impuros, soltando enormes
gritos, e numerosos paralíticos e coxos foram curados. E houve muita alegria
naquela cidade. Quando os Apóstolos que estavam em Jerusalém ouviram dizer que
a Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram-lhes Pedro e João. Quando
chegaram lá, rezaram pelos samaritanos, para que recebessem o Espírito Santo,
que ainda não tinha descido sobre eles: só estavam baptizados em nome do Senhor
Jesus. Então impunham-lhes as mãos e eles recebiam o Espírito Santo.”
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 65 (66),
1-3a.4-5.6-7a.16.20 (R. 1 ou Aleluia)
Refrão: A terra inteira aclame o Senhor. (Repete-se)
Ou: Aleluia.
(Repete-se)
Aclamai a Deus, terra inteira,
cantai a glória do seu nome,
celebrai os seus louvores,
dizei a Deus: «Maravilhosas são as vossas
obras». (Refrão)
«A terra inteira
Vos adore e celebre,
entoe hinos ao
vosso nome».
Vinde contemplar as
obras de Deus,
admirável na sua
acção pelos homens. (Refrão)
Todos os que temeis
a Deus, vinde e ouvi,
vou narrar-vos
quanto Ele fez por mim.
Bendito seja Deus
que não rejeitou a minha prece,
nem me retirou a
sua misericórdia. (Refrão)
LEITURA II – 1 Pedro 3, 15-18
“Morreu
segundo a carne, mas voltou à vida pelo Espírito”
Também a palavra de
S. Pedro continua a fazer como que uma catequese mistagógica, isto é, a
introduzir-nos no mistério da vida cristã, que é o mistério da vida de Cristo
na vida dos baptizados. Cristo morreu, depois de ter assumido a nossa situação
de mortais; mas ressuscitou, e, vencendo assim a morte, deu-nos a sua vida
imortal. Ele é a nossa esperança.
Leitura da Primeira Epístola de
São Pedro
“Caríssimos: Venerai Cristo
Senhor em vossos corações, prontos sempre a responder, a quem quer que seja,
sobre a razão da vossa esperança. Mas seja com brandura e respeito, conservando
uma boa consciência, para que, naquilo mesmo em que fordes caluniados, sejam
confundidos os que dizem mal do vosso bom procedimento em Cristo. Mais vale
padecer por fazer o bem, se for essa a vontade de Deus, do que por fazer o mal.
Na verdade, Cristo morreu uma só vez pelos nossos pecados – o Justo pelos
injustos – para nos conduzir a Deus. Morreu segundo a carne, mas voltou à vida
pelo Espírito.”
Palavra do Senhor
ALELUIA – Jo 14, 23
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Se alguém Me ama,
guardará a minha palavra.
Meu Pai o amará e
faremos nele a nossa morada. (Refrão)
EVANGELHO – Jo 14, 15-21
“Eu
pedirei ao Pai, que vos dará outro Defensor”
Jesus promete aos
Apóstolos enviar-lhes o Espírito Santo, que será neles, ao mesmo tempo, o seu
auxiliar e advogado no meio das dificuldades que hão-de suportar para se
manterem fiéis, e o consolador e intercessor nas lutas que hão-de sofrer para
vencerem os obstáculos que lhes advirão da parte do mundo. Será o Espírito
Santo que lhes fará reconhecer o Senhor vivo para além da morte, na glória da
ressurreição.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus
Cristo segundo São João
“Naquele tempo, disse Jesus aos
seus discípulos: «Se Me amardes, guardareis os meus mandamentos. E Eu pedirei
ao Pai, que vos dará outro Paráclito, para estar sempre convosco: Ele é o
Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê nem O
conhece, mas que vós conheceis, porque habita convosco e está em vós. Não vos
deixarei órfãos: voltarei para junto de vós. Daqui a pouco o mundo já não Me
verá, mas vós ver-Me-eis, porque Eu vivo e vós vivereis. Nesse dia
reconhecereis que Eu estou no Pai e que vós estais em Mim e Eu em vós. Se
alguém aceita os meus mandamentos e os cumpre, esse realmente Me ama. E quem Me
ama será amado por meu Pai e Eu amá-lo-ei e manifestar-Me-ei a ele».”
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Subam à vossa presença, Senhor, as nossas
orações e as nossas ofertas, de modo que, purificados pela vossa graça,
possamos participar dignamente
nos sacramentos da vossa misericórdia.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Jo 14, 15-16
Vós sereis
meus amigos, se fizerdes o que vos mando, diz o Senhor. Eu pedirei ao Pai e Ele
vos dará o Espírito Santo, que permanecerá convosco para sempre. Aleluia.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor Deus
todo-poderoso, que em Cristo ressuscitado nos renovais para a vida eterna, multiplicai
em nós os frutos do sacramento pascal e infundi em nossos corações a força do
alimento que nos salva.
Por Nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
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