19. º Domingo do tempo comum – 13
Agosto 2017
“POR QUE DUVIDASTE?”
Sobressai aqui a figura de Pedro, protótipo da comunidade que, nas
grandes crises, duvida da presença de Jesus no seu meio e, por isso, pede um
sinal. E mesmo vendo sinais, continua com medo das ambiguidades da situação e,
por isso, a sua fé fica paralisada. Então faz o seu pedido de socorro. Jesus
atende ao pedido da comunidade. Mas deixa bem claro que ela precisa crescer na
fé e não temer os passos dados dentro das águas agitadas do mundo. Jesus exerce
a sua missão em benefício de todo o povo, e não de acordo com os critérios e
interesses de privilegiados ou especialistas da religião. Estes consideravam um
escândalo deixar-se tocar pela multidão doente. A censura de Jesus a Pedro por
ter duvidado estende-se também aos demais discípulos. Afinal, a fé pequena do
líder expressava a situação do grupo inteiro. Como Pedro, os demais ainda não
tinham chegado a consagrar-se inteiramente a Jesus, depositando nele uma
confiança inabalável, mormente nos momentos de dificuldade. Daí o risco de
serem tragados pelas ondas das perseguições e das adversidades. O simples facto
de conviverem com o Mestre era insuficiente para fazer a fé penetrar no coração
dos discípulos. A adesão efectiva exigia muito mais. Não bastava deixar-se
encantar pela sublimidade dos seus ensinamentos nem de se empolgar diante da
grandiosidade dos seus milagres. Era necessário deixar-se transformar pelas
suas palavras e descobrir, para além dos milagres, a identidade messiânica de
Jesus e procurar imitar o seu modo de proceder. Só assim a fé se torna
consistente, capaz de superar as provações. Por outro lado, a censura de Jesus
é um alerta para os líderes da comunidade. Também eles poderiam padecer de uma
fé inconsistente, a ponto de correr o risco de sucumbir nos momentos de
provação. Sendo severos com quem dava os primeiros passos da fé, deveriam ter
suficiente humildade para reconhecer sua própria condição. Afinal, também eles
poderiam vir a fracassar no seu testemunho de fé. Jesus manda os discípulos
para o outro lado do mar, enquanto ele próprio despediria as multidões. O
evangelho de João, na passagem paralela a esta, menciona que estas multidões
queriam entronizar Jesus como rei. Nem os discípulos nem as multidões percebem
a dimensão libertadora e a humildade da encarnação de Jesus. O messias esperado
por muitos seria um líder poderoso que restauraria entre os judeus um reino
glorioso, no modelo que a tradição criara para o antigo reinado de David, o que
não condiz com a prática de Jesus. Marcos, no seu evangelho, ao apresentar a
narrativa paralela a esta, realça a dificuldade dos discípulos em navegarem
contra o vento, bem como destaca a incompreensão destes discípulos diante da
partilha dos pães. Marcos procura despertar o leitor quanto à própria
identidade de Jesus. Em Mateus o destaque é o barco agitado pelas ondas e pelo
vento. O “barco” simboliza a Igreja, já em processo de institucionalização na
década de 80, quando Mateus escreve seu evangelho. Quando Jesus se aproxima,
caminhando sobre as águas, Mateus narra também a caminhada de Pedro, que a
tradição passou a culturar como figura proeminente na Igreja. A vacilação de
Pedro ao andar sobre as águas, entre a fé e a dúvida, induz as comunidades a
compreenderem a importância de uma fé firme e decidida. Ao contrário do
evangelho de Marcos, a narrativa, em Mateus, termina com a proclamação
messiânica dos discípulos: “Verdadeiramente, tu és Filho de Deus”. A afirmação
do messianismo de Jesus é uma forte característica de Mateus. As comunidades de
discípulos, ao longo da história, passam por tribulações sofrendo repressões.
Pode-se chegar ao desânimo, com o sentimento de abandono por parte de Deus. Se
assim acontecer, submerge-se no oceano do mundo dominado pelos poderes fundados
sobre as riquezas acumuladas, que desprezam a vida dos pobres e pequeninos.
Contudo Jesus está presente. Não há o que temer, pois Jesus é a fonte da vida e
a luz para o nosso caminho, e é a força propulsora da nova criação, do mundo
novo possível.
MISSA
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ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 73, 20.19.22.23
Lembrai-Vos, Senhor, da vossa aliança,
não esqueçais para sempre a vida dos vossos
fiéis.
Levantai-Vos, Senhor, defendei a vossa causa,
escutai a voz daqueles que Vos procuram.
ORAÇÃO COLECTA
Deus
eterno e omnipotente, a quem podemos chamar nosso Pai, fazei crescer o espírito
filial em nossos corações para merecermos entrar um dia na posse da herança
prometida.
Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito
Santo.
LEITURA I – 1 Reis 19, 9a.11-13a
“Sai e permanece no monte à
espera do Senhor”
A descoberta de Deus
deixa sempre o homem penetrado de um santo temor. Quer Deus Se revele no rugido
do vento, no tremor de terra e no trovão, como no Sinai, quer na brisa suave,
como hoje a Elias, a sua presença há-de provocar sempre no homem o sentimento
profundo que Pedro experimentou quando o Senhor lhe estendeu a mão no mar e o
salvou.
