5.º Domingo da Páscoa
“CAMINHO,
VERDADE E VIDA”
A afirmação de Jesus personaliza os temas bíblicos característicos e
permite a toda experiência humana confrontar-se com ele sobre o sentido
fundamental da existência.
“Jesus Cristo, Verbo feito carne, enviado como ‘homem aos homens’, ‘fala
as palavras de Deus’ e consuma a obra de salvação a ele confiada pelo Pai. Eis
por que ele, ao qual quem vê, vê também o Pai, pela plena presença e
manifestação de si mesmo por palavras e obras, sinais e milagres, e
especialmente pela sua morte e gloriosa ressurreição de entre os mortos,
enviado finalmente o Espírito de verdade, aperfeiçoa e completa a revelação e a
confirma com o testemunho divino de que Deus está connosco para libertar-nos
das trevas do pecado e da morte e para nos ressuscitar para a vida eterna”.
Somos um povo em
marcha
Cristo é o Caminho, enquanto viveu em sua pessoa a transfiguração da
humanidade fiel na glória de Deus e comunica essa experiência aos seus irmãos.
É casa de Deus, porque nele e com ele a humanidade encontra o Pai e vive da sua
vida. Só Cristo, a cujas mãos o Pai confiou todas as coisas, pode comunicar a
Vida, que é o conhecimento, cheio de amor, de Deus. Cristo é a Verdade plena e
profunda de todas as religiões, de suas doutrinas, ritos, comportamentos, na
medida que constituem uma busca sincera de Deus.
Se Cristo é o único caminho que leva à casa do Pai, a Igreja em marcha
participa do mesmo mistério; realiza no tempo a passagem ao Pai, que o Senhor
Jesus cumpriu na sua páscoa de sofrimento e de glória. Ela não é a casa
definitiva, mas apenas a tenda da reunião, o ponto de referência que não deve,
com escleroses ideológicas ou discriminações práticas, impedir aos homens o
diálogo de salvação com Aquele que é o caminho, a verdade e a vida. Porque
sobre ele, como pedra fundamental, está fundada a Igreja (2ª leitura), uma
pedra que é segurança para quem nela se ancora, mas que acaba constituindo um
tropeço para quem não crê.
Cristo é o “sinal de contradição” para muitos, enquanto para nós é o novo
Sinai, a rocha em torno da qual nossa assembleia sela a Nova Aliança com Deus.
Cristo, hoje
A figura de Cristo hoje impressiona e seduz muitos homens do nosso tempo,
especialmente os jovens, por tudo o que de humano transmite, pelo seu amor aos
pobres, a sua coerência, a sua tomada de posição, levada até à morte, contra as
pretensões do poder.
Mas há o risco de que esse Cristo seja visto em perspectiva simplesmente
humana, deixando para segundo plano ou mesmo recusando a sua divindade. Por
isso, a fé na divindade de Jesus Cristo seja particularmente defendida em nosso
tempo.
Cristo não é apenas um homem, nem mesmo um homem de proporções
gigantescas – escrevia um jovem. De que me serve um Deus despojado da sua
divindade, grandeza, poder, e reduzido à minha própria humanidade?
Já tivemos muitos grandes homens que conseguiram até certo ponto
influenciar o espírito humano e modificá-lo. Mas todos, uns mais outros menos,
apresentaram as suas limitações ideológicas e existenciais, teóricas e
práticas.
Uma mensagem
revolucionária
“Houve um Homem há mais de dois mil anos – prossegue o jovem – que ainda
hoje nos comove com a sua mensagem revolucionária”; mas, diversamente de todos
os outros grandes homens – Buda, Confúcio, Maomé, Francisco de Assis, Gandhi,
Marx, Martin Luther King – não disse “sou um profeta”, “sou um teórico”, “sou
um reformador”, “sou um contestador”, “sou um revolucionário” (mesmo que o
tenha sido). Disse simplesmente: “Eu sou o Caminho, a Verdade, a Vida”.
Cristo é o caminho: não há outras vias para atingir a Deus e para chegar
ao homem.
