sábado, 20 de maio de 2017

EU PEDIREI AO PAI, QUE VOS DARÁ OUTRO DEFENSOR




6.º Domingo da Páscoa

Jesus ressuscitado, testemunhado pelos cristãos que se amam

Jesus promete o Espírito de verdade a quem observa os seus mandamentos. Só quem faz o que agrada ao amigo pode dizer que está verdadeiramente em comunhão com ele. Como Cristo sempre fez o que agradava ao Pai, aceitando sem reservas o plano de salvação e executando-o com livre obediência, e assim se manifestou como o “filho bem-amado”, também quem crê em Cristo entra na mesma corrente de amor, porque responde à escolha e à predilecção do Pai. O Espírito de Cristo ilumina agora os que crêem para que continuem na sua vida a atitude filial de Cristo. Não no sentido de que todos os pormenores sejam codificados como mais importantes, mas no de que o amor filial escolha da maneira mais justa em todas as circunstâncias, com liberdade e fidelidade. Ainda não é cristão quem pratica os dez mandamentos, código elementar de comportamento moral e religioso, mas quem é fiel ao único mandamento do amor, até dar a vida em plena liberdade. Este amor faz passar da morte para a vida.

Os profetas do amor
Esse amor é também o melhor testemunho da novidade de vida trazida por Cristo, porque é de outra ordem: não só o respeito da liberdade dos outros, da sua dignidade de homens, mas o reconhecimento de uma fraternidade baseada na adopção filial. Esse amor “teologal” dá uma dimensão mais profunda ao esforço, comum aos não-cristãos, de promoção e libertação do homem, de construção de um mundo justo e pacífico.
Essa lúcida fidelidade ao homem, esse esforço incansável e desinteressado é para o cristão uma participação do amor criador de Deus, da páscoa do Senhor. Assim, “santifica o Senhor Deus em seu coração” e responde a quem lhe pergunta a razão da sua esperança, remetendo, para além de sua pessoa, Àquele que é a fonte do amor.

Vede como se amam
O amor dos cristãos dá testemunho do Cristo ressuscitado, de dois modos. Primeiramente, o amor dos cristãos entre si. “Vede como se amam” diziam os pagãos sobre os primeiros cristãos. Hoje, os novos pagãos pós-cristãos poderão dizer o mesmo ao olhar-nos? Ou o nosso comportamento só levará a menosprezar e desconfiar do cristianismo e de sua insistência sobre o amor? Certamente, falamos demais de amor, dele fazendo quase um género literário; mas, não o vivemos sinceramente entre nós, divididos como somos por preconceitos, sectarismos, guetos diversos. Em segundo lugar, o amor dos cristãos pelo mundo. Em cada época da história, a Igreja é chamada a dar uma contribuição específica. Nos séculos passados empenhou-se em salvaguardar e difundir a cultura, entregou-se às obras assistenciais em beneficio dos pobres e indigentes, fundou hospitais, cuidou da instrução do povo, criou os primeiros serviços sociais. Hoje tudo isso é em geral assumido pelo Estado, e a obra que a Igreja ofereceu durante séculos tende a terminar. O Estado deve preocupar-se com a difusão da cultura, com a instrução, a escola, a assistência e todo tipo de serviço social.
Livre dessas tarefas, cabe agora à Igreja oferecer à humanidade sua contribuição original e única: o sentido e o valor construtivo do amor.

Que pede o mundo de hoje ao cristão?
A mais importante exigência a que devemos actualmente responder não está acaso em contribuir para suprimir as divisões entre os homens e lutar contra todos os ódios? Se a humanidade, que não crê mais em Deus, se o homem racional e ateu está mais avançado em outros pontos, não estará talvez menos avançado neste?
O Estado assistencial poderá criar estruturas perfeitas. Mas de que servirão se os homens que as devem animar não forem movidos por um profundo amor pelo homem? Esta é a acção dos cristãos, engajados ao lado dos outros homens no esforço por criar um mundo novo, mais justo e com mais respeito pelo homem. Lembrar que o motor de todo verdadeiro progresso é o amor e só o amor. Sem amor, o próprio progresso pode voltar-se contra o homem e destruí-lo ou aliená-lo. Procura-se um amor que salve o homem todo: a sua dignidade, a sua liberdade, a sua necessidade de Deus, o seu destino ultra terreno. Um amor concreto, que se interesse pelos que estão perto e a quem se pode prestar algum auxílio. Um amor que vai até onde nenhum outro pode ir.

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Is 48, 20
Anunciai com brados de alegria, proclamai aos confins da terra: O Senhor libertou o seu povo. Aleluia.

Diz-se o Glória.

ORAÇÃO COLECTA
Concedei-nos, Deus omnipotente, a graça de viver dignamente estes dias de alegria em honra de Cristo ressuscitado, de modo que a nossa vida corresponda sempre aos mistérios que celebramos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LEITURA I – Actos 8, 5-8.14-17

Impunham as mãos sobre eles e eles recebiam o Espírito Santo

A partir de Jerusalém, a Igreja vai dilatar-se pelo mundo ou, de maneira diferente, os homens começam a entrar na Igreja, à medida que escutam a Palavra de Deus e a ela se convertem. Isto será fruto da pregação dos mensageiros da Palavra e da acção do Espírito Santo, que actua nesta Palavra. Continua a ser o livro dos “Actos dos Apóstolos” que nos dá testemunho desta acção do Espírito de Deus.