Leitura do Primeiro Livro dos
Reis
“Naqueles dias, o profeta Elias
chegou ao monte de Deus, o Horeb, e passou a noite numa gruta. O Senhor
dirigiu-lhe a palavra, dizendo: «Sai e permanece no monte à espera do Senhor».
Então, o Senhor passou. Diante d’Ele, uma forte rajada de vento fendia as
montanhas e quebrava os rochedos; mas o Senhor não estava no vento. Depois do
vento, sentiu-se um terramoto; mas o Senhor não estava no terramoto. Depois do
terramoto, acendeu-se um fogo; mas o Senhor não estava no fogo. Depois do fogo,
ouviu-se uma ligeira brisa. Quando a ouviu, Elias cobriu o rosto com o manto,
saiu e ficou à entrada da gruta.”
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 84 (85),
9ab-10.11-12.13-14
Refrão: Mostrai-nos, Senhor, o vosso amor e dai-nos a vossa salvação. (Repete-se)
Deus fala de paz ao
seu povo e aos seus fiéis
e a quantos de
coração a Ele se convertem.
A sua salvação está
perto dos que O temem
e a sua glória
habitará na nossa terra. (Refrão)
Encontraram-se a
misericórdia e a fidelidade,
abraçaram-se a paz
e a justiça.
A fidelidade vai
germinar da terra
e a justiça descerá
do Céu. (Refrão)
O Senhor dará ainda
o que é bom
e a nossa terra
produzirá os seus frutos.
A justiça caminhará
à sua frente
e a paz seguirá os
seus passos. (Refrão)
LEITURA II – Rom 9, 1-5
“Quisera
eu próprio ser separado de Cristo por amor dos meus irmãos”
A situação e o destino do povo
judeu, do meio do qual veio Jesus, povo a quem Deus fez as suas promessas, é
para S. Paulo motivo de grande mágoa e um mistério que não sabe explicar. Mas
espera que, um dia, também eles venham a fazer parte do povo de Deus.
Leitura da Epístola do apóstolo
São Paulo aos Romanos
“Irmãos: Em Cristo digo a
verdade, não minto, e disso me dá testemunho a consciência no Espírito Santo:
Sinto uma grande tristeza e uma dor contínua no meu coração. Quisera eu próprio
ser anátema, separado de Cristo para bem dos meus irmãos, que são do mesmo
sangue que eu, que são israelitas, a quem pertencem a adopção filial, a glória,
as alianças, a legislação, o culto e as promessas, a quem pertencem os
Patriarcas e de quem procede Cristo segundo a carne, Ele que está acima de
todas as coisas, Deus bendito por todos os séculos. Amen.”
Palavra do Senhor
ALELUIA – Salmo 129 (130), 5
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Eu confio no
Senhor,
a minha alma espera
na sua palavra. (Refrão)
EVANGELHO – Mt 14, 22-33
“Manda-me
ir ter contigo sobre as águas”
A descoberta que os Apóstolos
fizeram de que Jesus era o Todo-Poderoso encheu-os, a princípio, de assombro e
até de medo. Mas, num segundo momento, Pedro teve o desejo de fazer a mesma
experiência do Mestre: andar sobre as águas. Todavia a fé não lhe foi bastante.
É assim, pouco a pouco, experiência a experiência, que a fé vai lançando raízes
profundas no coração.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus
Cristo segundo São Mateus
“Depois de ter saciado a fome à
multidão, Jesus obrigou os discípulos a subir para o barco e a esperá-l’O na
outra margem, enquanto Ele despedia a multidão. Logo que a despediu, subiu a um
monte, para orar a sós. Ao cair da tarde, estava ali sozinho. O barco ia já no
meio do mar, açoitado pelas ondas, pois o vento era contrário. Na quarta
vigília da noite, Jesus foi ter com eles, caminhando sobre o mar. Os
discípulos, vendo-O a caminhar sobre o mar, assustaram-se, pensando que fosse
um fantasma. E gritaram cheios de medo. Mas logo Jesus lhes dirigiu a palavra,
dizendo: «Tende confiança. Sou Eu. Não temais». Respondeu-Lhe Pedro: «Se és Tu,
Senhor, manda-me ir ter contigo sobre as águas». «Vem!» – disse Jesus. Então,
Pedro desceu do barco e caminhou sobre as águas, para ir ter com Jesus. Mas,
sentindo a violência do vento e começando a afundar-se, gritou: «Salva-me,
Senhor!». Jesus estendeu-lhe logo a mão e segurou-o. Depois disse-lhe: «Homem
de pouca fé, porque duvidaste?». Logo que subiram para o barco, o vento
amainou. Então, os que estavam no barco prostraram-se diante de Jesus, e
disseram-Lhe: «Tu és verdadeiramente o Filho de Deus».”
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai benignamente, Senhor, os dons que Vós
mesmo concedestes à vossa Igreja e transformai-os, com o vosso poder, em
sacramento da nossa salvação.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que
é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 147,12.14
Louva,
Jerusalém, o Senhor,
que te
saciou com a flor da farinha.
Ou Jo 6, 52
O pão que Eu vos darei, diz o Senhor,
é a minha carne pela vida do mundo.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Nós Vos pedimos,
Senhor, que a comunhão do vosso sacramento nos salve e nos confirme na luz da
vossa verdade.
Por Nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
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