Cristo é a verdade: na confusão ruidosa das mil verdades que só duram um
dia, ele permanece como o termo último de todas as verdades.
Cristo é a vida: todos os esforços do homem para vencer as barreiras da
morte só conseguem retardar de um momento o terrível encontro. Só Cristo
destrói essa barreira e nos abre as portas para uma vida sem fim, em plenitude
total.
MISSA
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ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 97, 1-2
Cantai ao Senhor um cântico novo, porque o
Senhor fez maravilhas: aos olhos das nações revelou a sua justiça. Aleluia.
Diz-se o Glória.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor nosso Deus, que
nos enviastes o Salvador e nos fizestes vossos filhos adoptivos, atendei com
paternal bondade as nossas súplicas e concedei que, pela nossa fé em Cristo, alcancemos
a verdadeira liberdade e a herança eterna.
Por Nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I – Actos 6,1-7
“Escolheram sete homens
cheios do Espírito Santo...”
Logo desde o princípio, os
Apóstolos começaram a sentir a necessidade de chamar outras pessoas para
colaborarem em diversos ministérios da comunidade cristã. O grupo dos sete, de
que hoje se referem os nomes, foram dos primeiros a serem escolhidos. O seu
campo de acção foi a assistência material aos mais necessitados, no caso imediato,
a certo grupo de viúvas; deste modo os Apóstolos ficavam mais disponíveis para
a oração e a pregação da palavra de Deus. A Igreja começava a organizar-se,
conforme as necessidades o pediam.
Leitura dos Actos dos Apóstolos
“Naqueles dias, aumentando o
número dos discípulos, os helenistas começaram a murmurar contra os hebreus,
porque no serviço diário não se fazia caso das suas viúvas. Então os Doze
convocaram a assembleia dos discípulos e disseram: «Não convém que deixemos de
pregar a palavra de Deus, para servirmos às mesas. Escolhei entre vós, irmãos,
sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, para
lhes confiarmos esse cargo. Quanto a nós, vamos dedicar-nos totalmente à oração
e ao ministério da palavra». A proposta agradou a toda a assembleia; e
escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor,
Timão, Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. Apresentaram-nos aos
Apóstolos e estes oraram e impuseram as mãos sobre eles. A palavra de Deus
ia-se divulgando cada vez mais; o número dos discípulos aumentava
consideravelmente em Jerusalém e obedecia à fé também grande número de
sacerdotes.”
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 32 (33),
1-2.4-5.18-19 (R. 22)
Refrão: Esperamos, Senhor, na vossa misericórdia. (Repete-se)
Ou: Venha
sobre nós a vossa bondade, porque em Vós esperamos, Senhor. (Repete-se)
Justos, aclamai o Senhor,
os corações rectos devem louvá-l’O.
Louvai o Senhor com a cítara,
cantai-Lhe salmos ao som da harpa. (Refrão)
A palavra do Senhor
é recta,
da fidelidade
nascem as suas obras.
Ele ama a justiça e
a rectidão:
a terra está cheia
da bondade do Senhor. (Refrão)
Os olhos do Senhor
estão voltados;
para os que O
temem, para os que esperam na sua bondade,
para libertar da
morte as suas almas
e os alimentar no
tempo da fome. (Refrão)
LEITURA II – 1 Pedro 2, 4-9
“Vós
sois geração eleita, sacerdócio real”
A Igreja foi
comparada pelo Senhor a um edifício. Agora, o Apóstolo desenvolve a comparação:
Cristo é a Pedra, viva pela sua ressurreição e fonte de vida; os cristãos são,
por sua vez, pedras vivas, vivendo da vida do Ressuscitado, que unidos a
Cristo, vão formando o edifício, o templo novo, em que habita o Espírito Santo,
a Igreja. Ela é a comunidade dos crentes, escolhida na continuação do povo escolhido
do Antigo Testamento, comunidade sacerdotal, que há-de levar aos pagãos a Boa
Nova do reino de Deus, e fazer que também eles proclamem os louvores d’Aquele
que os chamou das trevas para a luz do reino de Deus.