Leitura dos Actos dos Apóstolos
“Naqueles dias, Filipe desceu a uma cidade da Samaria e começou a pregar o Messias àquela gente. As multidões aderiam unanimemente às palavras de Filipe, ao ouvi-las e ao ver os milagres que fazia. De muitos possessos saíam espíritos impuros, soltando enormes gritos, e numerosos paralíticos e coxos foram curados. E houve muita alegria naquela cidade. Quando os Apóstolos que estavam em Jerusalém ouviram dizer que a Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram-lhes Pedro e João. Quando chegaram lá, rezaram pelos samaritanos, para que recebessem o Espírito Santo, que ainda não tinha descido sobre eles: só estavam baptizados em nome do Senhor Jesus. Então impunham-lhes as mãos e eles recebiam o Espírito Santo.”
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 65 (66), 1-3a.4-5.6-7a.16.20 (R. 1 ou Aleluia)
Refrão: A terra inteira aclame o Senhor. (Repete-se)

Ou: Aleluia. (Repete-se)

Aclamai a Deus, terra inteira,
cantai a glória do seu nome,
celebrai os seus louvores,
dizei a Deus: «Maravilhosas são as vossas obras». (Refrão)

«A terra inteira Vos adore e celebre,
entoe hinos ao vosso nome».
Vinde contemplar as obras de Deus,
admirável na sua acção pelos homens. (Refrão)

Todos os que temeis a Deus, vinde e ouvi,
vou narrar-vos quanto Ele fez por mim.
Bendito seja Deus que não rejeitou a minha prece,
nem me retirou a sua misericórdia. (Refrão)

LEITURA II – 1 Pedro 3, 15-18

Morreu segundo a carne, mas voltou à vida pelo Espírito

Também a palavra de S. Pedro continua a fazer como que uma catequese mistagógica, isto é, a introduzir-nos no mistério da vida cristã, que é o mistério da vida de Cristo na vida dos baptizados. Cristo morreu, depois de ter assumido a nossa situação de mortais; mas ressuscitou, e, vencendo assim a morte, deu-nos a sua vida imortal. Ele é a nossa esperança.

Leitura da Primeira Epístola de São Pedro
“Caríssimos: Venerai Cristo Senhor em vossos corações, prontos sempre a responder, a quem quer que seja, sobre a razão da vossa esperança. Mas seja com brandura e respeito, conservando uma boa consciência, para que, naquilo mesmo em que fordes caluniados, sejam confundidos os que dizem mal do vosso bom procedimento em Cristo. Mais vale padecer por fazer o bem, se for essa a vontade de Deus, do que por fazer o mal. Na verdade, Cristo morreu uma só vez pelos nossos pecados – o Justo pelos injustos – para nos conduzir a Deus. Morreu segundo a carne, mas voltou à vida pelo Espírito.”
Palavra do Senhor

ALELUIA – Jo 14, 23
Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Se alguém Me ama, guardará a minha palavra.
Meu Pai o amará e faremos nele a nossa morada. (Refrão)

EVANGELHO – Jo 14, 15-21

Eu pedirei ao Pai, que vos dará outro Defensor

Jesus promete aos Apóstolos enviar-lhes o Espírito Santo, que será neles, ao mesmo tempo, o seu auxiliar e advogado no meio das dificuldades que hão-de suportar para se manterem fiéis, e o consolador e intercessor nas lutas que hão-de sofrer para vencerem os obstáculos que lhes advirão da parte do mundo. Será o Espírito Santo que lhes fará reconhecer o Senhor vivo para além da morte, na glória da ressurreição.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se Me amardes, guardareis os meus mandamentos. E Eu pedirei ao Pai, que vos dará outro Paráclito, para estar sempre convosco: Ele é o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê nem O conhece, mas que vós conheceis, porque habita convosco e está em vós. Não vos deixarei órfãos: voltarei para junto de vós. Daqui a pouco o mundo já não Me verá, mas vós ver-Me-eis, porque Eu vivo e vós vivereis. Nesse dia reconhecereis que Eu estou no Pai e que vós estais em Mim e Eu em vós. Se alguém aceita os meus mandamentos e os cumpre, esse realmente Me ama. E quem Me ama será amado por meu Pai e Eu amá-lo-ei e manifestar-Me-ei a ele».”
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Subam à vossa presença, Senhor, as nossas orações e as nossas ofertas, de modo que, purificados pela vossa graça, possamos participar dignamente
nos sacramentos da vossa misericórdia.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Jo 14, 15-16
Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que vos mando, diz o Senhor. Eu pedirei ao Pai e Ele vos dará o Espírito Santo, que permanecerá convosco para sempre. Aleluia.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor Deus todo-poderoso, que em Cristo ressuscitado nos renovais para a vida eterna, multiplicai em nós os frutos do sacramento pascal e infundi em nossos corações a força do alimento que nos salva.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



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