Leitura da Primeira Epístola de
São Pedro
“Caríssimos: Aproximai-vos do
Senhor, que é a pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e preciosa
aos olhos de Deus. E vós mesmos, como pedras vivas, entrai na construção deste
templo espiritual, para constituirdes um sacerdócio santo, destinado a oferecer
sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo. Por isso se lê na
Escritura: «Vou pôr em Sião uma pedra angular, escolhida e preciosa; e quem nela
puser a sua confiança não será confundido». Honra, portanto, a vós que
acreditais. Para os incrédulos, porém, «a pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular», «pedra de tropeço e pedra de escândalo». Tropeçaram
por não acreditarem na palavra, pois foram para isso destinados. Vós, porém,
sois «geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido por Deus,
para anunciar os louvores» d’Aquele que vos chamou das trevas para a sua luz
admirável.”
Palavra do Senhor
ALELUIA – cf. Jo 10, 14
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Eu sou o caminho, a
verdade e a vida, diz o Senhor;
ninguém vai ao Pai
senão por mim. (Refrão)
EVANGELHO – Jo 14, 1-12
“Eu
sou o caminho, a verdade e a vida”
Jesus vai deixar
visivelmente os seus, a quem o mundo há-de perseguir. Procura, por isso,
incutir-lhes coragem e esperança. Ele parte, mas vai para o Pai. Os seus
discípulos têm todos lá também o seu lugar. A Igreja seguirá o seu Senhor. Ele
mesmo é o caminho, não só pelo que ensina, mas pelo que Ele mesmo é. Ele é a
verdade e vida. Mas os seus discípulos, agora ainda mais profundamente unidos a
Ele, hão-de continuar no mundo a sua presença e a sua acção, agora na Igreja, enviada
ao mundo, sob a acção do Espírito Santo.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus
Cristo segundo São João
“Naquele tempo, disse Jesus aos
seus discípulos: «Não se perturbe o vosso coração. Se acreditais em Deus,
acreditai também em Mim. Em casa de meu Pai há muitas moradas; se assim não
fosse, Eu vos teria dito que vou preparar-vos um lugar? Quando Eu for
preparar-vos um lugar, virei novamente para vos levar comigo, para que, onde Eu
estou, estejais vós também. Para onde Eu vou, conheceis o caminho». Disse-Lhe
Tomé: «Senhor, não sabemos para onde vais: como podemos conhecer o caminho?».
Respondeu-lhe Jesus: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai
senão por Mim. Se Me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. Mas desde
agora já O conheceis e já O vistes». Disse-Lhe Filipe: «Senhor, mostra-nos o
Pai e isto nos basta». Respondeu-lhe Jesus: «Há tanto tempo que estou convosco
e não Me conheces, Filipe? Quem Me vê, vê o Pai. Como podes tu dizer:
‘Mostra-nos o Pai’? Não acreditas que Eu estou no Pai e o Pai está em Mim? As
palavras que Eu vos digo, não as digo por Mim próprio; mas é o Pai,
permanecendo em Mim, que faz as obras. Acreditai-Me: Eu estou no Pai e o Pai
está em Mim; acreditai ao menos pelas minhas obras. Em verdade, em verdade vos
digo: quem acredita em Mim fará também as obras que Eu faço e fará obras ainda
maiores, porque Eu vou para o Pai».”
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Senhor nosso Deus, que, pela admirável
permuta de dons neste sacrifício, nos fazeis participar na comunhão convosco, único
e sumo bem, concedei-nos que, conhecendo a vossa verdade, dêmos testemunho dela
na prática das boas obras.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Jo 15, 1.5
Eu sou a
videira e vós sois os ramos, diz o Senhor. Se alguém permanece em Mim e Eu
nele, dá fruto abundante. Aleluia.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Protegei, Senhor, o
vosso povo que saciastes nestes divinos mistérios e fazei-nos passar da antiga
condição do pecado à vida nova da graça.
Por Nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
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